CFP participa e apoia a 3ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa

Durante os dias 23 a 25 de novembro de 2011, foi realizada a 3ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa. O evento, organizado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, teve como tema “O Compromisso de Todos por um Envelhecimento Digno no Brasil”. Psicólogos participaram da conferência para discutir o trabalho da Psicologia nos temas relacionados ao envelhecimento, além de discutir avanços e desafios da Política Nacional do Idoso.

As psicólogas e os psicólogos reuniram-se na Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC).

Por uma política de álcool e outras drogas não segregativa e pública: carta à presidenta Dilma. Envie você também!

Prezados e prezadas, envie você também a carta à presidenta Dilma e aos ministros e ministras da Saúde, Casa Civil, Justiça, Secretaria-Geral da Presidência da República. Também receberão a mensagem a Coordenação de Saúde Mental do Ministério da Saúde, o Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas e a Secretaria Nacional de Articulação Social.

O texto foi regidigo pelo Conselho Federal de Psicologia e pela Rede Internúcleos de Luta Antimanicomial (Renila).

 Clique aqui para enviar sua mensagem.

 

Carta à Presidenta Dilma

 

Por uma Política de Álcool e Outras Drogas

Não Segregativa  e Pública

 
            A eleição de uma mulher presidenta da República, pela primeira vez na história, nos encheu de orgulho e foi festejado pelos brasileiros e brasileiras, em particular por todos os movimentos sociais, organizações populares e sindicais que lutam junto aos setores mais vulneráveis de nossa sociedade, pela ampliação dos direitos e de uma cidadania ativa. O compromisso definido como central para seu governo – o combate e eliminação de uma das principais mazelas da sociedade brasileira, a pobreza e a miséria – traduz, para nós, sua sensibilidade e filiação à Construção de um Novo Brasil, mais justo e solidário.
            Esse compromisso assumido com o povo brasileiro é motivo de esperança e perspectivas de avanços no processo de inclusão social e de ampliação das conquistas cidadãs.
            A Rede Nacional Internúcleos de Luta Antimanicomial, RENILA, e o Conselho Federal de Psicologia, CFP, presentes em todo o país, trabalhampela construção de uma sociedade sem manicômios, projeto político que originou e inspira a Reforma Psiquiátrica brasileira, política pública que é referência para a Organização Mundial da Saúde.
            Apostamos que o atual governo iria avançar e aprofundar esse processo emancipatório, extinguindo os manicômios ainda existentes e em funcionamento e ampliando a rede substitutiva, contudo, estamos neste momento, seriamente preocupados com o futuro e os rumos da saúde mental brasileira.
            Informações veiculadas com insistência pela imprensa sobre as possibilidades de tratamento para usuários de álcool e outras drogas  preocupa-nos, sobretudo, por seu caráter francamente contrário aos princípios que sustentam as políticas deste governo, a saber, a superação da exclusão social, condição historicamente imposta a uma parcela da sociedade brasileira. Como atores sociais e de direitos humanos, queremos alertar para os riscos que se anunciam nestas propostas.
            O primeiro e mais grave risco diz respeito ao modo como a questão é colocada: ameaça, que fundada na cultura do medo, produz pânico e autoriza a violência, além de solicitar respostas precipitadas e superficiais. A apresentação de soluções mágicas, de respostas totais e plenas de garantias é não apenas ilusório, mas, sobretudo falacioso. Preocupa-nos, de modo particular, a defesa da internação compulsória e das comunidades terapêuticas, dois modos de resolver a questão recorrendo à exclusão e a segregação. Tais soluções  opõem-se, radicalmente, aos princípios que sustentam o compromisso desse governo de trabalhar pela ampliação da cidadania e inclusão de todos. Portanto, não tem como dar certo!
