O adoecimento psíquico pode ser resultado de violências invisibilizadas

Em 2016, são completos dez anos da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) – uma das principais legislações para enfrentar a violência contra a mulher no Brasil. A lei tipifica não somente a violência física, mais comum e de fácil identificação, mas outros quatro tipos: violência patrimonial, sexual, moral e psicológica. Ao longo dos anos, a Psicologia tem identificado inúmeros casos de mulheres com ansiedade e depressão, resultado de violências naturalizadas e invisibilizadas.

Outra lei importante sancionada em 2015 foi a Lei do Feminicídio, que colocou a morte de mulheres no rol de crimes hediondos e reduziu a tolerância nesses casos.

Identificar e tratar os transtornos causados por essas violências é um dos desafios para a categoria. Fazer com que essas mulheres recebam um acompanhamento clínico adequado, além de preparar os profissionais para lidar com esses casos. Uma escuta de gênero que considere as particularidades do que é ser mulher em uma sociedade machista, e que reconheça que as causas desse sofrimento são, na maioria das vezes, comportamentos naturalizados pela sociedade.

Para a mestre em psicologia e especialista em Psicologia clínica Dorotéa Albuquerque de Cristo, que integra o XVI Plenário do Conselho Federal de Psicologia (CFP), a sociedade machista reserva um lugar às mulheres e o sofrimento psíquico começa a se manifestar quando elas não se identificam com esse lugar – e a Psicologia tem um importante papel para sua desconstrução.
“A Psicologia tem um lugar privilegiado de conhecimento, de acesso a essas experiências, inclusive nos hospitais e nos serviços, essa questão da desumanização no atendimento a muitas mulheres. Justamente por isso nós combatemos e vamos à luta. A sociedade te reserva aquele lugar, e se você não cumpre bem esse lugar (que é o lugar da mãe, da esposa até de objeto sexual), você entra em sofrimento, porque faz parte da nossa subjetividade a essa cultura machista. Por conta disso é que nós precisamos desconstruir o que está institucionalizado e eu acho que o papel da Psicologia também é levar essa informação e esclarecimento às pessoas. As leis decidem o que ela deve fazer com o corpo dela, qual o comportamento. Ela não tem escolha nem opção”, afirma.

A psicóloga e mestre em Psicologia pela Universidade de Brasília (UnB) Valeska Zanello, representante do CFP no Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, aponta que essa é uma herança de uma sociedade majoritariamente machista e, quando os profissionais da Psicologia não conseguem identificar e tratar violências, a vida das mulheres pode ser colocada em risco. Ela defende a importância de os cursos de graduação em Psicologia oferecerem disciplinas que abordem questões de gênero.

“Por isso seria muito bom que fosse obrigatório o estudo de gênero na graduação, uma disciplina, tanto sobre sexismo como racismo. Podemos fazer um paralelo com o sofrimento específico das mulheres. O que é um sofrimento de gênero? É um sofrimento por ser mulher. Porque essencialmente a mulher sofre? Não, porque certos seres, por terem certas marcas corporais, a partir de certo momento histórico – que são as mulheres a partir do século XVIII – são colocados em lugares desempoderados, e o desempoderamento faz adoecer. E isso também tem a ver com depressão. Em relação específica da saúde mental e a questão da violência precisamos problematizar, primeiro visibilizar mais essa violência, sensibilizando o profissional para que notifique para que escreva isso no prontuário do paciente e depois fazer pesquisas para problematizar essa relação entre a violência e o adoecimento psíquico. Pois ela tem sido mostrada em vários países como tendo um elo bem forte e acho que a psicologia tem muito a contribuir nesse campo.”

Valeska aponta que, no Brasil e no mundo, os estudos da saúde mental com enfoque de gênero são incipientes. Ela destaca o trabalho que o CFP tem feito no Conselho Nacional de Direitos das Mulheres e que em breve será lançado, por meio de uma parceria do CFP com outras entidades, uma série de vídeos sobre o que é e a importância da notificação nos casos de violência contra a mulher.

Especial Semana da Mulher
Nesta semana em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, a RádioPsi preparou um especial para abordar temas que são prioritários no debate sobre Psicologia e mulheres.

 

Ouça as matérias.

