Os direitos das mulheres brasileiras e sua relação com a Psicologia foram abordados em debate realizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) na manhã desta sexta-feira (30), durante a 45ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP), em Belo Horizonte (MG).
A representante do CFP no Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, Valeska Zanello, apresentou um panorama da utilização do termo “gênero” ao longo da história, desde a luta pelo sufrágio até os processos de construção de lugares sociais de desempoderamento feminino, nos dias atuais.
Ela destacou, ainda, a necessidade de consolidação de políticas em saúde mental que não medicalizem as pessoas, em especial as mulheres. Reforçou também a importância do fortalecimento da escuta de gênero no fazer profissional da Psicologia, com vistas a superar a constante desqualificação da fala da mulher, sobretudo no que se refere à violência.
Lenira Pontes, psicóloga do Ministério Público Estadual do Acre (MPAC), apresentou trechos e reflexões sobre o documento produzido na CPMI da Violência Doméstica, no Senado, em que identificou diferentes formas de atuação da Psicologia no país, além de relatos de condições de trabalho precárias, atendimento insatisfatório e recursos insuficientes, tanto na Assistência Social quanto no Judiciário. “Se nós somos a categoria que trabalha com sofrimento psíquico, o que estamos fazendo para efetivar esse intento, além de trabalhar com burocracia?”, questionou. A ausência de disciplinas que discutam gênero e mulheres nos cursos de Psicologia também foi apontada como um entrave pelas palestrantes.
O debate foi coordenado pela responsável pelo GT Laicidade e Psicologia e pelo tema dos direitos humanos das mulheres no XVI Plenário do CFP, Madge Porto.
A 45ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP) acontece na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte (MG), até esta sexta-feira (30).