Pré-iniciação científica em Psicologia é tema de último artigo de 2016

Como são as relações entre participação política e enraizamento territorial entre moradores de um quilombo do Vale do Ribeira (SP) e a importância que a Psicologia tem no ensino médio para favorecer as reflexões sobre a relação entre o indivíduo participante, sua escola e o entorno físico. Esse é o tema do artigo desta semana da edição 36.3 da revista Psicologia: Ciência e Profissão, cujo título é Pré-Iniciação Científica em Psicologia: Contribuição para a Formação Científica no Ensino Médio.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) publica em seu site e nas redes sociais, todas as semanas, um manuscrito do periódico, cuja versão eletrônica se encontra na plataforma SciELO. Assim, a autarquia intensifica a busca pelo conhecimento científico, a fim de expandir o alcance de conteúdos acadêmicos para a categoria e para a sociedade.

O manuscrito tem os seguintes pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP): Gustavo Martineli Massola (professor do Instituto de Psicologia), Bernardo Parodi Svartman (doutor em Psicologia Social e do Trabalho), Alessandra Blengini Mastrocinque Martins (mestre em Ciências pelo Programa de Mudança Social e Participação Política), Luis Guilherme Galeão-Silva (professor de Psicologia Social do Instituto de Psicologia) e Alessandro de Oliveira dos Santos (professor do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia).

Formação científica 

A pesquisa foi desenvolvida com o Programa de Pré-Iniciação Científica da USP, almejando que estudantes de escolas técnicas públicas do Vale do Ribeira desenvolvessem um projeto de pesquisa completo, de forma a contribuir com a sua formação científica.

Ainda segundo o resumo do manuscrito, durante o programa, que durou um ano, os alunos participaram de todas as etapas: da formulação inicial das questões investigadas até a apresentação da pesquisa às lideranças comunitárias, visitas à comunidade para realização de observações e entrevistas, interpretação dos dados colhidos e devolutiva dos dados à comunidade.

Os pesquisadores destacaram a importância do valor formativo da inserção da Psicologia na grade curricular do ensino médio, tanto pelas possibilidades interdisciplinares que apresenta quanto por favorecer reflexões sobre a relação entre o indivíduo participante, sua escola e o entorno físico, social e cultural.

A Assessoria de Comunicação do CFP entrou em contato com Gustavo Martineli Massola, que, em entrevista, abordou essas e outras questões levantadas pelo artigo.

Confira a entrevista. 

O que os motivou a fazer a pesquisa sobre esse tema?

O que nos motivou foi a percepção de que a universidade poderia criar modelos de trabalho que articulassem: o ensino rigoroso em nível médio, inserindo os estudantes na produção de conhecimento científico em uma área específica (no caso, a Psicologia); a ação transformadora junto à realidade dos estudantes, por isso escolhemos uma região considerada vulnerável economicamente, apesar do patrimônio cultural e social riquíssimo; a parceria com a escola, visando tanto dinamizar a atuação dos professores e empoderá-los (alguns deles ingressaram em cursos de pós-graduação ou aprimoramento, por exemplo, após participarem do projeto) quanto contribuir para que os estudantes, especialmente de baixa renda, percebessem seu potencial; a parceria técnica com comunidades tradicionais, que poderiam beneficiar-se tanto do conhecimento gerado quanto da transferência indireta de recursos de pesquisa (consumindo seus produtos turísticos, como hospedagem e alimentação); e o reconhecimento da importância do ensino de Psicologia em nível médio para a transformação social dos agentes envolvidos no processo de educação, em termos da possibilidade de desenvolver consciência dos determinantes psicossociais de suas condições de vida, visando empoderá-los para transformá-las.

 

Que resultados você destaca desse levantamento? 

A geração de conhecimento sobre a relação entre as comunidades participantes e seu ambiente sociofísico; melhoria na imagem pública das escolas parceiras, que passaram a ser vistas por pais e estudantes como boas escolas por fomentarem a pesquisa científica por parte de seus alunos; melhoria na qualidade da redação dos estudantes participantes e aumento significativo de seu interesse pelo ensino superior; aumento no nível de conhecimento dos estudantes sobre seu entorno sociofísico e de sua identificação com a região em habitavam – especialmente, uma maior valorização por estes estudantes da riqueza cultural de sua região.

 

Na sua opinião, como a inclusão da Psicologia como disciplina do ensino médio pode contribuir para a formação dos estudantes? 

