Auxílio aos familiares das vítimas em Santa Maria

Em face da tragédia ocorrida na madrugada deste domingo (27/1), em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, o Conselho Federal de Psicologia (CFP), juntamente com a Associação Brasileira de Psicologia em Emergências e Desastres (Abraped), o Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul e a Subsede de Santa Maria, lamenta a perda das mais de 200 vidas no incêndio da boate Kiss.

Uma equipe de psicólogas (os) está acompanhando de perto toda situação e pronta para atender os parentes das vítimas com plantão de atendimento na Subsede Centro-Oeste, em Santa Maria, pelos telefones (55) 3219.5299, (51) 8421.9108, (51) 8421.9107 ou na Subsede, localizada na Rua Marechal Floriano, 1709/401, em Santa Maria/RS.

A estrutura do Conselho Regional estará em alerta para auxiliar às famílias das vítimas no que for necessário neste triste momento. Apesar de todo esse esforço, qualquer trabalho voluntário é bem vindo.

*Com informações do CRP-RS.

CFP lamenta morte do psicólogo Lídio de Souza

Na manhã de quarta-feira (23/1), a Psicologia perdeu uma ilustre profissional, Yvone Khouri.  Há cerca de um mês, a categoria também ficou de luto com a morte de outro grande psicólogo, Lídio de Souza, em 27 de dezembro de 2012. A causa do óbito foi parada cardíaca. Ele tinha 58 anos.

Lídio graduou-se em Psicologia pela Universidade Braz Cubas, em 1979. Em 1986 concluiu o mestrado em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Em 1995 obteve o título de doutor em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo (USP) e, em 2006, terminou o pós-doutorado no mesmo tema também pela USP.

Souza era especialista na área de Psicologia Social, com ênfase em relações intergrupais, onde desenvolveu e orientou estudos nos seguintes temas: violência e exclusão, identidade social, representação social, gênero e direitos humanos.

No campo profissional, seu último trabalho foi como professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia e no Departamento de Psicologia Social e do Desenvolvimento da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Em toda sua carreira, produziu uma série de artigos, livros e capítulos sobre um conjunto de temas articulados no âmbito da Psicologia Social.

Pelas suas contribuições à profissão, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) demonstra seu reconhecimento público a este dedicado psicólogo brasileiro.

Nota de pesar

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) lamenta o falecimento da psicóloga Yvonne Alvarenga Gonçalves Khouri. Ela tinha 89 anos e foi vítima de uma parada cardíaca na quarta-feira (23/1), às 8h45. Deixa filhos e netos. O enterro será realizado hoje no Cemitério do Araçá, em São Paulo.

Nascida em 19 de dezembro de 1923, Yvonne Khouri graduou-se em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), em 1953. Em 1974, concluiu o doutorado em Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP).

Entre 1988 a 1999 presidiu o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP-SP) e o CFP. Sua gestão no Sistema Conselhos contemplou iniciativas importantes, como a organização do I Congresso Nacional de Psicologia (CNP) que favoreceu a discussão de metas para todos os Conselhos Regionais e todos os sindicatos dos Psicólogos do Brasil.

Como psicóloga atuante, participou dos grupos do Núcleo de Pesquisa da USP: Currículo, Estado e Sociedade, além de ter sido pioneira na área de Psicologia Escolar. Yvonne, juntamente com Marília Borges e Antônio Virgílio, participou da primeira Comissão de Especialistas de Psicologia no Ministério da Educação (MEC). Com Ana Saul, fundou a Cátedra Paulo Freire, na PUC/SP.

Também apresentou diversos trabalhos em eventos científicos, tecnológicos e artísticos. Suas atuações estão presentes nos anais do I Congresso Brasileiro Multidisciplinar de Educação Especial e em diferentes publicações sobre Educação Inclusiva da pessoa com deficiência mental.

Por todos esses trabalhos prestados, a Psicologia brasileira lamenta a perda desta grande profissional, que representou inúmeros avanços na profissão.

Câmara dos Deputados debate com a sociedade Psicologia e orientação sexual

A Resolução 001/99 do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que orienta profissionais da área a não patologizar a cura de homossexuais, será tema de um videochat no site da Câmara dos Deputados nessa quinta-feira (20), a partir das 16h. Os cidadãos poderão debater o Projeto de Decreto Legislativo (PDC), de autoria do deputado João Campos (PSDB-GO), que propõe revogar artigos da Resolução do CFP.

