Prevenção do câncer de mama é mais do que autoexame

A campanha de prevenção ao câncer de mama organizada anualmente em outubro tem como foco o autocuidado a partir do exame do toque realizado pelas mulheres nas mamas. Prevê, ainda, a realização de exames preventivos. Ambos os cuidados buscam a detecção precoce do surgimento de manifestação da doença. Essas são estratégias válidas e importantes. Contudo, a prevenção do câncer de mama deve ter suas ações ampliadas de modo a considerar que os cuidados à saúde extrapolem a realização de exames e a auto-observação de partes do corpo.

A Psicologia entende que o corpo físico não pode ser visto isoladamente da experiência de vida das pessoas e dos determinantes sociais da saúde. Por isso, a abordagem preventiva não pode ser apenas focada no biológico. Afinal, saúde não é apenas a ausência de doença, mas estado de bem-estar biopsicossocial produzido a partir da interação entre os eixos biológico, psicológico e social, conforme preconiza a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Por isso, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) aproveita a mobilização do Outubro Rosa refletir sobre alguns aspectos que, geralmente, são esquecidos durante a campanha.

O primeiro remete ao fato de que o incentivo à realização de exames, muitas vezes, não é acompanhado do oferecimento desse serviço em larga escala em algumas regiões do país para a população mais vulnerável. Ou seja, além de estimular as mulheres a buscar o acompanhamento de um profissional de saúde, é importante cobrar que o poder público, nas esferas federal, estadual e municipal, ofereça as condições para que esta mulher seja efetivamente assistida pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Outro aspecto preocupante refere-se ao perigo do entendimento equivocado de que o cuidado com a saúde dependa apenas de uma decisão individual da pessoa. Essa concepção acaba por desconsiderar as condições econômicas e sociais que podem facilitar ou não determinados tipos de adoecimento. A ideia alardeada de que a doença decorre apenas da falta de autocuidado, pode promover um sentimento de culpa da pessoa pelo próprio adoecimento.

SBNp promove XVI Congresso

A Sociedade Brasileira de Neuropsicologia (SBNp) promove, dias 17 e 18 de novembro, em São Paulo, o “XVI Congresso da Sociedade Brasileira: reabilitação neuropsicológica da saúde à educação”. O evento ocorrerá no campus Paraíso da Universidade Paulista (Unip).

A programação do evento, que pode ser acessada aqui, inclui diferentes temas, como inclusão escolar, avaliação e reabilitação neuropsicológica nos transtornos alimentares, políticas públicas para pessoas com deficiências, reabilitação neurocognitiva, memória, hidrocefalia e epilepsia. As inscrições podem ser feitas pela internet.

A SBNp, sociedade científica fundada em 1989, apoia e divulga qualquer iniciativa relacionada ao estudo das funções cognitivas humanas e seus distúrbios em pacientes lesionados cerebrais. Seus associados são médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas-ocupacionais, pedagogos, psicopedagogos, linguistas, biólogos, professores e estudantes.

Em função das características do evento de 2017, com foco em reabilitação, a prova de certificação em Neuropsicologia não será aplicada. O exame foi transferido para o XVII Congresso da SBNp, previsto para 2018.

IV Fórum de Jovens Pesquisadores
O Fórum de Jovens Pesquisadores, realização da SBNp Jovem, foi marcada para 18 de novembro, de forma a estimular o debate científico, fomentar a publicação de trabalhos e contribuir para a formação de jovens pesquisadores. A instância é voltada para alunos de iniciação científica, de mestrado e de doutorado em Neuropsicologia e áreas afins. Veja o edital do IV Fórum de Jovens Pesquisadores.

