Sessão solene homenageia Dia da(o) Psicóloga(o) e cinquentenário do primeiro Plenário CFP

Psicólogas e psicólogos brasileiros foram homenageados na manhã da sexta-feira (18), em Brasília/DF, em sessão solene realizada pela Câmara dos Deputados para celebrar o Dia da(o) Psicóloga(o), comemorado em 27 de agosto, e também os 50 anos de funcionamento do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que se completam em 2023.

A sessão foi requerida pela deputada Erika Kokay (PT-DF) e pelo deputado Zeca Dirceu (PT-PR) e reuniu parlamentares, representantes de instituições do poder público, entidades da sociedade civil e integrantes do Sistema Conselhos de Psicologia de todo o país, além de diversas organizações vinculadas ao exercício da profissão.

A sessão solene foi conduzida pela deputada Erika Kokay (PT/DF) e a mesa oficial contou com a presença do presidente do CPF, Pedro Paulo Bicalho; da vice-presidente, Ivani Oliveira; e das conselheiras Izabel Hazin, Alessandra Almeida e Nita Tuxá. Também compuseram a solenidade a presidente do CRP-01/DF, Thessa Guimarães; a diretora do Departamento de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Sônia Barros; o presidente do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), Edgilson de Araújo; e a representante do Conselho Nacional de Saúde, Fernanda Magano.

Transmitida em tempo real pelo canal do Youtube do CFP, a solenidade foi marcada por relatos sobre a história da Psicologia e as importantes contribuições dessa ciência e profissão para o conjunto da sociedade.

Importância da Psicologia

Na abertura da sessão, a deputada Érika Kokay (PT/DF) transmitiu as palavras do presidente da Casa, Arthur Lira, ressaltando a relevância deste dia de reconhecimento à importância dos profissionais de Psicologia na sociedade. O presidente da Câmara dos Deputados destacou o compromisso do Parlamento em dialogar sobre questões de interesse da categoria, bem como em promover lutas contra a discriminação, o racismo e em prol de grupos minoritários.

Já o presidente do CFP, Pedro Paulo Bicalho, refletiu sobre o orgulho pela profissão, que hoje está no atendimento clínico e em um importante conjunto de políticas públicas, especialmente no Sistema Único de Saúde (SUS) e no Sistema Único de Assistência Social (SUAS).

“Orgulho pela profissão é o orgulho das transformações feitas ao longo desses 50 anos. Aquela Psicologia instituída em 1962 já não é mais efetivamente a mesma”, disse Bicalho, ao destacar as importantes contribuições da Psicologia em temas relevantes para a sociedade, como a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e da Política de Saúde Mental Antimanicomial.

O presidente do CFP também ressaltou a presença ativa da autarquia em espaços de formulação e controle de políticas públicas: “O CFP é o conselho federal que mais possui assentos em fóruns de participação social, o que reforça o papel da Psicologia de contribuir para transformar a realidade por meio do diálogo interinstitucional” destacou.

Durante a solenidade, foi lida mensagem enviada pela Presidência da República ao CFP, e a todas as psicólogas e psicólogos do país. O texto destaca o papel central da Psicologia brasileira “no direito de cada pessoa a serviços de saúde, na luta antimanicomial e na construção e fortalecimento do Sistema Único de Saúde e do Sistema Único de Assistência Social”. A Presidência da República é a instância máxima do Poder Executivo, responsável pela administração do Estado brasileiro e pela formulação de políticas públicas que cumpram os compromissos e princípios estabelecidos na Constituição Federal – marco que orienta o Código de Ética Profissional da Psicologia.

Homenagens e lançamento

A sessão solene também prestou homenagem aos trabalhadores do Conselho Federal de Psicologia, que hoje é constituído por 111 funcionários, entre servidores, comissionados e estagiários. Para representar o reconhecimento da autarquia à importante contribuição desses profissionais na construção do CFP ao longo de seus 50 anos, o presidente do Conselho, Pedro Paulo Bicalho, homenageou os servidores Rogério Reis e Antônio Muniz, que têm mais de 25 anos de casa.

