Moção de apoio ao projeto Circo de Todo Mundo

O Conselho Federal de Psicologia demonstra seu apoio à ONG Circo de Todo Mundo, cuja sede foi desapropriada pelo Governo do Estado de Minas Gerais sem aviso prévio. Nesta terça-feira (11), será realizada uma passeata em protesto à violação dos direitos humanos e abuso de poder.  A concentração será a partir das 9h, em frente à Prefeitura de Belo Horizonte.

O Circo de Todo Mundo atua há 18 anos na capital mineira atendendo a centenas de crianças moradoras de rua, vítimas do trabalho infantil e de abusos de toda a ordem, além de crianças encaminhadas por Conselhos Tutelares, cumprindo medidas sócioeducativas. A organização é reconhecida no cenário nacional e internacional pela seriedade e compromisso com a defesa dos direitos de crianças e adolescentes. Privilegiando o imaginário e a brincadeira por meio de atividades lúdicas que complementam a escola formal, a instituição estimula em meninos e meninas a construção de um novo projeto de vida que permita sua (re)inserção familiar e social. Os participantes contam diariamente com oficinas de equilibrismo, malabarismo, acrobacia de solo e aérea. Há ainda oficinas de formação humana, teatro, dança e expressão corporal. No espaço, está à disposição a Sala do Saber Paulo Freire, composta por uma biblioteca, com materiais educativos e computadores com acesso à Internet.

Dentro da organização, encontra-se ainda o Centro Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente Helena Greco, que presta atendimento jurídico e social ao público infanto-juvenil e às suas famílias vítimas de alguma forma de exploração e/ou violência.

O convênio que regula a cessão do espaço pertencente ao governo terminou em 15 de setembro deste ano. Diante da decisão do Estado de dar nova destinação à ONG,  teve início o processo de negociação, que pretendia adequar o projeto do Estado de construção de um centro da juventude, para que a área de 80 mil metros quadrados continuasse sediando o Circo de Todo Mundo, ou buscar conjuntamente outro espaço para o Circo.

Anunciados os vencedores do Prêmio Sócio-Educando

Foram anunciados nesta quarta-feira (5), os vencedores da 3ª edição do Prêmio Sócio-Educando, que incentiva boas práticas em medidas voltadas para adolescentes em conflito com a lei. O prêmio é uma iniciativa do Instituto Latino Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente (Ilanud/Brasil), da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi).
Os vencedores irão viajar para a Espanha para conhecer o Sistema de Justiça Juvenil daquele país e terão suas experiências relatadas em uma publicação futura. Além dos vencedores nas cinco categorias do Sócio-Educando (confira listagem abaixo), cinco experiências receberam menções honrosas.

Conheça os vencedores:

Categoria Acesso à Justiça
Vencedor: Defensoria Pública do Distrito Federal
Apresenta um atendimento específico aos adolescentes em conflito com a lei, com ações que efetivam a prática o direito à defesa dos jovens.

Categoria Execução de Medidas em Meio Aberto
Vencedor: Serviço de Execução de Prestação de Serviços à Comunidade da Prefeitura de Belo Horizonte
O projeto vencedor nesta categoria apresenta uma rede sólida de parcerias onde o adolescente pode prestar o serviço de acordo com o seu perfil. A ação aumenta a efetividade da medida socioeducativa.

Categoria Execução de Medidas em Meio Fechado
Vencedor: Medida Socioeducativa de Internação em um novo Conceito Arquitetônico (Paraná)
O projeto é considerado inovador porque aplica as diretrizes do ECA e do Sinase na estrutura física das unidades de internação do Estado.

Categoria Municipalização do Atendimento Socioeducativo
Vencedor: Projeto Construindo o Futuro da Prefeitura de Boa Vista
O processo de municipalização premiado apresenta ações adequadas à especificidade regional e uma longevidade e sustentabilidade exemplares.

Categoria Produção de Conhecimento
Vencedor: pesquisa “Interfaces psi-jurídicas: a psiquiatrização do adolescente em conflito com a lei”, de Maria Cristina Gonçalves Vicentin, da PUC-SP.
A pesquisa premiada apresenta um tema de imensa atualidade e relevância, além de contribuir para o aprimoramento das políticas públicas na área.