O estudo dos determinantes individuais de nossas condutas tem um enorme potencial no desenvolvimento de autoconsciência transformadora em relação às condições de vida dos estudantes. Seja por meio do estudo dos determinantes ambientais na perspectiva comportamental, seja por meio do estudo das determinações inconscientes de nosso desejo, seja ainda pelo estudo dos processos cognitivos que condicionam nossa compreensão do mundo, a consciência de si é um elemento fundamental na busca pela libertação das condições de opressão e desigualdade presentes na realidade brasileira. Isso deveria ser articulado ao conhecimento oriundo de disciplinas como Sociologia, Geografia e História de forma a permitir ao estudante compreender como sua individualidade, em sua concretude, é fruto de inúmeras determinações que ele não produziu, mas pode compreender e transformar.

Além disso, a Psicologia teria um papel muito importante no ensino de ciências se as escolas permitissem aos estudantes desenvolver pesquisa rigorosa neste campo do conhecimento. Os temas que a Psicologia estuda são, muitas vezes, imediatamente compreensíveis (como o preconceito, as diferenças entre crianças e jovens, a memória) e, ao mesmo tempo, podem ser bastante contraintuitivos (como as pesquisas que mostram que as mudanças de atitude são mais intensas quando não há recompensas extrínsecas evidentes). Isso poderia auxiliar na compreensão de que a ciência, mesmo quando trata de eventos cotidianos e familiares, o faz de uma maneira específica que pode gerar conhecimento surpreendente.

Clique aqui e leia o artigo na íntegra.

Compreensão em leitura é o tema do artigo desta semana

Como se encontra a habilidade de compreensão de leitura de alunos do ensino fundamental de diferentes estados e escolas? Esse é o tema do artigo desta semana da edição 36.3 da Revista Psicologia: Ciência e Profissão, cujo título é Compreensão em Leitura no Ensino Fundamental.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) publica em seu site e nas redes sociais, todas as semanas, um manuscrito do periódico, cuja versão eletrônica se encontra na plataforma SciELO. Assim, a autarquia intensifica a busca pelo conhecimento científico, a fim de expandir o alcance de conteúdos acadêmicos para a categoria e para a sociedade.

A pesquisa tem as seguintes autoras: Katya Luciane de Oliveira (psicóloga, docente do curso de Psicologia e do Programa de Mestrado em Educação da Universidade Estadual de Londrina – UEL/PR); Acácia Aparecida Angeli dos Santos (psicóloga, docente da graduação no curso de Psicologia e no Programa de Pós-Graduação Stricto-Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco/SP) e Milena Teixeira Rosa (pedagoga e linguista, discente bolsista CNPq do Mestrado em Educação da UEL).

Escolas

De acordo com o resumo do artigo, o objetivo da pesquisa foi explorar a habilidade de compreensão de leitura de alunos do ensino fundamental de diferentes estados e escolas. Participaram 1.316 alunos de escolas públicas dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná.

Foi usado um texto de 83 vocábulos, preparado segundo a técnica de Cloze, em sua versão tradicional, em que se omitem todos os quintos vocábulos do texto. A aplicação foi coletiva, e os dados, submetidos à estatística descritiva e inferencial. Identificou-se que o nível de habilidade detectado foi o instrucional e houve diferenças relativas aos estados comparados e o tipo de escola.

Para abordar o estudo, a Assessoria de Comunicação do CFP entrou em contato com a professora Katya Luciane de Oliveira.

Confira a entrevista:

O que as motivou a fazer a pesquisa sobre esse tema?

A motivação para levantar a leitura no ensino fundamental se baseia no fato de que o nosso ensino formal não dá conta de responder com medidas positivas e efetivas aos alunos que apresentam dificuldades de leitura e sua compreensão. Há escassez de programas interventivos que possam formar professores para lidarem com as dificuldades inerentes à leitura de seus alunos, como também faltam programas que possam aquilatar a habilidade daqueles que demonstram boa compreensão. Haveria que repensar nossa LDB (Lei de Diretrizes e Bases), nossos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) e PCNLP (Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa), as políticas públicas direcionadas a educação básica, em especial, o ensino fundamental.

 

Quais os resultados que você destaca desse levantamento?

