CFP debate certificação para empresas promotoras de saúde mental

A regulamentação de uma recente lei que criou o certificado de empresa promotora de saúde mental foi  tema de um debate realizado em agosto na Câmara dos Deputados. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) foi convidado pela Comissão de Indústria, Comércio e Serviços a contribuir com ideias para as regras da concessão dessa certificação.

Representando o CFP no diálogo, o conselheiro Antonio Virgílio Bastos afirmou que, embora não tenha participado da elaboração dessa lei, a Autarquia está atenta ao processo de regulamentação da legislação para criar ambientes de trabalho mais protetivos.

“Atenta aos efeitos possíveis da medida no contexto das organizações e no desenvolvimento do campo da Psicologia Organizacional e do Trabalho, o CFP estabeleceu articulação com as parlamentares requerentes da Audiência Pública para participar ativamente e qualificar o processo de regulamentação da Lei, já aprovada e sancionada”, pontuou.

Para o conselheiro, mesmo que a lei represente um passo importante para a criação de ambientes de trabalho mais protetivos e saudáveis, há diversos desafios na sua regulamentação. Entre os pontos de atenção está a necessidade de evitar que a conquista de um ‘selo’ não contribua para invisibilizar os problemas de subnotificação e de adoecimentos mentais relacionados ao trabalho nas empresas.

“É necessário que essa lei seja, de fato, um estímulo a uma mudança nos processos, na organização, nas condições de gestão do trabalho – pilares de tais adoecimentos, e não um estímulo a comportamentos e práticas organizacionais isoladas e que não vão ao âmago dos problemas estruturais que geram esses ambientes adoecedores”, adverte o representante do CFP.

Virgílio Bastos destaca que o modelo vigente nas empresas para lidar com a saúde mental de trabalhadoras e trabalhadores é predominantemente reativo, e focado em remediar problemas psicológicos e psiquiátricos somente quando estes se manifestam em momentos de crises individuais ou de equipe. Para ele, para serem certificadas, as empresas devem buscar formas de intervir e transformar os processos e a organização do trabalho.

“A saúde mental não pode ser tratada como uma ‘commodity’. Então, ao buscar certificação de empresa promotora de saúde mental, as empresas devem ser impelidas a ir além do cumprimento mínimo das diretrizes estabelecidas na lei”, apontou o conselheiro.

Proponente da audiência e autora do projeto de lei que deu origem à legislação, a deputada federal Maria Arraes (Solidariedade/PE) salientou que a certificação da saúde mental não é obrigatória para as empresas. No entanto, ela aponta o que avalia ser vantagens na obtenção do certificado por parte das empresas.

“Esse é um ponto que traz benefício para o trabalhador, para a empresa e para o governo. É um plus para aquela empresa que quer contribuir para a saúde mental do seu trabalhador e da sua trabalhadora”, afirmou a parlamentar.

Contribuições

Na audiência, o conselheiro Antonio Virgílio Bastos afirmou que o CFP tem muitas considerações para a regulamentação da certificação de empresas promotoras de saúde mental.

Ele citou a necessidade de serem estabelecidas diretrizes precisas e rigorosas para avaliação das candidatas; a definição do processo de avaliação e certificação; e a elaboração de parâmetros para a composição da comissão avaliadora. 

Para o conselheiro, também é preciso assegurar que as comissões avaliadoras sejam compostas por especialistas, com qualificação e experiência na área de saúde mental relacionada ao trabalho.

O presidente da Associação Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho (SBPOT), Hugo Sandall, salientou que, embora a criação do certificado possa trazer benefícios, também há desafios, como a necessidade de evitar o ‘carewashing’, que é a criação de aparentes soluções que não promovem a saúde mental nas organizações.

Dentre as sugestões, a SBPOT recomenda incluir avaliações a partir da percepção dos empregados com questionários, escalas e testes com validade psicométrica, instrumentos reconhecidos e indicados por essa comissão para garantir a comparabilidade dos dados coletados de forma ética.

“Sabemos que vai haver uma pressão sobre os empregados para falsear seus resultados, mas precisamos ter assegurado que os dados sejam coletados adequadamente”, adverte Sandall.

Saiba mais

A Lei 14.831/24 estabelece que empresas reconhecidas como promotoras da saúde mental e do bem-estar entre sua equipe agora podem receber um certificado especial a ser concedido pelo governo federal. Em vigor desde a sua promulgação, em março, a Lei ainda necessita ser regulamentada pelo governo federal para ser aplicada nas empresas.

De acordo com a legislação, o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental pode ser obtido pelas empresas interessadas que cumpram alguns itens fundamentais, como promoção da saúde mental e apoio psicológico e psiquiátrico para a equipe de trabalho. Também deverão trazer programas de promoção da saúde psíquica e a conscientização da saúde mental por meio de treinamentos e campanhas.

A concessão será feita por comissão certificadora nomeada pelo governo federal, que irá verificar as condições previstas em lei, e terá validade por dois anos, período após o qual a empresa passará por nova avaliação para conseguir outro certificado.

Confira a Lei 14.831/2024

CFP publica normas para o exercício profissional da categoria junto às pessoas intersexo

O Diário Oficial da União (DOU) publicou em 24/9 normas de atuação para profissionais da Psicologia em relação às pessoas intersexo. A Resolução nº 16/2024 do Conselho Federal de Psicologia (CFP) estabelece diretrizes ao trabalho de psicólogas e psicólogos junto às pessoas intersexo, e também no acompanhamento de familiares e responsáveis.

