Um importante passo no combate à violência e à intolerância. Na manhã desta quinta-feira (15), o Conselho Federal de Psicologia (CFP) participou do ato de lançamento da Mesa Nacional de Diálogo contra a Violência, na sede da OAB Nacional, em Brasília.
Iniciativa da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns (Comissão Arns), a Mesa tem o objetivo estimular um debate plural, democrático e sempre na perspectiva dos direitos humanos, com a toda sociedade civil brasileira, como reação ao clima de intolerância instalado no país.
Representando o CFP na solenidade, a conselheira Célia Zenaide falou da naturalização e banalização da violência na sociedade como forma de estruturar as relações. “Vivemos no momento onde a violência está autorizada como método político de disputa de interesses e como método de estruturar relações sociais. Precisamos interditar a violência como método de estruturação da sociedade e dizer que basta de discurso de ódio como legitimador e naturalizador da violência”, declarou.
Zenaide destacou, ainda, que a Psicologia brasileira tem apostado na fala, no diálogo e na produção de sentidos. “Reconhecemos o potencial das pessoas que se organizam em movimentos, das que são capazes de gestos de solidariedade e amor, mesmo quando tudo parece convidar ao isolamento. Por isso, saudamos a criação da Mesa Nacional de Diálogos Contra a Violência. Nós vislumbramos esse movimento adotando um método que usamos muito, que são as rodas de conversa. Apostamos na polissemia da diversidade, da ampliação da autonomia dos sujeitos e dos grupos. É fundamental que as vítimas da violência sejam convidadas para dialogar. Que possam construir conversas potentes carregadas de inconformismo e que apostemos não na resiliência, mas na vontade de transformação. Sigamos em frente para construir novos possíveis futuros”, concluiu.
Durante o lançamento, foi lido um manifesto da Comissão Arns de fundação da Mesa de Diálogo. O texto destaca que o Brasil de hoje tem sofrido, com crescente horror, a violência incorporada ao cotidiano, com
A proliferação de discursos de ódio, “ajudando a conformar subjetividades violentas e intolerantes, e declarações públicas que legitimam a letalidade de órgãos oficiais”.
“Propostas de facilitar o acesso a armas de fogo tornarão o quadro ainda mais grave. A escalada armamentista coloca em risco toda a população, e em particular a classe policial, que tem por dever estar na linha de frente dos conflitos”, afirma o documento.
Para a Comissão, chegou o momento de entidades representativas da sociedade civil mobilizarem pessoas e instituições para construir uma agenda propositiva de segurança que respeite os direitos humanos e uma cultura cidadã capaz de refazer os laços de sociabilidade em dissolução. “Estamos convencidos que a paz só será alcançada com o respeito aos direitos humanos e a promoção da participação democrática”.
Leia o discurso completo da conselheira Celia Zenaide no ato de lançamento da Mesa Nacional de Diálogo contra a Violência.
Leia o manifesto da Comissão Arns de fundação da Mesa Nacional de Diálogo contra a Violência.
Veja a lista de entidades que participaram do ato de lançamento e fazem parte da Mesa de Diálogo:
Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns
Conselho Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
Conselho Federal de Psicologia (CFP)
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
Associação Brasileira de Imprensa (ABI)
Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ)
Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC)
Fórum Brasileiro de Segurança Pública
Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira (CENARAB)
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)
Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão
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