            Senhora Presidenta, se tais medidas forem implantadas produzirão, além de prejuízos políticos, danos à democracia brasileira. Uma das maiores referências e patrimônio da nossa sociedade, o SUS e várias de suas políticas, dentre estas, a Reforma Psiquiátrica, serão seriamente comprometidas, além de perderem o caráter público tão caro à saúde. Submeter a saúde a interesses privados, à lógica de mercado, é fazê-la retroceder ao ponto que inaugurou o SUS como direito; é impor a saúde à dimensão de objeto mercantil, gerador de lucro para alguns e dor para muitos. Submeter o Estado e as políticas públicas a crenças e confissões, fere um princípio constitucional e a dimensão laica do mesmo. Submeter os cidadãos e suas famílias que sofrem com uma dependência a um modo de proteção que anula direitos é legitimar a violência como resposta institucional, portanto, não é uma ação cidadã, nem tão pouco solidária; é violência e tortura admitidas como recurso de tratamento.
            Senhora Presidenta, mantendo nossa confiança e aposta em seu compromisso público anunciado quando de sua posse, mas também em sua sensibilidade e capacidade para conduzir um projeto de nação que seja justo, solidário e cidadão, alertamos: não se pode admitir o sequestro de direitos como recurso de tratamento, não se pode admitir a redução de problemas complexos a soluções mágicas, não se pode admitir, acima de tudo, a banalização de valores democráticos em nome de nenhum mal. Não se pode fazer o mal em nome do bem! Não se autoriza ao Estado e nem à sociedade, o direito a desrespeitar e torturar ninguém, em razão de nenhum motivo.
            Sabendo que um governo se compõe de forças distintas e de perspectivas diversas, articuladas a setores e interesses sociais múltiplos, alguns mais próximos e comprometidos com valores republicanos, e outros com perspectivas mais restritas e a valores morais e religiosos, identificados na Casa Civil, conclamamos a Chefe da Nação a defender a cidadania de todos e a democracia brasileira, preservando suas conquistas, de modo especial, o Sistema Único de Saúde e suas políticas.
            Nossa posição não é sustentada em interesses particulares nem em preferências. É coerente com a ampla mobilização social em todo o país que resultou na IV Conferência Nacional de Saúde Mental – Intersetorial, fórum que foi claro e decidido neste ponto: comunidades terapêuticas não cabem no SUS, como também não cabem internações compulsórias. O tratamento dos usuários de álcool e outras drogas, incluído neste conjunto o crack, deve seguir os princípios do SUS e da Reforma Psiquiátrica, sendo também este o caminho a ser trilhado pelo financiamento: a ampliação da rede substitutiva.
            Senhora Presidenta, o Brasil precisa de mais CAPS-ad, necessita que os mesmos tenham condições que os permitam funcionar vinte e quatro horas, carece de leitos em hospital geral, de casas de acolhimento transitório, consultórios de rua, equipes de saúde mental na atenção básica, de estratégias de redução de danos e de políticas públicas intersetoriais. Este deve ser o endereço dos recursos públicos!
 
Por uma Sociedade Sem Manicômios!! Por um Tratamento Sem Segregação!! Pelo Fortalecimento do Sistema Único de Saúde e da Reforma Psiquiátrica!!
 
Rede Nacional Internúcleos de Luta Antimanicomial

Conselho Federal de Psicologia
AMEA – Associação Metamorfose Ambulante de usuários e familiares do sistema de saúde mental do estado da Bahia
Associação Anima
Associação Brasileira dos Terapeutas Ocupacionais – Abrato
Associação Brasileira, de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT)
Associação Fazendo Diferente – Associação de Usuários e Familiares de Saúde Mental de Mauá.
Associação Franco Basaglia
Associação Vida em Ação
Coletivo de Entidades Negras – CEN