Ao que parece, na amostra estudada o nível de compreensão em leitura pode ser classificado como instrucional (seria um nível intermediário no qual a compreensão é suficiente para entender o texto). Isso significa que os alunos não estão no nível de frustração (aquele em que a compreensão é limítrofe). Nessa direção, desejamos que em estudos futuros possamos informar que os alunos já apresentam um nível independente no qual demonstram compreensão, fluência e criatividade.

 

Na sua opinião, como a pesquisa pode contribuir para melhorar a habilidade de compreensão de leitura de alunos do ensino fundamental de diferentes estados e escolas?

A pesquisa contribui na medida em que, por ser descritiva do tipo de levantamento predominantemente, descreve a realidade na qual foi desenvolvida – qual seja, da amostra das escolas municipais participantes e dos estados pesquisados. Essa descrição, por ser livre de manipulação, pode se aproximar muito da realidade retratada.

Com isso a pesquisa avança no sentido de retratar a realidade em termos da compreensão em leitura dos alunos do ensino público (da amostra pesquisada). Com esses dados podemos pensar e desconfiar como se dá o ensino da leitura, quais são os fatores interventivos empregados com os alunos, como seria possível promover cursos de formação de professores para a identificação das dificuldades inerentes à compreensão em leitura, enfim, esse artigo nos faz refletir sobre a leitura em nosso país.

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Acácia Aparecida Angeli dos Santos e Katya Luciane de Oliveira

 

CFP lança livro sobre o Trabalho da (o) Psicóloga (o) no Sistema Prisional

Qual o compromisso da Psicologia e das ciências penais e criminais com o campo da execução das penas privativas de liberdade? A atuação dos profissionais deve se pautar pelo mero auxilio ao juízo e à administração penitenciária ou pela atuação baseada na atenção, atendimento e acompanhamento do sentenciado durante a execução de sua pena? Quais os efeitos da prisão na produção de subjetividades? Estas e outras questões são suscitadas no livro “O Trabalho da (o) psicóloga (o) no sistema prisional: problematizações, ética e orientações”, lançado nesta semana pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP).

A publicação de 166 páginas, que tem como organizadores os psicólogos Rodrigo Tôrres, Fátima França e Pedro Pacheco, contém discussões acerca do Código de Ética profissional, do Parecer Técnico sobre a atuação da Psicóloga (o) no âmbito do sistema prisional e a suspensão da Resolução CFP Nº 012/2011 – que regulamenta a atuação da(o) psicóloga(a) no âmbito do sistema prisional e foi suspensa em 2015  –, do trabalho das (os) psicólogas (os) nas prisões e reflexões sobre as intervenções clínicas na execução penal, com vistas à construção de novas possibilidades de acompanhamento do (a) preso (a).

Histórico

Na apresentação da publicação, é destacado o histórico da autarquia em relação a publicações sobre o trabalho da (o) psicóloga (o) no Sistema Prisional, bem como as alternativas construídas pelo 16º Plenário após a suspensão da Resolução CFP Nº 012/2011, por meio do Parecer Técnico sobre a Atuação do Psicólogo (a) no Âmbito do Sistema Prisional.

A resolução foi suspensa pelo Ministério Público em 2015, sob o argumento de que o exame criminológico não pode ser considerado uma prática da Psicologia, pois estaria mais afeito às ciências criminológicas – mais especificamente a uma determinada criminologia clínico-etiológica e não pertence ao universo da ciência Psicologia e nem da profissão de Psicólogo (a).

Assim, em substituição à resolução suspensa, o Parecer Técnico foi construído a partir das contribuições de vários Conselhos Regionais de Psicologia, com base em argumentos, legislações, teorias e o Código de Ética, que buscam a afirmação do que é próprio à Psicologia enquanto ciência e profissão comprometida com os direitos humanos.

Para Rodrigo Tôrres Oliveira, um dos organizadores da publicação e integrante do Coletivo Ampliado (Psicologia Jurídica) do 16º Plenário, a preocupação maior da obra foi embasar a categoria, as instituições e os diversos atores implicados com o tema em relação aos fazeres da Psicologia no âmbito do sistema prisional. “Buscou-se elementos teóricos e concretos que firmassem aquilo que cabe à Psicologia do ponto de vista da ciência e da profissão. Por exemplo, a desconstrução do exame criminológico como algo próprio à Psicologia. Ao contrário, é algo externo à mesma, e que não pode se confundir ou ser confundido com a avaliação psicológica”, esclarece.

Clique aqui e acesse o livro.