A solenidade também marcou o lançamento oficial do Sistema de Avaliação de Práticas Psicológicas (SAPP), nomeado em memória a Aluízio Lopes de Brito, idealizador da plataforma, falecido em 2020, vítima da Covid-19. O SAPP é uma experiência inovadora em todo o mundo, e tem como objetivo avaliar se as práticas submetidas cumprem os princípios científicos e éticos da Psicologia brasileira, qualificando o exercício profissional. A Resolução CFP 15/2023 foi publicada nesta segunda-feira (21) no Diário Oficial da União.
Entre as presenças registradas na sessão solene estão a Associação dos Assistentes Sociais e Psicólogos da Área Sociojurídica do Brasil (AASPSI), a Associação Brasileira de Psicologia Escolar e da Educação (ABRAPEE), a Sociedade Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho (SBPOT), a Associação Brasileira de Psicologia de Tráfego (ABRAPSIT) e Associação Brasileira de Psicoterapia (ABRAP), o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), o Conselho Nacional dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes (CONANDA), o Fórum Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (FNDCA) e o Conselho Nacional de Saúde (CNS), assim como os Conselhos Federais de Serviço Social, de Biblioteconomia, de Medicina Veterinária, de Farmácia, de Biologia e de Economia.

Confira a galeria de fotos da Sessão Solene que homenageia Dia da(o) Psicóloga(o) e cinquentenário do primeiro Plenário CFP 

Acesse o Sistema de Avaliação de Práticas Psicológicas (SAPP)

Confira a íntegra da solenidade no YouTube do CFP:

Marcha das Margaridas: CFP participa de atividades em defesa dos direitos das trabalhadoras do campo, da floresta e das águas

Nos dias 15 e 16 de agosto, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) participa de um conjunto de atividades que integram a Marcha das Margaridas – uma das mais importantes mobilizações protagonizadas por mulheres trabalhadoras do campo, da floresta e das águas de todo o país.

Coordenada pela Confederação Nacional de Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG), a Marcha é realizada em Brasília/DF e conta com a parceria de diversos coletivos e movimentos de defesa e promoção de direitos.

O objetivo é fortalecer e ampliar a organização, a mobilização e a formação das mulheres trabalhadoras rurais. A proposta é fortalecer o protagonismo e o enfrentamento a todas as formas de violência, exploração e discriminação, reafirmando e visibilizando a contribuição econômica, política e social das mulheres do campo, da floresta e das águas na construção de um novo processo de desenvolvimento rural voltado para a sustentabilidade da vida humana e do meio ambiente.

Conforme aponta o relatório Conflitos no Campo Brasil 2021, realizado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Centro de Documentação Dom Tomás Balduino, 31,5% das mulheres no campo sofreram ameaça de morte em 2021. Outros 13,54% relataram ter sido vítimas de intimidação.

Participação da Psicologia

Durante a programação oficial, o Conselho Federal de Psicologia conduzirá duas rodas de conversa no dia 15 de agosto. A primeira começará às 12h e terá como tema “Saúde, Pró equidade de Gênero e Raça”. Às 16h será conduzido o diálogo “Saúde mental, acessibilidade e ativismo LGBTQIA+”.

As atividades serão realizadas na Tenda da Cura, espaço dedicado aos debates em torno da promoção da saúde com o objetivo de sensibilizar e motivar as populações do campo, da floresta, das águas e das cidades para a importância da utilização de práticas preventivas e integrativas de saúde.

Na quarta-feira (16), representantes do Conselho Federal de Psicologia participam da marcha em direção ao Congresso Nacional. A concentração será em frente ao Pavilhão do Parque da Cidade, com início da caminhada prevista para às 7h.

Para mais informações sobre a Marcha das Margaridas, acesse o site.

Dia Nacional dos Direitos Humanos

Iniciativa das mulheres do campo, da floresta e das águas que lutam por direitos, justiça e igualdade, a Marcha das Margaridas acontece tradicionalmente desde 2000 em Brasília (DF), centro das decisões políticas de âmbito nacional.

