Estudiosa da Psicanálise hospitalar e da saúde

Psicóloga e psicanalista, Marisa Decat de Moura integrava o conselho consultivo permanente da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar (SBPH). Cursou o mestrado na Université Louis Pasteur (ULP) em Strasbourg, França, e o doutorado em Ciências foi obtido na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ajudou a fundar a Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar e representou o Brasil na Federação Europeia de Psicanálise. Atuou com os temas da Psicanálise, Medicina e instituição hospitalar, clínica da urgência subjetiva, clínica de reprodução humana assistida, humanização e ética, Psicanálise e contemporaneidade e clínica e transmissão da Psicanálise.

Marisa Decat de Moura faleceu no dia 14 de dezembro de 2017.

Anpepp publica Carta de Fortaleza

Reconhecer o papel fundamental cumprido pelo sistema público de universidades federais, instituições responsáveis pela maior parte da ciência nacional, requisito para a soberania do país e espaço de promoção da inclusão e da cidadania. Este e outros pontos estão na “Carta de Fortaleza”, publicada recentemente pela Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (Anpepp).

O texto foi redigido durante o V Seminário Novos Horizontes da Pós-Graduação em Psicologia, realizado, dias 16 e 17 de novembro, em Fortaleza (CE). Além de apresentar a importância das universidades federais no ensino e pesquisa brasileiros, representantes da entidade repudiaram o desejo, por parte de alguns setores da sociedade, de desmonte do sistema público de universidades federais no país, materializado na descontinuidade e na redução do financiamento público às universidades, ações contrárias ao princípio da autonomia universitária, cobrança de mensalidades e até criação de fundos patrimoniais para financiar atividades das instituições de ensino superior, indicando a clara desresponsabilização do poder público com a academia.

Rede de resistência

Apoiada dados da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino (Andifes), a Carta de Fortaleza também aponta evidências da importância e da contribuição das universidades públicas, em particular das federais, à sociedade brasileira. O documento ressalta que os cortes orçamentários vêm comprometendo as atividades das instituições e diversas propostas têm sido apresentadas buscando reduzir, ainda mais, o financiamento público da educação superior.

A Anpepp aposta em uma rede de resistência e propõe aos programas de pós-graduação filiados a formação de uma comissão nacional com diferentes representantes para planejar ações de enfrentamento a serem levadas a cabo nos diversos estados brasileiros em parceria com associações científicas.

Leia a Carta de Fortaleza.

Nova Carta de Bauru inclui temas da juventude e da infância

A nova Carta de Bauru, aprovada por unanimidade, foi aclamada pelo público durante a última edição do encontro, realizada entre 8 e 9 de dezembro de 2017, em Bauru (SP). A juventude e a infância foram incluídas no documento que consolida 30 anos de luta antimanicomial no Brasil.

O trecho que contempla a infância e a juventude diz que “a presença protagonista de crianças e adolescentes e seus familiares nesse encontro é um marco histórico e indica a importância da continuidade e avanço das políticas públicas de saúde mental intersetoriais para crianças e adolescentes, na perspectiva do cuidado sem controle, garantindo seu direito à voz para a construção de uma sociedade livre de manicômios. Cuidar da infância e adolescência em liberdade é fundamental na nossa luta”.

O documento faz um histórico dos 30 anos da luta antimanicomial no Brasil, denunciando o papel de agentes da exclusão designado aos trabalhadores de saúde mental; afirma a defesa intransigente dos direitos humanos e da cidadania dos chamados loucos; e compreende que a luta do setor faz parte da luta por uma transformação social ampla e verdadeira.

O presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Rogério Giannini, participou da plenária, no sábado (9/12), na qual foram apresentados os resultados das 14 rodas de conversa (hiperlink para a matéria 2). “O encontro demonstrou a organização e a mobilização dos integrantes da luta antimanicomial. Nenhum passo atrás, manicômio nunca mais.”

A plenária final decidiu agir nas Comissões Intergestores Tripartite (CIT), organizar a Marcha de Usuários e Familiares a Brasília e promover a V Conferência Nacional de Saúde Mental, ambas em 2018. O dia terminou em marcha até o Parque Vitória Régia.