Artigo desta semana examina atuação nas Unidades Básicas de Saúde

Percepções dos Profissionais sobre a Atuação dos Psicólogos nas Unidades Básicas de Saúde é o artigo desta semana publicado na edição 36.3 da revista Psicologia: Ciência e Profissão.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) publica em seu site e nas redes sociais, todas as semanas, um manuscrito do periódico, cuja versão eletrônica se encontra na plataforma SciELO. Assim, a autarquia intensifica a busca pelo conhecimento científico, a fim de expandir o alcance de conteúdos acadêmicos para a categoria e para a sociedade.

Os autores do estudo são Luiz Carlos Avelino da Silva (mestre em Psicologia Clínica pela Universidade de Brasília e doutor em Psicologia da Educação e Desenvolvimento Humano, pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo – USP, e professor associado do Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia – UFU) e Francielle Xavier Dias (mestre pelo Programa de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo – USP, e especialista em Gestão Pública em Saúde pela UFU).

Discussão

De acordo com o resumo, o artigo discute o papel dos psicólogos na saúde pública a partir da visão dos profissionais que atuam junto a eles nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, baseadas em um roteiro, com 14 sujeitos de categorias profissionais distintas, escolhidos aleatoriamente em um universo de outros 54 sujeitos que responderam a um questionário anterior.

Os resultados do estudo apontam o (a) psicólogo (a) como um (a) profissional considerado (a) importante e necessário (a) às UBSs – porém, com uma identidade ambígua, em função das diferentes demandas que é chamado (a) a atender, relativas à saúde mental e à atenção primária. Nesse contexto, pontua o texto, é esperado que esse (a) profissional cumpra um papel de mediador.

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CFP publica nota técnica para atuação no Suas

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) lança a “Nota Técnica com Parâmetros para atuação das (os) Profissionais de Psicologia no Âmbito do Sistema Único de Assistência Social (Suas)”. O documento foi elaborado pela Comissão Nacional de Psicologia no âmbito de suas instâncias, com especial contribuição dos Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs) que mobilizam os profissionais que atuam no SUAS de forma sistemática.

O documento-base foi submetido a consulta pública online em duas etapas, durante julho e agosto. Após a avaliação e a sistematização das mais de 550 contribuições recebidas de todas as regiões do país, a Comissão elaborou a versão do documento apreciada na Reunião Plena da Comissão em setembro.

A nota, aprovada pelo plenário do CFP em outubro, visa complementar as referências técnicas para o exercício profissional da psicóloga e do psicólogo no Suas, publicado pelo Centro de Referências Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop) , e substituir a publicação conjunta do CFP e do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), intitulada  ‘Parâmetros para atuação de assistentes sociais e psicólogas e psicólogos na Política de Assistência Social’, cuja publicação ocorreu em 2007.

O documento tem como objetivo orientar as (os) profissionais de Psicologia de modo a potencializar sua intervenção junto às usuárias e usuários/sujeito de direitos, tendo em vista os entraves que favorecem a manutenção da situação de desigualdade brasileira, com ênfase na necessidade constante de reflexão crítica acerca do lugar que a Psicologia ocupa na política de assistência social.

Além de orientações gerais e referentes à gestão do Suas, a nota propõe diretrizes específicas para os três níveis de complexidade em que se organiza a rede de assistência e os variados equipamentos de proteção social que a compõem, voltados a segmentos específicos em situação de vulnerabilidade – com parâmetros relativos a notificação em situações de violações de direitos e medidas socioeducativas, entre outros.

Atuação 

Segundo a integrante do Coletivo Ampliado do CFP e da Comissão Executiva da Conpas, Carla Andréa Ribeiro, o campo de atuação profissional das psicólogas e psicólogos na política pública de Assistência Social (especialmente no Suas) é relativamente novo, pois foi induzido a partir de 2005. “Desde então, as e os profissionais demandam em vários espaços apoio para a compreensão do objeto dessa política pública, possibilidades de aplicação dos conhecimentos, métodos e técnicas da Psicologia e muitas vezes no formato de capacitação ou cartilhas de como fazer”.

Para ela, a atuação do Sistema Conselhos deve ser no sentido de estimular a(o) profissional a se engajar na política pública como trabalhador, produzindo uma visão crítica e estabelecendo um vínculo potencializador da construção e transmissão de conhecimento.  “A Conpas conclui sua atuação no 16º Plenário do CFP fazendo essa entrega (do documento) e considerando que é mais uma iniciativa dentre muitas realizadas no passado e que serão produzidas no futuro para reiterar que a Psicologia como ciência e como exercício da profissão tem muito a contribuir na consolidação da Proteção Social no Brasil”, avalia.

