Um pouco sobre mim
Meu nome é Mychael Douglas Souza de Almeida. Sou de Rio Branco-AC, onde atuo como psicólogo pela prefeitura desta cidade no Centro de Referência de Assistência Social da Baixada da Sobral (CRAS), a maior regional desta capital.
Sobre minha ação psicológica
Minha atuação profissional e, acima de tudo pessoal, é embasada na ótica e atitude Humanista-Existencial e, em seguimento, na Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), sendo estas aplicadas em conexão à Psicologia Social no CRAS. Nele, realizo atendimentos psicológicos (em visitas técnicas domiciliares e atendimentos no consultório) com o objetivo de buscar prevenir, cuidar e acompanhar as pessoas que buscam por atendimentos e, ademais, facilito alguns dos Grupos de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, em específico, os Grupos de Mulheres (25 participantes), Gestantes (25 participantes) e Idosos (aproximadamente 120 participantes). Em todos esses grupos, busco a participação de parceiros institucionais na oferta de palestras educativas, acompanhamento de saúde, entre outros. É interessante destacar que, o Grupo da Pessoa Idosa deste CRAS foi batizado de Juventude Acumulada, o qual seu nome repousa na compreensão do acumulo de vivência intensa que se perdura por toda vida na consciência de quem as viveu e continua vivendo com intensidade. Neste grupo, busca-se combater o sedentarismo e o ócio e, possibilitar uma velhice mais saudável possível, levando em consideração que a melhor idade é aquela em que se está bem e feliz. Em comentário sobre o nome, a integrante assídua do grupo, a senhora Valdisia Freitas, 78 anos, disse: “… mas repare Mychael, você diz que a gente não é velho, mas sim ‘Juventude Acumulada’. Gostei! A gente tem uma juventude acumulada como se fosse um tesouro guardado dentro de um baú velho; é só abrir ele que a gente vê a boniteza”.
A importância da psicologia na comunidade
A psicologia brasileira ainda é fortemente associada ao modelo clínico, entretanto, percebe-se que é preciso por o pé fora da porta do consultório e seguir à comunidade, onde se encontram as pessoas que mais precisam de cuidado psicológico. Percebe-se que, as famílias em vulnerabilidade social (multifatorial) atendidas pelo CRAS, não tem alguém que cuide delas e mais ainda, não se cuidam. Daí o trabalho do profissional psicólogo, em sua maior parte, se concentra na busca de sensibilização e auxílio de meios facilitadores (serviços socioassistenciais e apoio de programas sociais) para o experimento e aprendizagem significativa no autocuidado e, assim, o re-empoderando de autonomia e protagonismo social.
Desafios e possi (ha)bilidades
Sabendo que a sociedade segue em tempos sombrios, enveredando-se pelo caminho do individualismo e, quase sempre, vitimizando e culpabilizando o que sofre, o maior desafio que preciso enfrentar, além da grande e intensa procura, é o de buscar sensibilizar as pessoas para enxergar o sofrimento do outro, não como parte natural da paisagem social, mas como algo inerente a existência humana que pode ser tratado a partir de sua compreensão e não julgamento destrutivo. Além disso, preciso esclarecer a muitos que, nós psicólogos, não apenas conversamos com a pessoa, pois isso qualquer pessoa o faz; nosso trabalho é diferenciado, aonde as palavras são cuidadosamente pensadas antes de serem ditas. Daí, a confiança nas potencialidades naturais do homem e a crença na tendência de sua atualização e liberdade, e assim sendo,em seu crescimento, são as principais possibilidades motivadoras pelas quais realizo meu trabalho com afinco, buscando sempre colocar a pessoa como centro de tudo. E, para esse propósito, busco fortalecer-me no exercício de habilidades que poderão ser meios de captação e compreensão da essência dos fenômenos experienciados por cada usuário, sem os quais eu não poderia atuar e possibilitar um iluminar do usuário frente a sua existência: o referencial teórico e atitudes não-diretivas com flexibilidade (colocando o psicólogo numa posição mais horizontal frente ao que busca ajuda), a intuição, a intencionalidade, a observação, a escuta, a fala e, principalmente a sensibilidade e o não embotamento diante do sofrimento do outro.
A riqueza está nas pessoas
Naturalmente, ao finalizarmos a graduação em psicologia, podemos ser tentados a compreender o homem a partir de um arcabouço teórico dessa formação. No entanto, como as pessoas são muito mais do que os nossos olhos podem contemplar, ao nos depararmos com diversas situações e infinitas formas de existência em cada pessoa, entendemos que para compreendermos significativamente o outro é preciso que observemos a pessoa não simplesmente a partir de seu problema, e sim a partir de si mesmo, para que assim, possamos ser favorecedores da construção de um projeto de vida, aonde a pessoa é tida como pedra angular. Assim, essa postura autêntica é a postura na qual tento fundamentar meu trabalho durante os atendimentos que realizo no CRAS, sendo que por meio desta abertura busco atravessar a superficialidade do que é dito em aparência e, em profundidade, tento captar o significado e o sentido no que é sentido pela pessoa, para que assim, eu possa tentar ajuda-lo, sabendo que o homem escolhe a si próprio.
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