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Os conceitos “vulnerabilidade social” e “risco” são estruturantes da política pública do Plano Nacional de Assistência Social (PNAS), que objetiva combater a exclusão social e assegurar a garantia dos direitos mínimos para os cidadãos. Para Romagnoli, estes são conceitos “complexos e multifacetados, abarcando dimensões de ordem econômica, ambiental, de saúde, de direitos, dentre outras, individuais e sociais, que nos permitem identificar situações de vulnerabilidade dos indivíduos, famílias e/ou comunidades”.
Já Bronzo destacou que não existe um único conceito de vulnerabilidade, mas vários enfoques. “Geralmente se associa à pobreza, mas não se reduz a ela, sendo uma soma de vulnerabilidades diversas na qual a baixa renda, a ausência ou precariedade de trabalho, o acesso precário a serviços básicos e a condições básicas de vida são aspectos que a produzem”, explica. Segundo ela, estas situações podem se referir também ao ciclo vital em situações que podem debilitar – a vulnerabilidade de crianças e adolescentes, idosos e pessoas com deficiência. Sobre os riscos, ela destacou os riscos naturais, riscos de saúde, riscos ligados ao ciclo de vida, riscos sociais, riscos econômicos, riscos ambientais e riscos políticos (veja as apresentações em arquivos no final da notícia).
 As pesquisadoras também falaram sobre os conceitos usados nas dimensões subjetivas de atendimento assistencial, como a autonomia, capacidades, empoderamento e resiliência. Segundo elas, apesar de importantes, existe a falta, no Brasil e no mundo, de indicadores que mensuram as informações neste campo. “A discussão sobre os indicadores que mensuram as dimensões de natureza mais subjetiva é importante, pois possibilita a avaliação da política e também a orientação da prática, do trabalho, da intervenção”, disse a socióloga. Ela citou alguns trabalhos, como o realizado pela Oxford Poverty and Human Development Initiative (OPHI), que intenciona criar indicadores que possam ser universais para medir os aspectos subjetivos da assistência.
As pesquisadoras também falaram sobre os conceitos usados nas dimensões subjetivas de atendimento assistencial, como a autonomia, capacidades, empoderamento e resiliência. Segundo elas, apesar de importantes, existe a falta, no Brasil e no mundo, de indicadores que mensuram as informações neste campo. “A discussão sobre os indicadores que mensuram as dimensões de natureza mais subjetiva é importante, pois possibilita a avaliação da política e também a orientação da prática, do trabalho, da intervenção”, disse a socióloga. Ela citou alguns trabalhos, como o realizado pela Oxford Poverty and Human Development Initiative (OPHI), que intenciona criar indicadores que possam ser universais para medir os aspectos subjetivos da assistência.
“Os conceitos são muito difíceis. O próprio conceito do que é autonomia. O que é protagonismo? O que é empoderamento? A gente não tem uma definição clara do que é isso. Se a gente não sabe o qual é o conceito, como que a gente vai traduzir operacionalizar os conceitos e indicadores? A questão é que isso não pode servir como um álibi, porque estamos no campo de política pública, porque precisamos não apenas avaliar os resultados intervenções, mas também os indicadores ajudam a própria prática do técnico, a própria prática das equipes”, destacou.
Acerca dos problemas da atuação da Psicologia, as pesquisadoras destacaram a “individualização” – lógica que, segundo elas, ainda persiste e predomina nos estudos e formação em Psicologia e que não se adequa aos trabalhos da Assistência Social. “A família, por exemplo, é colocada como responsável pelos problemas sociais e casos particularizados em demasia que podem levar a um controle do grupo”, explicou a psicóloga Romagnoli. “Temos uma formação focada no indivíduo, e, muitas vezes, no indivíduo pinçado do social. A gente sabe que temos essa herança e que é uma herança que temos que burlar, eu penso. Temos que produzir outras coisas. O indivíduo tem que ser olhado, mas a gente não pode intervir com ele sozinho na Assistência”.