Confira a Resolução CFP nº 16/2024

“Essa normativa é muito importante para a categoria como forma de evitar violências contra corpos intersexo e orientar a psicóloga quanto à sua atuação profissional, sempre com respeito à diversidade humana e pluralidade de corpos”, destaca a conselheira Isadora Canto, coordenadora do grupo de trabalho que redigiu a resolução.

A normativa determina uma série de princípios nos quais o trabalho da categoria profissional deverá se basear no atendimento a essa população, como a compreensão das experiências e vivências das pessoas intersexo, que são delineadas pelo contexto pessoal e psicossocial na qual estão inseridas.

Os outros princípios estabelecidos pela normativa do CFP são:

– Atenção às intersecções entre território, raça, etnia, classe, geração, deficiências, identidades e expressões de gênero, que são marcadores sociais de diferenças;
– Autonomia das pessoas intersexo sobre os seus corpos, identidades, sexualidades e expressões de gênero, inclusive na emissão de documentos psicológicos;
– Reconhecimento dos direitos sexuais e reprodutivos das pessoas intersexo;
– Acolhimento, promoção do cuidado e da saúde integral;
– Reconhecimento do nome social, quando houver, nos registros formais resultantes dos atendimentos profissionais; e
– Contínuo aprimoramento profissional, para além da compreensão corponormativa e heterocisnormativa, de modo a eliminar quaisquer formas de preconceito, discriminação, violência, crueldade e opressão.

A Resolução do CFP também estabelece diretrizes para o acompanhamento de familiares e responsáveis por bebês, crianças, adolescentes e interditos intersexo.

Já na atuação em equipes multiprofissionais, a categoria deve priorizar intervenções não invasivas, em oposição às intervenções irreversíveis de manejo a condições biológicas intersexo.

Vedações

No quesito de vedações, a normativa do CFP impede que a categoria profissional exerça qualquer ação que favoreça a patologização das pessoas intersexo.

Também veda que psicólogas e psicólogos atuem de forma a legitimar, reforçar ou reproduzir a intersexofobia; bem como, que utilizem instrumentos, métodos e técnicas psicológicas com o objetivo de sugerir e induzir a normatização genital. 

É vedada também a prestação de serviços psicológicos que induzam dispositivos de afirmação de gênero, sexualidade, identidade e expressão de gênero das pessoas intersexo.

A Resolução CFP nº 16/2024 estabelece, ainda, a vedação à emissão de documentos psicológicos para procedimentos cirúrgicos e hormonais com objetivo de moldar e impor gênero, pautados unicamente na perspectiva do endossexo.

Essa proibição também se estende no que se refere à patologização e mutilação de corpos para fins de normatização genital – a partir de solicitações de instituições biomédicas, jurídicas, governamentais, religiosas, educacionais e familiares.

Pessoas intersexo

Considera-se intersexo uma variação natural do sexo biológico, que abrange corporeidades singulares com características sexuais congênitas.

Essa definição engloba diferenças genitais, gonadais, hormonais, padrões cromossômicos e fenotípicos específicos, que não se enquadram nas normas médicas e sociais para sexo biológico macho ou fêmea.

Normativas

A resolução sobre o exercício profissional junto às pessoas intersexo se junta ao conjunto de normativas do Conselho Federal de Psicologia para orientação da categoria no trabalho em relação às sexualidades.

A precursora dessas normativas é a Resolução 01/1999, que estabeleceu normas de atuação para psicólogas e psicólogos em relação à questão da orientação sexual e que completa 25 anos de sua publicação em 2024.

Em 2018, o CFP lançou a Resolução 01/2018, que trata da atuação com a população travesti e transexual. Em seguida, a Autarquia editou a Resolução CFP nº 08/2020, que aborda o enfrentamento às violências de gênero.

Mais recentemente, em 2022, foi editada a Resolução CFP nº 08/2022, que versa sobre o atendimento às sexualidades monodissidentes e à população bissexual.

“Essas resoluções, assim como as publicações que temos, demarcam esse cuidado do Conselho Federal de Psicologia em orientar a nossa categoria profissional no campo das sexualidades”, pontua Isadora Canto.

A normativa do Conselho Federal de Psicologia já está em vigor.

CFP transmite live em celebração ao Dia da Psicologia Latino-Americana

Na próxima terça-feira (8/10), a partir das 20h, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) vai transmitir uma live em celebração ao Dia da Psicologia Latino-Americana. O programa será uma realização do Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira (FENPB) e terá como título “O Sujeito da Angústia na Contemporaneidade: Vivências e Construções na América Latina”.

A live vai reunir profissionais do Brasil, México e Colômbia para um diálogo sobre as diversas realidades da Psicologia no contexto da contemporaneidade. Entre os temas abordados, estarão as principais motivações na busca por psicoterapia nos tempos atuais nesses três países.

A atividade é uma ação do FENPB de realização de seminários de integração entre entidades da Psicologia do Brasil e da América Latina.

O debate do dia 8 contará com a participação do presidente do Conselho Mexicano de Psicologia, Marco Eduardo Murueta; do diretor da Cátedra Livre Martin Baró, o colombiano Edgar Barrero Cuellar; e da doutora e mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP, a brasileira Lorene Gonçalves Soares.

Participantes
Marco Eduardo Murueta Reyes é doutor em filosofia pela Universidad Nacional Autónoma de México, onde também fez mestrado em filosofia e licenciatura em Psicologia. Ele preside o Conselho Mexicano de Psicologia desde 2022.