Conselho Regional de Psicologia da 3ª Região – Mato Grosso do Sul
Conselho Regional de Psicologia da 14ª Região – Mato Grosso do Sul
Conselho Regional de Psicologia da 16ª Região – Espírito Santo
Conselho Regional de Psicologia da 18ª Região – Mato Grosso
Conselho Regional de Psicologia da 19ª Região – Sergipe
Conselho Regional de Psicologia da 20ª Região – Acre, Amazônia, Rondônia e Roraima
Conselho Regional de Psicologia da 2ª Região – Pernambuco/ F. de Noronha
Conselho Regional de Psicologia da 4ª Região – Minas Gerais
Conselho Regional de Psicologia da 6ª Região – São Paulo
Conselho Regional de Psicologia da 7ªRegião – Rio Grande do Sul
Conselho Regional de Psicologia da 8ª Região – Paraná
FenaPsi – Federação Nacional dos Psicólogos
Fórum GeraRenda – Campinas
Frente Estadual Antimanicomial do Estado de São Paulo
Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc)
Instituto POLISaber
Instituto VOZ
Justiça Global
Núcleo de Mobilização Antimanicomial do Sertão (NUMANS)
Rede de Saúde Mental e Economia Solidária do Estado de São Paulo
SinPsi – Sindicato dos Psicólogos de São Paulo

Conselho Regional de Psicologia da 12ª Região – Santa Catarina
Conselho Estadual de Saúde de São PauloAssociação Franco Rotelli (associação de usuários, familiares e técnicos da Saúde Mental) – Santos/SP
Núcleo Paulista da RENILA (Rede Nacional Internúclos da Luta Antimanicomial) – Santos/SP
Aurélia Maria Rios Piterskih – Psicóloga, Diretora de Estudos e Projetos da Associação Franco Rotelli, mestranda do Programa Interdisciplinar em Ciências da Saúde (Unifesp – Campus Baixada Santista) e Apoio Técnico do Núcleo Paulista da RENILA

Atingidos por desastres colocam milhares de cruzes na Esplanada dos Ministérios

Para lembrar a situação dos atingidos por desastres nos últimos anos no Brasil, aproximadamente 5 mil cruzes foram colocadas na Esplanada dos Ministérios.

O objetivo é chamar atenção para a grave situação dos afetados por desastres no país, que mantém a condição de vulnerabilidade por conta de incipientes políticas que não dão conta da prevenção e da agilidade no processo de reconstrução.

O conjunto de cruzes simboliza as milhares mortes ocorridas a cada ano em decorrência dos desastres. O ato pretende sensibilizar gestores e opinião pública para esse sofrimento.

A bandeira do Brasil foi suspensa por um guindaste de 15 metros. Nela, constam os números de afetados por desastres em todos os estados brasileiros no ano de 2010.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) apoia o ato, que terá lideranças de comunidades afetadas de todas as regiões brasileiras. O objetivo é colocar em evidência a necessidade de diversas políticas públicas articuladas para o enfrentamento do sofrimento humano em situações de emergências e desastres. Possivelmente muitas mortes seriam evitadas se os dispositivos de proteção civil estivessem articulados e a serviço da sociedade brasileira.

Carta à Comissão Intergestora Tripartitte (CIT)

 

ASSUNTO: Reforma Psiquiátrica Ameaçada

 

Nós, da Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial (RENILA), temos acompanhado atentos e preocupados o debate que se processa no interior do governo Dilma sobre as medidas a serem adotadas para o cuidado dos usuários de crack, álcool e outras drogas. É visível o embate interno ao governo relativo à possibilidade de incorporação das chamadas “comunidades terapêuticas” como um recurso do Sistema Único de Saúde passível inclusive, de ser financiado diretamente pelo governo federal.

Tal condição associa-se ao absurdo debate em torno das internações compulsórias de usuários de crack, álcool e outras drogas, posição que, apesar de ser sistematicamente rechaçada pelos equívocosjurídicos e assistenciais que comporta, vem, reiteradamente, sendo reintroduzida com muita força.

