CFP sedia reunião do Fórum dos Conselhos Federais da Área da Saúde

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) sediou, em Brasília, a 192ª Reunião Ordinária do Fórum dos Conselhos Federais da Área da Saúde (FCFAS) – entidade que reúne 14 profissões e que tem como missão resguardar o direito à vida por meio da promoção do exercício ético e legal dessas profissões.

Ao longo de dois dias de diálogos, as Comissões de Educação, de Orientação e Fiscalização, de Assuntos Parlamentares, além do Plenário do FCFAS, debateram temas relevantes para o fortalecimento dessas profissões e para o direito à saúde no Brasil.

Entre os destaques, esteve a elaboração de uma carta compromisso em defesa do direito à saúde para ser apresentada a candidatos a cargos eletivos em âmbito federal e estadual.

O documento reúne um conjunto de nove diretrizes que visam manter e aprimorar o Sistema Único de Saúde (SUS), com a participação ativa da sociedade civil, bem como para o efetivo cumprimento dos direitos assegurados pela Constituição Federal de 1988.

“O objetivo é que essas diretrizes sejam incorporadas aos programas de governo da Presidência da República e aos dos governos estaduais, bem como pelos representantes no Senado Federal e na Câmara dos Deputados”, detalha o conselheiro Rodrigo Acioli, representante do Conselho Federal de Psicologia no FCFAS.

Durante a abertura da atividade, no momento intitulado “Espaço do Presidente”, a presidente do Conselho Federal de Psicologia, Ana Sandra Fernandes, destacou os desafios no campo da saúde – intensificados no contexto da pandemia da Covid-19 – e da necessidade de um compromisso ético-político de defesa do SUS.

Ana Sandra Fernandes também reafirmou a presencialidade como condição indispensável para a formação de qualidade em Psicologia. “Há um caráter relacional da identidade profissional de psicólogas e psicólogos, que não pode prescindir do contato sensível, do compartilhamento e do confronto de ideias, assim como de concepções e experiências de vida”, reforçou.

Reuniões Plenária e das Comissões

Outro importante tema debatido pelo FCFAS foi a necessidade de reconhecimento formal de Tecnólogos em Radiologia como profissionais da área da saúde. A Comissão de Educação do FCFAS destacou a importância de inclusão dessa categoria na portaria interministerial MEC/MS nº 7 de 16 de setembro de 2021, que dispõe sobre a estrutura, organização e funcionamento da Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde (CNRMS) e institui o Programa Nacional de Bolsas para Residências Multiprofissionais e em Área Profissional da Saúde.

Durante o encontro as entidades do FCFAS também destacaram, no âmbito dos trabalhos da Comissão de Orientação e Fiscalização, a necessidade de que sejam construídos caminhos comuns para os processos éticos em todos os conselhos profissionais da área da saúde.

Além da 192ª reunião, promovida em 18 de agosto, o Conselho Federal de Psicologia também sediou a 190ª reunião do FCFAS, em junho deste ano.

Sobre o FCFAS – O Fórum dos Conselhos Federais da Área de Saúde (FCFAS) é organização criada com o objetivo de reunir os Conselhos Federais de Saúde, em forma colegiada, para debaterem pautas voltadas aos profissionais que representam.

Participam do FCFAS o Conselho Federal de Psicologia, Biologia, Biomedicina, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutricionistas, Odontologia, Serviço Social e Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia

Cursos de saúde a distância: Conselhos Federais são contrários

O Brasil tem 1.473 cursos de educação superior a distância. Desse total, 32 são na área da saúde. São dois de Enfermagem, um de Educação Física, 26 de Serviço Social, dois de Tecnologia em Radiologia e um de Nutrição. Nas 2,387 mi vagas oferecidas (das quais, 119,3 mil da saúde), 639.5 ingressos foram registrados (32,6 mil na saúde). Entre os 233,7 mil concluintes, 18.067 são da saúde. Os dados, que datam de 2015, são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC).

Em 2010, foram oferecidos 930 cursos, sendo 17 da área de saúde (dois de Enfermagem, 13 de Serviço Social, um de Tecnologia em Radiologia e um de Fisioterapia). Nas 1,634 mi vagas, 119 mil eram na área da saúde. Naquele ano, foram feitas 930,1 matrículas, 75.141 na saúde. Dos 144,5 mil concluintes, 9.046 eram provenientes de cursos da área da saúde.

O crescimento é vertiginoso. A expansão da educação a distância na saúde foi o tema de debate na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, nessa terça-feira (8/8), com participação de representantes do governo e de instituições de ensino. O coordenador do Fórum dos Conselhos Federais da Área da Saúde (FCFAS), Cassio Fernando Silva, afirma que os cursos de saúde precisam de treinamento de forma continuada, algo que a distância não pode dar.

Conselhos Federais são contrários

A vice-presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Ana Sandra Fernandes, presente à discussão, considera preocupante que empresários da educação proponham projetos que tratam educação como comércio ou mercadoria. “O que está em jogo, no caso a qualificação profissional, é o atendimento à população”.

Segundo a representante do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), Dorisdaia Humerez, no curso a distância, 20% do tempo de estudo são dedicados a atividades de laboratório nos polos de apoio presencial das faculdades, atualmente presentes em 40% dos municípios brasileiros. Em visita a um dos polos, por insistência do Ministério Público Federal, Humerez disse que uma calamidade está em curso no país. “Encontramos polos de apoio presencial no fundo de uma padaria.”

Sem laboratórios, biblioteca ou infraestrutura, a maioria dos polos fica em pequenos municípios, que não oferecem condições para a prática de estágio supervisionado. A fiscalização constatou até mesmo oferta de curso não credenciado no Ministério da Educação (MEC).

Decreto 9057/17

O CFP apoiou nota divulgada, dia 2 de junho, pela Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (Abep) em repúdio ao conteúdo do Decreto Presidencial nº 9.057, de 25 de maio de 2017. O documento legal autoriza, na prática, a oferta de cursos de graduação em nível superior realizados exclusivamente pela internet, até mesmo na área da saúde.

Com informações da Agência Câmara e do Conselho Federal de Enfermagem