Durante o debate, o relator da proposta na Comissão de Seguridade Social e Família, deputado Roberto de Lucena (PV-SP), vai ouvir a sociedade e acatar sugestões de mudanças no texto. Por isso, é importante que psicólogas (os) de todo o país se mobilizem para defender essa importante resolução do CFP. Para participar do videochat, acesse o portal Câmara Notícias pelo link e clique no banner. O link estará disponível apenas no horário do bate-papo.

O PDC estava na pauta da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados desta quarta-feira (19), mas não foi votado pelos parlamentares. Como essa foi a última sessão do ano, a proposta será votada pela comissão apenas em 2013. Na semana passada, o relator, deputado Roberto de Lucena, apresentou parecer favorável ao projeto.

A Resolução orienta profissionais da área a não usar a mídia para reforçar preconceitos contra os homossexuais nem propor tratamento para curá-los. A homossexualidade deixou de constar no rol de doenças mentais classificadas pela Organização Mundial da Saúde há mais de 20 anos, no entanto, ainda há pessoas que insistem em tratá-la como patologia e propõem formas de cura.

Erradicação da tortura

A erradicação da tortura em nosso país é luta contínua, especialmente porque tal prática não se fundamenta em questões individuais. A tortura é uma ação que tem natureza política, considerando que ela se insere em um jogo de forças onde o mais vulnerável sucumbe e é silenciado.

Na legislação brasileira (Lei 9455/97) a tortura é definida como ato de constranger alguém mediante violência ou grave ameaça com o objetivo de obter informações, declaração ou confissão, infligindo-lhe sofrimento físico ou moral, comprometendo sua dignidade humana.   Um dos grandes desafios existentes no combate à tortura  é a tolerância social que compreende e, vezes, justifica a tortura quando esta é impingida a grupos já estigmatizados ou a situações que remetam a uma ideia de “vingança social”.

Dessa forma, instituições de privação de liberdade são palcos perfeitos para ocorrência da tortura, seja em delegacias, seja em prisões, seja em instituições de saúde mental, seja em instituições socioeducativas,  dentre outras. Lá estão as pessoas que muitos querem esquecer… que estão totalmente subjugados, sem voz, sem vida.

Considerando este cenário, tramita na Câmara Federal o PL 2442/2011, que institui o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura que prevê a instalação de um Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, um órgão autônomo, composto por 11 peritos, com a prerrogativa de visitar todo e qualquer local de privação de liberdade, sem prévio aviso, além de exercer o monitoramento regular e periódico dos locais de privação de liberdade.

Precisamos do seu apoio!! Muitos estão morrendo por descaso de tod@s nós.

A votação será nesta semana e não acontecendo, poderá ficar engavetada. Mande email aos deputados solicitando a aprovação do PL 2442/2011!

Redução da idade penal

Diante da informação de que no dia 5 de dezembro esta Casa poderá votar a Proposta de Emenda Constitucional nº 33 de 2012, que altera a redação dos artigos 129 e 228 da Constituição Federal, o que incidiria na redução da idade penal de 18 para 16 anos, o Conselho Federal de Psicologia dirige-se aos excelentíssimos senadores e senadoras para manifestar a imensa preocupação com o retrocesso que representa essa proposta.

Os avanços na garantia dos direitos de crianças e adolescentes decorrem de transformações preconizadas pela Convenção Internacional dos Direitos da Criança e do Adolescente da qual o Brasil é signatário há mais de duas décadas (Decreto nº 99.710/1990), quando foi promulgada a lei que instituiu o Estatuto da Criança e do
Adolescente (Lei 8090/1990).

As transformações resultantes com a aprovação destas leis foram progressistas e quebraram com tradições autoritárias, centralizadoras e com o parâmetro doutrinário vigente no Brasil até então, denominado Doutrina da Situação Irregular. Também avançamos na medida em que o ECA consolidou os princípios da chamada Doutrina
da Proteção Integral, na qual crianças e adolescentes passaram a ser considerados como sujeitos de direitos e devendo receber prioridade absoluta nas políticas públicas e no orçamento estatal.