Edgar Barrero Cuellar é psicólogo social, mestre em Filosofia e doutorando em Filosofia na Universidad de Salamanca, na Espanha. É o diretor da Cátedra Libre Martín-Baró, da Colômbia. Ele foi secretário-geral da União Latinoamericana de Entidades da Psicologia (Ulapsi).

Lorene Gonçalves Soares é psicóloga clínica, doutora e mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP. Ela ocupa a presidência da Federação Latino-Americana de Análise Bioenergética (FLAAB), e é vice-presidenta e diretora de ensino da Sociedade Brasileira de Análise Bioenergética (Sobab).

O Dia da Psicologia Latino-Americana foi criado pela União Latino-Americana de Entidades de Psicologia (Ulapsi) para ser celebrado anualmente em 8 de outubro.

Sobre o FENPB
O Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira (FENPB) é composto por entidades da Psicologia de âmbito nacional que são científicas, profissionais, sindicais e estudantis. Seu objetivo é servir de espaço amplo de debate e de construção coletiva da Psicologia brasileira.

O FENPB reúne esforços para definir políticas e projetos voltados à melhoria da qualificação profissional de psicólogas e psicólogos; fortalecer a pesquisa no Brasil; democratizar as entidades representativas de todo o setor; e consolidar a relação entre a pesquisa e a prática cotidiana da categoria dos psicólogos; bem como aprimorar o instrumental técnico de profissionais da Psicologia.

O Conselho Federal de Psicologia integra o FENPB desde 1997, ano da criação do Fórum.

Serviço
Live – O Sujeito da Angústia na Contemporaneidade: Vivências e Construções na América-Latina
Data: 8 de outubro, terça-feira
Horário: 20h
Transmissão: canal oficial do CFP no YouTube

Live detalha atuação da Psicologia em emergências e desastres

Na semana que marca o Dia Internacional para a Redução do Risco de Desastres, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) realiza uma live sobre a atuação de psicólogas e psicólogos em desastres e emergências. O diálogo ‘Saúde Mental em Tempos de Urgências Climáticas e Desastres Socioambientais: Estratégias e Enfrentamentos’ será transmitido no dia 10/10, às 15h, no canal oficial do CFP do YouTube.

O debate virtual vai receber especialistas na temática para dialogar sobre o papel da Psicologia em emergências e desastres e a importância de uma atuação a partir de subsídios técnicos e articulada às políticas públicas de defesa civil e proteção social.

A atividade é parte de um processo de escuta e alinhamento para a construção coletiva de respostas da Psicologia aos desafios que se impõem diante das urgências climáticas e vulnerabilidades aprofundadas pelos incêndios e pela seca. A mediação será da vice-presidenta do CFP, Alessandra Almeida, coordenadora do GT Emergências e Desastres do CFP.

“No enfrentamento a essas situações, a nossa categoria tem um papel fundamental na prevenção, nos processos mitigatórios, na resposta e na construção; considerando as diversas tecnologias no que diz respeito ao trabalho social com famílias e à organização comunitária”, pontua a conselheira.

O programa trará as atualizações sobre a atuação da Psicologia em emergências e desastres levadas à categoria por meio de Nota Técnica recém-lançada pelo CFP. O conteúdo aborda novas práticas e conhecimentos para atenção psicossocial em situações de catástrofes e foi elaborado com apoio de especialistas na área.

Confira a Nota Técnica

Também serão tratadas questões como o apoio no acolhimento e no cuidado às pessoas atingidas e a relação com as políticas públicas de defesa civil, de assistência social, de saúde e de habitação.

Psicologia nas Emergências e Desastres

A Psicologia tem muito a contribuir no enfrentamento aos impactos das catástrofes e desastres. Além do apoio no acolhimento e no cuidado às pessoas atingidas, psicólogas e psicólogos da área desempenham importante papel na interface com as políticas públicas de defesa civil, de assistência social, de saúde e de habitação, entre outras.

Nesse sentido, o Conselho Federal de Psicologia vem atuando na temática, editando referências de atuação em emergências e desastres calcadas na experiência prática e no acúmulo teórico sobre o tema.

Com as situações recém-enfrentadas no país, o Conselho Federal lançou uma Nota Técnica com práticas atualizadas para a atuação de psicólogas e psicólogos em situações de emergências e desastres.

O documento apresenta uma atualização feita por especialistas que integram os Grupos de Trabalho (GT) Psicologia Ambiental e Emergências e Desastres e traz diretrizes e subsídios com foco na gestão integral dos riscos, a partir das interseccionalidades, da intersetorialidade e da interdisciplinaridade das ações.

Data Internacional

Celebrado todo 13 de outubro, o Dia Internacional para a Redução do Risco de Desastres foi criado em 1989 a pedido da Assembleia Geral das Nações Unidas, para estabelecer uma data voltada a promover uma cultura global de conscientização sobre riscos e redução de desastres.

Serviço

Saúde Mental em Tempos de Urgências Climáticas e Desastres Socioambientais: Estratégias e Enfrentamentos
Data: 10 de outubro, quinta-feira
Horário: 15h
Transmissão: YouTube do CFP

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Trajetória de 25 anos da Resolução CFP nº 01/99 é tema de seminário promovido pelo Conselho Federal de Psicologia

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) abriu as inscrições para um evento em comemoração aos 25 anos da resolução que estabelece normas de atuação para as(os) psicólogas(os) em relação à questão da orientação sexual.

O seminário “Resolução 01/1999 – 25 anos despatologizando a vida, no Brasil e no mundo” será realizado em Brasília/DF, nos dias 31/10 e 1º/11, e contará com a participação de representantes de todo o Sistema Conselhos de Psicologia, profissionais, estudantes de Psicologia, representantes do Poder Público, sociedade civil e demais pessoas interessadas.