 

Direitos da Mulher e o Aborto

Tema que suscita amplo debate na sociedade, o aborto é mais um assunto que não pode ser esquecido na Semana da Mulher. Os argumentos contrários são vários, porém poucos deles consideram o direito das mulheres de decidir sobre o seu corpo e até mesmo de escolher entre ser ou não mãe. A legislação brasileira adota uma orientação punitiva que criminaliza as mulheres. O aborto no Brasil só é permitido quando a gravidez oferece risco à vida da mãe ou foi ocasionada por meio de estupro, e mais recentemente, em casos de feto sem cérebro. Nessas situações, a mulher pode exigir esse direito e ser atendida pelo Sistema único de Saúde (SUS). Mesmo em casos de abortamento legal, o serviço ainda é insatisfatório, como conta a psicóloga Vanessa Dios, mestre em psicologia Clínica e Cultura pela Universidade de Brasília e doutoranda em Ciências da Saúde também pela UnB. Ela destaca que existem lacunas no alcance do serviço e até mesmo na preparação dos profissionais da saúde, como psicólogos e psicólogas.

“Esse é mais um dos desafios, é a gente implementar esse serviço de abortamento legal, no Brasil, que apesar dele ser legal a gente ainda vê muitas dificuldades, as dificuldades dos próprios profissionais em trabalhar e até dificuldade das mulheres de ter acesso, porque esses serviços não estão em todas as capitais. As mulheres que estão interior, elas têm que viajar horas para conseguir ter acesso.”

Nos casos não previstos em lei, para fugir da criminalização, muitas mulheres acabam realizando abortos clandestinos. Frequentemente, em condições precárias, especialmente no caso das mulheres de baixa renda, e não é raro o procedimento resultar em morte. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que a cada dois dias uma mulher morre no Brasil em decorrência dos cerca de 800 mil abortos ilegais que ocorrem por ano. É o quinto maior causador da mortalidade materna no país, e, no mundo, 47 mil mulheres morrem em decorrência de abortos sem segurança, segundo dados da Organização da Nações Unidas (ONU).

A atuação da Psicologia nesses casos segue orientação descrita em nota técnica, emitida pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) em setembro de 2014, que destaca que “a decisão de ter filhos compete a quem vai gestá-los e criá-los e não ao Estado. Consideramos que não há como assegurar a promoção dos direitos sexuais e reprodutivos sem o acesso ao aborto legal e seguro”. Carolina Sátiro Macedo, psicóloga clínica, e representante do Conselho Regional de Psicologia do Acre (CRP 20) no Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Rio Branco, destaca a necessidade de a categoria observar os impactos de intervenções profissionais em psicologia em situações que podem envolver crenças religiosas, como os casos de aborto.

“Garantir, legalizar o aborto, não te obriga a fazer um aborto, mas enquanto profissional te obriga a acolher essa mulher e ajudá-la que ela tome a decisão. A decisão que for melhor pra ela. Hoje em dia o nosso cenário na prática profissional tem confundido bastante essas questões e a gente precisa ficar muito atento, recorrer ao nosso código de ética para verificar que as nossas questões pessoais não podem interferir nos nossos atendimentos”

No Congresso Nacional, também são diversos projetos que ameaçam direitos já conquistados pelas mulheres. Dentre eles podemos destacar o Projeto de Lei 5069/2013, de autoria do presidente da Casa, Eduardo Cunha, em discussão na CCJ da Câmara e que propõe que seja vedado o atendimento pelo SUS às vítimas de violência sexual. A mais recente proposta apresentada é de autoria do deputado Anderson Ferreira (PR/PE). O PL 4396/2016, protocolado em fevereiro deste ano, propõe a alteração de dispositivo do Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940) para prever aumento de pena no caso de aborto cometido em razão da microcefalia ou anomalia do feto. Vanessa Canabarro Dios integra o Grupo que prepara uma nova ação que será encaminhada ao Supremo Tribunal Federal para que seja dado o direito ao aborto em gestações de bebês com síndrome fetal associada ao Zika vírus.

“A ação tem três passos. O primeiro deles é que as mulheres tenham acesso ao diagnóstico e a informação. A mulher que está grávida e que teve sintomas do Zika, dengue e chikungunya, que ela possa realizar o teste para saber se ela teve o Zika ou não, ou se teve alguma outra doença. Tendo dado positivo o resultado para Zika, então a partir daí a gente lutaria para que a mulher pudesse escolher entre levar adiante essa gestação, levar adiante essa gestação e doar o filho para adoção e entre interromper a gestação. E por último seria, para as mulheres que resolverem levar adiante essa gestação, que elas tenham acesso após o nascimento dessa criança a todo o cuidado que essas crianças vão necessitar. A psicologia já se mostrou favorável ao direitos sexual e reprodutivo das mulheres e favorável ao PL que descriminaliza o aborto até 12º semana. Então isso é uma posição importante do nosso conselho, nós precisamos pensar a ação da microcefalia dentro desses parâmetros também. Como um direito sexual reprodutivo da mulher, um direito de escolha, um direito de poder pensar e planejar sua própria vida e sua própria história.”