A mobilização marca uma homenagem à memória de Margarida Maria Alves, líder sindical brutalmente assassinada em 12 de agosto de 1983 no município de Alagoa Grande (PB). O caso chegou à Corte Interamericana de Direitos Humanos, tornando-se um marco na denúncia das violações sistemáticas dos direitos fundamentais, sobretudo, aquelas que vitimam as mulheres.

Para marcar a necessidade de enfrentar esses desafios, a Lei nº 12.641/2012 passou a reconhecer o 12 de agosto como o Dia Nacional dos Direitos Humanos, reforçando a necessidade de políticas de promoção e proteção desses direitos.

Avaliação de Práticas Psicológicas: CFP prorroga prazo de inscrições para pareceristas do SAPP

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) prorrogou até 28 de agosto as inscrições de pessoas interessadas em compor a equipe de pareceristas ad hoc do SAPP – Sistema de Avaliação de Práticas Psicológicas Aluízio Lopes de Brito.

Criado por meio da Resolução CFP nº 18/2022, o Sistema tem como objetivo avaliar se as práticas submetidas cumprem os princípios científicos e éticos da Psicologia brasileira, qualificando o exercício profissional desta ciência e profissão.

Podem participar psicólogas(os) com inscrição regular e ativa no Conselho Regional de Psicologia (CRP) com, pelo menos, dez anos de atuação comprovada na profissão, bem como pesquisadoras(es) graduadas(os) em Psicologia com título de doutorado comprovado em cursos reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC).

Serão selecionadas pessoas que possuam conhecimento sobre formação e atuação profissional em Psicologia e suas interfaces com outros campos profissionais; tenham trabalhos publicados qualificados ou experiência com os processos de trabalho escolhidos para atuar como pareceristas; possuam domínio de métodos e técnicas de investigação; e dominem as práticas em Psicologia.

As inscrições devem ser submetidas exclusivamente por formulário eletrônico. Acesse aqui o edital.

Como vai funcionar o SAPP

Por meio do novo Sistema, o CFP vai avaliar se as práticas submetidas têm relação com a ciência e ética psicológica e se poderão ser utilizadas por psicólogas(os) de todo o país.

A avaliação deve ser solicitada por grupos auto-organizados ou entidades que possuam personalidade jurídica e vinculação com a prática a ser avaliada. Durante o processo, é necessário que seja apresentado o embasamento teórico-metodológico-técnico em que a prática se baseia. Além disso, é fundamental apresentar o contexto, seus territórios e a população envolvida.

A partir da avaliação, as práticas são categorizadas como compatíveis com os princípios científicos e éticos do exercício profissional; incompatíveis; ou inconclusivas, ou seja, pendentes de estudos e pesquisas mais aprofundadas.

Todo esse processo de avaliação será feito por um grupo composto por representantes do CFP e especialistas convidadas(os), além de pareceristas ad hoc selecionadas(os) por meio de edital de chamada pública e a plenária do CFP.

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CFP realiza seminário para destacar relação das mulheres com os territórios sob a perspectiva da Psicologia

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) realiza na próxima segunda-feira (14) o seminário “Psicologia e território como direito humano: as vivências das mulheres do campo, florestas, águas e cidades”. O evento busca debater assuntos relacionados à questão urbana, ao direito à cidade e ao bem viver, visando ainda construir estratégias de enfrentamento ao racismo ambiental.

A atividade é iniciativa do GT Psicologia Ambiental, instituído pelo CFP em novembro de 2021 com a finalidade de ampliar o debate junto à categoria acerca de temas que impactam na relação pessoa-ambiente.

O diálogo abordará também os atravessamentos de classe, raça, gênero e demais marcadores sociais da diferença nas experiências urbanas de mulheres sob o olhar da Psicologia, bem como suas implicações para a formação e a atuação de psicólogas(os).

