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08/11/2017 - 14:40

O desmonte do “legado olímpico”

Psicólogos do Esporte discutem perspectivas do setor após desmonte de cenário e escândalos de corrupção nas entidades esportivas em evento da Abrapesp

O desmonte do “legado olímpico”

Qual a situação da Psicologia do Esporte após os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016 e depois do desmonte da estrutura do esporte brasileiro causado por série de escândalos de corrupção nas federações esportivas? Essa é uma das questões que serão debatidas no VI Congresso da Associação Brasileira de Psicologia do Esporte (Abrapesp), que começa nesta quinta-feira (9/11), no campus de Taguatinga da Universidade Católica de Brasília (UCB).

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) apoia o evento, que termina no dia 11, e é aberto a profissionais e estudantes da Psicologia e da Educação Física.

A programação inclui mini-cursos, palestras, mesas-redondas, conferências e a divulgação do resultado das eleições das eleições da Abrapesp para a gestão 2017/2019. Confira a programação completa do VI Congresso da Associação Brasileira de Psicologia do Esporte .

O presidente da Abrapesp, Rodrigo Acioli, explica que a ideia inicial do congresso era discutir o “legado olímpico”, mas o desmonte das praças e das instalações esportivas levou à falta de perspectiva de crescimento da cidade, da Psicologia do Esporte e dos benefícios sociais à população. “Um ano depois, vemos o cenário esportivo completamente deteriorado e recheado de escândalos. A Psicologia foi pega de surpresa. Não houve investimentos em saúde mental e quase todos os profissionais da área foram dispensados pelas confederações e federações.” Alguns têm promessa de recontratação, mas somente às vésperas dos Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio.

Acioli tem dúvidas sobre a existência de condições de montagens de equipes multidisciplinares no acompanhamento dos atletas, pois as federações trabalham com repasses do Governo Federal e do Comitê Olímpico Internacional (COI), que, no momento, encontram-se paralisados. “Não sabemos como será a estrutura e se todos os atletas poderão contar com um(a) psicólogo(a) em sua equipe multidisciplinar.”

Apesar de todos os problemas, Acioli ressalta que o debate e a implementação da Psicologia do Esporte no Brasil foram ampliados no país, saindo do tradicional eixo Rio-São Paulo.

Perspectivas – Na programação do evento, Acioli, que também é membro do Conselho Federal de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-05), destaca o debate inaugural, com a psicóloga Marisa Markunas, sobre o futuro da Psicologia do Esporte no Brasil e algumas mesas-redondas e minicursos sobre tecnologia e jogos eletrônicos. “Os canais esportivos têm dado bastante ênfase para os jogos eletrônicos esportivos, inclusive com a participação de profissionais da Psicologia do Esporte nas principais equipes do país. Os jogos eletrônicos, antigamente uma atividade recreativa, hoje integram os treinamentos de concentração das equipes e até se transformaram em competição.”

Acioli aponta ainda que a Psicologia do Esporte não está voltada apenas ao esporte de alto rendimento, mas também para o sistema socioeducativo e prisional e também relacionada às questões de gênero e aos preconceitos contra atletas trans. “Também estamos discutindo o social, a educação, a recuperação e os jogos olímpicos e paralímpicos”.

As inscrições online para o VI Congresso da Associação Brasileira de Psicologia do Esporte (Abrapesp) estão encerradas, mas quem ainda não se inscreveu poderá fazê-lo durante o credenciamento, dia 9 de novembro, das 8h às 8h30, no campus da Universidade Católica de Brasília.

Confira as informações essenciais do VI Congresso da Associação Brasileira de Psicologia do Esporte.