CFP debate situação das pessoas idosas no Brasil

Nesta quinta-feira (1º), o Conselho Federal de Psicologia (CFP) promove o seminário online “Reflexões sobre o Dia da Pessoa Idosa”. A atividade acontece no mesmo dia em que são comemorados o Dia Internacional do Idoso e os 12 anos de sanção do Estatuto do Idoso no Brasil, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos.

O seminário busca promover o debate acerca do trabalho dos profissionais de Psicologia junto a esta parcela da população nos CRAS, CREAs e na prática clínica. “Queremos promover uma reflexão sobre esse universo do processo de outono dos sujeitos, que muitas vezes envolve solidão e sentimento de menos valia. É importante que a sociedade brasileira entenda que, em 2025, mais de 30 milhões de pessoas estarão com mais de 60 anos de idade. O que estamos fazendo com nossos idosos?”, questiona o psicólogo Wadson Arantes, que representará o CFP na atividade.

As convidadas são Jurilza Maria Barros de Mendonça, mestre em gerontologia pela Universidade Católica de Brasília, e Maria Luisa Teixeira, integrante do Conselho Nacional da Pessoa Idosa (GO), com a moderação de Wadson Arantes Gama, presidente do Conselho Regional de Psicologia da 9ª Região (CRP-09 Goiás).

O debate poderá ser acompanhado ao vivo a partir das 16h pelo canal do CFP no Youtube:  https://www.youtube.com/watch?v=9sxlq6RlrUw

Prorrogadas as inscrições para concurso de provas e título para especialistas em Psicologia

Foi publicado no Diário Oficial da União, nesta quarta-feira (30), uma retificação no edital do Conselho Federal de Psicologia sobre o X Concurso de Provas e Título para Concessão do Titulo de Especialista em Psicologia, prorrogando as inscrições para o dia 8 de outubro.

O concurso compreenderá as seguintes fases: prova objetiva e discursiva para todas as especialidades, com caráter eliminatório; e prova de títulos, para todas as especialidades, de caráter classificatório. Todas as fases são de responsabilidade do Instituto de Desenvolvimento Educacional, Cultural e Assistencial Nacional – IDECAN.

As provas serão realizadas nas seguintes cidades: Belém (PA), Manaus (AM), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Campo Grande (MS), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Salvador (BA), São Paulo (SP), Vitória (ES), Natal (RN), Rio de Janeiro (RJ), Goiânia (GO), Florianópolis (SC), João Pessoa (PB), Maceió (AL), Cuiabá (MT), Aracaju (SE), Teresina (PI), São Luís (MA) e Palmas (TO).

As especialidades contempladas no X Concurso são Psicologia Clínica, Psicologia Organizacional e do Trabalho, Psicologia do Esporte, Psicomotricidade, Psicologia do Trânsito, Psicopedagogia, Psicologia Escolar e Educacional, Psicologia Jurídica, Neuropsicologia, Psicologia Hospitalar e Psicologia Social.

Para participar, o candidato deverá ser psicólogo com mais de dois anos de inscrição em Conselho Regional de Psicologia, contínuos ou intermitentes, contados até a data de realização das provas. A inscrição deve ser feita, exclusivamente, via internet. Saiba mais: https://idecan.s3.amazonaws.com/concursos/216/5_28092015092010.pdf

Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica realiza primeira reunião com editoras

A Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica (CCAP) do Conselho Federal de Psicologia (CFP) esteve reunida nos dias 23 e 24 de setembro e, entre as atividades do grupo, foi realizada a primeira reunião com editoras de materiais psicológicos. “Este foi o primeiro momento em que editoras e Sistema Conselhos de Psicologia se reuniram e puderam caracterizar esforços para fomentar ações conjuntas”, comemorou o coordenador da CCAP, João Carlos Alchieri.

Além de Alchieri, participaram do encontro os integrantes da CCAP Roberto Moraes Cruz, Valdiney Veloso Gouveia, José Neander Abreu e Cícero Emídio Vaz. Por parte das editoras, estiveram presentes Gisele Alves e Rafael Ferraz (Editora Pearson Clinical); Alexandre Serpa e Marianne Fleury (Centro Editor de Testes e Pesquisa em Psicologia (Hogrefe CETEPP); Elizabeth do Nascimento (responsável técnica da Empresa Distribuidora de Testes (Edites); Antônio Uchoa e Bartholomeu Troccoli (LAbPAM); e Cristiano Esteves e Ricardo Mattos (Vetor Editora).

