O presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Rogério Giannini, participou, nesta segunda-feira (30/10), no Rio de Janeiro, da abertura do “Seminário Internacional – A Epidemia das Drogas Psiquiátricas: causas, danos e alternativas”. O evento, que se estende até o dia 1o, ocorre no auditório da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Giannini disse que a forma como uma sociedade cuida das pessoas que estão em sofrimento mental intenso revela sua natureza. “É um tema que nos define como sociedade, como civilização.” Falou, ainda, que as drogas psiquiátricas são uma mercadoria. “Têm uma lógica de mercado e, caso não tomemos cuidado, fundos públicos são construídos e usados para capitalizar investimentos privados.” Ele lembrou também o protagonismo que as psicólogas adquiriram com a Reforma Psiquiátrica, fato inexistente no modelo manicomial.
A mesa de abertura, mediada pelo presidente de honra da Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme), Paulo Amarante, foi composta pela presidente da Fundação Oswaldo Cruz, Nísia Trindade Lima, pelo diretor da ENSP, Hermano Albuquerque de Castro, e pelo presidente do CFP, Rogério Giannini.
Nísia Lima falou sobre a necessidade de um projeto progressista no Brasil e a afirmação do Sistema Único de Saúde (SUS) e dos direitos de cidadania. “Precisamos de um projeto que respeite a condição humana, que respeite o cuidado efetivo. Temos que ter alternativas de atenção no campo da saúde mental que não sejam marcadas pela hospitalização, pela medicalização e pela falta de respeito e acolhimento.”
Hermano Castro antecipou que está previsto um debate sobre a reforma psiquiátrica no Cone Sul no seminário Cuba Salud, que ocorre a cada dois anos em Havana. “Brasil, a Argentina e o Uruguai são os países que mais avançaram na região no tema.”
Paulo Amarante explicou que o momento é de início de uma nova era na Reforma Psiquiátrica. O processo avançou muito nos campos do trabalho, da geração de renda e da transformação das relações sociais entre os sujeitos com diagnósticos psiquiátricos e a sociedade. “Mas ainda é preciso desmontar os mitos criados pela aliança da indústria farmacêutica com a Psiquiatria, que diz que o aumento dos diagnósticos é resultado do aperfeiçoamento científico da Psiquiatria, que consegue diagnosticar mais e melhor.”
A programação inclui convidados (as) internacionais, como Laura Delano e Robert Whitaker, dos Estados Unidos, e Jaakko Seikkula, da Finlândia, e nacionais, como Biancha Angelucci, Cecília Collares, Helena Rego Monteiro, Maria Aparecida Moyses, Rossano Cabral Lima e Walter Oliveira.
A abertura do evento pode ser vista aqui.
O evento está sendo transmitido ao vivo e tem tradução simultânea.
Crédito das fotos: Virginia Damas/CCI/ENSP/Fiocruz