17ª CNS: CFP destaca compromisso da Psicologia com a assistência à saúde

O Conselho Federal de Psicologia (CFP), entidade responsável por orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício profissional de cerca de 440 mil psicólogas(os) em todo o país, participou da 17ª Conferência Nacional de Saúde (CNS), realizada entre os dias 2 e 5 de julho. 

Com o tema “Garantir Direitos e Defender o SUS, a Vida e a Democracia: Amanhã Vai Ser Outro Dia”, a etapa nacional reuniu cerca de 6 mil participantes e garantiu a  aprovação de 240 diretrizes e 1.190 propostas para saúde pública do país.. 

Durante as atividades da 17ª CNS, o Conselho Federal de Psicologia foi representado pelo presidente da Autarquia, Pedro Paulo Bicalho, além dos conselheiros Gabriel Figueiredo e Jefferson Bernardes, bem como a psicóloga Marisa Helena Alves, coordenadora da Comissão Intersetorial de Saúde Mental do Conselho Nacional de Saúde (CISM/CNS) que representa o CFP no CNS. Na ocasião, o CFP mobilizou 40 psicólogas(os) para dialogar sobre o papel da Psicologia nos espaços de participação social e deliberação de políticas públicas no campo da Saúde.

Tradicionalmente, as conferências de Saúde acontecem a cada quatro anos. Mas, de forma excepcional, a 17ª edição ocorreu após um intervalo de dez anos depois de um longo período de tratativas em relação à data. 

Na avaliação do presidente do CFP, retomar esse importante espaço de diálogo entre governo e sociedade para a construção das políticas públicas do Sistema Único de Saúde (SUS) é fundamental para garantir a assistência que a sociedade necessita. “A Psicologia brasileira, mais uma vez, ao compor esse espaço, se compromete com o cuidado à população orientado no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, tal qual se colocam os valores da Declaração Universal dos Direitos Humanos, raiz do nosso código de ética profissional”, pontuou Pedro Paulo Bicalho.

O Conselho Federal de Psicologia também esteve presente no Ato Público em Defesa do SUS, da Vida e da Democracia, espaço que reuniu delegadas(os) e convidadas(os) da 17ª CNS, além de movimentos sociais, coletivos de ativistas e parlamentares de todo o país unidos em defesa do Sistema Único de Saúde.

Contribuições da Psicologia

Em maio, antecedendo a etapa nacional da 17ª CNS, o Conselho Federal de Psicologia e a  Federação Nacional dos Psicólogos (Fenapsi) realizaram a conferência livre “A Psicologia brasileira e sua contribuição para o SUS e a saúde mental que queremos”.

O evento, que teve como objetivo engajar profissionais e estudantes da Psicologia de todo o país, recebeu 1.300 inscrições que resultaram em quase 600 credenciamentos de pessoas que, efetivamente, participaram dos diálogos. 

O resultado dessa iniciativa assegurou cinco vagas para participação de representantes da Psicologia como delegadas(os) na 17ª Conferência Nacional de Saúde. Além disso, foram deliberadas na plenária da conferência 10 propostas e duas diretrizes.

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CFP NA MÍDIA

A violência nas escolas e o papel da Psicologia no enfrentamento a esse desafio – bem como no cuidado às crianças e às(aos) adolescentes vítimas ou que presenciaram situações desse tipo – foram tema de matéria publicada no portal Terra. O conteúdo também destaca a Lei 13.935/2019, que garante a presença de profissionais da Psicologia e do Serviço Social nas redes públicas de educação básica, ponderando os desafios para que a efetiva implementação da Lei se torne uma realidade no país.

Em entrevista concedida ao Terra, o presidente do Conselho Federal de Psicologia, Pedro Paulo Bicalho, explica que a Lei 13.935/2019 foi resultado de uma intensa mobilização que durou mais de duas décadas e só foi possível com o envolvimento de diversas entidades representativas dessas duas categorias profissionais. “Nós apostamos na ideia de que quando existe o Serviço Social e uma Psicologia forte, a comunidade escolar acaba lidando muito melhor com esse tipo de evento”, ressaltou o presidente do CFP.

Acesse a íntegra da matéria em https://bit.ly/44jVJww

Confira também a Nota Técnica CFP nº 8/2023 – A Psicologia na prevenção e enfrentamento à violência nas escolas: https://bit.ly/3MLuXWc

CFP prorroga período de inscrições para o Prêmio João W. Nery

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) estendeu o período de inscrições para o Prêmio João W. Nery: Práticas de Promoção de Cuidado, Respeito e Dignidade das Pessoas Trans. De acordo com o edital de prorrogação, as experiências poderão ser submetidas até o dia 31 de julho, exclusivamente por meio de formulário eletrônico. Não serão aceitas inscrições submetidas por correio convencional.

A iniciativa busca identificar, valorizar e divulgar a atuação de psicólogues(as)(os), coletivos, grupos e organizações que envolvam a Psicologia como prática profissional alinhada aos direitos dessa população.