Clique aqui e confira a Nota Técnica.

Artigo da semana aborda método psicanalítico de pesquisa

O artigo desta semana, publicado na edição 36.3 da Revista Psicologia: Ciência e Profissão, trata do “O Método Psicanalítico de Pesquisa e a Potencialidade dos Fatos Clínicos”. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) divulga em seu site e nas redes sociais, todas as semanas, um estudo do periódico, cuja versão eletrônica se encontra na plataforma SciELO.

As autoras do artigo são as pesquisadoras Clarice Moreira da Silva (psicóloga, psicanalista, mestre pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul/PUCRS) e Mônica Medeiros Kother Macedo (psicóloga, psicanalista, doutora e docente da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul/PUCRS).

Segundo o resumo, o artigo tem como objetivo discorrer sobre uma modalidade de pesquisa com o método psicanalítico. Para tanto, apresenta-se um processo de sistematização para sua execução, partindo-se de elementos teóricos, técnicos e éticos que permitem a atenção aos elementos essenciais da Psicanálise. “Explora-se, desta forma, uma possibilidade de efetiva aplicação do método de pesquisa psicanalítico no cenário acadêmico a partir da proposta de elaboração de fatos clínicos”.

As autoras destacam, ainda, que a pertinência de pesquisas com o método psicanalítico é reforçada na afirmação de que, por meio delas, é evidenciada a vitalidade da escuta e da postura investigativa psicanalítica. Nesta direção, o artigo fornece elementos que têm como objetivo estimular fortemente a investigação em Psicanálise, considerando-a uma relevante forma de seguir trabalhando e ampliando o legado freudiano.

A Assessoria de Comunicação do CFP conversou com Clarice Moreira da Silva, que, em entrevista,  falou mais sobre a pesquisa.

Confira a entrevista. 

O que as motivou a fazer a pesquisa sobre esse tema? 

Escrever sobre o tema da pesquisa em Psicanálise teve sua inspiração no exercício da clínica psicanalítica e no reconhecimento de sua potencialidade investigativa. Acreditamos que a clínica segue sendo o campo mais fértil para a geração de questionamentos sobre a prática e a produção de conhecimento em Psicanálise. Assim, escrever sobre o método psicanalítico de pesquisa é dar destaque à condição interrogativa que perpassa o trabalho cotidiano de um psicanalista.

 

Quais os resultados que você destaca desse levantamento? 

Ao apresentar a possibilidade de pesquisa por meio da construção de fatos clínicos gerados a partir da experiência analítica do psicanalista pesquisador, o artigo destaca a validade e a riqueza de explorar elementos gerados na articulação entre o exercício clínico de escuta e a prática da interpretação em Psicanálise. A inferência do analista em relação ao material clínico é assumida como elemento constituinte do processo de construção dos fatos clínicos e as etapas de seu processo de construção já indicam os fundamentos teóricos nos quais esses se sustentam, marcando, assim, a diferença de uma descrição clínica ou de um estudo de caso. Entre os destaques do texto, está a constatação de quão fecunda pode ser a aproximação entre as inquietações geradas na clínica da Psicanálise e a pesquisa desenvolvida na pós-graduação brasileira.

 

Em sua opinião, como o Método Psicanalítico de Pesquisa e a Potencialidade dos Fatos Clínicos podem contribuir para as pesquisas em Psicologia? 

A relevância e a complexidade de investigações com o método psicanalítico estimulam a seguir problematizando os pressupostos epistemológicos e metodológicos que sustentam a Psicanálise como disciplina que busca compreender e intervir diante de um sujeito de inconsciente e de sexualidade. Acreditando na consistência do saber que resulta do somatório da experiência de escuta clínica com a produção de conhecimento fomentada pela prática de pesquisa na Universidade, o artigo buscou contribuir efetivamente para a prática dessa interação.

Assim, o artigo afirma a condição de a Universidade também contemplar práticas de investigação que não se restrinjam a metodologias que acentuam a dicotomia sujeito e objeto de pesquisa, uma vez que dessa radical separação resulta a exclusão da subjetividade humana do campo científico. Foi possível, ao descrever o processo de construção e de pesquisa com os fatos clínicos, evidenciar a possibilidade de alinhar a ética e a especificidade da Psicanálise com o rigor metodológico exigido no espaço acadêmico.