Serviço
XVI Congresso Brasileiro da SBNp – “Reabilitação Neuropsicológica da Saúde à Educação”
Data: 17 e 18 de novembro
Local: Campus Paraíso, Universidade Paulista (Unip), São Paulo, SP

Direitos de quilombolas violados em Alcântara

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) promoveu, dia 20 de setembro, em Brasília, audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir a situação das comunidades quilombolas localizadas nas proximidades da base militar de Alcântara/MA. A falta de informações sobre ampliação da área e ausência de representantes do Ministério da Defesa para explicar o caso geraram questionamentos dos participantes do evento.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) foi representado na sessão pelo psicólogo Paulo Maldos, também integrante do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH). Maldos criticou a falta de informações por parte do governo brasileiro e alertou sobre a paralisia nos processos de identificação, certificação e titulação das terras indígenas e quilombolas no Brasil. Ausência de políticas públicas e de diálogo do Estado brasileiro com os povos tradicionais também foi apontada pelo conselheiro como preocupante.

Maldos destacou a forte tensão entre a população diante de rumores sobre eventual ampliação do Centro de Lançamento de Alcântara. O conselheiro também lembrou a entrevista do ministro da Defesa, Raul Jungmann, sobre a ampliação da base. Após visita à base espacial, Jungmann teria dado declarações à imprensa do Maranhão dizendo que precisava de mais 12 mil hectares para ampliar o centro. Falou, ainda, da retomada de discussões para acordo com os Estados Unidos da América. Informações sobre deslocamentos emergenciais de comunidades inteiras, discutidas em reuniões governamentais, também vazaram do Palácio do Planalto. “Não temos, no entanto, nenhuma informação oficial sobre ampliação, acordos e deslocamentos. Não há diálogo dos órgãos da Presidência da República com as comunidades.”

Paulo Maldos explicou que o CNDH vai elaborar relatório sobre as comunidades quilombolas em Alcântara e enumerou alguns pontos: “É necessário respeito aos direitos territoriais quilombolas em Alcântara; é preciso resguardar acordos institucionais históricos já realizados.” Ele lembrou, ainda, que a aplicação da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) implica diálogo com as comunidades.

O conselheiro sugeriu aos integrantes da CDHM da Câmara dos Deputados e à Frente Parlamentar Mista de Defesa da Soberania Nacional que solicitem uma posição do governo brasileiro. “Precisamos parar de discutir rumores e começar a debater dados, de forma que possamos ter ciência em relação à soberania nacional e se há consequências para o território quilombola. As comunidades também necessitam saber o que estão discutindo sobre sua área, de forma que possam dialogar sobre seu futuro.”

Encaminhamentos

• Solicitar audiência com o Supremo Tribunal Federal para tratar da Ação Direta de Inconstitucionalidade n.º 3239, que questiona o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por comunidades quilombolas;

• Solicitar informações às autoridades sobre recentes assassinatos de lideranças quilombolas no campo, especialmente na Bahia;

• Cobrar do Ministério da Defesa transparência sobre eventual ampliação do Centro de Lançamento de Alcântara, especialmente quanto à: situação das comunidades quilombolas que podem vir a ser atingidas; possível violação do acordo firmado entre o Estado brasileiro e as comunidades quilombolas em 2008, que delimitava a dimensão de espaço a ser utilizada pelo Centro de Lançamento de Alcântara; eventuais negociações entre o Brasil e os Estados Unidos da América e outros países interessados no Centro de Lançamento de Alcântara.

• Cobrar do Ministério da Defesa respeito à Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), especialmente quanto à necessidade de diálogo entre o Estado brasileiro e as comunidades quilombolas impactados por medidas administrativas ou legislativas;

• Solicitar informações às autoridades sobre a falta de licença ambiental de funcionamento do Centro de Lançamento de Alcântara;

• Solicitar audiência com o Ministério da Defesa para tratar da atual situação dos quilombolas da região de Alcântara;

• Convocar o Ministério da Defesa para prestar explicações sobre o Centro de Lançamento de Alcântara; e

• Diligência para verificar a situação de violações de direitos humanos de quilombolas na região de Alcântara.
Além do CFP/CNDH, estiveram presentes representantes do Ministério Público Federal (MPF), da Defensoria Pública da União (DPU) e da Coordenação Nacional das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq).

Com informações da Agência Câmara

Testes psicológicos: quem são as (os) profissionais que usam?

