A Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (CDH/CFP) iniciou, em outubro, os encontros temáticos dos Giros Descoloniais. A proposta é promover encontros territoriais para sublinhar a diversidade nacional e promover diálogos com movimentos e comunidades populares que, por muito tempo, estiveram em posições subordinadas na história e no fazer da Psicologia.
Para o presidente do CFP, Pedro Paulo Bicalho, “descolonizar a ciência e a prática psicológica nos convida ao reconhecimento de produções que foram eclipsadas nos registros de nossa profissão e a fomentar a discussão de nossos aportes e lentes metodológicas, aproximando nossas perspectivas da realidade em que nos inserimos”, afirma.
Os Giros Descoloniais terão como foco atividades de partilha e vivência junto aos coletivos e movimentos sociais, desenvolvidas por meio de mesas de debates, visitas técnicas e atividades culturais. Esses encontros acontecerão em todas as regiões do país, por meio de sete atividades territoriais.
“É preciso descolonizar a Psicologia? Essa pergunta norteou reflexões da Comissão de Direitos Humanos ao repensar e considerar essa ciência e profissão à luz da humanidade e do conceito de direitos. No processo de descolonização, é importante entender quais são nossas referências e como elas dialogam com a realidade e existências brasileiras”, destaca Andreza Costa, coordenadora da CDH/CFP.
Para Andreza Costa, o movimento de descolonizar a Psicologia no campo da formação e prática é essencial para que a categoria profissional possa reconhecer vulnerabilidades profissionais e possibilitar a abertura à uma diversidade de caminhos e existências que ultrapassam estruturas hierárquicas, universalizantes e homogêneas.
Os encontros fazem parte da campanha nacional Descolonizar corpos e territórios: reconstruindo existências Brasis, iniciativa da gestão 2023-2025 da CDH/CFP. Em cada atividade, representantes das Comissões de Direitos Humanos nos Conselhos Regionais de Psicologia (CRP) irão oferecer contribuições aos diversos temas previstos.
Programação
No dia 25 de outubro, Belo Horizonte (MG) sediou o Giro Descolonial da região Sudeste, com o tema “Violência de gênero” e a participação de representantes do CFP, da CDH e dos CRPs do Espírito Santo, de Minas Gerais, do Rio de Janeiro e de São Paulo.
O segundo Giro Descolonial irá acontecer nos dias 23 e 24 de novembro, na região Norte, na cidade de Macapá (AP). O diálogo abordará a temática “Políticas de drogas, segurança pública e racismo ambiental”, com a participação de representantes do CFP, da CDH e dos CRPs do Amapá, do Amazonas, do Pará e de Roraima.
O acúmulo de práticas e saberes relacionados à descolonização da Psicologia subsidiará a organização e apresentação de iniciativas de orientação à categoria profissional que considerem, expressem e reconheçam os saberes coletivos das existências-Brasis.
Campanha Nacional
Os Giros Descoloniais fazem parte da mais recente campanha nacional das Comissões de Direitos Humanos (CDH) do Sistema Conselhos de Psicologia.
Com o tema “Descolonizar corpos e territórios: reconstruindo existências Brasis”, a iniciativa tem como objetivo revisitar as contribuições afropindorâmicas e latino-americanas que compõem os saberes e as práticas da Psicologia, nos campos científicos e profissionais.
Além dos Giros Descoloniais, será lançado o podcast Prosas Descoloniais, uma série de entrevistas para abordar temáticas pertinentes à categoria a partir da perspectiva descolonial.
São ações que buscam aproximar a categoria profissional de propostas resolutivas como a Resolução CFP nº 1/1999, que indica as normas de atuação em relação à orientação sexual; a Resolução CFP nº 18/2002, que orienta para a conduta profissional em relação ao preconceito e discriminação racial; e também a Resolução CFP nº 1/2018, que estabelece normas de atuação da profissão em relação às pessoas transexuais e travestis.
Também são consideradas a Resolução CFP nº 8/2020, que prevê a atuação frente a violência de gênero; a Resolução CFP nº 8/2022, que orienta sobre a conduta ética em relação às bissexualidades e demais orientações não monossexuais; e ainda, a Resolução CFP nº 7/2023, que aponta normas para o exercício profissional e a laicidade basilar da prática psicológica.
Saiba mais em site.cfp.org.br/cfp/comissao-de-direitos-humanos.