Psicologia e Educação no combate às violências nas escolas: CFP integra grupo de trabalho do MEC para propor ações na área

No dia 28 de agosto, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) participou da reunião de instalação do Grupo de Trabalho Técnico (GTT) criado pelo Ministério da Educação (MEC) para enfrentar o bullying, o preconceito e a discriminação nas escolas.

Representado pelas conselheiras Raquel Guzzo (titular) e Marina Poniwas (suplente), o CFP integra o colegiado na condição de convidado permanente para, em colaboração, subsidiar o MEC na implementação de uma política educacional voltada ao tema.

Raquel Guzzo avalia que a retomada do tema na Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (SECADI/MEC) “é um alívio para todas e todos que desejam um país humanizado e uma escola que, de fato, assuma a tarefa de desenvolver estudantes para a cidadania, sem violência e acompanhando seu processo integralmente”.

Instituído em julho deste ano, por meio da Portaria nº 614/2024, o GTT terá duração de 120 dias, prorrogáveis por igual período. Além de encomendar estudos voltados à temática, compete ao grupo promover conferências e seminários, bem como elaborar um relatório com as principais conclusões dos debates. O documento final irá incluir recomendações ao MEC, permitindo o desenho de programas e proposta de governança, além da avaliação e monitoramento das ações.

Contribuições na Educação

A Psicologia brasileira tem o compromisso ético, científico e político de promover bem-estar emocional, psicológico e social de cada pessoa. Entre as ações no campo da Educação, o Conselho Federal de Psicologia publicou em 2019 a edição revisada das Referências Técnicas para atuação de psicólogas(os) na Educação Básica, elaborada no âmbito do Centro de Referências Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP). O documento aborda a educação básica como direito humano fundamental, em uma perspectiva crítica, pautada na diversidade humana e protagonista nos enfrentamentos a preconceitos, racismos, pobreza e distribuição de renda.

No mesmo ano, o CFP lançou a “Pesquisa Violência e Preconceitos na Escola”, que discute a contribuição da Psicologia para se pensar os fenômenos dos preconceitos e da violência no contexto escolar brasileiro.

Outra importante frente de ação está na luta pela efetiva implementação da Lei nº 13.935/2019, que assegura a presença de profissionais da Psicologia e do Serviço Social na rede pública de Educação Básica de todo o país.

 

 

Norma que combate preconceito e discriminação racial faz 15 anos

Há 15 anos, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) criava a Resolução CFP nº 18/2002, conjunto de normas para atuação de profissionais da Psicologia em relação ao preconceito e à discriminação racial. O documento, elaborado com base na Declaração Universal dos Direitos Humanos, na Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, na Constituição Federal e em dispositivos do Código de Ética Profissional, busca a colaboração de profissionais da área na criação de condições para eliminar a opressão e a marginalização do ser humano gerada pelo preconceito racial que humilha e gera sofrimento.

O CFP continua empenhado em desenvolver ações para a eliminação do preconceito e do racismo. No último final de semana, durante a Assembleia das Políticas, da Administração e das Finanças, o Sistema Conselhos de Psicologia decidiu que será obrigatória a inclusão de novas informações no Cadastro Nacional da profissão e na carteira profissional, como os quesitos “raça/cor”, utilizado também pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e “identidade de gênero”. A medida colabora com a valorização da dignidade de profissionais da Psicologia.

A psicóloga Célia Zenaide, integrante do Conselho Federal de Psicologia (CFP), reafirma a importância dessas medidas para a extinção do preconceito e da discriminação racial. Ela lembra que profissionais da área não devem exercer qualquer ação de favorecimento da discriminação ou de preconceito de raça ou etnia. “A Psicologia não pode ser conivente ou se omitir frente ao racismo e desconsiderar as características negras em suas peculiaridades. Não se pode dizer que o racismo não existe, isto é coisa da sua cabeça.”

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