Para traçar o perfil das (os) psicólogas (os) ibero-americanas (os) que usam testes psicológicos, o Colégio de Psicólogos da Espanha está realizando uma pesquisa com apoio da International Test Commission (ITC). O Conselho Federal de Psicologia (CFP) está apoiando a investigação, assim como diferentes associações profissionais da América do Sul e de Portugal.

A pesquisa permitirá traçar o perfil do psicólogo ibero-latino que atua na área de avaliação psicológica, já que as publicações sobre o tema são muito escassas e não permitem conhecer esta realidade.

No Brasil, a pesquisa tem apoio do Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica (Ibap), integrado pelos Laboratórios de Avaliação e Medidas Psicológicas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC/Campinas) e pelo Laboratório de Mensuração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), coordenados pelos professores Solange Wechsler e Claudio Hutz, respectivamente.

O instrumento da pesquisa é composto por um questionário com perguntas semiabertas sobre a formação da (o) psicóloga (o), áreas de atuação, testes mais utilizados, dificuldades e sugestões para melhorar a área de avaliação psicológica no Brasil.

A resposta ao questionário, que tem duração estimada de 10 minutos, pode ser feita pelo site consejo.cop.es

Conselho Federal de Psicologia interpõe agravo de instrumento contra liminar relacionada à Resolução 01/99

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) interpôs, na tarde desta quinta-feira (21/9), no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, agravo de instrumento contra a liminar concedida parcialmente, em 15 de setembro, pelo juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, da Seção Judiciária do Distrito Federal, relacionada à Resolução CFP 01/99.

A decisão liminar, proferida a partir de uma ação popular, manteve a integralidade do texto da Resolução 01/99 – norma que orienta os profissionais da área a atuar nas questões relativas à sexualidade –, mas determinou que o CFP a interprete de modo a não proibir que psicólogas (os) façam atendimento de (re) orientação sexual. “Entendemos que esta liminar não agrega nenhum benefício para a discussão da causa e ainda traz graves prejuízos à população LBGT. Consideramos que, neste caso, a interferência extrapola a competência do Judiciário, ao dizer como um conselho profissional deve interpretar a sua própria norma”, afirmou Rogério Giannini, presidente do CFP.

De acordo com Pedro Paulo Bicalho, diretor-secretário do CFP, essa decisão se apresenta como um paradoxo, porque, ao mesmo tempo, mantém o texto da resolução, mas a descaracteriza ao reconhecer a (re) orientação sexual como possibilidade de intervenção dos psicólogos. “Mantém-se viva uma resolução, constituindo-a como uma letra morta”, afirmou. A Resolução 01/99 do CFP não somente ratifica a ideia – defendida pela Organização Mundial da Saúde desde 1990 – de que a homossexualidade não é patologia, mas também coloca que a homossexualidade não representa distúrbio ou desvio psicológico e, portanto, não cabe reorientação.

No agravo, o CFP argumenta, inicialmente, que, do ponto de vista processual, a “ação popular” não é o meio adequado para questionar o teor de um ato normativo de uma autarquia federal. Esse entendimento, inclusive, já está pacificado em diversas decisões das cortes judiciais superiores (Superior Tribunal de Justiça – STJ e Supremo Tribunal Federal – STF). Também entende que a liminar se equivoca ao tentar substituir a competência do CFP – estabelecida pela Lei Federal nº 5766/1971 – de regular tecnicamente os limites éticos para a atuação das psicólogos e psicólogas
brasileiros, em território brasileiro.

Além disso, o CFP aponta a temeridade de uma decisão sobre um tema sensível e técnico como o da Resolução 01/99, vigente há mais de 18 anos, ser proferida de forma liminar, sem uma análise mais aprofundada e sem considerar as repercussões imediatas no exercício profissional das mais de 300 mil psicólogas e psicólogos brasileiros.

Pesquisas científicas – Outro argumento da ação popular que o CFP refuta com veemência é o de que a Resolução 01/99 impediria o avanço de pesquisas científicas na área da sexualidade. Esse argumento não tem qualquer sustentação tendo em vista que o CFP, assim como todos os conselhos profissionais, não tem a competência de regular pesquisas científicas. Essa prerrogativa cabe à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde, por meio da Resolução 466/2012. Cabe ressaltar que o vocábulo “pesquisa” sequer é citado no texto da resolução.

