Projeto de lei que estabelece avaliação psicológica na renovação de toda CNH mais perto de se tornar lei

O projeto que pretende implantar a exigência da avaliação psicológica para motoristas em todas as renovações da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) avança na Câmara dos Deputados. 

Aprovado em 14 de agosto pela Comissão de Viação e Transportes (CVT) da Câmara dos Deputados, o PL 4.111/2023 segue agora para análise da Comissão de Constituição e Justiça e, em caso de aprovação,  vai para sanção presidencial para tornar-se lei.

A proposição busca alterar o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) para determinar que a avaliação psicológica seja realizada na obtenção da primeira habilitação e em todas as suas renovações. A exigência caberá para o exercício ou não de atividade remunerada na condução de veículos.

A conselheira do CFP e especialista em Psicologia do Tráfego, Juliana Guimarães, aponta que a aprovação do PL na comissão é o reconhecimento de que a Avaliação Psicológica, uma atividade essencialmente da Psicologia, tem muito a contribuir nas questões do trânsito, da mobilidade humana, na prevenção de sinistros e na promoção da saúde neste espaço que é responsável por um enorme impacto na população mundial com mortes e sequelas, sendo a principal causa de morte de jovens de 5 a 29 anos segundo a Organização Mundial de Saúde.

“Os altos índices de sinistros motivados por fatores humanos reforçam a necessidade da realização de avaliações psicológicas periódicas, para todas as pessoas que conduzam veículos, que exerçam ou não atividades remuneradas ao volante. A multiplicidade de fatores envolvida no ato de dirigir é influenciada pelo comportamento humano e suas condições psicológicas e emocionais. Mas, não se deve esquecer que os efeitos afetam toda a sociedade, uma vez que as vítimas não são apenas as pessoas lesionadas ou que venham a falecer, mas, temos toda uma estrutura familiar e social que sofrem os impactos significativos por anos”, aponta a conselheira.

Em seu relatório apresentado pela aprovação do projeto, o deputado Hugo Moura (PSD-RJ) reconhece que as condições psicológicas do condutor podem se alterar ao longo da vida e não podem ser negligenciadas, pois têm o poder de influenciar a forma de conduzir do motorista.

“Assim, da mesma forma que o CTB traz exigência de avaliação periódica das condições físicas, é imprescindível também avaliar as condições psicológicas dos condutores, a fim de impedir o acesso à renovação da habilitação para condutores que não tenham as condições mentais adequadas para dirigir”, justifica o parlamentar.

De autoria do senador David Alcolumbre (União-AP), o PL 4.111/2023, antigo PLS 98/2015, já foi aprovado pelo Senado (em agosto passado) e, na Câmara dos Deputados, somente precisa tramitar pela Comissão de Constituição e Justiça. Em caso de aprovação pela CCJ, o projeto seguirá para sanção presidencial para ser transformado em lei.

Incidência estratégica

O PLS 98/2015 e o PL 4.111/2023 tiveram a incidência estratégica do Conselho Federal de Psicologia, juntamente com a Associação Brasileira de Psicologia de Tráfego, para que sua análise, tramitação e a designação de membros das Comissões e das Relatorias fosse efetivada. Uma mobilização tanto no Senado, quanto na Câmara dos Deputados, na qual a participação de toda a categoria, do Sistema Conselhos e das entidades do FENPB foram essenciais.

Código de Trânsito Brasileiro

Atualmente, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB – Lei 9.503/1997) estabelece a avaliação psicológica somente para a primeira habilitação e para motoristas que exerçam atividade remunerada com veículos. As(Os) demais não são submetidas(os) a esse tipo de avaliação, diferentemente do exame médico pericial, repetido regularmente em cada renovação.

 

Capacitação a profissionais da Psicologia que atuam no trânsito

As aulas da primeira turma de capacitação de profissionais da Psicologia credenciados no Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran/SP) começam em 12 de setembro. A proposta é estabelecer critérios de padronização para o processo de avaliação psicológica no contexto do trânsito.

O primeiro passo foi dado nesta quarta-feira (11), com a assinatura de convênio entre o Conselho Federal de Psicologia (CFP) e o Detran/SP. O documento foi assinado pelo conselheiro Fabián Rueda, do CFP, pelo o representante do CFP na Câmara Temática de Saúde e Meio Ambiente do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), Renan Cunha, e o presidente do Conselho Regional de Psicologia do Piauí (CRP 21ª Região), Eduardo Moita.