De acordo com o último boletim, divulgado no dia 1º de março, pelo Ministério da Saúde, o Brasil já teve 5.909 notificações de microcefalia; 641 foram confirmadas e 4.222 estão em investigação. Dos casos confirmados, 82 tiveram exame positivo para o zika vírus.

Semana da Mulher

No Dia Internacional da Mulher, 8 de março, o CFP realizou um debate sobre o aborto com a participação de especialistas da Psicologia e da Medicina. Participaram Thomaz Gollop (Médico, coordenador do GEA – Grupo de Estudos do Aborto); Daniela Pedroso (psicóloga do Hospital Pérola Byington) e Vanessa Canabarro Dias (ANIS).  O debate foi mediado por Zanello. Assista no Canal do Youtube da autarquia no link https://www.youtube.com/watch?v=_FPEE05en3U

Nesta semana a RádioPSI preparou um especial para abordar temas que são prioritários no debate sobre Psicologia e mulheres. Veja a programação da rádio e ouça esta e outras entrevistas: https://site.cfp.org.br/multimidia/radiopsi/

Semana da Mulher: o racismo é promotor de transtorno mental e adoece

Em 2016, a Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (CFP) definiu o tema racismo como preocupação central para o ano de 2016, abordando temas como a violência simbólica, física e policial contra os não-brancos do país. Mesmo com a resolução nº 018/99 do CFP, que estabelece as normas de atuação dos psicólogos em relação ao preconceito e à discriminação racial, os casos de racismo na atuação da Psicologia ainda persistem. A Psicologia entende que o racismo é promotor de transtorno mental e adoece.

Expressões, comportamentos e brincadeiras preconceituosas são, na maioria das vezes, banalizados e reproduzidos sem que as pessoas identifiquem a ação racista. Na Psicologia, ações como essas podem repercutir no atendimento ao paciente que procura um profissional que, muitas vezes, não está preparado para identificar as situações de preconceito às quais essa pessoa é submetida, repetindo o mesmo preconceito ao qual essa pessoa foi exposta. Do outro lado, também, são inúmeros os relatos de profissionais que sofrem racismo por parte dos pacientes.

A psicóloga Maria Aparecida Bento, doutora em Psicologia e integrante da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia e do GT de relações raciais da autarquia, aponta que o cenário de preconceito se agrava ainda mais quando consideramos a situação das mulheres negras no Brasil, que hoje representam 25% da população.

“As mulheres negras enfrentam situações ainda bem complicadas em algumas áreas. No mercado de trabalho há uma grande exclusão das mulheres negras. Nos últimos censos que tenho feito em grandes empresas, você tem um desafio para mulheres brancas que é de ascensão, mas há uma inserção crescente das mulheres em geral que beira, às vezes, 40% ou 50%, mas a média das mulheres negras raramente ultrapassa os 9%. Então, quando se avança na questão de gênero não estamos avançando em relação às mulheres negras. O grande desafio é pressionar cada vez mais as instituições e trazer esse assunto à baila para dizer que é preciso mudar essa situação de exclusão, de subqualificarão, de sub-representação”, defende.

Outra situação que expõe a vulnerabilidade das mulheres negras na sociedade são os dados do Mapa da Violência 2015. O relatório elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Estudos Sociais (FLACSO) mostrou que o número de mulheres negras mortas cresceu 54% em 10 anos (de 2003 a 2013), enquanto o número de mulheres brancas assassinadas caiu 10% no mesmo período.

A psicóloga Maria Conceição Costa, doutoranda em psicologia clínica na Universidade Católica de Pernambuco, aborda outros dois aspectos que revelam outras formas de discriminação às mulheres negras, naturalizados em nossa sociedade. Ela defende a regulamentação da comunicação pelo Estado para cobrar dos veículos de comunicação uma postura de não promoção e reprodução do racismo.

“A mídia brasileira, especialmente falando das televisões e dos jornais impressos, ainda coloca a mulher negra, a pessoa negra, numa situação muito degradante. Nas novelas, as mulheres negras estão nos papeis de empregadas domésticas, de babás, quando avançam um pouquinho são professoras. Ainda é um aspecto forte do racismo que precisamos combater, porque para a mulher negra ainda são dadas as piores posições de trabalho. Isso fica no subjetivo das mulheres negras, mas também das meninas; se o Estado brasileiro não regulamenta a sua comunicação e a sua mídia, isso vai demorar a acabar. E é obrigação do Estado regulamentar, nenhuma televisão pode degradar nenhuma figura de mulher ou homem negro. A mídia, de um modo geral, eles precisa ser regulamentada porque mantém e reforça essa estrutura perversa que é o racismo brasileiro”, defende.