A atividade contará com a participação da vice-presidente do CFP, Ivani Oliveira, além das conselheiras federais Alessandra Almeida, Nita Tuxá e Obádèyi Carolina Saraiva. A programação reúne ainda as psicólogas Andreza Cristina da Costa Silva (coordenadora da Comissão de Direitos Humanos do CFP), Raquel Diniz (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), Tatiana Minchoni (Universidade Federal de Santa Catarina), Juliana Gonçalvez, Zélia Amador de Deus, Braulina Baniwa (Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade – ANMIGA), Marina Dermann e Izabelly Guabiraba.

Todo o debate será transmitido ao vivo pelo YouTube do Conselho Federal de Psicologia a partir das 13h.

Psicologia e relações pessoa-ambiente

Embora seja um campo relativamente novo, a Psicologia Ambiental tem um enorme potencial para a atuação da categoria nos crescentes debates sobre a relação pessoa-ambiente.

Pensando nisso, foi criado o GT Psicologia Ambiental no âmbito do CFP. O coletivo conta com a participação de conselheiras federais e de representantes da Associação Brasileira de Psicologia Ambiental e Relações Pessoa-Ambiente e do Grupo de Trabalho Psicologia Ambiental da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia (ANPEPP), além de especialistas na área.

Em 2022, o grupo lançou o Catálogo de Práticas em Psicologia Ambiental, obra que apresenta experiências acerca do desenvolvimento e efetivação de práticas afetas ao tema. Também compõem o material entrevistas, textos de profissionais das cinco regiões do Brasil e da América Latina, representando importante contribuição na área.

Confira a composição do GT Psicologia Ambiental do CFP

Ivani Oliveira
Vice-presidente do CFP

Alessandra Almeida
Conselheira do CFP

Nita Tuxá
Conselheira do CFP

Juliana Guimarães
Conselheira do CFP

Carolina Roseiro
Conselheira do CFP

Gustavo Martineli Massola
Coordenador do GT de Psicologia Ambiental da ANPEPP

Alessandra Sant’Anna Bianchi
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Ana Paula Soares da Silva
Universidade de São Paulo (USP)

Fernanda Gurgel
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e integrante do GT de Psicologia Ambiental da ANPEPP

Raquel Diniz
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e integrante do GT de Psicologia Ambiental da ANPEPP

Camila Bolzan
Presidente da Associação Brasileira de Psicologia Ambiental e Relações Pessoa-Ambiente e integrante do GT de Psicologia Ambiental da ANPEPP

Mário Henrique da Mata Martins
Vice-presidente da Associação Brasileira de Psicologia Ambiental e Relações Pessoa-Ambiente, integrante do GT de Psicologia Ambiental da ANPEPP e professor de Psicologia na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Tadeu Mattos Farias
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

“Nós queremos mudança”: desafios da Psicologia na luta antirracista marcam encontro do Sistema Conselhos

Representantes do Sistema Conselhos de Psicologia de todo o país – composto pelo CFP e os 24 Conselhos Regionais – estiveram em Brasília (DF) nos dias 28 e 29 de julho para a plenária “Aquilombamento da Psicologia: corpos-territórios de afeto, política, resistência e ancestralidade”.

Realizado pelo Conselho Federal de Psicologia, o evento buscou marcar o compromisso da Autarquia na promoção de ações afirmativas inclusivas e reparatórias, conforme prevê o programa aprovado no âmbito da Assembleia de Políticas, da Administração e das Finanças (APAF) com a finalidade de combater as violências institucionais e estruturais (no CFP e nos Conselhos Regionais de Psicologia), tais como racismo, sexismo, capacitismo e LGBTQIfobia. Esta foi a terceira plenária temática com foco no reconhecimento e acolhimento das diversidades que compõem a sociedade e que moldaram a atuação do Sistema Conselhos ao longo das décadas. 

Durante a solenidade de abertura, o presidente do CFP, Pedro Paulo Bicalho, destacou que, pela primeira vez, o processo eleitoral no âmbito dos Conselhos Regionais e a consulta nacional para a composição do CFP previram um sistema de ações afirmativas com o intuito garantir a inclusão e tornar esses espaços de gestão mais plurais e democráticos. “Nós também sabemos que não basta uma resolução em que são atribuídos percentuais para que essas pessoas cheguem. Nós precisamos de políticas de acolhimento para que essas pessoas cheguem e não saiam”, enfatizou o presidente ao reconhecer a urgência de enfrentar as assimetrias nos espaços de gestão.