Além destas relevantes transformações no marco legal, fruto de intensa luta da sociedade brasileira para colocar os Direitos Humanos no centro de nossas preocupações, o ECA rompe com a injusta e histórica divisão da infância brasileira entre “criança” e “menor”, presente nos Códigos de Menores de 1927 e de 1979.  Mais recentemente, a promulgação da Lei nº 12.594/2012 estabelece o Sistema Nacional Socioeducativo (SINASE), em consonância com todos os princípios constitucionais e legais de garantias dos direitos de crianças e adolescentes.

Diante deste cenário de avanços nos marcos legais e normativos, muitos dos quais sequer obtiveram êxito integralmente por não terem sido colocados em prática, consideramos a proposta de redução da idade penal um retrocesso na luta pelos Direitos Humanos, uma tentativa de simplificar questões de extrema complexidade, ampliando a lógica penal do encarceramento da pobreza e dos jovens negros.

O Estado e a sociedade, ao não promover e garantir a efetividade dos direitos fundamentais de crianças e adolescentes, não pode, em substituição às políticas públicas de saúde, educação e assistência, tomar a injusta decisão de reduzir a idade penal como resposta a clamores midiáticos e populistas pelo recrudescimento penal,
criminalizando seletivamente parcela da população brasileira.

A decisão pela faixa etária em questão não se deu pela ausência de discernimento ou alienação de adolescentes, como alas mais conservadoras da sociedade, coerentes com o antigo Código de Menores, têm apregoado. Cumpre ressaltar que além do fato de adolescentes se encontrarem em fase de desenvolvimento peculiar, com demandas afetivas, econômicas e políticas mais vulneráveis, eles se encontram em faixa etária que se coaduna com o tempo e permanência na educação formal prevista pelo governo brasileiro.

Espera-se que aos dezoito anos adolescentes já tenham concluído o ensino médio com vistas à inserção no mercado de trabalho. Desta forma, abrir-lhes a porta da prisão precocemente é fechar a porta para momento oportuno de contribuir não apenas com seu próprio desenvolvimento, mas também para o desenvolvimento do país. Ou seja, é ir à contramão da política de estado brasileiro. Eles perdem, o Brasil perde.

Esperamos que os (as) ilustres senadores e senadoras se sensibilizem diante da gravidade da situação na qual adolescentes estão sendo injustamente colocados como responsáveis pela violência no Brasil, em uma sociedade de grandes paradoxos e contradições.

 

Estatuto da Criança

A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados, aprovou, em 14 de novembro, o projeto de lei que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente. O texto, de autoria do deputado Hugo Leal (PSC-RJ), permite que a Justiça aumente o prazo de reclusão de adolescentes em conflito com a lei até os 26 anos de idade, caso necessário.

Atualmente, a Lei 8069/90, que estabeleceu o Estatuto da Criança, prevê que o jovem em cumprimento de medida sócio-educativa, ao completar 21 anos, tenha acesso à liberdade imediatamente.

De acordo com o Código Penal, ao atingir esta idade, o Estado-Juiz perde o direito de punir o adolescente. Nesse sentido, o deputado Leal defende no dispositivo a permanência do jovem, até os 26 anos, em unidades socioeducativas de internação.

Para o Conselho Federal de Psicologia (CFP), caso seja aprovada nas comissões de Seguridade Social e Família e de Constituição e Justiça e de Cidadania, a medida afetará a defesa e garantia de direitos do adolescente, além de caracterizar imenso retrocesso para a democracia brasileira.

Com base nesse cenário, o CFP assume o compromisso de intensificar sua luta, ao lado de diversas entidades que defendem direitos da infância e da adolescência no país, para que a referida proposta seja recusada nas outras comissões em que o projeto de lei ainda vai tramitar.

Defendemos o fortalecimento do Sistema de Garantia de Direitos das crianças e adolescentes, somos favoráveis ao caráter de excepcionalidade e brevidade das medidas socioeducativas de internação, defendemos a prioridade das medidas socioeducativas em meio aberto tal como preconiza o ECA e somos totalmente contrários ao aumento de punições de caráter penal e de encarceramento excludente.