Em 2015, diversas psicólogas negras de todo o Brasil participaram, em Brasília, da Marcha das Mulheres Negras. Durante o evento, que teve como tema “Contra o racismo, a violência e pelo bem viver”, as psicólogas denunciaram que o racismo é causador de transtorno psíquico e adoece.

A RádioPSI preparou um especial para abordar temas que são prioritários no debate sobre Psicologia e mulheres.  Veja a programação da rádio e ouça esta e outras entrevistas: https://site.cfp.org.br/multimidia/radiopsi/ 

Foto da capa: Marcha das Mulheres Negras – Marcello Casal / Agência Brasil

Dia Internacional da Mulher: um dia de luta para a categoria

Uma data para destacar e reafirmar uma luta que é cotidiana pelos direitos das mulheres: assim o Conselho Federal de Psicologia (CFP) trata o 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Neste ano, pretende dar destaque a questões ligadas à saúde sexual e reprodutiva dessas mulheres, políticas públicas e o papel da Psicologia nesse contexto. A RádioPSI preparou um especial para abordar temas que são prioritários no debate sobre Psicologia e mulheres.  Acompanhe, durante esta terça-feira (8), nos horários do CFP News.

O ano de 2016 começou com novos temas e desafios no debate referente às mulheres.  O Congresso Nacional segue com sua ofensiva conservadora, por meio de projetos que visam criminalizar as mulheres e retirar direitos. Enquanto o Congresso, majoritariamente composto por homens, quer interferir no avanço de projetos que garantam os direitos das mulheres, o cenário de desigualdade delas perante os homens se perpetua. As mulheres ocupam menos de 10% das cadeiras no Congresso Nacional, e no mercado de trabalho os rendimentos são em média 17,7% menores que os dos homens.

O cenário de desigualdade também estimula a violência. Dados do Mapa da Violência divulgado em 2015 mostram que o Brasil é um dos cinco países do mundo onde a violência contra a mulher é maior. Em 2013, foram 4.762 mulheres assassinadas – 13 mulheres assassinadas por dia, em média, no país (uma a cada duas horas) – sendo que as mais desprotegidas são as mais pobres e negras. As psicólogas também engrossam as estatísticas de desigualdades e violência, recebendo menores salários, sofrendo com assédio moral e sexual em seus ambientes de trabalho e enfrentando jornadas exaustivas (que incluem o trabalho doméstico), o que pode acarretar em dificuldades de investimento na formação e em outros prejuízos de ordem emocional e econômica, por exemplo.

A mestre em Psicologia e especialista em psicologia clínica Dorotea Cristo destaca que a data muitas vezes é distorcida e utilizada pelo mercado para ignorar a luta das mulheres pela garantia de direitos.

“A minha preocupação com o 8 de março é que nós estamos  em um momento político de ameaça a uma série de direitos, inclusive que nós, pelos menos achávamos, que já tínhamos garantido. É uma data que nós sabemos que muitas vezes ela é distorcida, capturada pelo sistema e transformada em produto mercadológico, enfim, para vender. E sabemos que o sistema dissolve essa luta em nome  de uma mídia que pretende mesmo desaparecer com esse movimento. O presente que nós  queremos é a garantia de nossos direitos. E principalmente voltados para os direitos sexuais reprodutivos, que estão sendo ameaçados por esses projetos de lei. E é o nosso papel, da Psicologia, é de  se posicionar nesses espaços e contribuir para o empoderamento dessas mulheres”.

Em recente votação de uma MP na Câmara dos Deputados, os parlamentares retiraram o termo “incorporação da perspectiva de gênero” do âmbito das atribuições do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos. Para Madge Porto, integrante do XVI plenário do Conselho Federal de Psicologia (CFP), esse é um claro retrocesso na luta pelos direitos das mulheres.