Pedro Paulo reforçou ainda o compromisso ético-político da atual gestão em debater conjuntamente estratégias capazes de enfrentar o racismo. “O pacto da branquitude também tem que ser o pacto de ceder o lugar quando esse lugar é melhor apropriado por outra pessoa que não você”, afirmou.

“Quando a gente pensa nessas plenárias e no acolhimento é para dizer para cada uma de vocês que não defendemos reserva de vagas para representatividade vazia. Nós queremos mudança”, salientou a vice-presidente do CFP, Ivani Oliveira. A conselheira também ressaltou que a atuação psicológica antirracista está regumamentada pela Resolução CFP nº 18/2002 – que estabelece normas de atuação para as(os) psicólogas(os) em relação ao preconceito e à discriminação racial. “A sociedade precisa saber que nenhuma psicóloga e psicólogo pode ter uma conduta racista ou negligenciar uma fala que verse sobre racismo”, concluiu. 

Conduzindo a mediação do diálogo, a conselheira do CFP Alessandra Almeida evidenciou a violência política motivada, sobremaneira, por questões de gênero e raça. “Trata-se disso: de nos dizer que esse lugar não nos pertence, e aí nós precisamos nos olhar e nos dizer diuturnamente ‘esse lugar é nosso, não é favor estarmos aqui'”, pontuou.

Ao tratar sobre a laicidade e sua interface com a Psicologia, a representante do Ministério da Igualdade Racial, Nahiane Hermano Guimarães, ressaltou que o debate sobre racismo religioso passa pela necessidade de promoção da saúde mental da população negra. “Nossa luta é por uma saúde mental antirracista que seja verdadeiramente reflexo da pluralidade de nossas existências e que atue diretamente com os traumas do racismo em todas as suas direções”, alertou Nahiane.

“Aquilombar-se é resistir. É sentir a força da luta. É não desistir jamais”, enalteceu a psicóloga Maria de Jesus Moura. A ex-conselheira do CFP (gestão 2019 – 2022) chamou atenção para o fato de que o trajeto das pessoas negras na educação é ainda mais difícil porque muitos espaços são excludentes, impactando a autoestima da pessoa negra.

Participaram ainda da organização e condução das atividades as(os) conselheiras Carolina Saraiva Obádèyi, Fabiane Fonseca, Rosana Figueiredo e Evandro Peixoto, além de Nita Tuxá, coordenadora da Comissão de Direitos Humanos do CFP, e Izabel Hazin, conselheira-secretária da Autarquia.

Reparação

Para a psicóloga Jeanyce Araújo, a ciência, a Psicologia e demais campos do conhecimento têm um dever de reparação histórica por produzir noções de mundo e sujeitos patologizantes, retirando o direito da população negra e gerando situações sistemáticas de violência contra essas pessoas. 

Sugeriu a inclusão de saberes e fazeres quilombolas para o cuidado em saúde mental na Rede de Atenção Psicossocial, justificando que tais abordagens são eficazes para o enfrentamento de práticas coloniais, causa principal do sofrimento psíquico, segundo a psicóloga. “O quilombo acolhe todos os conhecimentos e práticas. Agora, fora do nosso quilombo, nosso conhecimento não é incluído: é perseguido, desqualificado, sendo que o mesmo tem valor e eficácia”.

“Acredito que as políticas públicas de assistência delimitam um momento especial: é onde a Psicologia vai ao território que é marginalizado e, chegando lá, infelizmente, as nossas teorias e técnicas esbarram na dificuldade de ler a pele de Ébano”, complementou o psicólogo e ex-presidente do CRP-BA, Valter da Mata. 