Todo o evento terá transmissão ao vivo pelo canal do CFP no Youtube.

Os debates serão realizados por conselheiras federais, pesquisadoras e pesquisadores, parlamentares, profissionais de gestão e ativistas da área. As inscrições para o evento presencial estão abertas até 30 de outubro, véspera do seminário, por meio exclusivo de formulário eletrônico. Ao fim do evento, serão emitidos certificados para participantes.

A Conferência Magna de Abertura será realizada por Miguel Roselló-Peñaloza, coordenador da Comissão de Gênero e Sexualidades da COLPSI, de 2021 a 2024; e autor dos livros “No Body” (Routledge, 2018) e “En la jaula del monstruo” (Paidós, 2024).

Acesse o formulário de inscrição

A  Resolução CFP nº 01/1999 representa um marco para a Psicologia brasileira por estabelecer o posicionamento dessa ciência e profissão pela despatologização das homossexualidades. Suas diretrizes também contribuíram para a publicação de outras resoluções voltadas à atuação profissional de psicólogas e psicólogos em temas relacionados à sexualidade.

A regulamentação da prática profissional psicológica em relação à orientação sexual repercutiu em outros campos da garantia de direitos, tendo impacto em diferentes esferas, como o casamento igualitário, a adoção homoafetiva e direitos sucessórios.

Resolução CFP 01/99 pelo mundo

A experiência da Psicologia brasileira no campo de atuação profissional junto às sexualidades é conhecida no mundo inteiro, mais notadamente, quanto à proibição das terapias de conversão.

Em 2021, quando era conselheiro presidente do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, Pedro Paulo Bicalho participou de uma reunião organizada pela equipe do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para apresentação de experiências exitosas de regulação sobre as denominadas “terapias de reversão sexual”.

O evento, organizado em Washington, contou com representantes de diversos países, com a presença de Kamala Harris, vice-presidenta do país, e integrantes do secretariado da atual gestão presidencial.

Em 2023, a experiência regulatória do Conselho Federal de Psicologia para a erradicação das chamadas terapias de conversão sexual, também foi tema da abertura do Congresso Centroamericano de Psicologia, realizado em Tegucigalpa, capital de Honduras.

Em 2024, no 33º Congresso Internacional de Psicologia, na República Tcheca, o CFP fez a conferência de abertura do evento com o tema da proibição das terapias de conversão no Brasil. Na atividade, foi destacado o protagonismo na trajetória de enfrentamento às terapias de reversão por meio da  Resolução CFP nº 01/1999.

PROGRAMAÇÃO SEMINÁRIO

31/10/2024 – QUINTA-FEIRA

17h30 – 18h30
ABERTURA

18h30 – 19h
MESA INSTITUCIONAL
1 – Pedro Paulo Bicalho (CFP)
2 – Andreza Costa (CDH/CFP)
3 – Symmy Larrat (MDH)
4 – Keila Simpson (ABGLT)

19h – 20h30
CONFERÊNCIA MAGNA DE ABERTURA
Tema: Marcos Legais sobre Direitos Humanos da População LGBTQIA+ a partir da Resolução CFP 01/1999: Conjuntura Brasileira e Internacional
1 – Pedro Paulo Gastalho de Bicalho (Presidente CFP)
2 – Miguel Roselló-Peñaloza (Chile)

20h30 – 21h
ENCERRAMENTO

1/11/2024 – SEXTA-FEIRA

9h – 10h
ABERTURA
Entrega do Prêmio João W. Nery

10h – 10h20
Intervalo

10h20 – 11h40
PAINEL 1
Tema: Ferramentas além do campo profissional
1 – Lucas Bulgarelli
2 – Paulo Iotti
3 – Fabiano Contarato (Senador)
4 – Mirla Cisne (CFESS)
Mediação: Roberto Chateaubriand (CFP)

11h40 – 13h
PAINEL 2
Tema: Psicologia e o enfrentamento às violências. Interseccionalidades e a diversidade dentro da sigla.
1 – Marco Antonio Torres (Conselho Nacional dos Direitos da pessoa LGBTQIA+)
2 – Anderson Cavichiolli (Rede Nacional de Operadores da Segurança Pública LGBTQIA+)
3 – Heliana Hemetério (CNS)
4 – Niótxaru Pataxó (MPI)
Mediação: Alex Oliveira (CDH/CFP)

INTERVALO PARA ALMOÇO (13h – 14h30)

14h30 – 16h
PAINEL 3
Tema: Impactos na psicologia após Resolução 01/1999 – outras Resoluções
1 – Sofia Favero
2 – Anderson Fontes (UFBA)
3 – Jaqueline de Jesus
4 – Alessandra Almeida (CFP)
Mediação: Isadora Canto (CFP)

16h – 16h20
Intervalo

16h20 – 17h40
PAINEL 4
Tema: Leituras críticas e questões contemporâneas
1 – Caique Gomes de Oliveira (CPA/CONANDA)
2 – João Gabriel Maracci (UNINOVE)
3 – Paula Sandrine Machado (UFRGS)
4 – Marco Aurélio Máximo Prado (UFMG)
Mediação: Carolina Roseiro (CFP)

17h40 – 18h
Intervalo

18h – 19h
MESA DE ENCERRAMENTO
1 – Céu Cavalcanti
2 – Alessandra Almeida (CFP)
Mediação: Pedro Paulo Bicalho (CFP)

Serviço

Seminário: Resolução 01/1999 – 25 anos despatologizando a vida, no Brasil e no mundo
Local: Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB). Edifício Via Universitas – SEPN 516, Conj D, Lote 09. Asa Norte. Brasília/DF
Data: 31 de outubro e 1º de novembro
Inscrições: exclusivamente via formulário eletrônico até 30 de outubro
Informações: gri@cfp.org.br
Transmissão: Canal do CFP no YouTube

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CFP divulga Nota Técnica com atualizações sobre atuação da Psicologia em emergências e desastres

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) acaba de lançar uma Nota Técnica com práticas atualizadas para a atuação de psicólogas e psicólogos em situações de emergências e desastres. O documento é parte de um processo de escuta e alinhamento para a construção coletiva de respostas da Psicologia aos desafios que se impõem diante das alterações climáticas.