Menções Honrosas da Comissão Julgadora:

Além dos premiados, alguns projetos finalistas também receberam menções honrosas. São eles: Projeto Atitude Legal (Rio de Janeiro), na categoria Acesso à Justiça; Medidas Socioeducativas em Meio Aberto (Fortaleza), na categoria Execução de Medidas em Meio Aberto; a pesquisa “A casa de bonecas: um estudo de caso sobre a unidade de atendimento socioeducativo feminino do RS”, de Rochele Fachinetto, na categoria Produção de Conhecimento.

CFP contesta decisão do Vaticano de recorrer a psicólogos para avaliar orientação sexual de futuros sacerdotes

Um documento divulgado pelo Vaticano na última quinta-feira (30),   anunciando a decisão de recorrer a psicólogos para avaliar se os candidatos a entrar nos seminários da Igreja Católica são homossexuais foi repudiado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Pelo menos no Brasil, os psicólogos não poderão avaliar pessoas para essa finalidade, sob pena de infringirem o Código de Ética da categoria e a Resolução 001/99 do CFP, que estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da orientação sexual.

Considerando que a homossexualidade não é doença, nem distúrbio e nem perversão, a Resolução define que os psicólogos “não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades”. A Resolução determina ainda que “os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os  preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como  portadores de qualquer desordem psíquica”.

Apesar de considerar preconceituosa a posição, o Conselho não desconhece a soberania do Vaticano em definir suas normas internas. Contesta, isto sim, que a Igreja recorra aos psicólogos para respaldar esta posição e ignore os avanços dos movimentos sociais em todo o mundo, que defendem o direito à livre orientação sexual.

Prêmio Vladimir Herzog: moção de repúdio à premiação concedida ao jornal O Globo

MOÇÃO DE REPÚDIO

O Sistema Conselhos de Psicologia manifesta seu repúdio à premiação da 30ª edição do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, na categoria jornal, que concede menção honrosa à reportagem “Sem hospícios, morrem mais doentes mentais”, do jornal “O Globo”, de 9 de dezembro de 2007.

O Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos tem-se pautado historicamente em dar visibilidade e reconhecimento às expressões na área de comunicação que se propõem a denunciar e fazer conhecer as injustiças e violações de Direitos Humanos correntes no nosso país, trazendo à tona aspectos pouco retratados dos fatos e analisando-os criticamente sob a ótica da justiça social e da defesa irrestrita dos Direitos Humanos.

O Sistema Conselhos de Psicologia, em defesa das políticas públicas do Sistema Único de Saúde e da Reforma Psiquiátrica brasileira, que vêm sendo construídas ao longo das últimas décadas no Brasil, manifesta-se publicamente contrário ao fato de referido prêmio ser atribuído a uma matéria que ignora as críticas e denúncias acumuladas por vinte anos de luta antimanicomial no país.

A matéria contraria os norteadores e experiências relativas ao novo modelo de atenção à saúde mental, orientado por uma ética que prima pela observância dos direitos humanos cunhada no rigor técnico e metodológico. Simplifica os dados, descontextualiza fatos, ignora distintas versões sobre o campo atual da saúde mental e descompromete-se com a gestão de ações que contribuam para a melhora da qualidade da assistência e da vida daqueles que necessitam de intervenções complexas devido ao sofrimento psicossocial. Reforça, dessa forma, uma visão parcial e articulada com setores conservadores da sociedade, que refutam as propostas e conquistas da luta antimanicomial.

Apreendemos que o hospital psiquiátrico é um dispositivo de segregação, o que configura o aviltamento dos direitos humanos. Instituição denunciada inúmeras vezes por ter como premissa o enriquecimento de empresários da miséria e do sofrimento humano, os hospitais psiquiátricos, dada a alienação absoluta da diferença, operam um manejo de silenciamento e exclusão da loucura, o que se mostra a serviço da manutenção da ordem social vigente. Mais que isso, as técnicas apresentadas como neutras e cientificamente corroboradas, como um meio de curar a doença e conseqüentemente proteger o tecido social, revelaram-se historicamente como mecanismos sutis, perversos e eficazes para a violação dos direitos humanos.