Este artigo sobre a pesquisa com o método psicanalítico contribui, portanto, de forma evidente, com a Psicologia ao não deixar dúvidas sobre a profícua aproximação da Psicanálise com a Universidade, ressaltando a necessidade de trazer à discussão a especificidade do método psicanalítico de pesquisa e a relevância de reafirmar a amplitude do corpo teórico e técnico psicanalítico. Além disso, destaca os benefícios de se lançar luz sobre o risco de que predomine, na Universidade, uma única forma de produção de conhecimento que exclua a necessária e saudável pluralidade metodológica do campo científico.

Clique aqui e leia o artigo na íntegra.

Salvar

Confira o artigo desta semana sobre avaliação de comportamento em escolas brasileiras

Avaliação da implementação em escolas brasileiras de um programa preventivo para crianças (título original em língua inglesa: “Evaluation of the Implementation of a Preventive Program for Children in Brazilian Schools”) é o primeiro artigo publicado da edição 36.3 da Revista Psicologia: Ciência e Profissão. Na semana passada, foi publicado o editorial desta edição, intitulado Avaliação do Impacto da Formação Profissional de Psicólogo na Sociedade, escrito pelo editor do periódico, o conselheiro Roberto Moraes Cruz.

O artigo desta semana é de autoria das pesquisadoras Daniela Ribeiro Schneider (UFSC), Ana Paula Dias Pereira (Unifesp), Joselaine Ida Cruz (Unifesp), Milene Strelow (UFSC), Gail Chan (AIR, Estados Unidos), Anja Kurki (AIR, Estados Unidos) e Zila M. Sanchez (Unifesp).

Good Behavior Game (GBG) 

De acordo com o resumo, o artigo discute a implementação piloto do programa preventivo baseado em evidência Good Behavior Game (GBG) em escolas públicas de quatro cidades brasileiras. O GBG é considerado um método para o professor de manejo de comportamentos em sala de aula, visando a construção de sociabilidade entre os estudantes, direcionado para turmas do ensino fundamental, com crianças entre seis e 10 anos. O objetivo deste estudo foi a avaliação do processo de implementação com foco na aceitabilidade e percepção de resultados pelos profissionais envolvidos.

Segundo a pesquisa, o GBG obteve alta aceitação entre professores e diretores. Destacaram-se a importância do estímulo ao trabalho em grupo, o uso de elogios como reforçadores e a objetividade das regras assumidas coletivamente. A aceitabilidade foi atribuída, em boa parte, à eficácia de sua estratégia de manejo em sala de aula. Houve indicações da necessidade de adaptações que reflitam o contexto social e econômico brasileiro.

A publicação de um número maior de artigos em língua estrangeira, em especial inglês e espanhol, visa intensificar o processo de internacionalização da Revista Psicologia: Ciência e Profissão, na indexação em bases internacionais como a Web of Science.

Clique aqui e leia o artigo na íntegra.

CFP presta solidariedade à Associação Chapecoense de Futebol

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) vem a público lamentar a tragédia ocorrida na madrugada desta terça-feira (29) com a Associação Chapecoense de Futebol. O avião da equipe, que levava 81 pessoas, entre atletas, comissão técnica do clube, jornalistas e convidados para a final da Copa Sul-Americana, em Medellín (Colômbia), caiu nas proximidades do aeroporto daquela cidade, matando mais de 70 pessoas.

A autarquia presta solidariedade aos familiares das vítimas do desastre, aos sobreviventes e aos membros da comissão técnica que permaneceram no Brasil, que precisarão de todo o suporte da equipe multidisciplinar da Chapecoense (médicos, psicólogos, fisiologistas), da diretoria do clube e da própria comunidade para superar esse triste episódio.

O CFP confia no trabalho gerencial realizado nos últimos anos pela Chapecoense para continuar a trajetória de vitórias e superação que levou ineditamente o clube à final de uma competição internacional, gerando orgulho não apenas nos torcedores do clube e ao estado de Santa Catarina, mas em todo o Brasil.