 

Identificamos como ponto de sustentação das propostas apresentadas pelo governo federal, a articulação existente entre a Ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, setores religiosos que se expressam no Congresso Nacional e as Federações das comunidades terapêuticas  que são patrocinadoras do projeto político da Ministra,  senadora eleita pelo Paraná.

 

Entendemos que o triunfo desta perspectiva representa um retrocesso na política da Reforma Psiquiátrica e uma ameaça para o SUS, num momento em que o próprio governo se vê inundado por crises invariavelmente relacionadas com a malversação de fundos públicos e a corrupção gerada por modos de relação promíscuos, via transferência de dinheiro público para organizações não-governamentais. Reconhecemos que a legitimidade social das comunidades terapêuticas advémde sua condição de serem empreendimentos autônomos, geradas por iniciativas da sociedade no vácuo de respostas públicas para os usuários de álcool e outras drogas por parte do Estado.

 

A inclusão das comunidades terapêuticas no campo da saúde violará o SUS e a Reforma Psiquiátrica em seus princípios e objetivos e o que é pior, reintroduzirá a segregação como modo de tratamento, objetivo oposto ao que orienta os serviços substitutivos, resgatando no mesmo ato a cruel face de objeto mercantil para o cuidado em saúde, ao privatizar parte dos recursos assistenciais.

 

Que a escolha por uma comunidade terapêutica e pela supressão dos direitos de cidadania seja a opção de alguns é algo que só pode ser respeitada no plano da decisão individual, mas jamais como oferta da política pública e resposta do Estado à sociedade.

 

A questão que se coloca hoje, com o confuso, parcial e precipitado debate sobre as drogas, convoca-nos à urgente mobilização em defesa do SUS e da Reforma Psiquiátrica, ameaçados, neste momento, pelo envio, por parte do Ministério da Saúde, à Comissão Intergestora Tripartite (CIT), de proposta de portaria que inclui as comunidades terapêuticas como serviços integrantes da rede de atenção psicossocial.

 

Apelamos à CIT que não aprove estas portarias ministeriais até que o governo federal estabeleça um diálogo com as entidades que têm se pronunciado contrários a esta forma de se pensar e fazer política. Que se aguarde a Consulta Pública, estratégia gestada pela Secretaria Geral da Presidência da República, onde todos poderão opinar e construir coletivamente uma política para os usuários de álcool e outras drogas e não apenas as Federações de Comunidades Terapêuticas, únicas entidades recebidas pela Presidenta Dilma.

 

Nossa posição não é sustentada em interesses particulares nem em preferências. É coerente cm a ampla mobilização social em todo o país que resultou na IV Conferência Nacional de Saúde Mental-Intersetorial, fórum que foi claro e decidido neste ponto: comunidades terapêuticas não cabem no SUS, como também não cabem internações compulsórias. O tratamento dos usuários de álcool e outras drogas, incluído neste conjunto o crack, deve seguir os princípios do SUS e da Reforma Psiquiátrica, sendo também este o caminho a ser trilhado pelo financiamento: a ampliação da rede substitutiva.

 

III ENCONTRO NACIONAL DA RENILA

Goiânia, 17 a 20 de Novembro de 2011.

 

CFP envia solicitação ao ministro Gilberto Carvalho para incluir debate sobre internação compulsória nas pautas dos Conselhos de Direito

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) encaminhou, no dia 22 de novembro, solicitação ao ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, para que seja incluído o debate sobre internação compulsória com urgência nas pautas dos Conselhos de Direito.

A solicitação foi feita tendo em vista o fato de que as anunciadas políticas de álcool e outras drogas e a inclusão das comunidades terapêuticas na rede de cuidados aos usuários não foram debatidas nas instâncias de controle social. O mesmo pedido foi encaminhado ao Ministério da Justiça, ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

O objetivo é assegurar que nenhum Programa referente às políticas de álcool e outras drogas seja implantado antes que os Conselhos de Direito tenham a possibilidade de promover a discussão, pois são instâncias criadas para assegurar a participação social e a democracia almejada pela sociedade civil.