Rueda explica que “as capacitações são gratuitas” e que depois de São Paulo, o curso será realizado em outros estados brasileiros.

Na reunião, a tabela de honorários dos profissionais da Psicologia credenciados também foi discutida e uma reunião entre o CFP, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a Associação Nacional dos Detrans foi agendada para 19 de julho.

CFP discute plano de capacitação para psicólogos peritos do Detran

O Grupo de Trabalho “Mobilidade, Trânsito e Transporte” do Conselho Federal de Psicologia (CFP) participou de reunião com a Editora Vetor e o presidente do DETRAN/SP, Dr. Maxwell Borges de Moura, nesta quinta-feira (29) para delinear um plano de capacitação para psicólogas e psicólogos peritos credenciados para avaliação psicológica no contexto do trânsito.

O projeto de capacitação também pretende ser utilizado como modelo para todo o território nacional. Além dessa parceria, o Grupo de Trabalho do CFP, representado pelos conselheiros psicólogos Fabián Rueda (CFP), Juliel Modesto (CRP/06) e Eduardo Moita (CRP/21), tem em sua agenda uma reunião com o Presidente do DENATRAN, para discutir questões relacionadas à distribuição equitativa, honorários das avaliações, redação de resoluções em conjunto CFP/CONTRAN, dentre outros.

Para o conselheiro do CFP, Fabián Rueda, a reunião foi um passo importante para capacitação dos profissionais desta área. Segundo ele, esse é um dos primeiros projetos de gestão no sentido de levar um plano de ação a fim de melhorar as condições de trabalho da psicóloga e do psicólogo do trânsito.

Mobilidade

O Centro de Referências em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop) do Conselho Federal de Psicologia (CFP) abriu, nesta quarta-feira (13/11),  consulta pública sobre a prática de psicólogas (os) em Políticas de Mobilidade Urbana, Transporte e Trânsito.

A versão preliminar do documento – elaborada por um grupo de especialistas no tema – já está disponível para contribuições da categoria, que podem ser feitas até o dia 13 de dezembro pelo site do Crepop.

A escolha do tema da pesquisa surgiu a partir de uma demanda da categoria durante o VI Congresso Nacional da Psicologia, realizado em 2007. As teses do Congresso apontaram a necessidade de maior qualificação e orientação para a prática nos serviços de trânsito, especialmente aqueles voltados à obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

A pesquisa foi realizada em 2009 por meio de questionário online, reuniões de especialistas, grupos focais e entrevistas. Na ocasião, unidades regionais do Crepop conduziram também investigações locais. Houve a participação total de 275 pessoas por meio de entrevistas pessoais e de 221 respostas ao questionário online. Das (os) psicólogas (os) que participaram da pesquisa, 76,7 % disseram desenvolver atividades voltadas para o exame da avaliação psicológica para obtenção da CNH.

Entre os principais desafios apontados pela pesquisa para o trabalho na área, estão a inserção de psicólogas (os) em diferentes áreas de mobilidade urbana, transporte e trânsito, além da necessidade de políticas públicas locais que respondam às demandas dos municípios sobre o tema.

A contribuição de todas (os) com suas experiências e opiniões é muito importante, pois a consulta é um instrumento democrático, que permite a participação direta da categoria e da sociedade em assuntos relevantes para a atuação profissional.

Como contribuir

Após cadastrar-se e confirmar sua participação no termo de aceitação, leia o documento na íntegra e faça suas considerações no Formulário de Consulta Pública (ambos disponíveis após o cadastro).

As suas contribuições serão reunidas com outras e servirão para aprimorar o documento, garantindo que a versão final reflita os interesses das (os) profissionais da área, estabelecendo diretrizes técnicas e orientações coerentes com a prática profissional no campo da Psicologia do Trânsito.

Participe!

Histórico

As discussões sobre o tema tiveram início no ano 2000, com a publicação da Resolução CFP nº 14, que instituiu o título profissional de especialista em trânsito. Desde então, foram criadas comissões e realizados diversos eventos sobre a temática, que culminaram com a realização do Seminário Psicologia do Trânsito em Trânsito pelo Brasil, em 2012, que gerou também um relatório, lançado em 2013.