“Nós, do XVI plenário do CFP. entendemos que o dia 8 de março é um dia de luta. Esse ano vamos focar na discussão da saúde das mulheres com destaque para a saúde sexual e reprodutiva, principalmente um ano que já iniciou com retrocessos em nossos direitos, como a retirada da expressão ‘perspectiva de gênero’ da base das ações do recém-criado Ministério das Mulheres. A perspectiva teórica, a possibilidade de construir políticas onde se pesasse que as diferenças entre homens e mulheres são construções sociais e culturais, foi retirada. E como construir igualdade nesse contexto? Ao mesmo tempo, é ano de Conferência Nacional de Políticas para Mulheres, e que  o tema deste ano é “Mais direitos , participação  e poder para as mulheres”. Essa será uma oportunidade de mostrar nossa força. O 8 de março é para debatermos sobre essas questões,  pois não adianta receber flores e ter os direitos conquistados com luta ignorados, limitados e desrespeitados”

Confira esta e outras matérias do especial 8 de março – Dia Internacional da Mulher – da RádioPSI  nesta terça-feira, durante os horários do CFP News.

CONAD realiza primeira reunião do ano

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) participou, no último dia 1 de março, da primeira reunião ordinária do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad), na sede do Ministério da Justiça.  A reunião contou com a apresentação de Plano Plurianual, debate sobre a participação do Conselho no Fórum Interconselhos, dentre outros. O CFP e entidades da sociedade civil destacaram a necessidade da instalação de grupo de trabalho para a revisão da representatividade da instância.

Representantes da Secretaria Nacional Antidrogas – SENAD, do Ministério da Justiça apresentaram o Programa 2085: “Redução do impacto social do álcool e outras drogas: Prevenção, Cuidado e Reinserção Social” do Plano Plurianual do Ministério e falaram, ainda, sobre a participação do Conad no Fórum Inter conselhos: integração entre os Conselhos Nacionais. A instância reunirá, nos dias 15 e 16 de março, representantes da sociedade civil dos diversos conselhos nacionais. Dentre os objetivos, está a estruturação de ações dos planos plurianuais de forma transversal.

Na ocasião, o psicólogo Vladimir de Andrade Stempliuk (integrante da Comissão de Direitos Humanos do CFP e representante da autarquia no Conad), assim como outras entidades da sociedade civil no conselho, cobrou a instalação do grupo de trabalho para a reformulação do regimento interno do próprio Conad. Solicitado no último ano, o grupo abrangeria o debate e a análise dos termos de representação no Conselho, método de eleição de representantes e regimento interno, dentre outros. As entidades pediram para que, neste ano, a pauta seja cumprida.

“A gente avalia hoje que, como o Conad é uma instância deliberativa e consultiva e, apesar de ser pleno e ter um orçamento interessante, ainda é um conselho em que os representantes são indicados pelo governo. O Executivo é quem indica as entidades que compõem o Conselho e temos percebido certo esvaziamento das reuniões. Além disso, se percebe que, por exemplo, a questão dos usuários mais bem representados e outras entidades que a gente acha que poderiam ter assento, que ampliaria a representação. Como é que se decide a política sobre drogas sem a participação dos usuários dos serviços? É um conselho que ainda carece de uma modernização e de uma democratização, ampliando a participação da sociedade civil e de extratos que hoje não conseguem estar no Conad”, explicou.

A pauta foi encaminhada ao Conad pelo CFP ano passado juntamente com outras demandas a serem debatidas nas reuniões da instância, como a restruturação dos Conselhos Estaduais e Municipais, o uso medicinal da maconha, redução da maioridade penal e suas consequências para a política sobre drogas, além da discussão do PLC 37 (que altera a lei de drogas) e do recurso extraordinário RE635659 (que questiona a constitucionalidade do art. 28, da lei de drogas que tipifica como crime a posse de drogas para o uso próprio). Um dos pontos apresentados pelo CFP à época, que foi acolhido: a apresentação do Brasil na Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas – UNGASS 2016, em que será realizada a revisão das convenções internacionais sobre drogas.

No encontro, Stempliuk também fez menção ao assassinato do psicólogo e professor Marcos Vinícius de Oliveira Silva, que já foi representante do CFP no Conselho. Os membros do Conad decidiram pela publicação de nota em homenagem ao seu trabalho e reforçando importância da investigação das circunstâncias de sua morte, em 5 de fevereiro deste ano.

Devido à mudança ministerial, não foram realizadas as assinaturas do termo de posse dos conselheiros.

 

CFP no Dia Internacional da Mulher

No Dia Internacional da Mulher, 8 de março, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) realizará um debate sobre o direito ao aborto. Profissionais da Psicologia e da Medicina abordarão, em conversa online, os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, as políticas públicas e o papel da Psicologia em relação ao tema.