Nota de repúdio ao ataque de pistoleiros a comunidade indígena Kaiowá no MS

Em 13 de janeiro de 2003, na aldeia Taquara-MS, a ação covarde de pistoleiros resultou no assassinato do Cacique Marcos Verón. Os três fazendeiros réus no julgamento do assassinato foram absolvidos pelo crime de homicídio, apesar de condenados pelos crimes de seqüestro, tortura e formação de quadrilha.

Na última sexta-feira, 18 de novembro de 2011, mais uma comunidade Kaiowá foi atacada por 40 pistoleiros, um índio foi assassinado, quatro estão desaparecidos e há feridos na comunidade.

O Conselho Federal de Psicologia e sua Comissão de Direitos Humanos manifestam sua indignação diante da tragédia que vive o povo Guarani Kaiowá em Juti – MS. Viemos apresentar nossa solidariedade aos familiares e exigir proteção ao povo Guarani Kaiowá, bem como ações imediatas de desintrusão e demarcação das terras indígenas. Exigimos, também, garantias constitucionais de reconhecimento de sua organização social, tradições e direitos originários sobre suas terras, tradicionalmente ocupadas.

Por fim, exigimos imediata apuração dos crimes contra o povo Guarani Kaiowá!

 

Manifesto Público do Conselho Federal de Psicologia aos Conselhos de Direito

Manifesto público é aprovado no dia 18 de novembro pelos participantes do VII Seminário Nacional Psicologia e Direitos Humanos – Drogas: Diretos Humanos e Laço Social, com a solicitação urgente para que o tema das políticas públicas de álcool e outras drogas seja pautado nos Conselhos de Direito, em especial no Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad).

*Aprovado por unanimidade pelos participantes do VII Seminário Nacional de Psicologia e Direitos Humanos – Drogas: Direitos Humanos e Laço Social, em 17 de novembro, em Brasília-DF 

Conselho Federal de Psicologia, levando em conta as políticas públicas da temática de álcool e outras drogas, sem ignorar a dor, a violência, a morte, os danos para a segurança pública, a tristeza das famílias, as aflições das mães, os prejuízos econômicos e para a saúde pública, enfim, todos os efeitos deletérios generalizados provocados pela ampliação da presença das drogas, vem esclarecer e solicitar o que se segue.

Tem-se observado recentemente a adoção, nos diversos níveis da federação brasileira, de políticas públicas equivocadas, sugerindo ou até mesmo incentivando a internação de cidadãos. A questão que se destaca é que ao ser internado compulsoriamente, o cidadão perde qualquer chance de inclusão social, ficando à margem da sociedade, sem qualquer autonomia.

Vale dizer que é o Estado que intervém com uma política pública, descuidadamente gerida, que na prática “cassa” os direitos políticos e civis de cidadãos miseráveis, cujas famílias se submetem a esta regra que representa a interdição para a vida civil.

Os casos se proliferam em diversos estados da federação, consubstanciando um excesso das autoridades estaduais. Mas não é só. É sabido, também, que o Governo Federal enviou ao Congresso Nacional o projeto do Plano Plurianual para os anos de 2012-2015, estabelecendo como metas a capacitação das “lideranças religiosas e de movimentos afins para atuação na prevenção do uso indevido de drogas e outros comportamentos de risco, bem como na abordagem de situações que requeiram encaminhamento à rede de serviços existentes na comunidade”, o que vai de encontro ao caráter laico do Estado brasileiro, previsto na Constituição Federal, além de afrontar a Lei n. 10.216/01. A toda evidência, representa o uso do Estado e de suas instituições para “cassar” direitos constitucionais dos seus cidadãos, inclusive o de ir e vir. A aniquilação da cidadania e dos direitos humanos, por intermédio de programas como tais, não pode ser perpetuada.