O Encontro de Bauru, 30 anos da luta antimanicomial, reuniu, nos dias 8 e 9 de dezembro, cerca de 2 mil pessoas, entre pacientes, familiares, profissionais, representantes de entidades da sociedade civil, dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e das Comissão Intergestores Tripartite, no ginásio da Universidade do Sagrado Coração, em Bauru (SP).

Saiba mais

Veja as fotos do encontro

Aos 30 anos, Carta de Bauru vira tema de entrevista na TVT

Encontro de 30 anos da luta antimanicomial reúne 1,8 mil participantes em Bauru

Rodas de conversa em Bauru: do cuidado em liberdade à geração de trabalho renda

CFP repudia mudanças na política de saúde mental

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) é contrário à proposta do Ministério da Saúde de mudança na política de saúde mental, pautada para a reunião da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) nesta quinta-feira (14).

Entre as modificações propostas pelo governo estaria a manutenção de leitos em hospitais psiquiátricos, a ampliação de recursos para comunidades terapêuticas e a limitação na oferta de serviços extra-hospitalares.

Para o CFP, o texto do Ministério da Saúde contém pontos que desfiguram a política de saúde mental e afrontam as diretrizes da política de desinstitucionalização psiquiátrica, prevista na Lei 10.216/2001, além de violar as determinações legais no que se refere à atenção e cuidado de pessoas com transtorno mental estabelecidas na Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência e na Lei Brasileira de Inclusão.

Além disso, o plano vislumbra um redirecionamento progressivo de uma rede comunitária para um modelo baseado em instituições médico centradas, privadas, promotoras de estigma e segregação e que se mostrou historicamente ineficiente.

Desfiguração da política de saúde mental

Entre os pontos mais críticos da proposta do Ministério da Saúde, o CFP ressalta a desestruturação da política de desinstitucionalização, que se dá pela decisão equivocada de revogar a permanência do valor das autorização de internação hospitalares (AIHs) nos municípios referentes das internações de moradores psiquiátricos após sua saída dos hospitais. Isto retira recursos de uma política já subfinanciada e desestimula municípios a promoverem a retirada de moradores de hospitais. Da mesma forma, as minutas dão brecha para a existência de residências em ambientes hospitalares, o que desconfigura a essência da desinstitucionalização, que é retomar a vida em comunidade.

Outra medida criticada pelo CFP é o financiamento de ambulatórios psiquiátricos, porque muitos municípios irão migrar de modelo, pautado na atenção comunitária, para outro medicalizante, caro e ineficaz. Esta migração será decorrente da impossibilidade de aumento de custos. Este modelo ainda irá minar as ações de saúde mental que vêm se fortalecendo na atenção primária a saúde.

A ampliação do financiamento da rede hospitalar pública e privada é outra mudança repudiada pelo CFP. Ao contrário do que toda a literatura aponta como prioridade no cuidado a condições crônicas, o Ministério da Saúde opta por ampliar o financiamento de serviços que lucram com a agudização de situações crônicas ao invés de evitá-la, pois, ao financiar hospitais, amplia-se o investimento em estruturas anacrônicas, cuja atuação é incapaz de reverter a realidade epidemiológica dos transtornos mentais.

A ampliação do financiamento de comunidades terapêuticas também recebeu críticas. No entendimento do CFP, as comunidades terapêuticas são instituições não promotoras de saúde, asilares, que atuam a partir do isolamento de usuários de drogas e cuja atuação não tem qualquer comprovação de efetividade na literatura de saúde. Tratam-se de instituições que historicamente promoveram violações de direitos humanos e perda da capacidade de sociabilização de milhões de brasileiros.

Carta do Encontro de Bauru

O Encontro de 30 anos de luta por uma sociedade sem manicômios, realizado, nos dias 8 e 9 de dezembro de 2017, em Bauru (SP), aprovou nova carta, na qual reafirma que uma sociedade sem manicômios é uma sociedade democrática, uma sociedade que reconhece a legitimidade incondicional do outro como o fundamento da liberdade para todos e cada um.

Diante da atual conjuntura de avanço do conservadorismo e de redução de recursos para as políticas públicas sociais, com violento ataque ao Sistema Único de Saúde (SUS), é preciso reforçar a desconstrução do modelo asilar e combater a cada dia o manicômio em suas várias formas, do hospital psiquiátrico à comunidade terapêutica, incluindo o manicômio judiciário.

