
O Conselho Federal de Psicologia (CFP) participou na quinta-feira (31) da abertura oficial do X Congresso Latino-Americano de Psicologia. Até o próximo sábado (2/8), o evento reúne em São Paulo/SP profissionais, estudantes e movimentos sociais de diversas partes do continente para debater o tema “Limites e desafios da constituição das subjetividades latino-americanas”, colocando em perspectiva questões fundamentais que atingem cotidianamente as populações.
Durante a solenidade, a presidenta do CFP, Alessandra Almeida, ressaltou que o Congresso é uma oportunidade para profissionais da Psicologia refletirem sobre os novos e os antigos desafios a essa ciência e profissão, destacando a desigualdade, a injustiça social e exclusão estruturante que marcam os povos da região, bem como a crise democrática e avanço do autoritarismo, da criminalização dos movimentos sociais e o modelo extrativista predatório que se coloca como uma das principais causas da crise ecológica na América Latina.
A presidenta do Conselho Federal de Psicologia destacou também que a combinação entre violência, pobreza e desastres climáticos como fator que intensifica um cenário de deslocamentos forçados. Denunciou ainda que a guerra às drogas e o racismo institucional alimentam o encarceramento em massa, sobretudo da juventude negra e pobre.
“Mas, há resistência. Apesar das violências, a América Latina é também espaço de reinvenção radical. Os saberes ancestrais, os feminismos decoloniais e os movimentos negros e indigenas propõem epistemologias outras, baseadas em justiça relacional, reciprocidade e autonomia”, afirmou Alessandra Almeida ao pontuar que, na Psicologia, isso se expressa nos corpos e nos territórios onde a categoria atua uma vez que cada sujeito traz consigo a história de um continente atravessado por colonizações externas e internas – e que exige, portanto, uma escuta atenta, ética e situada.
Neuza Guareschi, conselheira do CFP e coordenadora do Comitê científico do X Congresso Ulapsi, reforçou o papel estratégico do evento para a reflexão, o diálogo e o fortalecimento das ações da Psicologia na América Latina e no Caribe. O objetivo, pontuou, é criar um espaço inclusivo, plural e democrático, onde as diversas vozes possam ser ouvidas, reconhecendo a riqueza da diversidade que caracteriza a região.
A conselheira federal chamou atenção também para os esforços da equipe organizadora em garantir a pluralidade de atividades e de participações, que resultaram na programação de três Colóquios do Sul Global e cinco simpósios, além de diversas rodas de conversa, mesas redondas, mesas de trabalho e apresentação de pôsteres. Acerca das apresentações dos trabalhos inscritos, o Congresso recebeu mais de 800 submissões: 350 trabalhos livres, 90 mesas redondas, 100 rodas temáticas e 330 pôsteres.
“Que este Congresso seja um espaço rico em debates críticos, trocas solidárias e aprendizados que contribuam para o fortalecimento da nossa profissão enquanto ferramenta de transformação social. Que possamos avançar juntos na superação dos limites impostos às nossas subjetividades por estruturas opressoras e excludentes”, finalizou Neuza Guareschi.
Posicionamento da Psicologia
Carolina Moll, secretária-geral da União Latino-Americana de Entidades de Psicologia (Ulapsi), destacou o impacto do facismo e das políticas neoliberais para as populações, exigindo da Psicologia um posicionamento em defesa das pessoas mais atingidas.
“A Ulapsi tem uma postura política. Não político-partidária, mas um compromisso político ligado às necessidades dos povos mais vulnerabilizados”, afirmou.
Para Talita Fabiano de Carvalho, coordenadora do Comitê Executivo Organizador do X Congresso Ulapsi, a inclusão de múltiplos formatos incentiva a troca de experiências e a construção coletiva de saberes, elementos centrais para o desenvolvimento da Psicologia. A psicóloga afirmou que, ao incluir discussões sobre os direitos humanos, as diversidades e o compromisso social, o evento reafirma seu relevante papel como espaço de reflexão crítica e propositiva. “A expectativa é que através destas discussões e intercâmbios, o X Congresso da Ulapsi contribua significativamente para o fortalecimento da Psicologia Latino Americana e para a construção de subjetividades mais resilientes, resistentes e socialmente engajadas”, concluiu.
Elisa Zaneratto Rosa, conselheira da Ulapsi representando o Brasil, destacou os pontos comuns entre os países da América Latina e do Caribe, sobretudo no aspecto de uma história marcada por colonialismo e violências. “Precisamos de uma Psicologia que responda à realidade do nosso povo, às questões do nosso território e às especificidades da nossa história”, defendeu.
A cerimônia de abertura foi retransmitida pelo Conselho Federal de Psicologia e está disponível, na íntegra, no canal do CFP no YouTube.
Acesse aqui a programação completa com a participação do CFP no X Congresso Ulapsi.
Sobre o Congresso
O X Congresso Latino-Americano de Psicologia é uma iniciativa da União Latino-Americana de Entidades de Psicologia (Ulapsi), do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP-SP), com o apoio da Universidade Paulista (Unip).
O encontro integra a agenda de ações de internacionalização da Psicologia brasileira promovida pelo CFP, que busca fortalecer a presença dessa ciência e profissão no cenário internacional, promovendo a troca de saberes, a difusão de boas práticas e a integração profissional com outros países da América Latina, Caribe, nações de língua portuguesa e países de referência em campos de atuação específicos.
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