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De acordo com a Comissão, o encontro foi um momento importante para discutir questões relacionadas ao uso profissional de instrumentos psicológicos e à modernização de normas e critérios técnicos associados tanto à utilização quanto a comercialização desses materiais. “Além disso, foi um momento para trocarmos informações e experiências em relação a novas tecnologias associadas ao uso desses materiais e novas plataformas eletrônicas”, completou Roberto Moraes Cruz.

Cruz lembrou ainda que, a partir da reunião, foram discutidos critérios técnicos e ações para que seja atualizado o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (Satepsi) do CFP: “As discussões feitas durante a reunião fez com que repensássemos o fluxo do Satepsi no que diz respeito aos requisitos mínimos para a atualização de normas de instrumentos e, ao mesmo tempo, atualizar as editoras sobre os principais questionamentos vindos dos psicólogos sobre o papel das editoras nos processos de uso e comercialização de materiais psicológicos”.

A Comissão já projeta reformular o sistema de atualização de normas técnicas e de testes psicológicos. A proposta visa elaborar modelos que ajudem a organizar e agilizar o fluxo de atendimento a autores, responsáveis técnicos e editoras de materiais psicológicos, já que é a CCAP é quem valida esse tipo material, nacionalmente.

Valdiney Veloso Gouveia apontou que cada editora tem um modelo, uma estratégia e algumas necessidades específicas que precisam ser normatizadas pela Comissão. “A reunião colabora no sentido de buscamos consensos para agilizar os processos. Novas estratégias, novas ferramentas de comunicação vão surgindo e essa relação mais 20150924_153726próxima ajuda a gente a otimizar o processo de análise. E o mais importante disso é que, assim, conseguimos beneficiar a categoria”.

Na visão de José Neander Abreu, essa reunião “marca uma evolução histórica da própria CCAP”, já que existe uma resolução que rege a Comissão em relação à testagem psicológica e há condições para promover mudanças às novas demandas surgidas por parte dos profissionais da Psicologia, pelas editoras e também da própria CCAP. “Acho que as dúvidas, as sugestões e inquietações são favoráveis pra gente ouvir todos os lados, e neste caso o das editoras, sobre os efeitos da regulamentação vigente e pensarmos naquilo que é ajustável, naquilo que pode ser adequado para um novo caminho, pensando que ele seja mais frutífero, mais adequado e mais eficaz em relação ao tratamento da avalição da testagem psicológica no país”.

Para Cícero Emídio Vaz, o êxito da reunião ficou marcado pelo interesse de todas as editoras em participar, trocar experiências e preocupações.

A expectativa de ambas as partes é que as reuniões passem a seguir uma periodicidade.  A reunião aconteceu a convite da Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica (CCAP) do CFP.

Outros assuntos

Além da reunião com as editoras de materiais psicológicos, a Comissão ainda avaliou e fez leitura de relatos de pareceres sobre os instrumentos psicológicos e atendimentos à categoria sobre processos de avaliação. Também fez parte da pauta a elaboração de projetos para o próximo ano, visando uma maior qualificação do processo de formação profissional no âmbito da avaliação psicológica.

 

O racismo é, sim, promotor de sofrimento psíquico

Valter da Mata, integrante da Comissão de Direitos Humanos do CFP, fala ao Jornal do Federal sobre os impactos do racismo na vida psíquica dos indivíduos e os desafios da Psicologia para enfrentar o tema. Para ele, que é mestre em Psicologia Social pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), é preciso investir mais na formação de psicólogos (as) negros (as), além de assegurar a abordagem do assunto nas grades curriculares.

Confira a íntegra da entrevista.

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Quais são as repercussões psíquicas específicas resultantes da violência racial observadas na clínica de pacientes negros (as)?
Em se tratando de saúde mental, duas dimensões são atacadas diretamente: a identidade e a autoestima. Não possuindo referenciais identitários valorizados na nossa sociedade (heróis, pessoas bonitas, inteligentes) resta ao grupo subalterno se identificar com a sua “inferioridade natural” ou reivindicar para si um ideal de ego branco. Instala-se a baixa autoestima, valorizando-se pouco e acreditando que é inferior. Como consequências somáticas temos a depressão, o alcoolismo, a ansiedade, a autodepreciação, síndrome do pâ- nico. O quadro é complexo e requer certa experiência para se diagnosticar que essas manifestações podem advir da discriminação racial.