Além disso, estudos mostram que o número de pesquisas no campo da sexualidade aumentou consideravelmente nos últimos 18 anos. Isso demonstra que, desde sua publicação, a Resolução 01/99 não exerceu qualquer influência na liberdade de pesquisa por parte dos profissionais da Psicologia.

O CFP afirma que, ao contrário do que alega a ação inicial, a Resolução 01/99, em nenhum momento da sua história, impediu ou restringiu o atendimento psicológico a pessoas de qualquer orientação sexual – homo, hetero ou bissexual. O limite ético desses atendimentos se dá na proibição de práticas relacionadas à reorientação sexual.

A vice-presidente do CFP, Ana Sandra Fernandes, explica que não existe por parte do Conselho Federal nem de qualquer Conselho Regional de Psicologia a proibição de que psicólogas (os) façam atendimentos de pessoas, inclusive as que desejam e querem trabalhar questões relativas à sexualidade. “O que a Resolução 01/99 procura evidenciar é que não cabe às psicólogas (os) brasileiras (os) o oferecimento de qualquer tipo de terapia de reversão da homossexualidade, por entendermos que não se trata de processo a ser corrigido, mas da diversidade de expressões da sexualidade”.

Legalidade – O CFP também reforça no texto do agravo de instrumento que a legalidade e constitucionalidade da Resolução 01/99 já foram analisadas em profundidade pelo Judiciário. Em decisão proferida em 23 de julho de 2012, o Tribunal Regional Federal da 2ª região (Rio de Janeiro) ratificou a constitucionalidade e legalidade da aplicação da Resolução 01/99.

Na própria audiência de justificativa prévia, no último dia 15 de setembro, o Ministério Público Federal se manifestou contrário à suspensão da Resolução 01/99. O representante do MPF disse que o órgão já analisou processos disciplinares relacionados à Resolução 01/99 e pôde de confirmar a legalidade e constitucionalidade da norma.

O CFP também refutou a acusação de que profissionais da Psicologia estariam sendo perseguidos por conta da aplicação da Resolução 01/99. Os números demonstram que a resolução tem um caráter muito mais educativo do que punitivo. Nos últimos cinco anos (2012 a 2017), do total de 260 processos éticos julgados pelo CFP, somente três estão relacionados à Resolução 01/99, o que representa menos de 2% do total.

O CFP lembrou, ainda, os impactos positivos que a Resolução 01/99 produz no enfrentamento aos preconceitos e na proteção dos direitos da população LGBT no contexto social brasileiro, que apresenta altos índices de violência e mortes por LGBTfobia. A estatística aponta que, somente no ano de 2016, foram registrados 343 homicídios motivados por preconceito contra pessoas LGBT. “Neste país que se constitui como campeão na quantidade de pessoas assassinadas por orientação sexual, não cabe à Psicologia brasileira a produção de mais violência, mais exclusão e mais sofrimento a essa população já suficientemente estigmatizada”, enfatizou Pedro Paulo.

Ana Sandra Fernandes se encontra com Claudio Lamachia

A vice-presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Ana Sandra Fernandes Nóbrega, visitou nesta quarta-feira (20/9), o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Claudio Lamachia. Ela estava acompanhada da coordenadora da autarquia, Miraci Mendes, do assessor jurídico, João Diego Rocha Firmiano, e do presidente do Conselho Regional de Psicologia do Piauí (CRP-21), Eduardo Moita.

No encontro, Ana Sandra agradeceu a decisão da OAB de ingressar como amicus curiae na ação popular movida para contestar a liminar concedida pelo juiz federal da 14ª Vara do Distrito Federal, Waldemar Cláudio de Carvalho, contra a Resolução 01/99, que abre brecha para que psicólogos ofereçam a terapia de reorientação sexual. Lamachia disse ser de extrema importância a união dos conselhos profissionais. Para ele, os órgãos de classe devem se debruçar em torno de pautas comuns.