Conselho Federal de Psicologia

 

Membros da CCAP recebem menção honrosa da diretoria do CFP

A diretoria do Conselho Federal de Psicologia (CFP) entregou, na manhã desta quinta-feira (24), títulos de menção honrosa aos membros da Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica (CCAP) pelo trabalho realizado no período 2014-2016. Os integrantes da CCAP são os conselheiros João Carlos Alchieri e Roberto Cruz e os seguintes pesquisadores: Cícero Emídio Vaz, Elton Hiroshi Matsushima, José Neander Silva Abreu, Luiz Pasquali e Valdiney Veloso Gouveia.

A Comissão disponibiliza à categoria o relatório descritivo, e à Diretoria a apresentação de todas as atividades realizadas nesses três anos. Acesse aqui e aqui os relatórios.

Durante discurso de premiação, o presidente do CFP, Rogério Oliveira, destacou: “Nós do 16º Plenário, temos que agradecer a parceria que vocês tiveram conosco. Muitos de vocês já têm uma carreira vitoriosa, e terem dado esse privilégio de estar aqui conosco é algo gratificante. Esta homenagem é o mínimo que poderemos fazer”.

O coordenador da CCAP, conselheiro João Carlos Alchieri, agradeceu à diretoria do CFP pelo reconhecimento, bem como pela parceria constante em todas as ações do colegiado. “Ficamos agradecidos pelo apoio. Acho que temos algumas necessidades, que, com o tempo, exigem modificações de estratégias, mas foi muito legal participar dessa experiência e percebemos a diferença do que vinha sendo feito, e, provavelmente, vai ser um marco para quem assumir a Comissão”, ressaltou.

 Novidade do Satepsi

Ainda este mês serão disponibilizadas no Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (Satepsi) as fichas sínteses dos instrumentos favoráveis, com a avaliação realizada no período da gestão de 2014 a 2016 pela CCAP.

Desta maneira, os psicólogos poderão ter acesso aos principais aspectos contemplados na avaliação dos testes, como subsídio para escolha do instrumento mais adequado ao seu trabalho na avaliação psicológica.

Confira o editorial da revista Psicologia: Ciência e Profissão 36.3

Inicia-se nesta semana a publicação dos artigos da edição 36.3 da revista Psicologia: Ciência e Profissão. Um pouco diferente do que foi feito na edição 36.2, a série de matérias e entrevistas sobre os artigos abre com o editorial escrito pelo editor da revista, o integrante do Conselho Federal de Psicologia (CFP) Roberto Moraes Cruz, intitulado Avaliação do Impacto da Formação Profissional de Psicólogo na Sociedade.

O conselheiro destaca que a formação profissional é parte da formação educacional, tendo em vista a preocupação com a formação do indivíduo como cidadão. Desta forma, é um elemento orientador de programas de cursos de graduação, considerando que todos eles são a implementação de projetos político-científico-ético-pedagógicos, a construção de processos de ensino-aprendizagem voltados para os possíveis benefícios de uma atividade profissional à sociedade.

A Assessoria de Comunicação do CFP está contatando por e-mail, para divulgação, as autoras e os autores que tiveram artigos publicados nesta edição. A autarquia publica em seu site e nas redes sociais, todas as semanas, um manuscrito do periódico, cuja versão eletrônica se encontra na plataforma SciELO. Assim, intensifica a busca pelo conhecimento científico, a fim de expandir o alcance de conteúdos acadêmicos para a categoria e para a sociedade.

Avaliação

Em seu texto, Cruz destaca que a formação superior e a universidade como um todo não podem se colocar à margem das necessidades das pessoas e demandas institucionais. Observa que o desenvolvimento e o aperfeiçoamento de habilidades e competências para o exercício de uma profissão estão fortemente associados à qualidade da formação e da atualização técnico-científica, que, por sua vez, dependem diretamente da qualidade dos programas de ensino-aprendizagem que são elaborados para esse fim (cursos de graduação, aperfeiçoamento, qualificação e especialização profissional).

O conselheiro do CFP conclui que produzir conhecimento acerca da formação profissional de psicóloga (o) na sociedade é uma condição relevante e necessária à afirmação da profissão. E que planejar e operacionalizar processos de ensino-aprendizagem nos cursos de Psicologia e nos demais processos de formação continuada, assim como avaliar o impacto social desses processos, aumenta a chance de prover benefícios e atenuar prejuízos relativos ao exercício profissional das (os) psicólogas (os) na comunidade da qual fazem parte.

Clique aqui e leia o editorial na íntegra.