Consideramos que os contatos humanos, o fortalecimento de vínculos e as redes de apoio constituem-se enquanto dispositivos privilegiados no cuidado com a pessoa em intenso sofrimento psíquico, não o asilamento. Se a experiência da crise aponta para uma ruptura, ela também pode nos revelar a fonte do sofrimento da pessoa e a possibilidade de emersão das inúmeras outras possibilidades de superar obstáculos e constituir saídas. Para isso acontecer, torna-se necessário acolhê-lo, escutá-lo, considerá-lo em suas singularidades e idiossincrasias.

A Reforma Psiquiátrica não pretende extinguir a loucura, pois ela se constitui como algo que faz parte da condição humana; e, portanto, pode ser colocada em cena a qualquer momento e em relação a qualquer um. Afinal, o exercício do convívio com a pessoa que vive intenso sofrimento psíquico nos faz ver que seu cuidado requer acolhimento, escuta e circulação na tessitura social.

Portanto, se um jardim precisa de mais jardineiros e recursos para ficar ainda mais belo, não se pode, por causa disto, abrir mão da idéia de se ter um jardim. A matéria premiada desconsidera os avanços oriundos das políticas públicas em implementação no país, dando destaque somente aos opositores dessa proposta e manipulando os dados de modo a transparecer um quadro alarmante e sensacionalista. Aliás, a reportagem foi alvo, na época, de severas críticas e manifestações contrárias, dirigidas inclusive à redação de O Globo, por parte de várias entidades ligadas à Psicologia e aos Direitos Huma-nos. O referido jornal compromete-se nessa matéria com o interesse de destruir as conquistas no campo e paralisar as mudanças em curso.

Precisamos interrogar a serviço de quem a imprensa brasileira se coloca, ao negar-se, sistematicamente, a dar visibilidade à ampliação da rede substitutiva aos hospitais psiquiátricos e às experiências exitosas que têm se implementado, fazendo efetivas diferenças nas vidas de diversos usuários, os quais puderam re-significar suas histórias, produzindo novos projetos, ampliando o exercício de suas cidadanias, movimento que faz com que o social tenha que se redirecionar frente às diferenças.

A mudança na direção da afirmação da diversidade constitui-se como passo fundamental para uma cultura em direitos humanos. Dessa forma, denunciamos o lamentável equívoco da comissão julgadora em conceder uma premiação a uma reportagem que se pauta pela tentativa de desarticulação de um movimento social com mais de 20 anos de atuação no Brasil, na defesa dos segmentos historicamente marginalizados e excluídos.

São Paulo, 27 de outubro de 2008.

Sistema Conselhos de Psicologia

Entidades pedem a volta da Psicologia no Ensino Médio

Em reunião realizada no dia 11 de junho deste ano, o Departamento de Psicologia Educacional da Faculdade de Educação da Unicamp decidiu propor uma Moção de Apoio ao retorno da Psicologia como disciplina obrigatória do Ensino Médio. De acordo com os membros do Departamento de Psicologia da Unicamp, as matérias relacionadas à Ciências Humanas são de grande importância para a formação do estudante quanto cidadão.

A luta pelo reingresso do estudo da Psicologia para os alunos do Ensino Médio é defendida pelas mais sérias entidades da Psicologia do país. O Conselho Federal de Psicologia, a Associação Brasileira de Ensino de Psicologia, Associação Brasileira de Psicologia Educacional e Escolar, além do Fórum das Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira defendem que a Psicologia deve sim, fazer parte da grade curricular nas escolas de Ensino Médio.

Note-se que  matérias relativas às Ciências Humanas como a Psicologia, Sociologia e  Filosofia já compuseram a grade escolar do Ensino Médio brasileiro, mas a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, instituída em 11 de agosto de 1971, excluiu essas disciplinas do ensino público.

 

 

Ano da Educação – Confira a programação de debates do seu Regional

Os Conselhos Regionais de Psicologia estão realizando os eventos preparatórios do Ano da Educação. Ambientado em quatro eixos temáticos, os encontros têm por objetivo debater as políticas públicas de educação do país e dar visibilidade à atuação do psicólogo no âmbito escolar e educacional.