Veja a nota técnica na íntegra

A Nota Técnica apresenta uma atualização feita por especialistas que integram os Grupos de Trabalho (GT) Psicologia Ambiental e Emergências e Desastres. O documento traz diretrizes e subsídios com foco na gestão integral dos riscos, a partir das interseccionalidades, da intersetorialidade e da interdisciplinaridade das ações.

Principais pontos

De acordo com a Nota Técnica, a atuação de psicólogas e psicólogos em cenários de desastres deve se orientar pelos princípios da Gestão Integral de Riscos e de Desastres. O documento traz recomendações para as fases de preparação, resposta e reconstrução.

Preparação – Na atuação da Psicologia na fase de preparação para ocorrência de desastres, é importante que profissionais da categoria estejam vinculados às políticas públicas e atentem-se às políticas de Proteção e Defesa Civil e Assistência Social.

Durante a preparação também é relevante a elaboração participativa dos Planos de Contingência/Resposta dos municípios. O planejamento é responsável pela definição das ações de resposta a cada desastre, com ações voltadas à atenção psicossocial.

Resposta – A Nota Técnica orienta a categoria que, na fase de resposta aos desastres, são realizadas ações para promover a saúde mental e integral da população afetada, bem como para reduzir os impactos psicossociais gerados pelo desastre. Nessa fase, também são realizadas intervenções voltadas à atenção psicossocial e, se necessário, atendimento psicoterapêutico, notadamente para as pessoas que apresentarem sofrimento psíquico clinicamente significativo.

Reconstrução – Na fase de reconstrução, é importante dar continuidade às práticas realizadas e articulá-las às políticas públicas, considerando os serviços de saúde mental disponíveis no território. Dentre outras ações, é importante que seja efetivado o apoio continuado para oferecer serviços de saúde mental a longo prazo e outras questões emocionais decorrentes do desastre.

A nota complementa publicações anteriores que podem ser consultadas para maior aprofundamento no tema, como as Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas e Psicólogos na Gestão Integral de Riscos, Emergências e Desastres, publicada em 2021; e a Nota Técnica sobre Atuação da Psicologia na Gestão Integral de Riscos e de Desastres, de 2016, relacionadas com a Política de Proteção e Defesa.

Atuação

No mês de maio, no decorrer das situações de calamidade ocasionadas pelas chuvas no estado do Rio Grande do Sul, o CFP realizou uma reunião com os 24 Conselhos Regionais de Psicologia de todo o país. Na oportunidade, foram apresentadas diversas propostas a fim de alinhar as ações do CFP às necessidades emergenciais relacionadas a desastres e emergências. 

No encontro, representantes dos CRP propuseram a redação de Nota Técnica sobre a atuação de profissionais da Psicologia em contextos  de desastre como forma de orientação à categoria no enfrentamento a essas situações.

No canal oficial do CFP no YouTube, a categoria encontra uma coleção que reúne a produção audiovisual sobre esse assunto ao longo dos anos.

Acesse a playlist Atuação da Psicologia nas Emergências e Desastres

Live

No dia 10 de outubro, na semana do Dia Internacional para a Redução do Risco de Desastres, o Conselho Federal de Psicologia vai realizar uma live para explicar à categoria o passo a passo da Nota Técnica sobre a atuação em situações de desastres e emergências.

“Saúde Mental em Tempos de Emergências e Desastres: Estratégias e Enfrentamentos” vai receber psicólogas e psicólogos especialistas para abordar como a Psicologia tem contribuído nas políticas públicas de defesa civil por meio da sua atuação em emergências e desastres e da elaboração de subsídios técnicos para a categoria.

Também serão tratadas questões, como, o apoio no acolhimento e no cuidado às pessoas atingidas e a relação com as políticas públicas de defesa civil, de assistência social, de saúde e de habitação.

Celebrado todo 13 de outubro, o Dia Internacional para a Redução do Risco de Desastres foi criado em 1989 a pedido da Assembleia Geral das Nações Unidas, para estabelecer uma data para promover uma cultura global de conscientização sobre riscos e redução de desastres.

Serviço

Saúde Mental em Tempos de Emergências e Desastres: Estratégias e Enfrentamentos
Data: 10 de outubro, quinta-feira
Horário: 16h
Transmissão: YouTube do CFP

Seminário na Câmara exalta 25 anos da Resolução CFP nº 1/99 

Os 25 anos da resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP) que estabeleceu normas de atuação para psicólogas e psicólogos em relação à questão da orientação sexual foi o tema central do 21º Seminário LGBTQIA+ do Congresso Nacional. Promovido em agosto por sete comissões temáticas da Câmara dos Deputados, o evento teve como tema “Somos o que somos! 25 anos da proibição da conversão sexual no Brasil”.

O centro dos debates entre entidades civis, ativistas, gestores públicos e parlamentares foi o combate a preconceitos e os desafios das políticas de saúde integral, cidadania e educação para a população LGBTQIA+. 