10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos

Em 10 de dezembro de 1948, a Organização das Nações Unidas (ONU) oficializou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Desde então, a data passou a ser comemorada mundialmente como o Dia Internacional dos Direitos Humanos. A declaração reconhece que “a dignidade é inerente à pessoa humana e é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo” e proclama que os Direitos Humanos são universais, independentemente de cor, de raça, de credo, de orientação política, sexual ou religiosa.

A realidade supera as mais terríveis previsões no Brasil e no mundo em dezembro de 2017. Direitos básicos violados, fome, desigualdades, perseguições religiosas, torturas, fundamentalismos e intolerâncias. Segundo a Anistia Internacional, 58 defensores de Direitos Humanos foram assassinados no Brasil entre janeiro e agosto de 2017. O Brasil lidera o número de violência contra a população LGBT no mundo. Até 20 de setembro de 2017, foram contabilizadas 227 mortes de pessoas LGBTs, das quais 125 eram travestis e transsexuais. A cada 24 horas, morre um LGTB no Brasil.

O retrocesso no qual estamos imersos “tramita” também no Parlamento, nas decisões judiciais, no ódio nas ruas e nas redes sociais e, infelizmente, tem feito vítimas diariamente.

Compromisso da Comissão de Direitos Humanos do CFP

A Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (CFP) vem reafirmar seu comprometimento pelos direitos de todas e todos e chamar psicólogas, psicólogos e a sociedade brasileira a refletir sobre realidade na qual vivemos. Chega de violência, chega de mortes, chega de violações de direitos.

Resistir nunca foi tão necessário. Nenhum direito a menos.

Neste 10 de dezembro de 2017, lembramos que o VIII Seminário Nacional de Psicologia e Direitos Humanos está marcado para os dias 27 e 28 de abril de 2018. As inscrições poderão ser feitas na internet a partir de 15 de janeiro.

 

“Psicologia: Ciência e Profissão” sobre democracia está na SciELO

A edição especial da revista Psicologia: Ciência e Profissão sobre Psicologia e Democracia já está disponível na plataforma da SciELO. O novo número será distribuído, dias 8 e 9 de dezembro, no estande do Conselho Federal de Psicologia (CFP) no Encontro de Bauru, 30 anos de luta antimanicomial.

A edição amplia a visibilidade dos artigos vencedores do “Prêmio de Psicologia e Direitos Humanos: ditadura civil-militar e repercussão sobre a Psicologia como ciência e profissão”, promovido em dezembro de 2013. O concurso, que recebeu 52 artigos, buscou estimular análises sobre o regime autocrático e as possíveis implicações sobre a Psicologia.

O periódico especial, formado por 18 artigos, também será enviado para bibliotecas de universidades e faculdades que tenham cursos de Psicologia.

O conselheiro Pedro Paulo Bicalho, editor associado do periódico, explica que esta edição especial, apoiada incondicionalmente pela atual gestão do CFP, afirma que ciência e política são instâncias indissociadas. “Refletir e problematizar a relação que se constrói entre Psicologia e Democracia é responsabilidade para todos nós. Que as referências, aqui produzidas, materializem-se como instrumentos de luta e enfrentamento, em especial no momento político em que vivemos neste país”, reforçou.

Psicologia e democracia

Os artigos, avaliados segundo as normas editoriais da revista, foram editados pelos professores Fernando Lacerda Jr. e Domenico Uhng Hur, da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Domenico Hur crê na importância do tema, como o primeiro em um periódico científico do país a tratar integralmente a questão “Psicologia, ditadura democracia”. Segundo ele, a edição foca o passado e o presente. “É a Psicologia discutindo seu compromisso social e político com a sociedade e a história brasileiras, seus efeitos e o desejo de construção de uma sociedade mais justa e igualitária.”

Fernando Lacerda Júnior aponta que a história brasileira sempre foi marcada por enormes dificuldades na construção de uma sociedade democrática. Segundo ele, um país estruturalmente atravessado pela desigualdade social sempre terá dificuldades em assegurar direitos democráticos. Isso é ainda mais explícito hoje: assegurar os interesses econômicos de uma opulenta e minoritária elite no Brasil é motivação suficiente para violar a democracia e orquestrar um golpe parlamentar. A edição, “além de problematizar o que restou da ditadura, contém importantes reflexões sobre uma história de lutas e resistência que também é parte da Psicologia latino-americana e que pode nos inspirar em nossas intervenções nas lutas sociais de hoje.”

