CFP atua na 14ª Conferência Nacional de Assistência Social e reforça compromisso com a valorização de trabalhadoras e trabalhadores do SUAS

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) integrou, entre os dias 6 e 9 de dezembro, a 14ª Conferência Nacional de Assistência Social, que celebrou os 20 anos do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Organizado pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), o evento contou com o apoio do CFP.

Com o tema “20 anos do SUAS: construção, proteção social e resistência”, a conferência teve como objetivos avaliar a Política Nacional de Assistência Social, definir diretrizes para o aprimoramento do sistema e estabelecer prioridades para o 3º Plano Decenal de Assistência Social. A programação que reuniu representantes da sociedade civil, do poder público, trabalhadoras(es) e usuárias(os) incluiu mesas temáticas, plenárias deliberativas, atividades de participação social e premiação.

A conselheira-tesoureira Neuza Guareschi representou o CFP em atividades da conferência e destacou a relevância do espaço para o fortalecimento da política socioassistencial. “A conferência reafirma o papel estratégico do SUAS na garantia de direitos e evidencia a importância da Psicologia na construção de respostas qualificadas às demandas sociais”, pontuou.

Durante a programação, a Psicologia integrou a atividade autogestionada sobre os impactos das tecnologias da informação e comunicação na proteção social, promovida pelo Fórum Nacional das Trabalhadoras e dos Trabalhadores do SUAS (FNTSUAS).

A representante titular do CFP no Fórum, Simone Gomes, contribuiu com a análise da conjuntura atual do SUAS, seu orçamento e o impacto das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no trabalho de proteção social realizado nos equipamentos. A psicóloga destacou as incidências necessárias para enfrentar a precarização dos vínculos, garantir educação permanente, implementar planos de cargos e carreiras e assegurar condições adequadas de trabalho.

“Reafirmamos a importância de uma proteção social qualificada, com equipes de referência integradas, isonomia de carga horária ainda um desafio para a Psicologia no SUAS e isonomia salarial. São pautas que impactam diretamente o cotidiano das psicólogas e dos psicólogos e seguem centrais na defesa do fortalecimento do Sistema Único de Assistência Social”, ressaltou Simone Gomes.

A atividade autogestionada também marcou o lançamento da Pesquisa Nacional Perfil das Trabalhadoras e dos Trabalhadores do SUAS do Brasil, iniciativa do FNTSUAS que busca mapear condições de trabalho, relações laborais, situações de assédio moral e aspectos do controle social no sistema.

A representante suplente do CFP no Fórum, Bárbara Malvestio, reforçou a importância da participação da categoria. “De acordo com o Censo de Psicologia de 2022, a área social é a segunda que mais absorve novos profissionais, mas grande parte desses trabalhadores sofre com precarização e piores condições de trabalho. Por isso, é fundamental que a Psicologia participe, especialmente porque ainda não temos a lei das 30 horas. É importante participar e compartilhar a iniciativa com outras profissionais psicólogas, psicólogos e demais categorias do SUAS”, destacou.

Incidência e participação social

Ao longo da conferência, o CFP manteve um espaço institucional dedicado ao acolhimento e à troca com profissionais da Psicologia que atuam no SUAS. O local recebeu psicólogas e psicólogos de diferentes regiões do país para um diálogo com as representantes da Autarquia.

O encontro permitiu a escuta qualificada das demandas da categoria, o compartilhamento de experiências e o debate sobre desafios cotidianos da atuação profissional na política de assistência social.

Além disso, o espaço foi ponto de distribuição de publicações e materiais técnicos produzidos pelo CFP, reforçando o compromisso com a formação continuada e com o acesso a conteúdos que subsidiam a prática profissional.

30 anos do FNAS

No dia 10 de dezembro, um dia após o encerramento da conferência, o CFP também esteve presente na Solenidade de celebração dos 30 anos de consolidação do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS). O CFP foi representado por Rozana Fonseca, integrante da Comissão Nacional de Psicologia na Assistência Social (CONPAS) pela região Nordeste.

O evento destacou as três décadas de compromisso com a proteção social no Brasil, marcadas pela modernização da gestão dos recursos públicos, pela aproximação com os territórios e pelo fortalecimento da execução do SUAS em estados e municípios.

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Psicologia na Assistência Social: CFP encerra mandato de duas gestões no CNAS e destaca contribuições na área

Instituído há 30 anos pela Lei Orgânica da Assistência Social, o Conselho Nacional da Assistência Social (CNAS) tem como atribuição promover o controle social da política pública de assistência social e contribuir para o seu aprimoramento. Dentre suas competências, estão a aprovação da Política Nacional de Assistência Social (PNAS), a regulamentação dos serviços públicos e privados do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), a convocação da Conferência Nacional temática, a apreciação da proposta orçamentária das políticas nesse campo, bem como a aprovação de contas da execução orçamentária.