O presidente do Conselho Federal de Psicologia, Pedro Paulo Bicalho, destacou que a Psicologia brasileira se orgulha de ter criado, há 25 anos, uma resolução que estabelece que a homossexualidade não é tratada como doença e nem como desvio. Ele conta que dentre todas as resoluções publicadas pela Autarquia, nenhuma sofreu tantos ataques como a Resolução CFP nº 01/1999.

“Falamos de uma resolução sobrevivente que, em 25 anos, passou por uma série de lutas, de conquistas e que se mantém de pé, orgulhando a Psicologia brasileira, inclusive, ao redor do mundo”, destacou.

Bicalho também salientou que a resolução não acaba com o problema das terapias de conversão, mas posiciona a Psicologia brasileira no enfrentamento a essas práticas. 

“Neste momento em que nós estamos aqui, muitas pessoas LGBTQIA+ no Brasil estão em comunidades terapêuticas, sofrendo processos de terapia de conversão. É parte da nossa luta dizer que comunidades terapêuticas não são equipamentos de saúde ou de assistência social e não deveriam ter qualquer financiamento público”, pontuou.

Também presente ao seminário, a conselheira Isadora Canto falou das outras normativas editadas pelo CFP no campo das sexualidades. Ela citou a Resolução CFP nº 01/2018, que trata da atuação com a população travesti e transexual; a Resolução CFP nº 08/2020, que aborda o enfrentamento às violências de gênero; e a Resolução CFP nº 08/2022, que versa sobre o atendimento às sexualidades monodissidentes e à população bissexual.

“Essas resoluções, assim como as publicações que temos, demarcam esse cuidado do Conselho Federal de Psicologia em orientar a nossa categoria profissional nesse trabalho”, pontuou a conselheira.

A deputada Duda Salabert (PDT-MG) ressaltou as dificuldades relacionadas à LGBTfobia e o crescimento da mobilização para efetivar direitos. “O contexto é complicado com o avanço do fascismo e da ultra direita, mas eu nunca vi um movimento tão mobilizado, tão articulado como agora. E esse seminário é um momento importante para pavimentar essa luta na construção dos anos que nos esperam”, afirmou.

Já a deputada Erika Hilton (Psol-SP) falou sobre a abordagem do tema nas escolas. “Nós temos assistido nos últimos anos o quanto a escola vem sendo disputada pela extrema direita e pelo discurso de ódio, o quanto querem colocar a agenda LGBTQIA+ como uma agenda inimiga da educação e inimiga da sociedade.”

Normativa

Em vigor há 25 anos, a Resolução CFP nº 01/1999 representa um marco para a Psicologia brasileira por estabelecer de forma concreta o posicionamento da ciência e profissão pela despatologização das homossexualidades.

Suas diretrizes também contribuíram para a publicação de outras resoluções voltadas à atuação profissional de psicólogas e psicólogos em temas relacionados à sexualidade. 

A regulamentação da prática profissional psicológica em relação à orientação sexual repercutiu em outros campos da garantia de direitos, tendo impacto em diferentes esferas, como o casamento igualitário, a adoção homoafetiva e direitos sucessórios.

Projetos que criminalizam a chamada “cura gay”

Durante a realização do seminário, foi informado que, atualmente, a Câmara dos Deputados analisa quatro projetos de lei que proíbem e punem as terapias de conversão sexual. O Projeto de Lei 737/2022 (com três anexados) propõe criminalizar a terapia de conversão ao submeter outra pessoa a tratamento destinado a reprimir a orientação sexual, identidade de gênero ou expressão de gênero. 

De autoria do deputado Bacelar (Podemos/BA), o texto prevê pena de detenção de seis meses a dois anos. Os outros três projetos apensados ao PL 737/22 são de autoria das deputadas Erika Hilton (Psol-SP), Duda Salabert (PDT-MG) e do deputado David Miranda (PDT/RJ).

Celebração aos 25 anos da Resolução CFP

Em outubro, o Conselho Federal de Psicologia vai promover um evento internacional para celebrar os 25 anos de publicação da resolução que estabeleceu normas de atuação para as(os) psicólogas(os) em relação à questão da orientação sexual.

O seminário “Resolução 01/1999 – 25 Anos Despatologizando a Vida, no Brasil e no Mundo” será realizado em Brasília/DF nos dias 31/10 e 1º/11 e contará com a participação de representantes de todo o Sistema Conselhos de Psicologia, profissionais, estudantes de Psicologia, entidades do Poder Público e da sociedade civil. 

Em breve serão abertas as inscrições. Acompanhe nossas redes sociais e participe!

Com informações da Agência Câmara de Notícias

 

Novo projeto das 30 horas e do piso começa a tramitar no Senado

Começou a tramitar no Senado o projeto de lei que trata da jornada de trabalho e do piso salarial de psicólogas e psicólogos. O PL 3.086/2024 propõe fixar a jornada semanal de trabalho da Psicologia em até 30 horas e estabelecer em R$4.750 o piso salarial da categoria. Essa é mais uma linha de batalha que o Conselho Federal de Psicologia (CFP) definiu como estratégia para avançar nos projetos de valorização da categoria no Congresso Nacional.

Opine sobre o PL das 30 Horas e do Piso

Como em todas as proposições em tramitação na Casa, o Senado abriu uma consulta pública para a sociedade opinar sobre o PL das 30 Horas e do Piso Salarial da Psicologia. Você pode apoiar o PL 3.086/2024 registrando o voto SIM na página da matéria e mostrar a força da Psicologia brasileira.