Na avaliação de Maria Conceição Costa, coordenadora geral da Articulação Nacional de Psicólogas/os/ues Negras/os/es e Pesquisadoras/es (ANPSINEP), é fundamental para a categoria que psicólogas(os) negras(os) repensem e reflitam práticas no sentido de gerar mudanças de atitude e alteração do pensamento em relação às atuações e enfrentamento ao racismo. “A Psicologia brasileira precisa rever a sua própria prática cotidiana porque ainda é uma Psicologia elitizada, embranquecida, com práticas machistas e racistas”, frisou.

Justiça social

O segundo dia de atividades contou com um debate sobre interseccionalidade como ferramenta de justiça social, levando o grupo a refletir sobre situações cotidianas e problematizando maneiras de fazer enfrentamento ao racismo. A palestra foi conduzida por Carla Akotirene, doutora em Estudos de Gênero, Mulheres e Feminismos pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).

A professora adjunta da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Ana Flauzina, abordou a importância da organização política no movimento negro e o papel da Psicologia nesse cenário. Ana Flauzino é doutora em Direito pela American University e pós-doutora em estudos africanos e da diáspora africana pela Universidade do Texas, em Austin. 

A plenária “Aquilombamento da Psicologia: corpos-territórios de afeto, política, resistência e ancestralidade” também foi espaço para a construção de um documento com diretrizes e orientações para o enfrentamento ao racismo, marcando o compromisso da Psicologia no enfrentamento às desigualdades.

Práticas antirracistas

A abertura do evento também contou com o lançamento da edição 2023 do Prêmio Profissional Virgínia Bicudo “Práticas para uma Psicologia Antirracista”. A iniciativa pretende identificar, valorizar e divulgar estudos e ações de psicólogas(os)(es), coletivos e grupos que envolvam a Psicologia e as relações étnico-raciais, fundamentadas nos direitos humanos e que tenham impacto na saúde mental, na redução das desigualdades sociais e no posicionamento antirracista. Os trabalhos selecionados na primeira edição, em 2022, foram publicados pelo Conselho Federal de Psicologia. O material pode ser acessado no site do CFP

Confira as fotos da atividade no Flickr do CFP.

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O Conselho Federal de Psicologia (CFP) realiza nesta semana a plenária “Aquilombamento da Psicologia: corpos-territórios de afeto, política, resistência e ancestralidade”.

A atividade reúne representantes do Sistema Conselhos de Psicologia de todo o país – composto pelo CFP e os 24 Conselhos Regionais – e marca o compromisso da Autarquia na promoção de ações afirmativas inclusivas e reparatórias, com foco no reconhecimento e acolhimento das diversidades que compõem a sociedade e o próprio Sistema Conselhos.

A cerimônia de abertura, acessível ao público por meio de transmissão pelo YouTube do CFP, contará com a participação de parlamentares, representantes do poder público, integrantes de entidades representativas da Psicologia e especialistas diversos, além da presença de Pedro Paulo Bicalho, presidente da instituição.

Como parte da programação, estão previstos momentos de reflexão sobre desafios importantes na área, com a participação das especialistas Ana Flauzina (doutora em Direito e professora adjunta da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia) e Carla Akotirene (doutora em Estudos Interdisciplinares de Gênero, Mulheres e Feminismo pela Universidade Federal da Bahia).

Ao final da plenária, está prevista a entrega de uma carta à gestão do CFP, ato que busca pontuar a responsabilidade do Sistema Conselhos de Psicologia em aprofundar seu papel institucional na luta antirracista.

Prêmio Virgínia Bicudo

A plenária “Aquilombamento da Psicologia: corpos-territórios de afeto, política, resistência e ancestralidade” também será palco para o lançamento da segunda edição do Prêmio Profissional Virgínia Bicudo: práticas para uma Psicologia antirracista.

Instituída em 2021 como parte das ações da campanha “Racismo é coisa da minha cabeça ou da sua?”, a iniciativa tem como objetivo identificar, valorizar e divulgar estudos e ações de psicólogas(os) e coletivos que envolvam a Psicologia e as relações étnico-raciais fundamentadas nos direitos humanos e que tenham impacto na saúde mental, na redução das desigualdades sociais e no posicionamento antirracista.