Amicus curiae é o terceiro personagem admitido em um processo para fornecer subsídios instrutórios, probatórios ou jurídicos, à solução de causa de relevância ou complexidade. Ou seja, o amigo da corte auxilia o órgão jurisdicional levando mais elementos para sua decisão.

Histórico – A OAB resolveu incluir o tema extrapauta para apreciação na sessão do Conselho Pleno da Ordem de terça-feira (19/9). O pleno da OAB decidiu por unanimidade ingressar em juízo na condição de amigo da corte para que eventual decisão de mérito na ação não represente retrocesso social que implique no tratamento de homossexuais como portadores de doença. “É decisão que reforça o histórico da OAB na defesa das liberdades e da igualdade. As pessoas têm de ter asseguradas de forma inquestionável suas liberdades e suas opções sexuais”, disse Lamachia na ocasição.

O relator da proposta no Pleno da OAB, Marcello Terto e Silva, reforçou que a tentativa de classificar homossexuais como portadores de doença é inaceitável e anacrônica. “É abordagem descartada há muito tempo no plano internacional, em 1990.”

Com informações da OAB

Créditos das fotos: Eugênio Novaes (capa), Ascom/CFP (interna)

CRP do Piauí impede habilitação de profissionais

O Conselho Regional de Psicologia do Piauí (CRP-21) e a Polícia Federal realizaram, dia 12 de setembro, ação conjunta para impedir a habilitação de profissionais de Psicologia com documentação falsa no Estado. As solicitações de habilitação foram realizadas por residentes do Maranhão que faziam uso de diplomas supostamente emitidos pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB).

A UCDB confirmou ao setor de fiscalização do CRP-21 que os solicitantes nunca foram alunos da instituição e, assim, o CRP-21 acionou a Polícia Federal, que efetuou a prisão em flagrante de duas mulheres e três homens, encaminhando-os à Superintendência da Polícia Federal para a lavratura dos procedimentos e, em seguida, ao Sistema Prisional.

O CRP-21 continuará vigilante com a documentação recebida e acompanhará, junto às autoridades, o encaminhamento dos processos jurídicos relacionados ao exercício ilegal da profissão.

Com informações da Ascom/CRP-21.

Saúde mental: nenhum passo atrás

A vice-presidente do Conselho Federal de Psicologia, Ana Sandra Fernandes, declarou nesta quinta-feira (14/9), em reunião no Conselho Nacional de Saúde (CNS), que a possibilidade de mudança na Política Nacional de Saúde Mental (PNSM) não pode representar um retorno a modelos antiquados de tratamento, que ferem os direitos humanos.

A situação dos serviços de saúde mental no Brasil e a possível alteração da PNSM foram a pauta da reunião do CNS, em Brasília, durante a 297ª Reunião Ordinária.

A Política Nacional de Saúde Mental foi criada pela Lei 10.216/2001, que consolida a Reforma Psiquiátrica (Lei 10.216/2001) como estratégia do Estado, por meio do Sistema Único de Saúde. A política, reconhecida pela estratégia de proteção e defesa dos direitos humanos, consolida modelo humanizado de atenção à saúde de base comunitária, promovendo a reinserção social e a reabilitação psicossocial dessa parcela da população.

“Somos contra toda e qualquer forma de possibilidade de criação de novos leitos em manicômios. No de Barbacena, em Minas Gerais, morreram 60 mil pessoas entre 1903 e 1980 e, por isso, esse modelo não pode retornar”, disse Ana Sandra Fernandes.

Para o presidente do CNS, Ronald Santos, os conselheiros precisam conhecer os números. “´É responsabilidade do CNS debater temas, desafios e contradições. Temos que tomar uma posição e, principalmente, defender a saúde pública brasileira.”

O coordenador de saúde mental do Ministério da Saúde (MS), Quirino Cordeiro, enfatizou que apenas 15% dos leitos atuais para pacientes psiquiátricos estão sendo usados nos hospitais públicos. “Dados podem estar defasados, visto que há muitos serviços públicos de saúde psicossocial não habilitados no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde. Ou seja, não representam necessariamente a realidade.”