Leia a edição especial da revista Psicologia: Ciência e Profissão.

Psicologia participa da XI Conferência Nacional de Assistência Social

O Conselho Federal de Psicologia (CFP), por meio da Comissão Nacional de Psicologia na Assistência Social (Conpas), lançou na manhã desta quarta-feira (6/12), em Brasília, durante a XI Conferência Nacional de Assistência Social, a “Campanha de Combate ao Preconceito contra a Usuária e o Usuário da Assistência Social”. A ação foi construída em parceria com o Fórum Nacional de Usuárias e Usuários da Assistência Social (FNUSUAS).

As conselheiras do CFP Fabiana Itaci, Andréa Esmeraldo e Célia Zenaide apresentaram a identidade visual da campanha e a representante do FNUSUAS e vice-presidente do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), Rosângela Maria Soares dos Santos, apresentou o primeiro vídeo da campanha, que busca provocar o debate sobre questões que perpassam diariamente a vida das pessoas que acessam os benefícios, programas e serviços da Assistência Social. A responsabilização individual pela situação de pobreza, a acusação de vagabundagem e visão de que a situação de vulnerabilidade social é resultado de escolhas são algumas delas.

O preconceito causa grande sofrimento psíquico, desconforto social, adoecimento e pode gerar segregação. Além disso, dificulta a busca pelos direitos socioassistenciais, que não são favor do governo, tutela da sociedade ou benevolência, mas proteção social assegurada pela Constituição Federal.

“A campanha foi construída a partir do princípio de unidade que orienta nossas ações”, explica a conselheira Fabiana Itaci, representante da Comissão Executiva da Psicologia na Assistência Social. Segundo ela, a campanha só se tornou possível e produzirá impacto a partir de parceria entre psicólogas e psicólogos, trabalhadoras e trabalhadores, usuárias e usuários do Suas.

Com o mote “O Suas é meu, o Suas é seu, o Suas é de quem tem direito”, também foram produzidos cartazes e folheto para serem distribuídos em todos os equipamentos de atendimento do Suas. O vídeo, já disponível no canal do CFP no Youtube, reúne 12 depoimentos de usuárias e usuários e também de profissionais do Suas.

Representantes de comunidades tradicionais, como quilombolas, ciganos, indígenas, deficientes físicos, usuárias e usuários da Assistência Social parabenizaram a parceria.

CFP participa de ato convocado pelo FNTSUAS

Na terça-feira (5), o CFP, como membro do Fórum Nacional de Trabalhadores da Assistência Social (FNTSUAS), participou das atividades da XI Conferência Nacional e Assistência Social, promovendo ações políticas em defesa da Assistência Social. Posicionou-se contra os ataques que o Suas tem sofrido devido ao corte de orçamento e contra a precarização das condições de trabalho no sistema.

O FNTSUAS divulgou carta, no mesmo dia, em protesto frente aos ataques impostos pelo Governo Federal, que resultam em redução de recursos para o Suas nos estados e municípios. Segundo o documento, ao reduzir drasticamente o financiamento da Assistência Social para 2018, torna-se inviável a execução dos serviços socioassistenciais e repassa aos estados e aos municípios a responsabilidade de manter os serviços sem o cofinanciamento firmado no pacto federativo, retirando recursos financeiros e profissionais da área.

Uma manifestação de profissionais e usuários do Suas, em frente ao Centro de Convenções Ulysses Guimarães, encerrou o dia, demonstrando a insatisfação com o baixo investimento governamental na área da Assistência Social.

Acompanhe ao vivo a transmissão da XI Conferência Nacional de Assistência Social.

 

Instituto de Psicologia da USP publica moção de apoio à Resolução 01/99

A Congregação do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) aprovou por unanimidade moção de apoio à Resolução CFP 01/99, que estabelece normas de atuação para psicólogas e psicólogos em relação à questão da orientação sexual. O documento é assinado pela diretora da entidade, Marilene Proença Rebello de Souza, ex-conselheira do CFP.