Como resultado da primeira edição, as(os) vencedoras(es) tiveram seus trabalhos publicados em 2022.

Serviço

Plenária “Aquilombamento da Psicologia: corpos-territórios de afeto, política, resistência e ancestralidade”

28 de julho – das 19h às 21h
29 de julho – das 9h às 18h30

Abertura (28/7) com transmissão ao vivo pelo YouTube do CFP

CFP realiza pesquisa sobre atuação de psicólogas(os) no Sistema de Justiça

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) realiza, até 25 de agosto, uma pesquisa junto às(aos) psicólogas(os) que atuam no Sistema de Justiça (Tribunais, Ministérios Públicos e Defensorias).

Iniciativa do Centro de Referências Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop/CFP), o levantamento tem como objetivo subsidiar a elaboração de referência técnica acerca do tema.

A participação na pesquisa, destaca o Crepop, é voluntária e poderá ser efetivada de forma presencial ou por videoconferência. Além disso, a fase das entrevistas será realizada de acordo com a disponibilidade da equipe do Crepop do Conselho Regional da unidade federativa da pessoa interessada.

Sobre o Crepop

O Centro de Referências Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas é uma iniciativa do Sistema Conselhos de Psicologia – composto pelo CFP e os 24 Conselhos Regionais -, criado para promover a qualificação da atuação profissional de psicólogas(os) que atuam nas diversas políticas públicas.

Além de seu papel técnico, o Crepop tem um importante papel ético e político. Ético no que tange a qualificação profissional, orientando um fazer alinhado com a garantia de direitos e a transformação de vidas. Político por se tratar de um espaço que demarca as contribuições da Psicologia para o campo das políticas públicas, voltadas para a transformação social.

Serviço:

Pesquisa sobre atuação de psicólogas(os) no Sistema de Justiça
Prazo: até 25 de agosto de 2023.
Como participar: preencha o questionário on-line da pesquisa sobre atuação de psicólogas(os) no Sistema de Justiça.

Já está disponível o formulário de interesse em participar da etapa de entrevistas individuais e/ou em grupo.

Conheça as Referências Técnicas do Crepop.

17ª CNS: CFP destaca compromisso da Psicologia com a assistência à saúde

O Conselho Federal de Psicologia (CFP), entidade responsável por orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício profissional de cerca de 440 mil psicólogas(os) em todo o país, participou da 17ª Conferência Nacional de Saúde (CNS), realizada entre os dias 2 e 5 de julho. 

Com o tema “Garantir Direitos e Defender o SUS, a Vida e a Democracia: Amanhã Vai Ser Outro Dia”, a etapa nacional reuniu cerca de 6 mil participantes e garantiu a  aprovação de 240 diretrizes e 1.190 propostas para saúde pública do país.. 

Durante as atividades da 17ª CNS, o Conselho Federal de Psicologia foi representado pelo presidente da Autarquia, Pedro Paulo Bicalho, além dos conselheiros Gabriel Figueiredo e Jefferson Bernardes, bem como a psicóloga Marisa Helena Alves, coordenadora da Comissão Intersetorial de Saúde Mental do Conselho Nacional de Saúde (CISM/CNS) que representa o CFP no CNS. Na ocasião, o CFP mobilizou 40 psicólogas(os) para dialogar sobre o papel da Psicologia nos espaços de participação social e deliberação de políticas públicas no campo da Saúde.

Tradicionalmente, as conferências de Saúde acontecem a cada quatro anos. Mas, de forma excepcional, a 17ª edição ocorreu após um intervalo de dez anos depois de um longo período de tratativas em relação à data. 

Na avaliação do presidente do CFP, retomar esse importante espaço de diálogo entre governo e sociedade para a construção das políticas públicas do Sistema Único de Saúde (SUS) é fundamental para garantir a assistência que a sociedade necessita. “A Psicologia brasileira, mais uma vez, ao compor esse espaço, se compromete com o cuidado à população orientado no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, tal qual se colocam os valores da Declaração Universal dos Direitos Humanos, raiz do nosso código de ética profissional”, pontuou Pedro Paulo Bicalho.