O ato normativo que postergou as inscrições também alterou a nomenclatura de uma das categorias, substituindo “Individuais” por “Cisaliades” – esta, dedicada à análise de trabalhos e ações promovidas por psicólogues(as)(os) não trans que atuam em práticas de promoção do cuidado, do respeito e da dignidade dessa população.

Ainda de acordo com o Termo de Retificação, permanecem inalteradas as demais cláusulas e condições do Edital de Chamada Pública CFP nº 1/2023. Assim, serão selecionadas, ao todo, nove experiências com premiação no valor de R$ 2.000 (dois mil reais) cada – independentemente da categoria/eixo orientador.

Serviço

Prêmio João W. Nery – “Práticas de Promoção de Cuidado, Respeito e Dignidade das Pessoas Trans”
Inscrições: prorrogadas até 31 de julho de 2023
Exclusivamente on-line
Formulário eletrônico para as inscrições
Acesse a íntegra do edital e a retificação

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CFP destaca potenciais impactos socioambientais decorrentes de empreendimento imobiliário na ilha de Boipeba (BA)

Os potenciais impactos socioambientais da implementação do empreendimento imobiliário Ponta dos Castelhanos, na ilha de Boipeba (BA), motivaram o Conselho Federal de Psicologia (CFP) a se manifestar sobre o tema. 

Por meio do Grupo de Trabalho Psicologia Ambiental, o CFP emitiu posicionamento no qual reforça que, caso a iniciativa prossiga, poderá acarretar não apenas prejuízos socioambientais, mas desconfigurar o modo de vida tradicional de centenas de famílias de pescadores, catadores e catadoras de mangaba e marisqueiras das comunidades de Cova da Onça, Moreré e Monte Alegre –  prejudicando ainda mais essa população ao restringir os espaços de construção de novos equipamentos públicos e moradias no território da Cova da Onça. Com o empreendimento, também seriam inviabilizados os caminhos por onde passam tradicionalmente as(os) moradoras(es) locais, que terão suas áreas de pesca e mariscagem prejudicadas pelo caráter privado da iniciativa.

O Conselho Federal de Psicologia destaca que a implementação de um empreendimento desse porte é explicitamente inadequada, uma vez que tende a ocupar 20% de todo o território da ilha e ainda atingir ecossistemas costeiros de extrema vulnerabilidade. “As populações potencialmente afetadas foram programaticamente excluídas como gestoras da ilha”, aponta o texto ao alertar que o território sob ameaça, bem como as faixas de Marinha, são áreas públicas da União que devem priorizar seu uso por comunidades tradicionais para fins de lazer, moradia, proteção ambiental, turismo comunitário, extrativismo sustentável e agricultura familiar, conforme a Lei nº 9.363/1998.

Para o CFP, tal situação “configura forte indicativo de racismo ambiental, em que há prevalência dos interesses de populações de alto poder aquisitivo sobre os modos de vida tradicionais na ilha de Boipeba/BA”. Além disso, aponta o Conselho Federal, a medida “exprime um descompromisso com a agenda pública de meio ambiente, uso do solo, igualdade racial e com a própria legislação vigente no país, configurando não apenas um problema local, mas de interesse nacional”.

Acesse aqui a íntegra do posicionamento do CFP.

Psicologia e questões ambientais

Em novembro de 2021, o Conselho Federal de Psicologia criou o Grupo de Trabalho sobre Psicologia Ambiental. Entre outras finalidades, o coletivo busca ampliar o debate junto à categoria acerca de questões que impactam na relação pessoa-ambiente.

Atualmente, o GT conta com a participação de conselheiras federais e de representantes da Associação Brasileira de Psicologia Ambiental e Relações Pessoa-Ambiente (ABRAPA) e do Grupo de Trabalho Psicologia Ambiental da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia (ANPEPP), além de especialistas na área.

Como primeira grande ação, foi lançado o Catálogo de Práticas em Psicologia Ambiental. A obra apresenta experiências acerca do desenvolvimento e efetivação de práticas afetas ao tema. Também compõem o material entrevistas, textos de profissionais das cinco regiões do Brasil e da América Latina, representando importante contribuição para um campo que, embora relativamente novo, sinaliza enorme potencial para a atuação da categoria.

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Conselho Federal de Psicologia pede fortalecimento dos princípios da reforma psiquiátrica nas políticas públicas de saúde mental

No mês que marcou a Luta Antimanicomial, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) entregou  às presidências da Câmara dos Deputados e do Senado um documento solicitando compromisso do Parlamento na defesa dos princípios norteadores da reforma psiquiátrica brasileira. A carta também foi encaminhada ao ministro da Casa Civil, Rui Costa dos Santos, destacando a centralidade do Poder Executivo no enfrentamento aos desafios que o atual cenário aponta.