Nota de Repúdio da Comissão de Direitos Humanos do CFP à Revista Veja

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) vem a público repudiar o artigo do jornalista José Roberto Guzzo, “Parada gay, cabra e espinafre”, publicado na edição desta semana da Revista Veja.  Além de preconceituoso, o jornalista demonstra total desconhecimento da realidade brasileira, uma vez que a comunidade LGBT tem conseguido inúmeras vitórias em sua luta pela igualdade e garantia de direitos.

Durante todo o texto, o jornalista usa, propositadamente, o termo “homossexualismo” para falar de orientação sexual. Porém, é necessário reafirmar que o sufixo “ismo” refere-se a uma patologia e homossexualidade não é doença, pois, desde 1990, não consta na lista de doenças mentais classificadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Ao tentar culpar os homossexuais por sua própria discriminação, o jornalista acaba incitando a violência e o preconceito. O discurso moralista nada mais é do que um ataque direto à comunidade LGBT. Guzzo faz questão de frisar que o casamento é, por lei, “a união entre homem e mulher, e não pode ser outra coisa”. No entanto, ele desdenha as decisões recentes do Supremo Tribunal Federal e os projetos de lei que tramitam no Congresso que legalizam o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

De forma grosseira e inadequada, Guzzo compara os homossexuais a “cabras e espinafres”. Em um trecho ele diz que “um homem também não pode se casar com uma cabra, por exemplo; pode até ter uma relação estável com ela, mas não pode se casar”. É preciso lembrar, no entanto, que gays não são cabras (nem espinafres), mas humanos que têm seus direitos e deveres como qualquer outro cidadão brasileiro, não constituindo-se, portanto, na busca de qualquer tratamento privilegiado, como sugere o jornalista. Cabras e espinafres não declaram imposto de renda, votam, estudam e trabalham, como fazem os homossexuais e, principalmente, não sofrem por discriminação e preconceito.

Repudiando todo o conteúdo desse artigo cruel, o CFP esclarece, por fim, que a homofobia não é um problema que afeta apenas a população LGBT. Ela diz respeito também ao tipo de sociedade que queremos construir. O Brasil só será um país democrático  de fato se incorporar todas as pessoas à cidadania plena, sem  nenhum tipo de discriminação. O reconhecimento e o respeito à diversidade e à pluralidade constituem um fundamento da democracia.

Sistema prisional

Quinhentos e trinta e oito mil. Esse é o total da população carcerária no Brasil e não há espaço para todo mundo, já que, de acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), as vagas não chegam a 300 mil, contando os 1.771 presídios existentes no País. Com as superlotações, as prisões sofrem com a ausência de políticas articuladas nas áreas da psicologia, assistência social, justiça e saúde.

Esse contexto pautou a mesa sobre “Trabalho interdisciplinar nas políticas públicas no sistema prisional: articulando redes e construindo laços sociais”. O debate aconteceu na sexta-feira (9/11), na sede do CFP, em Brasília, durante o seminário “Atuação no Sistema Prisional Brasileiro: Desafios e Perspectivas”.

Para a psicóloga do campo jurídico, Márcia Badaró, que atuou por 30 anos no sistema prisional, é preciso mudar a forma de atuação das prisões por meio de uma concepção interdisciplinar, que inclua os profissionais envolvidos com o tema. “As dificuldades são muitas e a burocracia das práticas dificulta qualquer projeto criativo e inovador que fortaleça os laços sociais voltados para a saúde integral da população carcerária”, destaca.

Do ponto de vista da assistência social, a docente do serviço social da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Andrea Torres, enfatiza que a atual concepção do sistema penitenciário é conservadora e desatualizada como projeto profissional ético-político. “Há conflito porque a concepção de cura e tratamento para os presos ainda rege o judiciário e os profissionais da área. Uma conversa de 15 minutos não fornece elementos para um exame criminológico, é preciso um estudo social”, considera.

Para mudar esse cenário, seria preciso realizar trabalhos dentro do sistema prisional, com inspeções periódicas e legislações que promovam os direitos humanos, devolvendo a dignidade e possibilitando a ressocialização dos detentos na sociedade. “O CNJ passou pelos 27 estados e percebeu que não há tratamento penal no Brasil. Muitos presos disseram que ninguém trata o problema psíquico deles”, criticou o coordenador geral do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (DMF/CNJ), Luciano Losekann.

