A experiência brasileira no campo da Neuropsicologia recebeu destaque em evento realizado na cidade de Porto, em Portugal. Entre os dias 3 e 5 de julho, a conselheira-secretária Izabel Hazin e a psicóloga Rochele Paz Fonseca (GT Neuropsicologia/CFP) representaram o Conselho Federal de Psicologia (CFP) no Congresso Global de Neuropsicologia, com troca de saberes sobre aspectos relacionados desde a formação até a atuação profissional.
O Congresso, que contou com o CFP como entidade parceira, teve como objetivo o intercâmbio de aspectos científicos no campo neuropsicológico praticado nos diversos países, bem como visibilizar as pesquisas e a atuação clínica em diversas regiões do mundo – buscando ainda possibilitar caminhos para colaborações multilaterais. O diálogo também colocou em debate temas como pobreza e impactos neuropsicológicos associados a doenças endêmicas em países como a África.
Durante o encontro, a conselheira federal ressaltou que a Neuropsicologia é reconhecida formalmente como especialidade pela Resolução CFP nº 2/2004, que completa neste ano duas décadas de vigência no Brasil. A normativa define a(o) neuropsicóloga(o) como profissional que atua no diagnóstico, no acompanhamento, no tratamento e na pesquisa da cognição, das emoções, da personalidade e do comportamento sob o enfoque da relação entre estes aspectos e o funcionamento cerebral, evidenciando a importância dessa área científica para o cuidado em saúde mental.
Na avaliação da conselheira, há uma série de desafios que precisam ser enfrentados no país, como questões relacionadas às restrições econômicas à prestação de serviços; a diversidade linguística e o analfabetismo; e a estigmatização frente à falta de conhecimento acerca das alterações psicológicas. Também são entraves a ausência de formação especializada nos cursos de graduação e supervisão e a falta de credenciamento nos planos de saúde para atendimento dessa especialidade.
“Temos avançado no debate, mas ainda há um caminho longo a trilhar. Conhecer a realidade da Neuropsicologia em outros países nos ajuda a perceber as possibilidades no Brasil, que tem um contexto tão diverso e desafiador”, avalia Hazin.
Internacionalização da Psicologia
A participação do CFP no Congresso Global de Neuropsicologia insere-se em uma ação estratégica do Conselho Federal de Psicologia para fortalecer a ciência e profissão praticadas no Brasil e as possibilidades de conectar a Psicologia brasileira com entidades, pesquisadores e profissionais de outros países.
Izabel Hazin ressalta que o evento foi oportuno para reafirmar a parceria entre o CFP e a Sociedade Latinoamericana de Neuropsicologia (SLAN), com o objetivo de organização de um simpósio ainda neste ano, durante o XVIII Congresso da Sociedade Latinoamericana de Neuropsicologia, a ser realizado em novembro na cidade de Cuenca, Equador.
Outra importante articulação está na participação da representante do CFP no debate sobre o Certificado Europeu de Psicologia (EuroPsy). O encontro debateu a mobilidade de psicólogas e psicólogos entre os países da União Europeia – tema que dialoga com as tratativas em curso pelo CFP junto à Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) e à Associação de Psicólogos Brasileiros em Portugal (APBP), no sentido de encontrar solução para que psicólogas(os) brasileiras(os) e portugueses possam exercer a profissão nos dois países.
Matérias relacionadas
CFP leva experiências brasileiras ao primeiro Congresso Centroamericano de Psicologia