No posicionamento, o CFP ressalta a importância de ampliar o debate sobre o tema envolvendo o Governo Federal, o Poder Legislativo, as instituições públicas e privadas e as(os) usuárias(os) de saúde mental, bem como toda a sociedade civil. O objetivo é  dialogar sobre a urgência de ações que façam frente às históricas violações de direitos e estigmas das pessoas em sofrimento mental e/ou em uso prejudicial de álcool e outras drogas.

Se, por um lado, houve avanços concretos – como a substituição de serviços de caráter asilar por aqueles de base territorial com cuidado em liberdade – por outro, a lógica da ambulatorização e a inclusão de serviços com caráter alheio à Reforma Psiquiátrica (a exemplo das comunidades terapêuticas) foi sendo gradualmente integrada à Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), pontua o CFP. 

O documento também expressa preocupação com as mudanças na Política Nacional de Saúde Mental (PNSM), sobretudo a partir de 2017, com graves retrocessos quanto ao que orienta as diretrizes da reforma psiquiátrica. Entre elas, a Resolução nº 32/2017 e a Portaria 3588/2017, aprovadas sem o respaldo da sociedade civil ou consulta adequada aos fóruns de controle social, desrespeitando mais de 15 anos de avanços da Reforma Psiquiátrica.

Para o Conselho Federal de Psicologia, medidas como a reinserção dos Hospitais Psiquiátricos na RAPS afrontam os princípios da Luta Antimanicomial, ancorada na autonomia do sujeito sobre o próprio corpo, no amparo comunitário às(aos) que sofrem pelo uso abusivo de drogas e no cuidado em rede e liberdade com diversas outras políticas para além da saúde – como a de moradia, trabalho e cultura/lazer. 

Assim, o CFP ressalta a necessidade de recuperar na luta antimanicomial a centralidade antirracista, antiproibicionista, anticapacitista e do cuidado em liberdade nos territórios.

“Entendemos fundamental que no contexto de construção de políticas de saúde mental e atenção psicossocial sob a nova gestão do Governo Federal, o Parlamento brasileiro retome os imensos acúmulos constituídos por aquelas que erigiram a Reforma Psiquiátrica e a Luta Antimanicomial no Brasil”, pontua o Conselho Federal de Psicologia. 

Acesse a íntegra da carta.

Em audiência pública, CFP reafirma necessidade de formação presencial em Psicologia

A oferta de cursos de graduação na área da saúde na modalidade EaD (Educação à Distância) foi tema de diálogo em audiência pública realizada nesta semana pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) participou do debate representado pelo conselheiro Jefferson Bernardes – que reforçou a importância da presencialidade no ensino da Psicologia.

O conselheiro federal pontuou que as especificidades no campo da Saúde, especialmente na formação em Psicologia, exigem contato presencial entre estudantes, docentes, comunidade e demais pessoas envolvidas no processo ensino-aprendizagem.

Além disso, frisou, estudos indicam que a EaD não representa a democratização no acesso da oferta de ensino, pois impede a aprendizagem presencial de determinados corpos que não “podem ser vistos”, além de impedir a convivência participativa na diversidade e de homogeneizar as vivências – empobrecendo a experiência formativa, principalmente da juventude. “Regra básica da Pedagogia: só se aprende na diferença, por meio da criação de vínculos e de laços sociais”, reforçou.

O representante do Conselho Federal de Psicologia também pontuou o aumento significativo do número de vagas na modalidade EaD no campo da saúde, girando em torno de 603% somente entre os anos de 2017 e 2022, com cerca de 55% dessas vagas ociosas. Mencionou ainda a queda expressiva na qualidade do desempenho das(os) estudantes em EaD no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), fator apontado também por outras(os) debatedoras(es).

O diálogo também chamou a atenção para problemas sistêmicos relacionados à Educação a Distância. Entre eles, a falta de condições estruturais nos polos de ensino, o processo de precarização das(os) profissionais e a ausência de fiscalização nesses lugares, fatores que propiciam uma série de impactos tanto na formação quanto na qualidade e segurança da assistência prestada à sociedade.

A esse respeito, o conselheiro federal destacou o Acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU) nº 658/2023, que durante processo de auditoria sobre o ensino EaD nos cursos de educação superior levantou necessidade da construção de uma política estruturada, com processos de regulação, supervisão e avaliação criteriosos e consistentes.

“Defendemos a formação de qualidade ética e técnica presencial, capaz de construir uma identidade profissional marcada pelo respeito às diferenças, pela compreensão das muitas vidas possíveis, pela empatia com o sofrimento e os dilemas da vida, pela capacidade de compreender e dialogar com as muitas formas de ser e viver. A EaD na Psicologia, assim como em outras profissões da saúde, agrava a já insuficiente qualidade do cuidado, expondo a população a crescentes riscos. Afirmar a presencialidade é defender os direitos da população”, afirmou o conselheiro.

