Evento Psicologia 60 Anos: Uma História para Construir o Futuro
Emoção e defesa da democracia marcam cerimônia oficial de comemoração dos 60 anos da Psicologia no Brasil
Celebração uniu memória e arte para retratar a trajetória da Psicologia e apontou os desafios para o futuro enquanto ciência e profissão
Uma celebração à trajetória de construção coletiva e de compromisso social da Psicologia como ciência e profissão marcou a cerimônia oficial de comemoração dos 60 anos da regulamentação da Psicologia no Brasil, na noite de sexta-feira (12/8), em Brasília.
A atividade que celebrou psicólogas e psicólogos de todo o país foi promovida pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) e reuniu integrantes dos plenários do CFP, representantes de todos os 24 conselhos regionais de Psicologia e entidades representativas da profissão.
Durante a cerimônia, a presidente do XVIII Plenário do Conselho Federal de Psicologia, Ana Sandra Fernandes, destacou as contribuições das milhares de profissionais que, ao longo dessas seis décadas, constituíram essa ciência e profissão – que hoje já conta com mais de 440 mil psicólogas e psicólogos em todo o país.
“Todas, todos e todes, a partir de seus olhares, tiveram o propósito de contribuir com a nossa Psicologia, como ciência e profissão, alicerçada na defesa dos direitos humanos, da ciência, da valorização das diferentes áreas e fazeres da Psicologia e do bem viver”, pontuou.
Ana Sandra Fernandes ressaltou que coube ao atual Plenário enfrentar a maior crise mundial desde a Segunda Guerra, a pandemia de Covid-19. Ela destacou que, em meio ao enfrentamento no Brasil de falsas notícias, de estímulo ao descrédito à ciência, de dúvidas sobre a eficácia da vacina e de desdém pela tragédia humana vivenciada, a Psicologia brasileira não se manteve em posição de neutralidade.
“O que temos visto é que não há espaço para uma Psicologia que não esteja comprometida com a ciência e enraizada nas necessidades e aspirações da população brasileira”, afirmou ao honrar a memória das(os) profissionais da Psicologia que perderam a vida em razão da Covid-19, como o psicólogo Aluízio Lopes de Brito.
Ana Sandra afirmou que a Psicologia do presente e do futuro deve ser fundamentada em evidências científicas, com rigor técnico e estar disponível ao crivo da crítica de seus pares sem ficar alienada ao bem-viver.
“Não há bem-viver de presente e não haverá bem-viver no futuro, se o povo brasileiro não tiver direito ao trabalho, a uma renda justa, ao acesso universal à educação e à saúde; ao acesso à justiça e aos avanços tecnológicos; se não tiver liberdade de expressão e organização, se a Democracia não for defendida”, destacou.
A presidente do Conselho Federal finalizou parafraseando a citação de Agostinho de Hipona sobre as duas filhas da esperança: a indignação e coragem.
“Se puder desejar alguma coisa para os próximos 60 anos da Psicologia, é que não falte a cada um de nós, psicólogas e psicólogos, a potente indignação, capaz de não aceitar as coisas como estão, de não naturalizar o que não é natural; e a coragem para nos colocarmos na marcha da transformação, que nem sempre é simples ou fácil, e que muitas vezes é profundamente desafiante, mas é um caminho profundamente necessário e que precisa ser feito por cada uma nós”, finalizou.
Memória e arte
A cerimônia realizada em Brasília mostrou a trajetória das seis décadas da Psicologia no Brasil a partir de um resgate histórico que uniu memória e arte. A partir de intervenções artísticas conduzidas por usuários e ativistas em defesa da saúde mental, foram resgatados os marcos históricos, avanços e transformações da Psicologia ao longo dessa trajetória.
Depoimentos de psicólogas e psicólogos que atuaram durante o período da ditadura, participação de usuários dos serviços da rede de saúde mental e manifestos em defesa de um cuidado em liberdade e de promoção de direitos estiveram entre as expressões artísticas que marcaram o evento.
A celebração também homenageou integrantes de todos os plenários do Conselho Federal de Psicologia desde sua fundação, com condecorações a conselheiras e a conselheiros.
Histórico da Psicologia
A Psicologia chegou ao Brasil no início do século XX. No entanto, foi regulamentada como profissão a partir da publicação da Lei nº 4.119, em 27 de agosto de 1962, pelo presidente João Goulart. Em 1971, por meio da Lei nº 5.766, foram criados o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Psicologia – que constituem o Sistema Conselhos de Psicologia.
Atualmente, são mais de 440 mil psicólogas e psicólogos em todo o território nacional, o que faz do Brasil o país com o maior número de profissionais da Psicologia em todo o mundo. A atuação está nas clínicas, nas políticas públicas da saúde, da assistência social, no sistema de justiça, na segurança pública, no trânsito, nos esportes e em todos os contextos de cuidado à saúde mental.
A Cerimônia Psicologia 60 Anos foi transmitida ao vivo e pode ser revista nas redes oficiais do CFP no YouTube, Facebook, Twitter e Instagram.
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