O Conselho Federal de Psicologia (CFP) e a Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) firmaram um protocolo de intenções, nesta quinta-feira (27), na sede da autarquia. O objetivo é apoiar uma abordagem psicológica de familiares de mortos e desaparecidos políticos no processo de busca de informações sobre as vítimas das graves violações de direitos humanos praticadas durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985).
O documento, que terá vigência de 24 meses, propõe uma metodologia que contemple as melhores práticas nacionais e internacionais dos Direitos Humanos e proporcione protagonismo e confiabilidade aos familiares das vítimas.
Vera Paiva, coordenadora da Comissão de Direitos Humanos do CPF, ressalta que a questão da violência do Estado não acabou com o fim do regime militar e, hoje, afeta a população mais vulnerável do país.
“Essa colaboração vai permitir que se estabeleça um protocolo nacional, inspirado nas experiências internacionais, pra lidar não apenas com a situação de mortos e desaparecidas durante a ditadura militar, mas também com aqueles que são alvo da violência policial já em tempos de democracia, como é o caso do Amarildo e da rede de mães que perdem seus filhos pra essa violência.”
Em consonância com essa ideia, o protocolo também busca “acumular normativas e experiências para a atuação ética de psicólogos e psicólogas em casos de mortes e desaparecimentos resultantes da violência ainda vigente no país”. Paiva lembra que as (os) psicólogas (os) atendem milhares de pessoas vítimas da violência do Estado todos os anos. “A gente espera que se consolide um protocolo baseado na ética e nos Direitos Humanos e que inspire a prática profissional dos psicólogos”, afirmou.