O Conselho Federal de Psicologia também esteve presente no Ato Público em Defesa do SUS, da Vida e da Democracia, espaço que reuniu delegadas(os) e convidadas(os) da 17ª CNS, além de movimentos sociais, coletivos de ativistas e parlamentares de todo o país unidos em defesa do Sistema Único de Saúde.

Contribuições da Psicologia

Em maio, antecedendo a etapa nacional da 17ª CNS, o Conselho Federal de Psicologia e a  Federação Nacional dos Psicólogos (Fenapsi) realizaram a conferência livre “A Psicologia brasileira e sua contribuição para o SUS e a saúde mental que queremos”.

O evento, que teve como objetivo engajar profissionais e estudantes da Psicologia de todo o país, recebeu 1.300 inscrições que resultaram em quase 600 credenciamentos de pessoas que, efetivamente, participaram dos diálogos. 

O resultado dessa iniciativa assegurou cinco vagas para participação de representantes da Psicologia como delegadas(os) na 17ª Conferência Nacional de Saúde. Além disso, foram deliberadas na plenária da conferência 10 propostas e duas diretrizes.

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CFP NA MÍDIA

A violência nas escolas e o papel da Psicologia no enfrentamento a esse desafio – bem como no cuidado às crianças e às(aos) adolescentes vítimas ou que presenciaram situações desse tipo – foram tema de matéria publicada no portal Terra. O conteúdo também destaca a Lei 13.935/2019, que garante a presença de profissionais da Psicologia e do Serviço Social nas redes públicas de educação básica, ponderando os desafios para que a efetiva implementação da Lei se torne uma realidade no país.

Em entrevista concedida ao Terra, o presidente do Conselho Federal de Psicologia, Pedro Paulo Bicalho, explica que a Lei 13.935/2019 foi resultado de uma intensa mobilização que durou mais de duas décadas e só foi possível com o envolvimento de diversas entidades representativas dessas duas categorias profissionais. “Nós apostamos na ideia de que quando existe o Serviço Social e uma Psicologia forte, a comunidade escolar acaba lidando muito melhor com esse tipo de evento”, ressaltou o presidente do CFP.

Acesse a íntegra da matéria em https://bit.ly/44jVJww

Confira também a Nota Técnica CFP nº 8/2023 – A Psicologia na prevenção e enfrentamento à violência nas escolas: https://bit.ly/3MLuXWc

CFP prorroga período de inscrições para o Prêmio João W. Nery

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) estendeu o período de inscrições para o Prêmio João W. Nery: Práticas de Promoção de Cuidado, Respeito e Dignidade das Pessoas Trans. De acordo com o edital de prorrogação, as experiências poderão ser submetidas até o dia 31 de julho, exclusivamente por meio de formulário eletrônico. Não serão aceitas inscrições submetidas por correio convencional.

A iniciativa busca identificar, valorizar e divulgar a atuação de psicólogues(as)(os), coletivos, grupos e organizações que envolvam a Psicologia como prática profissional alinhada aos direitos dessa população.

O ato normativo que postergou as inscrições também alterou a nomenclatura de uma das categorias, substituindo “Individuais” por “Cisaliades” – esta, dedicada à análise de trabalhos e ações promovidas por psicólogues(as)(os) não trans que atuam em práticas de promoção do cuidado, do respeito e da dignidade dessa população.

Ainda de acordo com o Termo de Retificação, permanecem inalteradas as demais cláusulas e condições do Edital de Chamada Pública CFP nº 1/2023. Assim, serão selecionadas, ao todo, nove experiências com premiação no valor de R$ 2.000 (dois mil reais) cada – independentemente da categoria/eixo orientador.

Serviço

Prêmio João W. Nery – “Práticas de Promoção de Cuidado, Respeito e Dignidade das Pessoas Trans”
Inscrições: prorrogadas até 31 de julho de 2023
Exclusivamente on-line
Formulário eletrônico para as inscrições
Acesse a íntegra do edital e a retificação

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