Segundo o texto, aprovado no dia 23 de outubro de 2017, a congregação entende que, “contra a posição do juiz federal, defendemos e legitimamos a Resolução CFP 01/99, considerando que com ela o Conselho cumpre sua função de regular o exercício profissional e proteger a população que recorre às práticas psicológicas”. A moção de apoio declara, ainda, que o CFP “convida psicólogos (as) a usarem o conhecimento para combate discriminações e estigmas contra comportamentos ou práticas homoeróticas (…) convoca a agirem em direção contrária à atribuição de patologias às condutas homoeróticas. Por fim, (…) orienta os e as profissionais a não adotarem ações coercitivas para encaminhar homossexuais para tratamentos não solicitados”.

Leia aqui a moção de apoio na íntegra.

1º de dezembro, Dia Mundial de Luta contra a Aids

Primeiro de dezembro é o Dia Mundial de Luta contra a Aids, data de extrema importância para milhões de pessoas em todo mundo. Muitas dessas milhões de pessoas que vivem com HIV e aids (PVHA) ainda se envergonham, têm medo e se escondem devido ao preconceito e à falta de ações governamentais voltadas à conscientização de toda a população. É preciso olhar para quem vive com HIV e aids e enxergar as novas histórias que elas estão construindo.

A Psicologia brasileira vem desenvolvendo ações afirmativas para as pessoas que vivem com HIV e aids desde o início da epidemia. Temos atuado no processo de acompanhamento após o diagnóstico reagente para o HIV, na produção de publicações sobre a atuação da Psicologia na política de prevenção às infecções sexualmente transmissíveis (IST) e aids e na promoção de eventos em parceria com representantes da sociedade civil organizada.

De forma transversal, temos atuado também na luta ampla pela garantia dos direitos da população LGBT, pois, ainda em 2017, os gays, as pessoas que se identificam como homens que fazem sexo com outros homens (HSH), travestis e transexuais são consideradas pessoas em situação de maior vulnerabilidade à infecção pelo vírus HIV, constituindo segmento populacional chave para as ações de prevenção.

Segundo o Ministério da Saúde, de 1980 a junho de 2016, foram notificados no país 842.710 casos de aids, dos quais cerca de 65% em homens e 35% em mulheres. A média brasileira dos últimos cinco anos é de 41,1 mil novos casos por ano. Observa-se, ainda, que a parcela da população em que a taxa de infecção mais subiu foi entre os adolescentes e jovens de 15 a 24 anos de idade, principalmente os gays e HSH. Isso porque, de acordo com o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, a taxa de infectados explodiu entre 2006 e 2015 nas faixas de 15 e 19 anos (variação de 187,5%, com a taxa passando de 2,4 para cada 100 mil habitantes para 6,9) e de 20 a 24 (alta de 108%, passando de 15,9 para 33,1 infectados). Entre 25 a 29 anos, foi de 21%, com a taxa migrando de 40,9 para 49,5%.

Outro grande desafio é a prevenção à transmissão vertical do HIV, que se dá quando a mãe não é diagnosticada precocemente e não tem acesso à quimioprofilaxia, o que evitaria a transmissão para o recém-nascido.

Ainda que as taxas de infecção (ou ao menos as de detecção) tenham se elevado nos últimos anos, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) destaca o aumento significativo no acesso ao tratamento antirretroviral ao redor do mundo. Enquanto no ano 2000, apenas 685 mil pessoas vivendo com HIV tinham acesso ao tratamento, até junho de 2017, esse número já passava de 20,9 milhões de pessoas em todo o mundo.

O acesso ao tratamento antirretroviral, aliado a uma série de outras medidas e cuidados em saúde, possibilita que as pessoas que vivem com o vírus HIV não desenvolvam a aids, aumentando sua qualidade e sua expectativa de vida a padrões considerados similares ao da população que não possui o vírus. Além disso, é cada vez maior o percentual de pacientes, com boa adesão ao tratamento, que tem sua carga viral reduzida a níveis indetectáveis, situação na qual, segundo uma série de estudos recentes, não transmitiriam o vírus para outras pessoas mesmo que ocorresse o contato direto em relações sexuais. É nesse contexto que começam a ganhar visibilidade, nas redes sociais e na mídia, os chamados casais sorodiferentes (ou sorodiscordantes), compostos por uma pessoa com e outra sem o vírus. Além disso, é sempre importante lembrar que o HIV não é transmitido no beijo, no abraço, no suor, no compartilhar de talheres e muito menos num olhar direto, amoroso e sincero para as pessoas que vivem com HIV.