Serão discutidos, dentre outros, o posicionamento dos (as) psicólogos (as) nos atendimentos legais de aborto no sistema de saúde, assim como seu posicionamento frente ao tema da interrupção voluntária da gravidez. Ainda, os convidados abordarão os significados para as mulheres que têm que dar prosseguimento a gravidezes indesejadas.

O direito ao aborto e a epidemia do Zika Vírus também será alvo de debate – no início de fevereiro a Organização das Nações Unidas (ONU) defendeu o direito ao aborto em países atingidos pela doença.  “O momento reabre a necessidade de se pensar o direito das mulheres em decidirem se querem ou não prosseguir com a gestação”, explica a organizadora da mesa, Valeska Zanello, professora adjunta do Departamento de Psicologia Clínica (PCL) do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília.

Participarão da mesa redonda o professor doutor Thomaz Gollop (Médico, coordenador do GEA – Grupo de Estudos do Aborto); Daniela Pedroso (psicóloga do Hospital Pérola Byington) e Vanessa Canabarro Dias (doutoranda, da ANIS). A mediação será realizada por Zanello.

As mulheres abortam

Em 2014 foram realizados cerca de 850 mil abortos no Brasil. Destes, apenas 1.5 mil foram casos de abortos legais – por ameaças à saúde materna, anencefalia fetal e estupro (dados do Ministério da Saúde). Cerca de 25% do total de abortos realizados apresentaram alguma complicação e foram atendidos no Sistema Único de Saúde. No Brasil, o aborto é o quinto maior causador da mortalidade materna, e, no mundo, 47 mil mulheres morrem em decorrência de abortos sem segurança (ONU).

Esta realidade demonstra que, mesmo criminalizado, as mulheres continuam abortando – com ou sem o aval e o apoio de políticas públicas do Estado.  “Muitas morrem. As que morrem, em geral, são marcadas pela vulnerabilidade social: são as mulheres negras e pobres. A criminalização do aborto é uma política pública ineficaz, pois não impede que as mulheres abortem, pelo contrário, as estimula a abortarem clandestinamente e, muitas vezes, colocando em risco sua própria vida”, comenta Zanello.

Baseado na defesa intransigente dos direitos das mulheres, no código de ética da profissão e nas decisões tomadas pela categoria no VIII Congresso Nacional de Psicologia (CNP), o CFP é favorável à descriminalização e a liberação do aborto em gestações de até 12 semanas. Conheça o texto do posicionamento da autarquia.

Participe e venha conversar conosco: o Bate-Papo Online será transmitido ao vivo no link https://www.youtube.com/watch?v=_FPEE05en3U. Suas perguntas podem ser enviadas para o e-mail eventos@cfp.org.br, ou via redes sociais, por meio da hashtag #papopsi

A rádio online da Psicologia divulgará também no dia 8 reportagens especiais sobre o Dia Internacional da Mulher. Acompanhe na programação do CFP News.

Debate online “Aborto: direitos, políticas para mulheres e o papel da Psicologia”
Dia 08, das 17h às 19h
Transmitido ao vivo no link https://www.youtube.com/watch?v=_FPEE05en3U

 

 

Psicologia e o esporte: Minas recebe congresso internacional

Com o objetivo de contribuir para a formação e o aperfeiçoamento dos profissionais da Psicologia, Educação Física e demais ciências do esporte, acontecem entre os próximos dias 14 e 16 de abril o XVI Congresso Brasileiro e o IX Congresso Internacional de Psicologia do Esporte e do Exercício (CONBIPE).

A atuação da Psicologia no esporte em geral, assim como no esporte olímpico e paralímpico, pautará os debates, baseados em aspectos como as intervenções psicológicas para o desempenho de equipes esportivas, saúde e o esporte de elite, intervenções com atletas olímpicos e paralímpicos, validação e avaliação no uso de instrumentos psicométricos no esporte, psicologia aplicada às lutas, psicofisiologia, cognição e futebol, preparação de atletas e treinadores, dentre outros. Serão realizadas palestras e mesas redondas com mais de 30 palestrantes nacionais e internacionais, entre pesquisadores, psicólogos, técnicos, preparadores físicos, atletas pertencentes às universidades, clubes e clínicas.

Para participar é necessário que o (a) interessado (a) se inscreva no site do evento. As inscrições realizadas até o dia 11 de março terão a taxa de R$ 200,00. Até o dia 14 de abril, o inscrito deverá pagar o valor de R$ 300,00.

O congresso acontecerá no Centro de Atividades Didáticas I (CAD I), localizado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). É organizado pela Associação Brasileira de Estudos em Psicologia do Esporte e do Exercício (ABEPEEx) e pelo Laboratório de Psicologia do Esporte da Universidade Federal de Minas Gerais, como apoio do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e outros parceiros.