Mercantilização do ensino

Durante a audiência pública, as(os) especialistas apontaram que a crescente oferta de vagas em cursos à distância, sobretudo na área da saúde, acontece de forma desordenada e sem os critérios mínimos de qualidade, cenário agravado pela precarização profissional e pela falta de fiscalização por parte das autoridades competentes – condições que propiciam, na avaliação das(os) debatedores, a mercantilização do ensino.

“Modalidade EaD difere de atividade remota. Ninguém aqui é contra a tecnologia. Nós somos contra a precarização do ensino, a substituição do docente pelo vídeo”, apontou Raphael Ferris, do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 3ª Região (Crefito 3).

Fernanda Magano, da Federação Nacional dos Psicólogos (Fenapsi), representou o Conselho Nacional de Saúde (CNS) na condição de conselheira do colegiado. Ao defender a presencialidade no ensino da Psicologia, ressaltou questões como a integralidade no cuidado à saúde, a compreensão de que o objeto de estudo é o ser humano e a especificidade da formação em que o aprendiz necessita o tempo todo da supervisão docente e desta inter-relação. “A centralidade do percurso formativo tem que estar prevista no atendimento seguro. Estamos pensando nos processos de formação, mas para o cuidado da saúde da nossa população”, afirmou Magano.

“Se as evidências mostram que os cursos EaD não atendem critérios necessários de qualidade, por que ampliá-los? Por que trazer para a área da saúde? Por que disseminar a precariedade?”, questionou Ângela Soligo, da Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP). Conforme destacou a especialista, a identidade profissional de Psicologia é estritamente relacional, na qual as competências profissionais impõem à(ao) estudante conhecer e se relacionar com a pluralidade humana em diferentes espaços, com práticas e estágios ao longo do curso em nível crescente de complexidade, trabalho interdisciplinar e coletivo.

“Ampliar vagas em modelos precários não é democratizar, pois aprofunda desigualdades e vende desilusões. É enganoso e perverso. Saúde e educação não são mercadorias: são direitos humanos. EaD, não! Formação presencial na saúde e em Psicologia, sim!”, defendeu a representante da ABEP.

A íntegra do debate pode ser acessada no YouTube da Câmara dos Deputados.

Psicologia se faz com presença!

Em recente posicionamento, entidades nacionais da Psicologia defenderam a necessidade do ensino presencial na saúde. Em nota, apontam que o ensino EaD na área representa grave retrocesso na formação das(os) profissionais da Psicologia e impacta de forma direta toda a sociedade, na medida em que o desenvolvimento de habilidades, valores, atitudes e inúmeras competências complexas extrapola a dimensão cognitiva e envolve experiências imprescindíveis a uma profissão de caráter intrinsecamente relacional. Para o CFP e esse amplo conjunto de entidades, as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) devem ser utilizadas como complemento ao ensino presencial, mas de forma crítica, reflexiva e ética.

Projeto que estabelece avaliação psicológica na renovação de toda CNH recebe parecer favorável e está pronto para votação no Senado

O projeto de lei que pretende implantar a exigência da avaliação psicológica para motoristas na primeira habilitação e em em todas as renovações da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) está pronto para entrar na pauta de votações da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado. O relator da matéria, senador Fabiano Contarato (PT/ES), entregou parecer no qual indica a aprovação do PLS 98/2015 no âmbito da comissão.

De acordo com o projeto, de autoria do senador Davi Alcolumbre (União-AP), todas(os) as(os) motoristas, no exercício ou não de atividade remunerada, serão submetidos à avaliação psicológica para a primeira habilitação e demais renovações.

Em seu parecer, o senador Fabiano Contarato destaca que o objetivo da obrigatoriedade da renovação da avaliação psicológica a todos condutores é colocar no trânsito pessoas em condições de conduzir de forma segura.

O senador justifica que as técnicas de avaliação psicológica utilizadas pelas(os) psicólogas(os) do tráfego têm a finalidade de auxiliar na identificação de adequações psicológicas mínimas necessárias para o uso seguro da habilidade de dirigir, sendo esta remunerada ou não.

“Os testes psicológicos têm sido utilizados como recurso para identificar a habilidade de condução de um indivíduo nas vias públicas, e para prever sua probabilidade de se envolver em acidentes”, aponta.

Código de Trânsito Brasileiro

Atualmente, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB – Lei 9.503/1997) estabelece a avaliação psicológica somente para o condutor que exerça atividade remunerada com veículos. As(Os) demais são submetidos a esse tipo de avaliação apenas quando obtêm pela primeira vez a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), diferentemente do exame médico pericial, repetido regularmente.

“A falta de continuidade faz com que as mudanças pessoais ocorridas com o passar do tempo não sejam consideradas”, afirma o senador Contarato no parecer.

Mobilização

No início do ano, o Senado arquivou automaticamente as proposições legislativas que não foram definitivamente aprovadas em duas legislaturas. Dentre os projetos, estava o PLS 98/2015. Em março, logo após o início da legislatura atual, o Conselho Federal de Psicologia conseguiu reunir o apoio de 27 senadoras e senadores para desarquivar a proposta legislativa e o PLS 98/2015 voltou a tramitar após um intenso trabalho de articulação do CFP.