Durante reunião da Comissão Intergestora Tripartite (CIT), ocorrida em agosto, em Brasília, foi definida a criação de um grupo de trabalho para discutir a PNSM. A próxima reunião está prevista para ocorrer em 29 de agosto. O grupo é composto por integrantes do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e do Ministério da Saúde.

Saiba mais
Encontro de Bauru
30 anos de luta por uma sociedade sem manicômios
8 de dezembro – 10 de dezembro

A Articulação Nacional pró Encontro de Bauru 30 anos de luta por uma sociedade sem manicômios convida entidades, movimentos e militantes a participarem da organização do evento de 30 anos de Luta por Uma Sociedade sem Manicômios.

Com o lançamento do manifesto em defesa da democracia, dos direitos sociais e por uma sociedade sem manicômios (abaixo), em março do corrente ano, coletivos da Luta Antimanicomial, de diferentes regiões do Brasil, em articulação com várias entidades, convida movimentos sociais, entidades e companheiros e companheiras do campo da Luta Antimanicomial a uma organização no sentido de demarcar e reafirmar os princípios democráticos e das política de públicas antimanicomiais.

Desde então, de forma crescente, tem sido desenvolvido esforços para organizar o Encontro de Bauru- 30 anos de luta por uma sociedade sem manicômios.

Neste sentido, este coletivo de Entidades, Moviementos e Militantes chama todas as entidades e movimentos que assinaram o manifesto e aquelas que têm diretamente ou indiretamente contribuído para o fortalecimento das Políticas Públicas, do SUS e da Luta Antimanicomial no Brasil, a participar da organização e realização desse encontro.

Carta de Bauru

Manifesto em defesa da democracia, dos direitos sociais e por uma sociedade sem manicômios

Com informações da Ascom/CNS

Prevenção ao Suicídio: desafios para a Psicologia e a saúde pública

Mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no mundo. Esse cenário estatístico preocupante motivou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a colocar o tema como prioridade na agenda global de saúde pública, incentivando os países a adotarem estratégias de prevenção com abordagem multisetorial, de forma a quebrar estigmas e tabus que ainda persistem.

Para debater as contribuições da Psicologia para a compreensão do tema e o seu papel no cuidado daqueles que atentam contra a própria vida e das de todos que vivenciam o luto dessas perdas inesperadas, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) vai promover, no dia 21 de setembro, às 17h, um diálogo digital transmitido ao vivo pela internet com o tema “Prevenção ao Suicídio: desafios para Psicologia e saúde pública”. Você pode participar em tempo real enviando perguntas pelo Facebook, Twitter e Youtube com hashtag #dialogosCFP ou pelo e-mail comunica@cfp.org.br.

Os participantes do debate digital sobre suicídio são: Vanessa Eletherio, professora de Psicologia do Centro Universitário Estácio do Recife/PE; Luana Lima, da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (Abeps) e do Observatório de Bioética e Direitos Humanos dos Pacientes; Selena Teixeira, da Liga Acadêmica de Suicidologia do Piauí (Laspi) e do Laboratório de Estudos sobre Valorização da Vida e Prevenção do Suicídio de Teresina/PI, pesquisadora da temática “suicídio de idosos no Brasil” pela Escola Nacional de Saúde Pública (Fiocruz); Sonia Grubits,
doutora em Saúde Mental pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pesquisadora da temática suicídio em idosos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e sobre as populações indígenas de Mato Grosso do Sul; Álvaro Pinto, membro do Conselho Regional de Psicologia – 10ª Região (Pará e Amapá) e do grupo de trabalho Psicologia e Povos Indígenas, com experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Social; e Pedro Paulo Bicalho, conselheiro-tesoureiro do CFP, doutor em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e professor associado do Instituto de Psicologia da UFRJ e professor visitante do Scottish Institute for Policing Research da University of Dundee (Escócia) e do Programa de Maestría en Psicología Social da Universidad de la Republica (Uruguai).