Continuing Education Workshop (ISSP)

Em paralelo ao CONBIPE irá ocorrer o Continuing Education Workshop (ISSP), programa de certificação da International Society of Sport Psychology. Intitulado “Eventos esportivos internacionais: A contribuição da psicologia do esporte para a performance esportiva”, o curso objetiva “certificar e qualificar profissionais para atuar na área de psicologia do esporte”. As inscrições podem ser feitas no site do CONBIPE ao custo de 600 reais.

XVI Congresso Brasileiro e IX Congresso Internacional de Psicologia do Esporte e do Exercício (CONBIPE)
De 14 a 16 de Abril
Centro de Atividades Didáticas I (CAD I), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, Minas Gerais.

Inscrições e informações: http://150.164.124.6/conbipe/

Primeiro debate online de 2016 abordou a participação dos (as) psicólogos (as) na Gestão do SUAS

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) realizou, na última quinta (25), debate acerca da participação dos (as) psicólogos (as) na gestão pública do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). A contribuição da Psicologia, formação profissional, qualificação, problemas e desafios no dia a dia da gestão foram temas abordados no encontro, transmitido em tempo real pela internet e já disponível na íntegra no canal do CFP no YouTube.

A conversa contou com o relato da experiência de duas profissionais psicólogas que atuam na gestão do SUAS em municípios brasileiros – Carmem Magda Ghetti Senra, gestora na Prefeitura Municipal de Campinas (SP), e Elisângela Souza Franco, da Secretaria de Promoção Social de Poços de Caldas (MG). A mediadora, psicóloga Carla Andréa Ribeiro, explicou a necessidade de discutir a presença de psicólogos (as) na gestão. “O que temos de histórico é que esse espaço é ocupado no próprio fazer. Propomos pensar (a partir de relatos de experiências profissionais) o lugar do psicólogo e a importância do quanto pode contribuir”, disse Ribeiro, membro da Comissão Nacional de Psicologia na Assistência Social (Conpas) e do Coletivo Ampliado do CFP.

A convidada Senra destacou a contribuição da Psicologia para a construção do SUAS, lembrando que a categoria é a segunda com mais profissionais atuantes no Sistema, após o Serviço Social. Ela falou sobre aspectos do trabalho. “Atuar em uma política pública não é simples, não é um campo simples”, afirmou. “Três aspectos nas estratégias são essenciais para atuação do ‘psi’ no campo Social – técnicos, coletivos e políticos. Defendo que não há neutralidade na atuação do (a) psicólogo (a). Ele (a) se articula coletivamente com aquelas comunidades, com os atores envolvidos no Sistema, tecnicamente a partir da sua formação e tem uma atuação política. Temos que reconhecer que somos atores políticos e que não há uma neutralidade dessa atuação.”

“Somos atores políticos nessa política pública e estar nesse lugar que atende à parcela da população historicamente tratada como uma população invisível”, concordou a coordenadora da mesa em sua fala final. “Hoje, quando a gente está ocupando um lugar nessa política pública, diante de agendas que o Estado constrói, a gente fica, de fato, sendo chamado ao compromisso. Não dá para ir para esse lugar sem rever nossos valores éticos e políticos, sem assumir e tensionar posicionamentos. O (a) psicólogo (a) deve avaliar contextos, tomar decisões e atuar coletivamente.”

Contribuição

Já a psicóloga Franco destacou a escuta qualificada dos (as) profissionais psicólogos (as) como contribuição ao SUAS: “Somos formados para perceber o indivíduo, qual a percepção da história de vida. A subjetividade é o nosso campo de trabalho… A Psicologia sabe o que tem que ser feito para entender quem está na ponta”.
A debatedora destacou, ainda, a necessidade da representatividade na cobrança de melhorias do SUAS. “O que vai manter e dar continuidade à política de assistência social é a militância, é a ocupação do usuário, do trabalhador e das entidades… A partir do momento em que consigo uma efetividade de fóruns de discussões e de interlocução com a gestão, eles se sentem pressionados. A gente precisa que os usuários se organizem. Mas como os profissionais vão organizar os usuários, se nós não conseguimos nos organizar?”, questionou.

A burocracia e a precarização do serviço público também foram destaque nas falas. No entanto, todas reafirmaram o Sistema Único como uma conquista histórica para a sociedade. “Vivenciei a era pré-SUAS, situação em que não tínhamos normativas, em que não atuávamos em um sistema nacional e ficávamos ao sabor da gestão dos municípios, que definiam serviços que eram extintos a cada gestão”, lembrou Senra. “Identificar um CRAS [Centro de Referência de Assistência Social], um serviço que existe em todo pais é, sem dúvida, uma conquista.”