Com efeito, temos acompanhado recentemente a prática do envio de crianças e adolescentes de forma compulsória, portanto, involuntária, para instituições de internamento sob a justificativa de serem encaminhadas a um suposto tratamento da dependência de crack. Contudo, não se colocam em pauta algumas questões que são anteriores a esta intervenção, tais como: de que forma essas crianças e adolescentes chegaram à condição de morar nas ruas e de dependência de drogas? O direito, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de receber proteção integral com prioridade absoluta foi garantido de fato a estas crianças e adolescentes?

Ora, se o tivesse sido, provavelmente, elas não estariam nesta condição de desfiliação social, pois, tal condição não foi produzida do dia para a noite e sim como resultante de longos anos de submissão a processos variados de exclusão social e de violação de direitos, assim como pela ausência de políticas públicas eficientes sobre álcool e outras drogas, o que chama à necessidade urgente de um debate sério e comprometido sobre o tema.

Sabe-se que cotidianamente crianças e adolescentes no Brasil são vítimas de violência, não têm seus direitos fundamentais concretizados em políticas públicas efetivas e não estão sendo prioridade absoluta na agenda dos municípios, estados e governo federal tal como preconiza a Constituição Federal. Assim, a discussão de políticas públicas de inclusão social deve ser feita em vários âmbitos –  da assistência social, dos direitos humanos, da saúde, da segurança pública, da educação, da justiça, dentre outros.

O Conselho Federal de Psicologia, entidade com assento em diversos Conselhos de Direito, estranha que o tema das políticas públicas de álcool e outras drogas não tenha sido pautado pelo governo no Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad), órgão nacional que já não se reúne há mais de dois anos e deveria ser responsável por garantir a promoção de discussões destas políticas.

Os conselhos de direito são espaços criados exatamente como fóruns legítimos de participação social para a definição de linhas para as politicas públicas, também discutidas em conferências nacionais temáticas. Em outros conselhos, como o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) e o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), houve posicionamento contrário às internações compulsórias, mas ainda é necessária a discussão da política sobre álcool e drogas em sua complexidade.

Entendemos que somente a partir destas discussões será possível garantir os direitos de cidadania e inclusão social aos cidadãos em tratamento, além da proteção integral às crianças e adolescentes.

Campanha Nacional de Direitos Humanos:
Em nome da proteção e do cuidado, que formas de exclusão temos produzido?
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA – CFP
Brasília – DF, 18 de novembro de 2011.

Ato Médico: parecer do relator aguarda votação pela CCJ

O Projeto de Lei do Senado (PLS nº 268/2002), conhecido com PL do Ato Médico teve origem no Senado Federal, passou por análise na Câmara dos Deputados (PLC nº 7703/2006), onde recebeu alterações e voltou ao Senado, onde se encontra no momento.

Na CCJ recebeu o parecer do relator senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), no dia 9 de novembro de 2011, pela aprovação do projeto, com alterações. Veja aqui íntegra do parecer. O PL aguarda sua inclusão na Pauta da CCJ, para que seja votado o parecer apresentado. Não há prazo determinado para que isto ocorra.

Depois, segue para a análise das seguintes comissões: Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ); Educação, Cultura e Esporte (CE) e Assuntos Sociais (CAS).

Para a Psicologia, vale destacar os seguintes itens do parecer do senador Valadares:
·         Art. 4º; § 2º: “Não são privativos do médico os diagnósticos funcional, cinésio-funcional, psicológico, nutricional e ambiental, e as avaliações comportamental e das capacidades mental, sensorial e perceptocognitiva.” (página 13)
·         Art. 4º; § 7º: “O disposto neste artigo será aplicado de forma que sejam resguardadas as competências próprias das profissões de assistente social, biólogo, biomédico, enfermeiro, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista, profissional de educação física, psicólogo, terapeuta ocupacional, técnico e tecnólogo de radiologia.” (página 15)