Também foi a articulação do CFP junto aos gabinetes de senadoras e de senadores que levou o senador Fabiano Contarato a requerer a relatoria do PLS 98/2015, que agora tem parecer favorável à aprovação na CCJ do Senado.

Profissionais da Psicologia e todo o conjunto da sociedade podem manifestar a senadores e senadores a importância desta proposição legislativa. Está aberta no Senado Federal uma consulta pública sobre o PLS 98/2015 que amplia a avaliação psicológica para todas as renovações de CNH. Vote na enquete e auxilie na mobilização em favor do PLS 98/2015.

Votem no portal e-Cidadania.

Congresso de Psicologia do Tráfego

O PLS que trata da exigência da avaliação psicológica para a CNH será debatido durante o congresso da Associação Brasileira de Psicologia no Tráfego (Abrapsit). O senador Fabiano Contarato vai participar do XV Congresso Brasileiro de Medicina de Tráfego e IV Congresso Brasileiro de Psicologia do Tráfego, que será realizado em Florianópolis, de 14 a 16 de setembro, e vai reunir psicólogas(os), médicos do tráfego e profissionais atuantes nas áreas da saúde, do trânsito, dirigentes de entidades, integrantes do poder público, especialistas e membros da Academia.

Durante o evento acontece o I Fórum Nacional de Mobilidade Humana e Trânsito, que pretende ser um espaço para refletir as políticas públicas neste contexto, propondo construções conjuntas com o Sistema Nacional de Trânsito, o Sistema Conselhos, a sociedade civil e entidades que defendem uma mobilidade humana mais segura, saudável, inclusiva e democrática.

O Conselho Federal de Psicologia também participa da atividade, representado pela conselheira Juliana Guimarães, que integra a diretoria da Abrapsit.

Campanha pela vida

A atuação da Psicologia nas questões de trânsito e mobilidade humana foi tema de live promovida pelo Conselho Federal de Psicologia na última quinta-feira (25). O diálogo “No Trânsito, escolha a vida: contribuições da Psicologia” colocou em debate o papel dessa ciência e profissão no contexto do trânsito e sua importância na promoção da segurança viária, identificando os desafios atuais e futuros relacionados à questão e pontuando como as contribuições da Psicologia podem ajudar na superação do cenário

A iniciativa articula-se à campanha mundial que busca mobilizar governos, órgãos e instituições públicas e privadas sobre a importância do tema.

A íntegra do diálogo está disponível no YouTube do Conselho Federal de Psicologia.

Com informações da Agência Senado

CFP lança nota técnica para orientar atuação da Psicologia na prevenção e enfrentamento à violência em ambiente escolar

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) lançou na segunda-feira (29) para toda a categoria e a sociedade uma nota técnica com recomendações práticas para o exercício profissional de psicólogas e psicólogos no ambiente escolar em situações de violência.

O documento é uma resposta ao aumento dos ataques às escolas e seus impactos para um ambiente garantidor de direitos, pontuando o papel essencial dos profissionais da Psicologia Escolar na prevenção à violência e como parte de um ciclo de cuidado.

A nota destaca o papel das(os) psicólogas(os) na prevenção e no enfrentamento à violência nesses espaços, reunindo orientações e diretrizes em três grandes áreas: Recomendações à Psicóloga Escolar; Trabalho em Rede; e Respostas e Posvenção.

Na seção Recomendações à Psicóloga Escolar, o Conselho Federal de Psicologia elenca 12 recomendações voltadas à atuação desses profissionais a partir de uma compreensão do ambiente escolar como parte do desenvolvimento integral de crianças e adolescentes e dos elementos de conjuntura que afetam toda a comunidade escolar – sem confundir as práticas de Psicologia Escolar com as de Psicologia Clínica.

Quanto às ações relacionadas a Trabalho em Rede, o CFP destaca em sete pontos a necessidade do trabalho da Psicologia Escolar em integração com as políticas de proteção integral, com especial atenção ao trabalho intersetorial e a partir da construção de um plano de intervenção que pode, inclusive, contar com a colaboração da sociedade civil.

Já a seção Resposta e Posvenção de situações de crise destaca 11 orientações para uma atuação efetiva de psicólogas e psicólogos escolares pautada no Código de Ética Profissional, com estratégias de cuidado direcionadas a toda a comunidade escolar e com o uso de técnicas que busquem estabilizar estresses agudos.

Prevenção e enfrentamento à violência escolar

O Conselho Federal de Psicologia pontua que, diante das constantes notícias de violência em contexto escolar, a Psicologia tem sido acionada para diagnósticos precipitados.