A importância do estudo e da troca de experiências
 Para Romagnoli, o (a) psicólogo (a) deve investir no estudo e pesquisa e colaborar com a construção de pesquisas sobre a Assistência Social. Ela destacou que o profissional deve ter autonomia na busca por informações, por exemplo, sobre metodologias e instrumentos de intervenção: “A gente tem autores com pesquisas, que estão tentando, no campo da Psicologia, caminhar com isso. É um campo novo, mas é um campo que já tem uma produção de conhecimento”.
Para Romagnoli, o (a) psicólogo (a) deve investir no estudo e pesquisa e colaborar com a construção de pesquisas sobre a Assistência Social. Ela destacou que o profissional deve ter autonomia na busca por informações, por exemplo, sobre metodologias e instrumentos de intervenção: “A gente tem autores com pesquisas, que estão tentando, no campo da Psicologia, caminhar com isso. É um campo novo, mas é um campo que já tem uma produção de conhecimento”.
“Poderíamos ter um canal de aglutinação, um reservatório de boas práticas onde os técnicos possam estar trocando experiências e boas práticas. É muito solitário, muitas vezes, o trabalho no CRAS”, disse a socióloga Bronzo. “O caráter potencializador do trabalho dos técnicos deve estar voltado para esta troca de informações. Por que não são soluções miraculosas, são pequenas ações nos territórios, que, como o impacto de se jogar uma pedrinha na água, tem um impacto”, ressaltou. A mediadora da conversa, a psicóloga Carla Ribeiro, destacou que o CFP lançará, em breve, a ferramenta tecnológica OrientaPsi, espaço virtual que possibilitará a concentração e a troca de conhecimento entre os profissionais da Psicologia.
Intervenção política
Além do investimento nos estudos e troca de conhecimento, as convidadas destacaram a importância da participação política dos (as) psicólogos (as) nos campos macro e micro da política pública de Assistência Social. “O psicólogo tem uma dificuldade de atuar na macro política, temos muita dificuldades de nos unir para fazer conquistas macro políticas. A política é uma política em construção, o campo é um campo em ocupação. A gente não tem soluções prontas, respostas feitas, mas temos a capacidade de inventar e, nesse sentido, acho que temos condições de enfrentamento dos problemas, com pesquisas, estudos”, afirmou Romagnoli.
A mediadora Carla Ribeiro, psicóloga, integrante do Coletivo Ampliado do CFP e da Comissão Nacional de Assistência Social do Conselho Federal de Psicologia (Conpas), finalizou o debate afirmando que o (a) psicólogo (a) deve saber buscar seu papel dentro das políticas de Assistência Social, assim como atuar coletivamente nas políticas macro e micro, sendo capazes de reivindicar, por exemplo, mais capacitação, e atuar dentro das políticas públicas. “A implementação das políticas de Assistência Social, de fato, é complicada, e os trabalhadores também devem se colocar no lugar de quem reivindica e construir e fortalecer coletivamente esta política pública. Saio daqui com a certeza que o caminho político coletivo é também um caminho de resistência”, destacou.
A transmissão online contou com a participação de mais de 150 pessoas que encaminharam perguntas e considerações por e-mail e via redes sociais.
Conheça as participantes:
Carla Andrea Ribeiro – psicóloga, com especialização em Gestão de Projetos, mestre em Ciência da Informação pela UFMG, analista de políticas públicas da Prefeitura de Belo Horizonte e integrante do Coletivo Ampliado e da Comissão Nacional de Assistência Social do Conselho Federal de Psicologia.
Carla Bronzo – socióloga, doutorado em Sociologia e Politica pela UFMG, professora de Sociologia, Desenho e Avaliação de Programas Sociais, Pobreza e Proteção Social, coordenadora de cursos internacionais no campo da avaliação de programas sociais (EIAPP/CLAD/ENAP) e coordenadora de projetos de extensão dos alunos da Escola de Governo
Roberta Romagnoli – psicóloga, doutora em Psicologia Clínica pela PUC-SP, pós-doutora em Análise Institucional pela Université Cergy Pontoise (França), professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUC Minas e pesquisadora do CNPq
Baixe os arquivos das apresentações realizadas pelas convidadas:
Apresentação Roberta Romagnoli 
Apresentação Carla Bronzo
Assista ao debate completo:
 
                 
                