Os resultados ficam disponíveis para as senadoras e os senadores, que podem considerar as opiniões das participantes ao analisarem o texto que será votado. Além disso, as manifestações são comunicadas periodicamente aos gabinetes parlamentares.

O PL 3.086/2024 inicia a tramitação pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e, na sequência, segue para a Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Em caso de aprovação nas duas comissões, o projeto será apreciado pelo Plenário do Senado. O projeto também terá que ser analisado pela Câmara dos Deputados.

O projeto é decorrente da Sugestão 13/2022, Ideia Legislativa que foi acatada pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), em agosto. Por se tratar de ideia legislativa de iniciativa popular, a SUG 13/22 deveria receber pelo menos 20 mil apoiamentos virtuais para que fosse apreciada pela CDH.

Para a votação desta Sugestão Legislativa, o CFP e os CRPs realizaram uma grande mobilização virtual para ampliar a visibilidade da proposta e o número alcançou a marca de 27 mil apoiamentos à SUG 13, marca que foi destacada na CDH.

PL 1.214/19

O PL das 30 Horas que tramita na Câmara dos Deputados foi incluído na pauta de votações e pode ser analisado pela Comissão de Tributação e Finanças (CFT). O Projeto de Lei 1.214/2019 pode ser analisado na próxima quarta-feira (11), na reunião que terá início às 10h.

O projeto de lei tem parecer do relator, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), recomendando a aprovação e, em caso de aprovação, seguirá para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Para que o projeto avance no Congresso Nacional é fundamental a mobilização de toda a categoria, dialogando com parlamentares de cada estado que compõem a CFT para que compareçam à sessão de votação e apoiem a aprovação do projeto (Acesse a lista de parlamentares que integram a CFT).

Articulações

O Conselho Federal de Psicologia (CFP), a Federação Nacional dos Psicólogos (FENAPSI) e a Associação Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho (SBPOT) – em conjunto com outras entidades representativas da Psicologia brasileira – têm realizado constante articulação pela aprovação das legítimas reivindicações de valorização da categoria.

Um dos exemplos de ações, foi a articulação no âmbito da CDH para que a senadora Mara Gabrilli fosse designada relatora da proposta. As entidades já iniciaram as articulações para que uma senadora ou senador favoráveis à luta da categoria requeira a relatoria do projeto na CAE.

CFP encerra série de encontros de fiscalização e ética em atividade com CRPs da Região Sul

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) encerrou a série de eventos regionais sobre fiscalização e ética. Florianópolis/SC recebeu, nos dias 29 e 30 de agosto, representantes dos Conselhos Regionais do Rio Grande do Sul (CRP-07), Paraná (CRP-08) e Santa Catarina (CRP-12) para o Encontro Regional COE e COF da Região Sul.

Para a conselheira Carolina Roseiro, que integra a Secretaria de Orientação e Ética (SOE) do CFP, a experiência dos encontros de COEs e COFs segmentados por regiões do país possibilitou diálogos específicos e diferenciados sobre orientação e ética, dada a diversidade entre os estados. Ela explica que, a partir da sistematização das ideias e experiências compartilhadas ao longo dos cinco encontros regionais, o CFP vai planejar o encontro nacional em novembro.

“Os encontros de COE e COF realizados nas cinco regiões enriqueceram muito o trabalho de orientação, fiscalização e ética realizado pelo Conselho Federal de Psicologia. A partir de todo esse material recolhido, nós podemos organizar um encontro nacional plural, tendo como base as diferentes perspectivas observadas nos eventos regionais”, apontou.

Esse foi o último da série de cinco encontros realizados nas regiões brasileiras como ação para descentralizar os diálogos com as Comissões de Ética (COEs) e de Orientação e Fiscalização (COFs) do Sistema Conselhos responsáveis pela orientação, instauração de processos e apuração de faltas éticas.

Diálogos

A programação promoveu momentos em conjunto e atividades em separado, para diálogo de pautas específicas. Os pontos de pauta foram baseados nas questões enviadas pelas profissionais  que lidam com a disciplina, a orientação e a fiscalização da categoria no dia a dia dos Regionais.

A programação teve início na quinta-feira (29) com diálogos sobre o funcionamento das comissões de ética e de fiscalização, com a abordagem sobre a Secretaria de Orientação e Ética do CFP e os limites da instância recursal. 

No período da tarde, as equipes se dividiram para explorar temas específicos de ética e de fiscalização. A COE debateu indicadores dos processos disciplinares que tramitaram pela instância recursal e entendimentos na padronização da tramitação processual. Também foram debatidas as especificidades e os desafios na tramitação dos processos funcionais e na realização do desaforamento. 

Por sua parte, a COF realizou discussão sobre Psicologia e Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs); questões relativas à divulgação profissional e desafios inerentes ao exercício ilegal/irregular da profissão. Também foram abordadas as dificuldades das fiscalizações que envolvem Transtorno do Espectro Autista (TEA), Análise do Comportamento Aplicada (ABA) e contextos relacionados.

As atividades do segundo e último dia, na sexta-feira (30), tiveram um diálogo conjunto sobre as possibilidades e limitações de exercer o poder de polícia.

Na atividade específica, a COE abordou o Código do Processo Disciplinar (CPD) comentado e os limites e possibilidades da produção de jurisprudência na instância recursal. A COF explorou as experiências na fiscalização com foco em direitos humanos e questões sobre comunidades terapêuticas.