“Muitas vezes, o senso comum tem requerido que a Psicologia responda quem são os ‘psicopatas’ escamoteados no ambiente escolar, a serem extirpados do convívio social pelas forças de segurança pública. Esse reducionismo da atuação da Psicologia, do sofrimento humano e dos próprios problemas transversais da sociedade que se manifestam no ambiente escolar, parece desconsiderar não apenas as raízes da violência, anteriormente expostas nesta nota, mas, também, a própria razoabilidade de ações que, de fato, protejam a sociedade da violência”.

De acordo com o CFP, a presença de sofrimento ou da própria violência em si não devem ser considerados isoladamente pela psicóloga. “Antes, é preciso que diagnósticos aconteçam nos parâmetros científicos estabelecidos pelo Código de Ética Profissional do Psicólogo, dentro de uma linha do tempo razoável, e não precipitadamente ou em contextos de desenvolvimento como a escola”.

Saiba mais

A Psicologia Escolar e Educacional é uma das 13 especialidades profissionais reconhecidas pelo Conselho Federal de Psicologia. A (o) psicóloga(o) escolar atua nas ações e projetos de enfrentamento dos preconceitos e da violência na escola, orientando as equipes educacionais na promoção de ações que auxiliem na integração entre família, educando e escola, e nas ações necessárias à superação de estigmas que comprometam o desempenho escolar dos educandos.

Em 2019, foi aprovada a Lei 13.935, que assegura a presença de psicólogos e assistentes sociais na educação básica de todo o país. No entanto, dos 5.570 municípios brasileiros, atualmente somente 85 cumprem a legislação a partir da contratação de psicólogas(os) e assistentes sociais para unidades escolares da educação básica.

A efetiva implementação da legislação será o tema da audiência pública que a Câmara dos Deputados promove no dia 29/5 e que, além do CFP, reúne representantes do Ministério da Educação (MEC); do Conselho Nacional de Secretário de Educação (Consed); da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime); e do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS).

Primeira APAF do ano reúne Conselhos de Psicologia de todo o país para deliberar diretrizes e ações de trabalho

“Esta APAF marca o início de uma jornada conjunta de construção da Psicologia brasileira ao longo dos próximos anos, porque as decisões que aqui são tomadas reverberam para o futuro”, saudou o presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Pedro Paulo Bicalho, durante abertura da Assembleia de Políticas, da Administração e das Finanças do Sistema Conselhos de Psicologia, realizada neste final de semana em Brasília/DF.

Primeira Assembleia conduzida pela gestão do XIX Plenário do CFP, eleita em 2022, esta APAF reuniu 111 delegadas e delegados representantes dos Conselhos de Psicologia de todo o país. Estabelecida regimentalmente, a Assembleia constitui espaço de construção democrática de diretrizes e ações para a Psicologia enquanto ciência e profissão.

Ao resgatar que a APAF foi criada por deliberação do 2º Congresso Nacional de Psicologia (CNP), em 1996, o presidente do CFP enalteceu que, a cada assembleia concretizada, as instâncias autárquicas avançam nos processos democráticos institucionais.

No marco dos 50 anos de funcionamento do Conselho Federal de Psicologia, celebrados neste ano, o presidente do CFP destacou o percurso e avanços da Psicologia no Brasil, ressaltando que, de forma inédita, esta edição da APAF teve os trabalhos coordenados por uma pessoa LGBTQIA+ e uma mulher negra, referindo-se a si e à vice-presidenta do Conselho Federal, Ivani Oliveira: “Os nossos corpos na coordenação desta APAF e também na direção do nosso Conselho Federal evidenciam que a Psicologia caminha na história”.

Prestação de contas

No primeiro dia dos trabalhos, o pleno da APAF aprovou, por unanimidade, a prestação de contas do Conselho Federal de Psicologia para o exercício de 2022. A exigência consta no Regimento Interno do CFP e, conforme pontuou a conselheira-tesoureira Célia Mazza de Souza, o material – que passa por posterior análise do Tribunal de Contas da União (TCU) – fica disponível a qualquer pessoa no Portal da Transparência do CFP com o objetivo de facilitar o acesso à informação.

A conselheira enfatizou os grandes eventos e as ações estratégicas no âmbito do Sistema Conselhos que representaram robusto investimento. Entre elas, as atividades em torno dos 60 anos de regulamentação da Psicologia no país; o processo eleitoral dos Conselhos Regionais (CRPs) e a consulta nacional para o CFP; a implantação do Sistema Eletrônico de Informações (SEI) em todos os estados; a criação das Ouvidorias locais; a nova Carteira de Identidade Profissional; e a política de preservação da memória da Psicologia brasileira.

Outro importante destaque está na aprovação de criação de um programa unificado de ações afirmativas e reparatórias na esfera do Sistema Conselhos de Psicologia. Alinhada aos encaminhamentos do 11º Congresso Nacional de Psicologia (CNP), a ação busca mitigar desigualdades estruturais e consolidar estratégias de promoção da igualdade que têm sido adotadas pelo Conselho Federal e os CRPs no combate a violências institucionais como racismo, sexismo, capacitismo e LGBTQIfobia. “Precisamos de instituições que sejam mais adequadas e inclusivas”, ressaltou a vice-presidenta do Conselho Federal de Psicologia, Ivani Oliveira.