No dia 19 de junho, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) concluiu o segundo mandato consecutivo no CNAS (2020-2022 e 2022-2024), representado no primeiro mandato pela ex-conselheira federal Célia Zenaide e, na segunda gestão, pela psicóloga e coordenadora da Comissão de Assistência Social do CRP-PR, Simone Cristina Gomes.

Na avaliação de Simone Gomes, fortalecer a política pública da Assistência Social recentemente representou grande desafio por se tratar de uma “agenda de reconstrução democrática do Sistema Único de Assistência Social e das políticas públicas que, no período anterior, foram desmontadas sistematicamente”.

Diante desse cenário, a psicóloga destacou conquistas emblemáticas do CNAS ao longo dos últimos dois anos, em que a Psicologia esteve presente na defesa da manutenção da Resolução CNAS nº 6/2015.

O instrumento reconhece como legítima a representatividade das(os) trabalhadoras(es) do SUAS através de diversas organizações, entre elas os Conselhos de profissões regulamentadas e os fóruns de trabalhadoras(es), garantindo amplo controle social das políticas sociais desse Sistema, conforme preconizado na LOAS e na PNAS.

Outro ponto observado está na defesa do fim do financiamento público a qualquer equipamento que não esteja regulamentado pela Política Nacional de Assistência Social, como as comunidades terapêuticas, alvo de denúncias de violação de direitos humanos.

A representante do Conselho Federal de Psicologia chamou atenção para a Nota Técnica CFP nº 2/2023, que trata da relação da Psicologia no SUAS com o Sistema de Justiça e que embasou a Resolução CNAS nº 119/2023 sobre a relação interinstitucional entre equipes do SUAS, órgãos do Sistema de Justiça e do Ministério Público, “em que tivemos participação ativa, englobando as discussões que haviam sido feitas com a categoria em relação aos problemas enfrentados nos territórios, além do diálogo com outras entidades representativas de trabalhadoras(es), a exemplo do CNAS”.

A psicóloga também mencionou diálogos empreendidos pelo CFP junto ao CNAS, sobre a composição das equipes mínimas do SUAS e a relação com o voluntariado; a definição de que Comunidades Terapêuticas não compõem os serviços socioassistenciais tipificados do SUAS; a retomada do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil no Brasil; e ainda, as garantias de serviços de Assistência Social no âmbito da Política Antimanicomial do Poder Judiciário (Resolução CNJ nº 487/2023).

Simone Gomes frisou ainda a realização, em 2013, da 13ª Conferência Nacional da Assistência Social, evento que celebrou os 30 anos da Lei Orgânica da Assistência Social e conferiu ao Conselho Federal de Psicologia a menção honrosa no âmbito do Prêmio Mérito CNAS Simone Albuquerque, que reconheceu a prática exitosa do CFP de integrar ações de mobilização de trabalhadoras(es) psicólogas(os) em espaços de controle e participação social do SUAS.

Finalizados os dois mandatos, o CFP segue acompanhando o CNAS na condição de observador e também atento ao processo de controle social do Fórum Nacional de Trabalhadoras e Trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social (FNTSUAS).

Além disso, desde 2015, o Conselho Federal de Psicologia mantém a Comissão Nacional de Psicologia na Assistência Social (CONPAS), regulamentada pela Resolução CFP nº 7/2020. Entre outras atribuições, a CONPAS sugere estratégias de consolidação da Política Nacional de Assistência Social, executa deliberações do CFP sobre a Assistência Social, fomenta a participação da Psicologia em comissões, fóruns e conselhos sobre o tema, bem como organiza a Mostra Nacional de Práticas em Psicologia no SUAS.

Psicologia para a População em Situação de Rua

Até o dia 19 de julho, o CFP, por meio do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP), realiza consulta pública para que profisisonais de todo o país possam contribuir com a futura publicação “Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas(os) em Políticas Públicas para a População em Situação de Rua”, que irá constituir uma importante referência para o trabalho no SUAS. 

A consulta pública é uma das etapas que antecedem o lançamento de uma referência técnica para orientar profissionais da Psicologia. O objetivo dessa fase é acumular contribuições a fim de aprimorar o documento, tornando o processo de elaboração mais democrático e participativo. 

A novidade desta consulta é a possibilidade de as(os) profissionais dos serviços de referência, que atendem a população em situação de rua, registrarem contribuições a partir de uma escuta complementar de seus usuários e usuárias.

Clique, confira todos os detalhes e participe também.

Referências complementares

Acesse publicações do CFP relativas à atuação da Psicologia na Assistência Social:

Referências técnicas para atuação do (a) psicólogo (a) no CRAS/SUAS

Referências técnicas sobre a prática de psicólogas (os) no Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS)

Parâmetros para a atuação de assistentes sociais e psicólogos na política de assistência social

Serviço de Proteção Social a Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência, Abuso e Exploração Sexual e suas Famílias: referências para a atuação do psicólogo

Como os psicólogos e as psicólogas podem contribuir para avançar o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) – informações para gestoras e gestores