Para participar e acompanhar ao vivo, confirme presença aqui: https://www.facebook.com/events/118502238851766/

De acordo com o CFP, a atuação de psicólogas/os na prevenção ao suicídio deve extrapolar as intervenções estritamente individuais e buscar a compreensão das condições de vida que podem contribuir para produzir sofrimentos mentais intensos. “A vida se constitui na relação das pessoas com seu entorno, na produção psicossocial dos modos de ser e estar. Por isso, o papel da Psicologia é acolher e resignificar esse sofrimento, a partir do entendimento de como ele é produzido nas instâncias sociais, históricas e culturais. ”, explica a psicóloga Sandra Sposito, conselheira do CFP.

Em todo o mundo, 75% dos suicídios ocorrem em países de baixa e média renda, segundo dados da OMS. Isso demonstra que as motivações para a prática suicida estão relacionadas também às relações de violência e opressão que se manifestam nos espaços laborais, sociais e familiares, na exploração econômica, na falta de acesso à educação, cultura e saúde. “Quando discutimos a questão do suicídio, precisamos lembrar que vivemos em uma sociedade fundamentada na exploração e profundamente marcada pela opressão, pela desigualdade, pela competitividade e pelo individualismo”, avalia a psicóloga Ana Sandra, vice-presidente do CFP.

De acordo com a OMS, o suicídio é a segunda principal causa de óbito entre jovens com idade entre 15 e 29 anos. “Vivemos numa sociedade que vende ao jovem a falsa promessa de sucesso garantido desde que estude, empreenda e se esforce. No entanto, essa possibilidade de futuro perfeito, de felicidade plena, de ausência total de sofrimento não se concretiza, trazendo sensação de fracasso e desesperança”, afirma Rogério Giannini, presidente do CFP.

Leia mais:
Em dezembro de 2013, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) publicou o livro “Suicídio e os desafios para a Psicologia”. A publicação chama atenção para uma situação que retira a vida de milhões de pessoas em todo mundo e que pode ser evitada, especialmente por meio do apoio psicológico para os que atentam contra a própria vida e para aqueles que vivenciam o luto da perda.

O livro reúne as questões levantadas pelos debates on-line “Suicídio: uma questão de saúde pública e um desafio para a Psicologia clínica” e “Suicídio: o luto dos sobreviventes”, realizados em 24 de julho e 21 agosto de 2013.

Veja os currículos dos participantes do diálogo digital sobre suicídio:

Vanessa Eletherio
Doutoranda em Psicologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e docente em Psicologia do Centro Universitário Estácio do Recife/PE.

Luana Lima
Psicóloga e bacharel Interdisciplinar em Humanidades pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e mestranda em Bioética pela Universidade de Brasília. É membro da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (Abeps) e do Observatório de Bioética e Direitos Humanos dos Pacientes.

Selena Teixeira
Psicóloga, mestre e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade de Fortaleza (Unifor)/CE. Docente do curso de Psicologia da Faculdade Integral Diferencial Facid Devry, membro do Laboratório de Estudos sobre Processos de Exclusão Social (Lepes) da Unifor/CE. Supervisora da Liga Acadêmica de Suicidologia do Piauí (Laspi) e coordenadora do Laboratório de Estudos sobre Valorização da Vida e Prevenção do Suicídio de Teresina. Pesquisadora da temática “suicídio de idosos no Brasil” pela Escola Nacional de Saúde Pública (Fiocruz).

Sonia Grubits
Psicóloga graduada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), mestre em Psicologia Social pela PUC-SP, doutora em Saúde Mental pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Campinas (Unicamp) e doutora em Semiótica por Paris 8 Sorbonne. Professora e pesquisadora da Universidade Católica Dom Bosco/MS (UCDB). Pesquisadora da temática suicídio em idosos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e sobre as populações indígenas de Mato Grosso do Sul.

Álvaro Pinto
Psicólogo graduado pela Universidade da Amazônia. Atualmente, trabalha no Distrito Sanitário Especial Indígena Guamá Tocantins. É membro do Conselho Regional de Psicologia – 10ª Região (Pará e Amapá), onde também integra o grupo de trabalho Psicologia e Povos Indígenas, e do Conselho Estadual sobre Drogas do Pará. Também representa os trabalhadores da saúde no Conselho Distrital de Saúde Indígena DSEI GUATOC. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Social.