O coletivo também deliberou ações relacionadas a temas como anuidades, estruturação de sedes, tecnologia da informação e avaliação psicológica para porte de armas de fogo – entre outras questões voltadas ao aprimoramento administrativo e de atuação institucional dos Conselhos.

As deliberações foram transmitidas em tempo real pelo YouTube do CFP. Acesse o conteúdo:

27 de maio
Manhã
Tarde

28 de maio
Manhã
Tarde

Sobre a APAF

Organizada ordinariamente duas vezes ao ano, a Assembleia de Políticas, da Administração e das Finanças do Sistema Conselhos de Psicologia (APAF) é composta por delegadas(os) que integram todos os 24 Conselhos Regionais de Psicologia e o Conselho Federal.

Em conjunto com o Congresso Nacional de Psicologia (CNP), que é a instância máxima de deliberação da profissão no Brasil, a APAF representa um importante espaço de diálogo e alinhamento estratégico entre as entidades que compõem o Sistema Conselhos.

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Nota pública do CFP sobre o Projeto de Lei 490/2007

O Conselho Federal de Psicologia, por meio de sua Comissão de Direitos Humanos (CDH/CFP), vem a público se posicionar contra o Projeto de Lei 490/2007, que transfere do Poder Executivo para o Legislativo a atribuição de realizar demarcações de terras indígenas. Repudiamos essa e todas as outras tentativas de impor retrocessos e de efetivar ações que ferem os direitos dos povos originários.

O projeto de Lei 490/2007 é de autoria do deputado Homero Pereira e altera o Estatuto do Índio (Lei nº 6.001 de 1973). O projeto de lei visa restringir a demarcação de terras indígenas àquelas que comprovarem ocupação datada de 5 de outubro de 1988 (ano da promulgação da Constituição Federal).

No dia 24 de maio de 2023, foi aprovado o Requerimento 1526/2023 do Deputado Zé Trovão (PL/SP) acerca do regime de urgência para a apreciação do PL nº 490/2007.  A aprovação de requerimento de urgência se deu de maneira vertical, sem dialogar com os povos indígenas acerca da temática, indo na contramão do respeito ao meio ambiente e ao direito à terra, à vida e à saúde dos povos originários do país. 

Compete à União, ou mais especificamente à FUNAI, demarcar as terras indígenas, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. Ademais, a Constituição Federal ressalta que as terras tradicionalmente ocupadas por indígenas destinam-se à sua posse permanente. Isso significa dizer que, além de ser juridicamente proibida a remoção dos povos indígenas, cabe a eles o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos existentes em suas terras-territórios.

O processo para demarcação é de competência exclusiva do Poder Executivo/FUNAI, porque se trata de ação científica e administrativa relacionada ao reconhecimento formal e jurídico do direito dos povos indígenas a um bem que já lhes pertence: suas terras-territórios. A propósito, por lei, elas deveriam ter sido integralmente demarcadas até 1993. No entanto, cerca de 60% delas ainda não foram regularizadas [1]. São quase 30 anos de espera! Atualmente existem apenas 488 terras indígenas regularizadas, o que representa apenas 12,2% do território nacional [2].

A regularização desses territórios refere-se à efetivação de direitos fundamentais, inalienáveis, relacionados ao princípio da dignidade humana. Por meio dessa regularização se realiza a função social de preservar a propriedade coletiva de grupos em situação de vulnerabilidade e de proteger o patrimônio cultural imaterial dos diferentes povos indígenas. Assim, a regularização dos territórios indígenas tem finalidade pública relevante.

Não por acaso, na Constituição Brasileira, não há indicação de legislação infraconstitucional para que a demarcação seja realizada. Todavia, desde 1996, ela tem sido efetivada com base no Decreto nº 1.775, que estabelece que o grupo indígena deverá participar integralmente de todo o processo da regularização, o qual, segundo a FUNAI, inclui, entre outros, estudos científicos antropológicos de identificação e delimitação do território e elaboração de relatório circunstanciado, os quais são apoiados em pesquisas nas áreas ambiental, histórica, jurídica, agrária, cartográfica.

Quando demarcado, o território torna-se propriedade pública, coletiva, que não pode ser vendida, loteada, arrendada ou penhorada. Assim sendo, a demarcação das terras indígenas é uma ação contra a concentração fundiária e o uso privado de propriedade.

Logo, é possível dizer que garantir a demarcação das terras indígenas transcende a questão por si só já relevante, ou seja, a sobrevivência física, cultural e econômica dessa população. Tal demarcação também é estratégia para lidar com o combate à devastação ambiental, bem como para enfrentar o racismo contra os povos indígenas, além de preservar os direitos histórico-culturais transindividuais de toda a população brasileira. Assim sendo, visa ao direito à democracia, ou, ainda, realizar justiça social.