Debates no OrientaPsi

O vídeo do debate pode ser assistido aqui, e os interessados poderão participar de debates sobre o tema Gestão no SUAS a partir desta semana no OrientaPsi.

O CFP realizará outros quatro eventos online baseados no eixo de práticas profissionais: Proteção Social Básica (14/03); Proteção Social Especial de Média (08/04) e de Alta (05/05) Complexidades; e a Concessão de Benefícios (09/06).

9º CNP: conheça o novo site

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) lançou nesta sexta (26) o site da 9ª edição do Congresso Nacional de Psicologia (CNP): “Psicologia, no cotidiano, por uma sociedade mais democrática e igualitária”, que acontecerá entre os próximos dias 16 a 19 de junho, em Brasília. Por meio do sítio eletrônico http://9cnp.cfp.org.br/, os (as) psicólogos (as) têm acesso às informações necessárias para a mobilização para o encontro que definirá as diretrizes e políticas nacionais a serem implementadas pelo Sistema Conselhos de Psicologia na gestão setembro de 2016 a setembro de 2019.

O Congresso acontece a cada três anos e possibilita a participação direta e democrática da categoria na construção da Psicologia. Para isso, são realizados, previamente, eventos, fóruns e congressos onde são elencadas as prioridades da categoria e definidos os delegados para a participação no encontro nacional. As prioridades podem ser divididas em três grandes eixos: “Organização democrática do Sistema Conselhos e aperfeiçoamento das estratégias de diálogo com a categoria e sociedade”; “Contribuições éticas, políticas e técnicas ao processo democrático e de garantia de direitos”; e “Ampliação e qualificação do exercício profissional no Estado de garantia de direitos”.

O novo site conta, assim, com o regulamento do CNP e apresenta as informações necessárias para a participação, o envio de propostas e o cronograma das etapas de participação. Ao longo do processo de mobilização para o Congresso também será publicada a lista de delegados eleitos para a representação dos (as) psicólogos (as) no evento nacional, assim como notícias atualizadas sobre o preparatório do evento.

Participe dos eventos preparatórios e fique atualizado sobre as prévias do 9º CNP por meio das notícias do site!

Acesse o site: http://9cnp.cfp.org.br/

Competências e exercício profissional: Psicologia Organizacional e Trabalho em debate

A Associação Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho (SBPOT) e o Conselho Federal de Psicologia (CFP) realizarão, entre os próximos dias 1 e 3, um workshop que tratará sobre as competências básicas que caracterizam os profissionais que atuam no campo organizacional e do trabalho. No dia 2, o público poderá acompanhar um debate online sobre o tema.

“Com esse workshop, a SBPOT busca avançar na discussão. Queremos produzir um modelo/guia de formação pós-graduada baseado em competências que guiem a formação específica desse profissional. Se conseguirmos alcançar em nosso objetivo, esse trabalho será um marco para formação e atuação na nossa área”, destaca Adriano de Lemos Alves Peixoto, presidente da SBPOT. A associação tem trabalhado para organizar, sistematizar e estabelecer um conjunto básico de competências que caracterizem a atuação do (a) profissional psicólogo (a).

De acordo com a entidade, o (a) Psicólogo (a), após a graduação, deve adquirir um novo conjunto de conhecimentos e habilidades técnicas que permitam uma atuação profissional específica, não somente em POT, mas em qualquer área que queira atuar. Assim, a SPOT tem debatido em eventos e artigos quais são estas competências para a área organizacional e do trabalho.

O debate online acontecerá em Brasília, no dia 02, das 17 às 19 horas, com transmissão online. Além de Peixoto, o debate contará com a presença dos (as) psicólogos (as) professores Antonio Virgílio Bittencourt Bastos (UFBA), Gardênia Abadd (UnB), Mary Sandra Carlotto (Unisinos).

Participe e venha conversar conosco: o Bate-Papo Online será transmitido ao vivo no link https://www.youtube.com/watch?v=gOhIDeKxtYg

Suas perguntas podem ser enviadas para o e-mail eventos@cfp.org.br, ou via redes sociais, por meio da hashtag #papopsi.

Debate online “Competências e exercício profissional em POT”

Dia 02, das 17 às 19 horas
Transmissão online no link https://www.youtube.com/watch?v=gOhIDeKxtYg