O direito à saúde é definido, no Artigo 12 do Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, como o direito de toda pessoa a desfrutar o mais elevado nível possível de saúde física e mental. Isso inclui o direito de todas as pessoas, incluindo pessoas vivendo com HIV e afetadas pelo vírus, à prevenção e ao tratamento de problemas de saúde, à tomada de decisões sobre sua própria saúde e ao tratamento com respeito e dignidade, sem discriminação.

Neste 1º de dezembro de 2017, a Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia convida psicólogas, psicólogos e toda a população a olhar, ouvir, respeitar e dar voz às pessoas que vivem com HIV e aids.

Podemos dialogar em nossos espaços de atuação e de formação sobre o sofrimento que ainda se configura para essas pessoas; promover o conhecimento e a conscientização sobre questões de sexualidade, identidade, gênero e práticas sexuais, combatendo o preconceito; refletir sobre o luto, suas muitas fases e também sobre as estratégias de vida; debater e promover a implantação de novos serviços e ações em políticas públicas específicas e preparadas para acolher a diversidade com que as pessoas se apresentam.

Enfim, podemos, por meio do acolhimento respeitoso que empodera, conscientiza e promove autonomia, olhar para o humano que muitas vezes é estigmatizado e se esconde, auxiliando essas pessoas a reafirmarem o protagonismo em suas jornadas.

Que viver com HIV e aids seja possível em toda a amplitude do conceito de vida e de gozo dos Direitos Humanos!

Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia

CFP apoia Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) é a favor da reformulação de Projeto de Lei nº 174, de 2017, que tramita no Senado e que inclui em seu texto a Psicanálise como terapia naturista. De autoria do senador Telmário Mota (PTB/RR), o projeto pretende regulamentar o exercício da profissão de terapeuta naturista, nas modalidades de medicina oriental, terapia ayurvédica e outras terapias naturais. O problema é que inclui, erroneamente, no texto os termos “terapias psicanalíticas e psicopedagógicas”.

“Consideramos totalmente inadequada essa intenção de regulamentação, devido ao fato da Psicanálise se constituir num campo de conhecimento próprio, com conceitos, parâmetros e métodos próprios, não passíveis de regulamentação. O fundamental nesta situação é que a palavra seja dada aos psicanalistas e a suas instituições”, explica o conselheiro do CFP, Paulo Maldos.

De acordo com a psicanalista e representante do curso de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae no Movimento de Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras, Ana Sigal, o estudo e a prática da Psicanálise exige um saber estruturado com base em conhecimentos claramente estipulados, ou seja, “existe toda uma teoria, com cerca de 100 anos de existência”.

“Não temos crítica nenhuma sobre as demais terapias citadas no projeto, mas só não consideramos que elas tenham o mesmo nível epistemológico, a mesma base de conhecimento da Psicanálise”, explica a psicanalista.

Opine sobre a matéria no Senado – Os profissionais da Psicologia podem opinar sobre o PL nº 174/2017 a partir de uma enquete no site E-Cidadania.

Saiba mais
A Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras é um coletivo integrado por 17 instituições: Aleph-Escola de Psicanálise; Associação Psicanalítica de Porto Alegre (Appoa); Centro de Estudos Psicanalíticos de Porto Alegre (CEPdePA); Círculo Brasileiro de Psicanálise; Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro; Corpo Freudiano; Departamento de Psicanalise do Instituto Sedes Sapientiae; Escola Brasileira de Psicanálise; Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano; Escola Lacaniana de Psicanalise; Escola Letra Freudiana; Federação Brasileira de Psicanálise (Febrapsi); Formação Psicanalítica Instituto Sedes Sapientiae; Laço Analítico Escola de Psicanálise; Práxis Lacaniana/Formação em Escola; Sigmund Freud Associação Psicanalítica; e Tempo Freudiano Associação Psicanalítica.