O PL 490 pretende atribuir ao Congresso Nacional a responsabilidade de legislar, apreciar, votar proposições legislativas sobre a regularização das terras-territórios indígenas, restringindo a função do Poder Executivo, representado pela FUNAI.  

Ao propor esta mudança, além de coibir direitos dos povos indígenas, visa anular a única função constitucional atribuída ao Congresso Nacional: a de autorizar o aproveitamento dos recursos hídricos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas, desde que as comunidades indígenas afetadas sejam ouvidas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra. O Brasil promulgou a Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho sobre Povos Indígenas e Tribais que, em conjunto com outros pactos internacionais ratificados pelo governo brasileiro, define o direito dos povos indígenas à autodeterminação, à manutenção de suas culturas e tradições, à proteção às terras indígenas tradicionais e o autogoverno indígena. 

O PL 490/2007 possui 13 outros projetos apensados. Se aprovado, dará ensejo para que haja contato de não indígenas com povos indígenas em isolamento voluntário, o que é danoso para a saúde dos indígenas, bem como fomentará a exploração econômica, por intermédio da realização de garimpo, mineração, implementação de hidrelétricas e grandes empreendimentos agropecuários nas terras indígenas sem a previsão da consulta livre e prévia aos povos indígenas, direito garantido pela Constituição Federal. Isso coloca em risco os territórios indígenas e a natureza como um todo.

Ainda, essa junção de PLs apensados traz a contestação da demarcação de terras indígenas ao argumentar pelo Marco Temporal – uma tese refutada por juristas e pelo Movimento Indígena que aguarda decisão final do Supremo Tribunal Federal (STF) no Recurso Extraordinário (RE) 1.017.365. “Não há justiça climática e futuro do planeta sem demarcação dos territórios ancestrais. Isso porque somos nós, povos indígenas, os verdadeiros guardiões das florestas. O Marco Temporal ignora a nossa existência antes de 1988 e coloca em risco a vida da população originária e de toda a humanidade”, diz Juliana Kerexu, coordenadora executiva da Apib pela Comissão Guarani Yvyrupa [3].

A gravidade da situação levou à mobilização de delegações de representantes de diversos povos indígenas no Acampamento Levante pela Terra, em Brasília, desde 7 de junho de 2021. Em 22 de junho de 2021, no protesto pacífico contra o PL 490/2007, foram violentamente reprimidos pela Polícia Militar. Este ano, lideranças e delegações que compõem a Articulação Nacional de Povos Indígenas do Brasil mobilizam-se para o Acampamento nos dias 5 a 8 de junho em defesa dos direitos e contra ao Marco Temporal, com a seguinte frase “Pela justiça climática, pelo futuro do planeta, pelas vidas indígenas, pela democracia, pelo direito originário/ancestral, pelo fim do genocídio, pelo direito à vida, por demarcação já: Não ao Marco Temporal!”. Leia a carta na íntegra aqui 

A Psicologia se funda no compromisso com a defesa dos direitos humanos e com a “eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”, conforme previsto pelo Código de Ética Profissional da(o) Psicóloga(o). Isso se traduz na defesa de direitos e políticas públicas relativas aos povos indígenas e suas vivências em diferentes contextos e etnias, que perpassam a pertença ao território como eixo basilar de seus modos de ser e viver. O respeito às Terras Indígenas deve ser compreendido como uma ação afirmativa e reparatória frente ao histórico de genocídio, escravização e expropriação dos povos indígenas ao longo do processo constitutivo do Brasil.

Diante disso, o Conselho Federal de Psicologia, por meio de sua Comissão de Direitos Humanos (CDH/CFP), manifesta sua solidariedade aos povos indígenas em nome da demarcação dos territórios indígenas, e se posiciona contrário ao PL 490/2007 e à tese do marco temporal.

Referências

[1] https://cimi.org.br/terras-indigenas/
[2] http://www.funai.gov.br/index.php/nossas-acoes/demarcacao-de-terras-indigenas

[3]https://apiboficial.org/2023/05/17/apib-anuncia-tema-e-mudanca-na-mobilizacao-contra-marco-temporal/ 


Brasília-DF, 30 de maio de 2023.

Conselho Federal de Psicologia
Comissão de Direitos Humanos (2023-2025)

Nita Tuxá
Alessandra Almeida dos Santos
Andreza Cristina da Silva Costa
Alexander Morais de Oliveira
Ana Luiza de Souza Castro
Deivison Warlla Miranda Sales
Emilly Mel Fernandes de Souza
Geni Daniela Nuñez Longhini
Giulia Natália Santos Mendonça
Mônica Valéria Affonso Sampaio
Paula Rita Bacellar Gonzaga
Rafael Ribeiro Filho
Rogério Giannini
Marcelo Afonso Ribeiro