A programação também teve a participação de integrantes do Plenário do CFP. A conselheira Rosana Éleres falou sobre o trabalho desenvolvido na Comissão Permanente de Prevenção e Combate à Violência e ao Assédio no Trabalho do CFP. O conselheiro Evandro Peixoto abordou a trajetória da regulamentação da Avaliação Psicológica e a atuação da Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica do CFP.

Encontro nacional

Finalizados os cinco encontros regionais, o próximo evento sobre orientação, fiscalização e ética do Sistema Conselhos de Psicologia será o Encontro Nacional das Comissões de Orientação e Fiscalização (COFs) e das Comissões de Orientação e Ética (COEs), em novembro deste ano, em Brasília/DF.

O evento terá a participação das pessoas responsáveis pelas Comissões de Orientação e Fiscalização e Orientação e Ética dos Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs) de todo o país.

Organizado pela SOE/CFP, o encontro nacional vai debater, em um ambiente macro, temas referentes à orientação, fiscalização e processamento disciplinar.

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CFP debate saúde mental de povos indígenas com entidades e órgãos do governo

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) recebeu em sua sede, em Brasília/DF, entidades do movimento indígena para discutir a política de saúde mental para povos originários. Realizado na segunda-feira (19/8), este foi o segundo diálogo promovido pela Autarquia com diferentes instituições da sociedade civil e representantes governamentais sobre políticas públicas orientadas a essa população.

“A ideia é construirmos diálogos promotores de saúde mental e bem-viver para os povos originários deste país, cuja nossa Psicologia, a nossa ciência e a nossa categoria não podem deixar de acolher, já que a nossa pauta e compromisso ético são com os direitos humanos”, destacou a conselheira federal Nita Tuxá, que coordena a iniciativa.

Estiveram presentes a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB); a Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga); Coletivo Tybyra; Rede de Articulação de Indígenas em Contexto Urbano (Reniu); e o Conselho Missionário Indigenista (CIMI).

Também participaram representantes de Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs), do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), da Secretaria de Saúde Indígena do Ministério da Saúde (SESAI) e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

Dentre os assuntos debatidos esteve a continuidade aos diálogos para realização de um seminário, a ser organizado pelo CFP, para refletir, sob a perspectiva mais programática, a saúde mental dos povos originários. O foco está no diálogo com órgãos de governo, entidades indigenistas, movimentos sociais, conselhos de outras profissões da área da saúde e o Sistema Conselhos.

A proposta é que, a partir da realização desse encontro, o Conselho Federal de Psicologia mantenha esforços para consolidar um fórum inédito de articulação entre esses segmentos com especificidade na saúde mental indígena.

Durante o encontro no CFP, o grupo realizou diálogos importantes sobre violência de gênero e os impactos da violência contra mulheres indígenas. Também foram debatidas questões sobre o uso abusivo de drogas e os vícios em jogos de aposta, bem como seu impacto em comunidades indígenas. O coletivo também refletiu sobre linhas de cuidado e estratégias de fortalecimento de iniciativas de promoção de bem-viver e de saúde mental.

“É preciso que façamos uma discussão sobre estratégias positivas de atenção psicossocial que as próprias comunidades constroem. Conectar a discussão sobre a demarcação dos territórios indígenas com a saúde mental reforçando e enfatizando compromissos do CFP na luta contra o Marco Temporal, por exemplo”, pontuou a conselheira Nita Tuxá.

Confira a galeria de imagens da reunião

Desafios

No início de agosto (dias 1 e 2), o Conselho Federal de Psicologia sediou a 115ª Reunião da Comissão Intersetorial de Saúde Indígena (CISI) do Conselho Nacional da Saúde (CNS), vinculado ao Ministério da Saúde. A conselheira Nita Tuxá representa o CFP na Comissão e, durante o encontro, destacou o sensível aumento no número de suicídios registrados entre a população indígena, ressaltando a importância do bem viver dos povos originários como ponto central no cuidado à saúde mental.

Segundo estudo recente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em 2022 os indígenas tiveram a maior taxa de suicídio por 100 mil habitantes do país, com 16,58 casos por 100 mil habitantes, contra 7,27 da população em geral. “No modelo biomédico, a tradução de suicídio é o ato de matar a si mesmo. No entanto, no contexto indígena, precisamos considerar todas as questões de violência, racismo, letalidade branca e indiferença do Estado. O Marco Temporal em contraponto ao acesso à terra. A monocultura e o uso de agrotóxicos. Aspectos que invalidam qualquer forma de subjetividade de uma pessoa indígena”, pontuou a conselheira.

Atuação

O fazer da Psicologia junto aos povos indígenas é tema que tem mobilizado cada vez mais atenção no Sistema Conselhos. 

Em 2022, o CFP lançou as Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas junto aos Povos Indígenas, uma antiga demanda no âmbito da categoria e que foi elaborada com a metodologia do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP).

Para ampliar as discussões da Referência e aprofundar questões direcionadas ao fazer psicológico junto a essas populações, o CREPOP lançou a “Nota à Referência Técnica de Atuação de Psicólogas(os) Junto aos Povos Indígenas” produzida sob a coordenação da conselheira Nita Tuxá, com a colaboração de Edinaldo Rodrigues Xukuru, Geni Núñez e Raquel Diniz, profissionais da Psicologia.

Também como parte dessa mobilização, em 2022, pela primeira vez, o processo eleitoral para os Conselhos Regionais de Psicologia e para a Consulta Nacional CFP passou a exigir nas candidaturas o cumprimento de percentual mínimo de pessoas com deficiência, pessoas negras, pessoas trans e povos tradicionais e indígenas. A medida foi pioneira em processos eleitorais de conselhos profissionais de categoria no país.