Losekann apontou que as medidas de segurança configuram outro entrave que precisa de solução, com redução de internação e ampliação da liberação de presos. Segundo ele, o Brasil tem hoje 4 mil pacientes em 18 hospitais de custódia em tratamento judiciário. “Soubemos de pessoas que passaram mais de 40 anos nesses estabelecimentos porque não tinham para onde ir e não havia implementação de programas sociais e leis para resolver essa questão. O tempo máximo dessa medida é o apenamento de determinado delito”, enfatiza.

O coordenador geral do DMF/CNJ sugeriu, ainda, que o sistema prisional busque ações que evidenciem o trabalho em conjunto e as políticas públicas no sistema prisional. “A situação atual ainda está incipiente e a construção de redes de articulação é precária, os laços que devem unir os atores sociais ainda são lentos e o CNJ quer servir como articulador nessa área”, sinaliza.

Conforme o agente carcerário Leandro Zaccaro, que enxerga de perto o problema do sistema prisional no país, para que a situação se transforme, é preciso mudar a mentalidade nos cursos de formação de que “bandido bom é bandido morto”. “A formação não é o único problema, o agente é só um ator. Todos os envolvidos contribuem para um panorama lamentável”, diz.

Segundo Zaccaro, é necessário entender, também, que o agente é um colaborador na implantação de políticas públicas e que ele precisa estar inserido em políticas, seminários, cursos de formação de direitos humanos e assistência social. “É ele [agente] que tem a tranca da unidade, conhece os internos e sabe qual tipo de política pode ser desenvolvida e qual não pode”, conclui.

Plano Nacional

Humanizar a questão da criminalização no País é o objetivo central do Plano Nacional de Saúde no sistema Penitenciário (PNSSP), criado em 2004 pelo Ministério da Saúde. Dos 1.771 presídios brasileiros, o plano está em apenas 272. O documento destaca que a promoção de políticas de saúde nesse setor deve contar com uma equipe mínima composta por médico, enfermeiro, dentista, psicólogo, assistente social e técnico de enfermagem.

De acordo como coordenador nacional de saúde do sistema prisional do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), Marden Soares, a expectativa é que esse plano seja mais efetivo e vire uma política, com indicadores de saúde em todas as regiões.

“Nosso intuito é fazer com que a política comece a dialogar para fora do sistema prisional. A partir disso poderemos ter a uma gestão descentralizada, com equipes multiprofissionais, com mais foco na saúde e prevenção de agravos, estruturando uma rede de atenção a saúde com monitoramento e avaliação”, ressalta o coordenador.

Soares adiantou que o plano pretende abordar estratégias específicas voltadas para as detentas, como aumento de exames preventivos do controle do câncer do colo do útero e mama, além de tratamentos contra doenças sexualmente transmissíveis e rede cegonha. No campo da saúde mental, ele sinalizou que a perspectiva é melhorar a entrada e saída de pacientes nos hospitais de tratamento psiquiátrico. “Também queremos instaurar as residências terapêuticas, inclusive para tratamento de pacientes regressos”, destaca.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, o cenário atual do sistema prisional é composto majoritariamente por homens jovens, entre 18 e 29 anos, negros e pardos, com origem nas regiões metropolitanas, com educação primária incompleta ou em fase de alfabetização.

30 horas

A Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP), da Câmara dos Deputados, aprovou nesta quarta-feira (31/10), o Projeto de Lei nº 3.338/08, que visa fixar a carga horária de trabalho semanal do psicólogo em 30 horas semanais.

O PL, de autoria do deputado Felipe Bornier(PHS-RJ), foi aprovado por unanimidade pela CTASP e segue agora para análise da Comissão de Finanças e Tributação (CFT). Após essa apreciação, será encaminhado para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJC).

Como a proposição está sujeita à apreciação conclusiva pelas Comissões, o PL não deve passar pela votação no Plenário. No entanto, a matéria poderá ser analisada no Pleno se um décimo dos deputados membros da Casa apresentar recursos pedindo tal tramitação.

Assim que for aprovado em todas as comissões, e pelo Plenário caso seja necessária a votação, o PL seguirá para sanção da presidenta Dilma Rousseff.