Além das discussões em comissões e grupos, cada CRP realizará um Seminário Regional preparatório para o Seminário Nacional do Ano da Educação, programado para 2009.

Participe dos eventos! Confira a programação do seu Conselho Regional.

 

Clique aqui e veja a programação por regional

Morre em Brasília o fundador da Unipaz Pierre Weil

É com pesar que o Conselho Federal de Psicologia comunica o falecimento do psicólogo francês Pierre Weil. Doutor pela Universidade de Paris, professor e autor de mais de 40 obras, morreu em Brasília, no dia 09/10, aos 84 anos. Pierre fundou a Universidade Internacional da Paz em 1987, onde são desenvolvidos projetos sociais com crianças e adolecentes de 2 a 17 anos em situação de risco. Sua bandeira de luta sempre foi a disseminação da paz entre os povos de todo o mundo por intermédio da educação.

O corpo de Pierre Weil foi velado por parentes e amigos em Brasília, na própria Unipaz.

Seminário de Mídia Pública e Direitos Humanos no Mercosul será realizado em novembro

A Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH/PR) e a Secretaria de Comunicação (SECOM/PR) da Presidência da República promoverão, no dia 14 de novembro, em Brasília, o Seminário de Mídia Pública e Direitos Humanos no Mercosul.

O Seminário será realizado no âmbito da programação da TEIA – Encontro Nacional dos Pontos de Cultura, evento promovido anualmente pelo Ministério da Cultura. O tema da edição de 2008 da TEIA é “Iguais na Diferença”, escolhido com o objetivo de celebrar os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em parceria com a SEDH/PR.

O evento acontecerá no período de 12 a 16 de novembro, no Complexo Cultural da República, na Esplanada dos Ministérios.

O principal objetivo do Seminário de Mídia Pública e Direitos Humanos no Mercosul será analisar cases de mídia pública e direitos humanos nos Estados Partes do Bloco, seus impactos sobre a população e sua contribuição para a causa dos direitos humanos.

Durante o evento, serão apresentados trabalhos de audiovisual sobre direitos humanos que foram veiculados,  preferencialmente, em mídia pública.

Mais informações podem ser obtidas com a Assessoria Internacional da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, através do seguinte email: aisedh@sedh.gov.br

 

 

 

ULAPSI faz pronunciamento em apoio ao povo boliviano

O Conselho Diretor da União Latino Americana de Entidades de Psicologia (ULAPSI) fez, no dia 23 de setembro, pronunciamento em apoio ao diálogo que está ocorrendo na Bolívia, visando por fim aos conflitos políticos naquele país.
Segundo a ULAPSI, O desenvolvimento da Psicologia latino-americana não é possível fora de seus contextos reais de existência.  Isto supõe não apenas o reconhecimento da “realidade latino-americana” mas também, e fundamentalmente, um posicionamento perante sua situação sociopolítica, econômica e cultural.

PRONUNCIAMENTO
O Conselho Diretor da União Latino-americana de Entidades de Psicologia (ULAPSI), reunido na cidade de Cochabamba na ocasião do II Encontro Boliviano  de Psicologia, PSICOLOGIA 2008 , realizado entre 21 e 23 de setembro de 2008, expressa seu apoio ao diálogo que se realiza hoje em dia na Bolívia, com a segurança de que este abre a possibilidade de superar, de maneira produtiva , sem violência, o conflito do qual o povo boliviano tem padecido e que preocupa a toda a América Latina.
É possível chegar a acordos que favoreçam a paz, a independência, a unidade nacional, a equidade, o bem-estar e a dignidade de todos os bolivianos.
A ULAPSI, como se manifesta em sua carta de constituição, declara uma vez mais sua disposição para acompanhar aos que querem “promover a tolerância, eqüidade, liberdade, pluralidade, responsabilidade e a solidariedade social . É ao se estar junto aos povos da América Latina que se conseguirá reivindicar -para todos- os direitos não respeitados durante muitos anos.
Expressamos nossa confiança de que o povo boliviano conseguirá solucionar as dificuldades que enfrenta hoje e avançar pelo caminho de uma América Latina com e para os homens e as mulheres latino-americanos.
Cochabamba, 23 de setembro de 2008