Em sua opinião, os (as) psicólogos estão preparados (as) para lidar com as questões raciais nos consultórios, ambulatórios e atendimentos de saúde em geral?
Eu acredito que os (as) psicó- logos (as) estão, em sua maioria, completamente despreparados (as) para lidar com essas questões. Diversos motivos conspiram para esse lamentável quadro. Destaco o histórico distanciamento da categoria com a população de baixa renda. As teorias utilizadas pela maioria dos profissionais de Psicologia são oriundas de países europeus ou dos Estados Unidos, propõem uma universalização do desenvolvimento humano e excluem completamente o legado cultural dos povos asiáticos, africanos e indígenas. Assim, as formas de subjetivação da população de baixa renda do Brasil, que tem forte influência das populações africanas e indígenas, podem ser vistas como patológicas, e as expressividades dos comportamentos também podem ser vistas como inadequadas. É preciso que os (as) psicó- logos (as) saibam que o racismo existe em nossa sociedade e afeta de forma decisiva a nossa forma de compreender o mundo. O racismo existente em nosso país atinge de forma distinta as pessoas a partir da sua cor de pele. Assim sendo, é fundamental para o profissional entender como o racismo atravessa a sua compreensão de mundo, assim como o racismo atravessa a subjetividade da pessoa atendida. O que vemos na maioria dos casos é uma completa ignorância em reconhecer o racismo enquanto vetor de promoção de sofrimento e, por conseguinte, a expulsão do tema racismo das consultas psicológicas.

A temática das relações raciais está presente na formação do (a) psicólogo (a)?Além de psicólogo sou professor de Psicologia e posso afirmar que, em raros casos, essa temática é abordada nas grades curriculares. Apesar de existirem as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que garantem a discussão das relações raciais em todos os níveis de educação, o que vejo é a completa ausência do tema nas instituições  de ensino superior – somando-se ao quadro a resistência dos alunos em discutir essas questões. As teorias que estudamos não trazem, na sua matriz, o reconhecimento da discriminação racial enquanto vetor, sendo então necessária uma releitura das mesmas para que o fenômeno venha a ser analisado de maneira adequada.

Como a temática das relações raciais está sendo tratada no panorama de grupos de estudos e pesquisas das universidades brasileiras?
Somente a partir do século XXI vemos maior preocupação da Psicologia brasileira com o tema das relações raciais. O livro “Psicologia Social do Racismo”, organizado por Cida Bento e Iray Carone, é quase um marco divisor nessa questão. Há um maior interesse no tema da Psicologia e Relações Raciais, os programas de pós-graduação de Psicologia da UFBA e da USP têm regularmente oferecido estudos que discorrem sobre essa problemática. Entretanto, na graduação, a resistência por parte dos professores é muito grande. É comum a pergunta, “como é que vou tratar esse assunto em minha disciplina?”, eu geralmente respondo que o racismo atravessa todas as dimensões da nossa existência, ele se materializa desde as relações afetivas, que norteiam nossas preferencias; até a noção pessoal e institucional de “boa aparência”, portanto é algo que não é distante da nossa realidade. O racismo nos atravessa em menor ou maior grau, temos que refletir o quanto ele nos afeta.

Qual o papel do Sistema Conselhos na batalha pela igualdade racial e também na conscientização da categoria para o atendimento adequado a essa população?

O Sistema Conselhos de Psicologia tem uma função importantíssima nessa questão. Primeiramente porque nosso Código de Ética é fundamentado na Declaração Universal dos Direitos Humanos e o racismo é uma das formas mais odiosas de violação de direitos. Lembro que a Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (CFP) foi criada em 7 de agosto de 1997, e as Comissões de Direitos Humanos dos Conselhos Regionais (CRPs) a partir de 1998. Dentro dos objetivos e atribuições dessas comissões, estão incentivar a reflexão e o debate sobre os direitos humanos inerentes à formação, à prática profissional e à pesquisa em Psicologia, e estudar os múltiplos processos de exclusão enquanto fonte de produção de sofrimento mental. A atual gestão do CFP elegeu o combate ao racismo enquanto um dos eixos temáticos a serem trabalhados. Com a denominação de “Enfrentamento das violências associados ao racismo e a preconceitos étnicos”, esse eixo vem sendo trabalhado com grande afinco.

Fale um pouco sobre a inserção do (a) psicólogo (a) negro (a) no mercado. Esses (as) profissionais também são atingidos pelo preconceito?
Falarei um pouco da minha experiência pessoal enquanto psicólogo e homem negro. Foi muito comum ouvir a frase “Você não tem cara de psicólogo”, e eu sempre retrucava com

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a questão: “Qual é a cara do psicólogo?”. As respostas eram invariavelmente vazias. Esse tipo de pergunta vai à direção de que um (a) negro (a) não é o protótipo idealizado de um profissional de Psicologia. Ainda na pós-graduação, tive de ouvir de um (a) professor (a): “Não esperava nada de você”. