DadoPsi

O DadoPsi, novo projeto lançado pela BVS-Psi, tem como objetivo construir um repositório para armazenamento e compartilhamento, com acesso aberto, de pesquisas na área de Psicologia. A ferramenta será alimentada com informações apresentadas em artigos publicados em revistas científicas selecionadas pela coordenação da BVS-Psi.

Os dados publicados nas revistas que integram os portais SciELO e PePSIC serão automaticamente aprovados para publicação. O armazenamento das pesquisas será realizado pelo próprio autor.

A ideia de desenvolver a ferramenta veio a partir de uma necessidade identificada pela BVS-Psi de prover informação de apoio à pesquisa na área de Psicologia. O acesso aberto vai tornar mais fácil o reaproveitamento das descobertas de pesquisas, como as já financiadas com dinheiro público, promovendo a sustentabilidade do conhecimento.

O repositório será desenvolvido em três idiomas: português, inglês e espanhol. Com isso, será possível que pesquisadores estrangeiros utilizem os dados brasileiros.

O desenvolvimento do projeto contou com o apoio do Conselho Federal de Psicologia, tanto institucional quanto no fornecimento da infraestrutura de servidores.

A previsão é que o repositório esteja disponível, em versão preliminar, até o final de 2014. O acesso será realizado a partir do site da BVS-Psi Brasil.

Inovação

O DadoPsi será o primeiro repositório de dados abertos que se tem notícia no Brasil. Dessa forma, pretende-se que o projeto inovador seja um marco na geração de pesquisas na área de Psicologia e um modelo para outras áreas do conhecimento.

Avaliação Psicológica

A nova Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica do Conselho Federal de Psicologia será empossada no dia 17 de julho. O colegiado será composto por: João Carlos Alchieri (UFRN), Roberto Moraes Cruz (UFSC), Luiz Pasquali (UnB), Cícero Emídio Vaz (PUC-RS), Elton Hiroshi Matsushima (UFF), José Neander Silva Abreu (UFBA) e Valdiney Veloso Gouveia (UFPB).

O grupo é constituído de professores pesquisadores de instituições de ensino de distintas regiões e com experiência consolidada na área de avaliação psicológica em diversos âmbitos e processos. Como principais atividades estão a assessoria ao CFP nas mais variadas solicitações decorrentes do exercício profissional em avaliação psicológica, o acompanhamento do Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos – SATEPSI e a definição de diretrizes na avaliação psicológica em diversos contextos.

PNE

O plenário da Câmara dos Deputados concluiu, na terça-feira (3), a votação dos destaques do Plano Nacional de Educação (PNE), que seguiu para sanção da presidente Dilma Rousseff. O Conselho Federal de Psicologia entende que o PNE é um instrumento importante para realizar a gestão educacional no Brasil e avançar em um dos pontos mais atrasados de nosso País, a educação. Entretanto, destaca que ao prever avanços, trouxe também retrocesso.

O trecho “com ênfase na promoção da igualdade racial, regional, de gênero e de orientação sexual” foi suprimido e mantida a redação “a promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação”. A retirada deste trecho automaticamente retira outro que exime o estado brasileiro de promover programas, ações e políticas de combate ao preconceito sexual, de gênero, e étnico-racial nas escolas públicas.

O CFP acompanhou a tramitação do plano e manifestou a preocupação em relação às mudanças no texto, em carta encaminhada, no dia 28 de maio, aos parlamentares antes da votação, como se lê abaixo:

Nota pública

Comissão de Direitos Humanos do CFP manifesta preocupação em relação à mudança no texto do PNE

O Conselho Federal de Psicologia vem manifestar sua preocupação em relação à forma como temas do Plano Nacional de Educação foram tratados pela Comissão Especial, em função das alterações propostas pela Emenda nº 3, do Substitutivo do Senado, ao texto do Projeto de Lei da Câmara nº 103/2012 (nº 8.035/2010 na Casa de origem), que dispõe sobre o PNE e dá outras providências. Ao se retirar do texto a menção explícita ao preconceito e discriminação em razão de origem ou pertencimento regional, étnico-racial, de gênero ou sexualidade, uma pluralidade de vozes e olhares foram silenciadas. Dentre as vozes, preocupa ao Conselho que a informação sobre evidência técnico-científica tenha sido desconsiderada.

As metas e ações previstas no Plano Nacional de Educação (PNE) deveriam ser compreendidas a partir de um quadro normativo mais amplo. Como previsto na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e uma vez que tratam de temáticas concernentes às diversas instituições e sujeitos que compõem o Sistema de Ensino em seus distintos níveis, a formulação de políticas públicas em educação deve estar associada ao compromisso com formas democráticas de gestão e participação. É possível reconhecer no texto os profícuos debates travados nas etapas da Conferência Nacional de Educação ou, retrocedendo-se um pouco mais, os diagnósticos sobre as falhas percebidas no “Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação” e no “Plano Desenvolvimento da Educação”. Em maior ou menor escala, ainda que coordenadas pelo Executivo Nacional, os dois processos contaram com a participação e colaboração de representantes de Conselhos de Educação, órgãos do poder executivo – estadual e municipal-, além de pessoas vinculadas a diversas instituições comprometidas com atividades de formação humana.

A incorporação de questões trazidas por fóruns anteriores, convertidas em metas do próximo decênio, aponta para o fato de que, ao se pensar políticas públicas em educação, a arena legislativa deve ser apoiada em suas decisões frente ao conjunto de desafios políticos e sociais envolvidos no processo de escolarização. Nessa direção, este Conselho vem a público manifestar-se no debate para afirmar que, diferentemente do que foi colocado por alguns integrantes da Comissão, questões relacionadas ao racismo, machismo, sexismo e homofobia não estão vinculadas a uma perspectiva escatológica de uma imaginada “ditadura gay”, mas são questões que resultam da desigualdade de acesso à escolarização de vários segmentos majoritários da população brasileira, em especial os negros; e a expulsão da escola de jovens que adotam, como garante a nossa Constituição, crenças ou identidades sexuais diferentes da maioria.

São dilemas que profissionais de educação, comprometidos com uma lógica democrática, enfrentam cotidianamente no desempenho de suas funções. A perversa interseção entre cor da pele e origem étnica, gênero, sexualidade e educação tem sido analisada por diversos institutos de pesquisa brasileiros. Estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), UNESCO e Fundação Perseu Abramo têm indicado taxas elevadas de preconceito e de violência originadas por questões específicas como identidades de gênero, pertencimento racial e étnico e regionalidades nas escolas. Mais importante é: todas essas pesquisas apontam que quanto maior o índice de preconceito racial/étnico e de gênero/orientação sexual, menor é o índice de aprendizado revelado pelo índice de desenvolvimento da educação básica.

Aparentemente, a mudança textual operada pela Comissão Especial não leva em consideração os dados das pesquisas acima. A opção pela noção genérica de enfrentamento a quaisquer formas de preconceito e discriminação é claramente insuficiente frente aos problemas até então diagnosticados: há a pressuposição de que, ao se defender o interesse de todos, as partes estariam, logicamente, contempladas. Ocorre, porém, que em temas relacionados a Direitos Humanos é preciso o reconhecimento de uma cena que não é dada logicamente de antemão, mas que se vincula à realidade concreta, cada caso de discriminação do direito à educação e a não discriminação demanda ações específicas.

Como exemplo, podemos simplesmente observar a condução dos trabalhos da Comissão Especial e o conjunto de relações que ali se estabeleceram. Os defensores de uma posição universalista e descaracterizada carregavam, com orgulho, cartazes em que se lia: “Gênero Não!”. Demonstrava-se, com isso, uma nova forma de fazer política na atualidade: pautar temáticas gerais, na certeza de que, nessa generalidade, determinados temas e sujeitos não cabem. Trata-se da defesa de um universalismo igualitário que, paradoxalmente, reforça a manutenção de formas históricas de preconceito e discriminação, nomeadamente o racismo, o sexismo, o machismo e a homofobia em suas distintas dinâmicas regionais. A esse respeito, vejamos algumas análises conjunturais propostas pelo IBGE na síntese de indicadores sociais de 2012:

  • Ao se cruzar raça/cor e remuneração, constatou-se que o rendimento médio das pessoas pretas e pardas equivale a 60% do rendimento das pessoas brancas (IBGE, 2012, p. 140); relacionando-se renda e evasão escolar, estimou-se que os jovens pertencentes ao quinto mais pobre da população têm 14,6 vezes menos chances de completar o ensino médio que os jovens pertencentes ao quinto mais rico (IBGE, 2012, p. 119); considerando sexo e taxas de mortalidade, verificou-se que a probabilidade de morte por causas externas entre homens é quase 6 vezes maior que entre as mulheres (IBGE, 2012, p. 206).
  • Ainda segundo o IBGE, no mercado brasileiro, a população mais escolarizada tende a procurar trabalhos mais formalizados e, ultimamente, as mulheres ocupadas apresentaram um aumento superior ao dos homens tanto no que diz respeito à escolaridade, como à formalização do trabalho (IBGE, 2012, p. 138 – 139).  Curiosamente, esse quadro parece não ter se traduzido em igualdade: constatou-se que, entre os mais escolarizados (12 anos ou mais de estudo), a desigualdade de rendimentos é extremamente elevada, dado que as mulheres recebem 59,2% do rendimento auferido pelos homens (Idem, p. 140).

Ações importantes para dar conta da evidência acumulada sobre a importância da escola na diminuição da desigualdade têm sido empreendidas, por exemplo, pela Secretaria Especial de Políticas para Mulheres (SPM/PR), Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR/PR), Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD/MEC), que promovem cursos de formação destinados a educadores e gestores de escolas. Esses cursos, ofertados como cursos de aperfeiçoamento (180h) e/ou Especialização Lato Sensu (360h), reconhecem a escola como espaço propício à difusão de estigmas e preconceitos, e também veem seus educadores como atores importantes no combate à discriminação e ao preconceito por gênero, raça, orientação sexual, dentre outros.

Ao se tornarem as análises mais complexas, como se verifica através dos relatórios nacionais e posições consagradas em Conferência Nacional de Educação, as desigualdades, além de simplesmente constatadas, acabam adquirindo forma e especificidade; seu caráter genérico, nesse processo, passa a admitir certa possibilidade de tradução, passa a significar desigualdade de renda, desigualdade regional, desigualdade étnico/racial, compondo diferentes perspectivas sobre nossa sociedade. Nota-se, portanto, que estamos diante de sujeitos e problemas específicos, definidos e analisados a partir de critérios também específicos.

Ressalta-se que a caracterização explícita de problemas a serem enfrentados, antes de tudo, está pautada em princípios democráticos, de pluralismo, de busca de igualdade e justiça social por meio de ações que busquem equidade que responderão a problemas não resolvidos pela nossa democracia representativa. Respeitar a singularidade de cada cenário de discriminação resulta em estratégias consagradas pela evidência técnico-científica brasileira e internacional, dedicadas a colocar em pauta a não representação de vários interesses existentes na sociedade.

Pelo exposto, espera-se que, em plenário, seja retomada a discussão realizada pela Comissão Especial no que diz respeito à manutenção da especificidade do preconceito, adotando-se a redação inicial contida no projeto do PNE.

COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DO CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA

Conanda

O Conselho Federal de Psicologia participou, nos dias 4 e 5 de junho, da Assembleia do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) que debateu, entre outros pontos, a 10ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.

O edital da conferência deve ser aprovado em plenária do Conanda em julho e o evento está previsto para acontecer em dezembro de 2015. Antes da etapa nacional  serão realizadas as conferências livres e as conferências municipais e estaduais. Segundo a representante do CFP no Conanda, Esther Arantes, os Conselhos Regionais de Psicologia, preferencialmente, com os Conselhos Regionais de Serviço Social, podem organizar conferências livres nos respectivos estados para debater a situação dos profissionais no Sistema de Garantia dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes. “São inúmeros os desafios que têm sido colocados para esses profissionais no desempenho de suas atividades no âmbito das políticas de Educação, Saúde, Assistência Social, bem como no âmbito do Poder Judiciário”, ressaltou.

A previsão é que as conferências livres sejam realizadas até outubro de 2014 e os resultados sejam encaminhados ao Conanda e outras instâncias que se fizerem necessárias.

Projetos de Lei

Outro ponto de pauta da Assembleia foi o acompanhamento legislativo realizado pelo colegiado. De acordo com Arantes, diversos projetos de lei têm sido discutidos e monitorados pelo Conanda. Segundo levantamento feito pela Fundação Abrinq, em 2013, tramitavam no Congresso Nacional 711 proposições legislativas relacionais à criança e ao adolescente. “É expressivo o contingente de proposições que demandam a atenção não apenas do Conanda, mas da sociedade em geral, dos movimentos sociais e dos conselhos profissionais, dentre os quais o CFP”, alertou.

Plano Decenal

O Plano Decenal dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes, aprovado em 2011, foi outro tema debatido na reunião. O documento contém os eixos, as diretrizes e os objetivos estratégicos da Política Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente. Desde então teve início o processo de elaboração dos planos decenais estaduais e municipais, sendo o Paraná, o primeiro estado a cumprir a tarefa. O plano decenal paranaense foi apresentado à sociedade durante seminário que contou com a presença da representante do CFP no Conanda, Esther Arantes, nos dias 3 e 4 de junho.

BVS Brasil

O Conselho Federal de Psicologia, membro do Comitê Consultivo da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS Brasil), assinou termo de compromisso para fortalecimento da BVS Brasil, durante reunião do colegiado, em maio.

Com isso, o CFP, em conjunto com outras entidades, assumiu o compromisso de apoiar e promover a gestão do fluxo da informação e conhecimento científico em saúde na BVS Brasil.

Dentre as ações previstas para concretizar o objetivo estão a definição das necessidades de informação em saúde no País, a identificação de oportunidades e prioridades para a biblioteca, a aprovação periódica do plano de trabalho e o acompanhamento efetivo do desempenho da BVS Brasil.

As entidades signatárias reconhecem que o acesso equitativo à informação e conhecimento é condição essencial para melhorar as condições de saúde e aumentar a qualidade de vida dos indivíduos e das comunidades.

Subtração internacional de crianças

DSC_1262 editadaVisando melhorar a compreensão dos  (as) profissionais de Psicologia sobre a Convenção de Haia e casos de subtração, foi  realizado, na sexta-feira (30/5), o seminário “O Papel da Psicologia nos Casos de Subtração Internacional de Crianças à Luz da Convenção de Haia de 1980”. O evento foi organizado pela Autoridade Central Administrativa Federal (ACAF) da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e contou com o apoio do Conselho Federal de Psicologia (CFP).

Segundo a presidente do CFP, Mariza Borges, que participou do seminário, é preciso fazer um exercício de diálogo entre as duas áreas – Direito e Psicologia. “Temos os nossos textos, que caracterizam as nossas áreas, e precisamos encontrar um meio de conversar sem que seja necessário mudar as características de atuação de ambas as profissões”, ressaltou.

A ministra da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Ideli Salvatti, ressaltou que as questões que envolvem a subtração devem sempre priorizar a criança e girar em torno seus interesses. “É pelos olhos delas que temos que analisar a Convenção da Haia e o papel dos psicólogos é decisivo, importante e fundamental para o sucesso e bem estar deste segmento”, afirmou.

Papel da Psicologia 

As exceções explicitadas na Convenção sobre o retorno da criança ao país de origem devem ser alvo de atenção dos profissionais que atuam nos casos de subtração.  É o caso, por exemplo, de o cuidador da criança não exercer efetivamente o direito de guarda, ou se existir risco grave para a criança no seu retorno. “Aí entra papel do psicólogo, de verificar condições mentais e psicológicas, para ver se a volta causará trauma maior à criança do que se ela ficar”, destaca a desembargadora e Juíza de Ligação no Brasil para a Convenção da Haia de 1980, Mônica Sifuentes.

O respeito ao interesse superior da criança foi ainda ressaltado pelo juiz federal Wilney Magno, que também é representante do Brasil na reunião de Especialistas para elaboração do Guia de Boas Práticas em mediação para a aplicação da Convenção de Haia. De acordo com a Convenção, este interesse está na convivência de ambos os genitores da maneira como é definido pelo juiz natural. “Caso esta convivência não seja harmônica, cabe ao juiz estabelecer como ela será feita. Não é possível, em caso de separação, pedir que a criança faça uma escolha. Não é ela que pertence aos pais, mas sim o contrário”, explicou ele.

Já a psicóloga e perita Ana Eugênia Garcia destacou que, ao atuar na perícia, o psicólogo está prestando serviços ao juiz. “Precisamos lembrar que a investigação especializada dá ao juiz a possibilidade de ser mais justo, fornecendo mais detalhes sobre a dinâmica e o processo do indivíduo”.

Durante a parte da tarde, foi realizada uma análise de caso, mediada pelo psicólogo e colaborador do CFP , Enrico Braga, e, pela psicóloga que atua na ACAF/SDH/PR, Silvia Edith Marques. O momento proporcionou troca de informações e esclarecimento de dúvidas entre os debatedores e o público.

Segundo Braga, essa aproximação de discursos da Psicologia e do Direito auxilia não só a atuação dos psicólogos, mas também dos operadores do Direito, resultado que tende a corroborar com o desfecho bem sucedido dos casos de subtração. “O objetivo é que as partes envolvidas possam resolver o impasse e aceitar o direito de convivência e contato da criança com ambos os genitores”, disse.

A Convenção

A Convenção da Haia está em vigor em 87 países e começou a ter destaque, segundo Mônica Sifuentes, em 1970, quando surgiram os primeiros casos de subtração praticados no país. Na época, estava em vigor outra convenção sobre proteção de crianças e o juiz responsável era o da residência atual da criança.

Após um longo caminho de discussões, chegou-se à conclusão de que para restabelecer a igualdade entre as partes, o juiz deveria ser aquele da última residência, antes da criança ser subtraída.

Formação continuada

Em sua fala de encerramento, a presidente do CFP colocou a autarquia  à disposição para ajudar a pensar e a construir uma formação continuada das (os) psicólogas (os) por meio de debates entre a Psicologia em interface com a justiça, principalmente no que diz respeito ao tema do seminário. “A ideia é promover uma série de debates, materiais, vídeos, podendo assim veicular e difundir o tema em ampla escala para que diversas pessoas possam ter acesso a ele”, explicou Borges.

 

Comunicação Científica

O Conselho Federal de Psicologia participou, no dia 23 de maio, em São Paulo, do 1º Encontro Bilateral Brasil-China em Comunicação Científica. O evento reuniu editores de periódicos e profissionais de comunicação científica da China e do Brasil com o objetivo de intercambiar ideias, informação e experiências em editoração, publicação e disseminação de periódicos com ênfase na promoção da visibilidade internacional.

Segundo a representante do CFP no encontro, Silvia Koller, as experiências mostraram especialmente as estratégias de internacionalização e disseminação da ciência produzida em diversas áreas do conhecimento. “Os pesquisadores e editores chineses demonstraram interesse em obter produções de colegas brasileiros submetidas às suas revistas, bem como enviar artigos chineses para publicação em nosso país”, ressaltou Koller.

Nota do CFP

O Conselho Federal de Psicologia entrou em contato, via ofício, com a Rede Globo para expor a preocupação com o conteúdo da matéria que seria veiculada no Fantástico, domingo, 25 de maio, sobre a avaliação psicológica de Suzane Von Richthofen.

Na ocasião, informou à emissora o caráter confidencial  da avaliação psicológica e se colocou à disposição para colaborar no conteúdo da matéria, sem, no entanto, expor a pessoa avaliada e sem confrontar o Código de Ética da profissão.

A matéria não foi exibida, mas a emissora ainda pretende colocar no ar. Dessa forma, o CFP reitera sua preocupação com a notícia e vai continuar dialogando com a Rede Globo para acompanhar os desdobramentos do caso e adotar as providências cabíveis para garantir o sigilo desse instrumento psicológico, bem como preservar a atuação das (os) psicólogas (os) e das pessoas avaliadas.

Nota pública

O Conselho Federal de Psicologia vem manifestar sua preocupação em relação à forma como temas do Plano Nacional de Educação foram tratados pela Comissão Especial, em função das alterações propostas pela Emenda nº 3, do Substitutivo do Senado, ao texto do Projeto de Lei da Câmara nº 103/2012 (nº 8.035/2010 na Casa de origem), que dispõe sobre o PNE e dá outras providências. Ao se retirar do texto a menção explícita ao preconceito e discriminação em razão de origem ou pertencimento regional, étnico-racial, de gênero ou sexualidade, uma pluralidade de vozes e olhares foram silenciadas. Dentre as vozes, preocupa ao Conselho que a informação sobre evidência técnico-científica tenha sido desconsiderada.

As metas e ações previstas no Plano Nacional de Educação (PNE) deveriam ser compreendidas a partir de um quadro normativo mais amplo. Como previsto na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e uma vez que tratam de temáticas concernentes às diversas instituições e sujeitos que compõem o Sistema de Ensino em seus distintos níveis, a formulação de políticas públicas em educação deve estar associada ao compromisso com formas democráticas de gestão e participação. É possível reconhecer no texto os profícuos debates travados nas etapas da Conferência Nacional de Educação ou, retrocedendo-se um pouco mais, os diagnósticos sobre as falhas percebidas no “Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação” e no “Plano Desenvolvimento da Educação”. Em maior ou menor escala, ainda que coordenadas pelo Executivo Nacional, os dois processos contaram com a participação e colaboração de representantes de Conselhos de Educação, órgãos do poder executivo – estadual e municipal-, além de pessoas vinculadas a diversas instituições comprometidas com atividades de formação humana.

A incorporação de questões trazidas por fóruns anteriores, convertidas em metas do próximo decênio, aponta para o fato de que, ao se pensar políticas públicas em educação, a arena legislativa deve ser apoiada em suas decisões frente ao conjunto de desafios políticos e sociais envolvidos no processo de escolarização. Nessa direção, este Conselho vem a público manifestar-se no debate para afirmar que, diferentemente do que foi colocado por alguns integrantes da Comissão, questões relacionadas ao racismo, machismo, sexismo e homofobia não estão vinculadas a uma perspectiva escatológica de uma imaginada “ditadura gay”, mas são questões que resultam da desigualdade de acesso à escolarização de vários segmentos majoritários da população brasileira, em especial os negros; e a expulsão da escola de jovens que adotam, como garante a nossa Constituição, crenças ou identidades sexuais diferentes da maioria.

São dilemas que profissionais de educação, comprometidos com uma lógica democrática, enfrentam cotidianamente no desempenho de suas funções. A perversa interseção entre cor da pele e origem étnica, gênero, sexualidade e educação tem sido analisada por diversos institutos de pesquisa brasileiros. Estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), UNESCO e Fundação Perseu Abramo têm indicado taxas elevadas de preconceito e de violência originadas por questões específicas como identidades de gênero, pertencimento racial e étnico e regionalidades nas escolas. Mais importante é: todas essas pesquisas apontam que quanto maior o índice de preconceito racial/étnico e de gênero/orientação sexual, menor é o índice de aprendizado revelado pelo índice de desenvolvimento da educação básica.

Aparentemente, a mudança textual operada pela Comissão Especial não leva em consideração os dados das pesquisas acima. A opção pela noção genérica de enfrentamento a quaisquer formas de preconceito e discriminação é claramente insuficiente frente aos problemas até então diagnosticados: há a pressuposição de que, ao se defender o interesse de todos, as partes estariam, logicamente, contempladas. Ocorre, porém, que em temas relacionados a Direitos Humanos é preciso o reconhecimento de uma cena que não é dada logicamente de antemão, mas que se vincula à realidade concreta, cada caso de discriminação do direito à educação e a não discriminação demanda ações específicas.

Como exemplo, podemos simplesmente observar a condução dos trabalhos da Comissão Especial e o conjunto de relações que ali se estabeleceram. Os defensores de uma posição universalista e descaracterizada carregavam, com orgulho, cartazes em que se lia: “Gênero Não!”. Demonstrava-se, com isso, uma nova forma de fazer política na atualidade: pautar temáticas gerais, na certeza de que, nessa generalidade, determinados temas e sujeitos não cabem. Trata-se da defesa de um universalismo igualitário que, paradoxalmente, reforça a manutenção de formas históricas de preconceito e discriminação, nomeadamente o racismo, o sexismo, o machismo e a homofobia em suas distintas dinâmicas regionais. A esse respeito, vejamos algumas análises conjunturais propostas pelo IBGE na síntese de indicadores sociais de 2012:

  • Ao se cruzar raça/cor e remuneração, constatou-se que o rendimento médio das pessoas pretas e pardas equivale a 60% do rendimento das pessoas brancas (IBGE, 2012, p. 140); relacionando-se renda e evasão escolar, estimou-se que os jovens pertencentes ao quinto mais pobre da população têm 14,6 vezes menos chances de completar o ensino médio que os jovens pertencentes ao quinto mais rico (IBGE, 2012, p. 119); considerando sexo e taxas de mortalidade, verificou-se que a probabilidade de morte por causas externas entre homens é quase 6 vezes maior que entre as mulheres (IBGE, 2012, p. 206).
  • Ainda segundo o IBGE, no mercado brasileiro, a população mais escolarizada tende a procurar trabalhos mais formalizados e, ultimamente, as mulheres ocupadas apresentaram um aumento superior ao dos homens tanto no que diz respeito à escolaridade, como à formalização do trabalho (IBGE, 2012, p. 138 – 139).  Curiosamente, esse quadro parece não ter se traduzido em igualdade: constatou-se que, entre os mais escolarizados (12 anos ou mais de estudo), a desigualdade de rendimentos é extremamente elevada, dado que as mulheres recebem 59,2% do rendimento auferido pelos homens (Idem, p. 140).

Ações importantes para dar conta da evidência acumulada sobre a importância da escola na diminuição da desigualdade têm sido empreendidas, por exemplo, pela Secretaria Especial de Políticas para Mulheres (SPM/PR), Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR/PR), Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD/MEC), que promovem cursos de formação destinados a educadores e gestores de escolas. Esses cursos, ofertados como cursos de aperfeiçoamento (180h) e/ou Especialização Lato Sensu (360h), reconhecem a escola como espaço propício à difusão de estigmas e preconceitos, e também veem seus educadores como atores importantes no combate à discriminação e ao preconceito por gênero, raça, orientação sexual, dentre outros.

Ao se tornarem as análises mais complexas, como se verifica através dos relatórios nacionais e posições consagradas em Conferência Nacional de Educação, as desigualdades, além de simplesmente constatadas, acabam adquirindo forma e especificidade; seu caráter genérico, nesse processo, passa a admitir certa possibilidade de tradução, passa a significar desigualdade de renda, desigualdade regional, desigualdade étnico/racial, compondo diferentes perspectivas sobre nossa sociedade. Nota-se, portanto, que estamos diante de sujeitos e problemas específicos, definidos e analisados a partir de critérios também específicos.

Ressalta-se que a caracterização explícita de problemas a serem enfrentados, antes de tudo, está pautada em princípios democráticos, de pluralismo, de busca de igualdade e justiça social por meio de ações que busquem equidade que responderão a problemas não resolvidos pela nossa democracia representativa. Respeitar a singularidade de cada cenário de discriminação resulta em estratégias consagradas pela evidência técnico-científica brasileira e internacional, dedicadas a colocar em pauta a não representação de vários interesses existentes na sociedade.

Pelo exposto, espera-se que, em plenário, seja retomada a discussão realizada pela Comissão Especial no que diz respeito à manutenção da especificidade do preconceito, adotando-se a redação inicial contida no projeto do PNE.

COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DO CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA

BVS Brasil

bvs1 (4)O Conselho Federal de Psicologia participou nos dias 15 e 16 de maio da cerimônia de conformação e da 1ª reunião do Comitê Consultivo da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS Brasil). O Conselho Consultivo é uma nova instância criada com o objetivo de fortalecer a governança da biblioteca e vai colaborar no estabelecimento de prioridades e do plano de trabalho da BVS Brasil.

Para dar andamento aos trabalhos do comitê, cada conselheira (o) deve levar demandas da área específica que representa e opinar sobre as propostas para a biblioteca. A presidente Mariza Borges representou a autarquia e explicou a atuação da Psicologia. “Vamos fazer um planejamento em interlocução com as outras entidades que representam a Psicologia para fazer proposições que atendam à categoria profissional”, disse.

O colegiado, criado neste ano, é composto por representantes das instancias BVS do Brasil eleitos durante a VII Reunião da Rede BVS no Brasil:

Saúde Pública – Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), Dr Moisés Goldbaum

Gestão da Informação em Saúde – Ministério da Saúde, Eugênia Calazans

Ensino e Pesquisa em Saúde – Vice Presidente de Ensino, Informação e Comunicação da FIOCRUZ, Dra. Paula Xavier

Indicadores de Saúde – Rede Interagencial de Informações para a Saúde (RIPSA), Dra. Christiane Santos Matos

Medicina – Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), Dr Michael Duncan

Odontologia – Associação Brasileira de Ensino Odontológico (ABENO);
Dra Ana Estela Haddad

Enfermagem – Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), Profa Angela Alvarez

Psicologia – Conselho Federal de Psicologia, Profa Mariza Monteiro Borges