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18/04/2016 - 17:40

Simpósios intensificam debate sobre Psicologia do Esporte

Atividades com especialistas internacionais marcaram segundo dia do Conbipe

Simpósios intensificam debate sobre Psicologia do Esporte

Os simpósios foram os destaques da tarde de segundo dia de IX Congresso Internacional e o XVI Congresso Brasileiro de Psicologia do Esporte e do Exercício (Conbipe). Ao todo, mais três eventos desta natureza e uma mesa-redonda tiveram participações de psicólogos (as) do Esporte de várias partes do planeta.  A conclusão se deu com mais um Continuing Education Workshop, cujo tema foi “Jogos Olímpicos e Paraolímpicos: a contribuição da Psicologia do Esporte para o desempenho esportivo”. Os organizadores foram Gangyan Si (China), Robert J.Schinkle (Canadá) e Lauren A. Loberg (Estados Unidos).

O primeiro simpósio da tarde teve como tema “Da pesquisa para a intervenção em Psicologia do Esporte para atletas olímpicos”. Os palestrantes foram os professores Artur Poczwardoski (EUA) e Robert J.Schinkle (Canadá).

Poczwardoski abordou “Conexões interdisciplinares no serviço de Psicologia do Esporte da teoria/pesquisa à prática”. Delimitou termos da área (Psicologia do Esporte) e o contexto como é realizado o trabalho, e a interdisciplinaridade. O norte-americano explanou sobre sua especialidade, Psicologia do Esporte e do Desempenho.

Ele apontou os desafios na perspectiva humanística com atletas paralímpicos, com treinamento de mente, bem como as aflições dos atletas e suas limitações, sob o aspecto do comportamento. Contou que usa a intervenção comportamental como forma de estimular a motivação e trabalhar a transição de carreira.

Schinkle discorreu sobre a questão “Da pesquisa para a intervenção em Psicologia do Esporte para atletas olímpicos”.  Em sua fala, o canadense descreveu o trabalho com desportistas de elite imigrantes em seu país e a problematização em sua aculturação.

Ele elencou três elementos em sua pesquisa: contexto do ambiente dos atletas (aculturação, citando seu trabalho com indígenas canadenses), treino baseado em evidências (como foi a adaptação ao país, por exemplo) e racismo dirigido a minorias étnicas.

Novas tendências

O terceiro simpósio do dia foi sobre “Novas tendências de investigação relacionadas à melhoria de desempenho”. Sobre esse tema, os participantes foram os professores Ernest Tsung-Min Hung (Taiwan), Thomas Schack (Alemanha) e Natalia B. Stambulova (Suécia).

Hung falou sobre a aplicação do eletroencefalograma no estudo do esporte de rendimento. O psicólogo de Taiwan iniciou sua explanação pela psicofisiologia, que busca diferentes tipos de resposta do sistema nervoso central, ressaltando que pouco se sabe sobre o cérebro, apesar do avanço do conhecimento nos últimos anos.

O palestrante apresentou o conceito da eficiência psicomotora, mostrando exemplos de atletas profissionais que concentram mais atividades no lado esquerdo do cérebro. Ele comparou a atividade cerebral de atiradores amadores e profissionais, sendo que estes usam menos áreas do cérebro.  Em sua pesquisa, Huang  destaca o incentivo ao ritmo sensorial motor (RSM), atividade que leva a melhor habilidade motora.

“Representação Mental e Desempenho: Novas Abordagens para um Coaching Inteligente” foi o tema de Schack. O alemão tratou sobre os diferentes níveis de controle mental, representações sensoriais motoras e controle sensorial motor. Para ilustrar sobre a análise da tarefa, o pesquisador fez uma apresentação tocando violão e gaita ao mesmo tempo. Ele demonstrou conceitos básicos de memória usando pesquisa com postura de movimentos de atletas. Ele mostrou que os atletas profissionais têm um tempo de reação mais rápido do que os iniciantes.

Natalia, por sua vez, ressaltou que tem trabalhado em diferentes tópicos ajudando atletas dentro e fora da carreira. Passou pela performance atlética e pelo contexto profissional, citando exemplos de transição de carreira, destacando os Jogos Olímpicos como nova tendência e como uma forma de não separar carreira com a vida pessoal.

Como ilustração, a pesquisadora mostrou um estudo da primeira competição de que alguns atletas russos participaram e quais as suas motivações, lembrando também o medo por falta de suporte dos treinadores.  Ela mostrou estudos de atletas de países como Bélgica, Holanda, Canadá e Islândia, especificando os ciclos e os impactos dos Jogos Olímpicos nas vidas dos participantes. Em uma de suas conclusões, a russa aponta que a performance atlética e o contexto da carreira são inter-relacionadas e o desenvolvimento/perspectiva da carreira em performance é uma área promissora na pesquisa.

Juventude

Com participação do espanhol Jaume Cruz e do italiano Fábio Lucidi, o quarto simpósio do dia foi sobre “Juventude saudável e esporte de elite”.

Cruz ressaltou que os agentes de mudança são constituídos como uma “pirâmide” – pais, treinadores, colegas, árbitros. Segundo ele, o psicólogo do Esporte precisa analisar a atuação dos treinadores e o ambiente das crianças.

O espanhol ressaltou a importância do Esporte na formação da criança, mas também apontou pontos negativos como excessivo foco na vitória, sobretreino e estresse. Ele relatou um congresso em Barcelona em 1998 com a campanha “Conte até três”, seis anos depois dos Jogos Olímpicos. O evento fazia interface com a área educacional.

Também citou uma ferramenta chamada PsyTool como forma de prevenção a acidentes em esportes de gramado. O objetivo geral era mostrar a Psicologia do Esporte como ferramenta para prevenção de violência e intolerância, promovendo o fair play e a integridade na prática esportiva.

Lucidi discorreu sobre doping. O italiano mostrou dados de dopagens, programas de pesquisa nacionais e internacionais sobre uso de drogas proibidas por jovens e adultos que praticam esporte. Segundo informou, 1 a 7% dos atletas jovens e adultos recorrem à prática e o uso é mais acentuado e permissivo nos jovens homens. Ele apresentou a Teoria Social Cognitiva para justificar essa problemática.

O pesquisador apresentou estudos psicométricos sobre o uso de drogas em atletas amadores. Esses estudos têm ajudado a confirmar a integração de Comportamento Planejado com Teoria Social Cognitiva para o desenvolvimento de ações contra a prática. Ele citou programas de intervenções realizados para minimizar esses problemas, com ação integrada de professores, treinadores e psicólogos.

Mesa-redonda

Antes do workshop internacional, os palestrantes Gangyan Si (China) e Franco Noce (Brasil) participaram de mesa sobre os Jogos Olímpicos do Rio 2016, que encerrou a Conferência Regional.

Censo sobre a área da Psicologia do Esporte está em andamento no site do CFP. Clique para participar.

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