Pedro Paulo Bicalho
Doutor e mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), especialista em Psicologia Jurídica (Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ), professor Associado do Instituto de Psicologia, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas em Direitos Humanos da UFRJ. Professor Visitante do Scottish Institute for Policing Research da University of Dundee (Escócia) e do Programa de Maestría en Psicología Social da Universidad de la Republica (Uruguai).

O SUAS fica!

O Conselho Federal de Psicologia (CFP), por meio da Comissão Nacional de Psicologia na Assistência Social (Conpas), diante do compromisso com as políticas públicas de garantia de direitos das cidadãs e cidadãos brasileiros, vem a público manifestar-se contra a retirada de recursos para custeio dos serviços públicos de Assistência Social. Em 6 de setembro, durante reunião da Comissão Intergestora Tripartite (CIT) da Política Nacional de Assistência Social, realizada em Brasília, o Ministério do Planejamento apresentou proposta de orçamento da Assistência Social para 2018 de apenas R$ 78 milhões.

Essa redução drástica significa, na prática, a inviabilização do funcionamento dos equipamentos, serviços, programas e benefícios da assistência social. Cabe ressaltar que, em julho deste ano, o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) havia aprovado Proposta Orçamentária da Assistência Social para 2018 no valor de R$ 59 bilhões (Resolução nº.12/2017) para manter os serviços existentes e buscar o aumento de cobertura previsto no II Plano Decenal de Assistência Social, deliberado na última Conferência Nacional de Assistência Social.

Essa definição orçamentária representa uma afronta direta e sem precedentes ao legado que o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) tem proporcionado na atenção e no acesso da população em situação de desproteção social às seguranças de renda, acolhida e convivência familiar e comunitária. O atual governo ao cortar drasticamente o orçamento do SUAS retira qualquer possibilidade de o sistema seguir funcionando.

É assustadora a velocidade com que vem sendo efetuado o aviltamento dos direitos conquistados pela população brasileira. Estamos diante de um Ministério do Desenvolvimento Social que não assume o compromisso da assistência social como dever do Estado. A Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS), nesse cenário, mostra-se frágil politicamente para cumprir sua tarefa de defesa da manutenção e ampliação do SUAS.

O momento exige a intensificação das manifestações em defesa do aumento real do financiamento, por parte das três esferas de governo, para Assistência Social, mediante vinculação de recursos da seguridade social, conforme deliberado na V Conferência Nacional, para os Fundos de Assistência Social. Além disso, sustentamos a importância do rompimento da cultura de destinação de emendas parlamentares como meios de financiamento paralelo, que ferem a primazia do comando único pautado na Política Nacional de Assistência Social e retrocedem aos tempos de clientelismo político eleitoreiro, anteriores à criação do SUAS.

Os serviços públicos ofertados nos Centros de Referência da Assistência Social (Cras), nos Centros de Referência Especializados da Assistência Social (Creas), nos Centros de Referência da População de Rua (Centro POP), nas entidades socioassistenciais vinculadas ao SUAS, nas unidades da Proteção Social de Alta Complexidade, assim como os benefícios de garantia de renda e dignidade humana – como o Bolsa Família e o Benefício da Prestação Continuada (BPC) – são patrimônio do povo brasileiro e não podem ser achincalhados com um orçamento que inviabilize a continuidade deste sistema de proteção social.

Diante deste cenário de perdas de direitos, a Psicologia, mais uma vez, precisa se colocar publicamente em defesa da Lei Orgânica de Assistência Social (Loas) – Lei Federal nº 8.742/1993. Por isso, aproveitando as etapas estaduais das Conferências de Assistência Social, o Conselho Federal de Psicologia conclama psicólogas e psicólogos que atuam no SUAS a se posicionarem contra o grave corte orçamentário para a área. A articulação em unidade com as demais categorias de profissionais que constroem o SUAS, bem como com as usuárias e usuários do sistema, é o caminho para a resistência.

Nenhum direito a menos!
Pelo SUAS, por mais SUAS, pela garantia de direitos!
Psicologia na defesa do SUAS!

Crédito da imagem: https://maissuas.org/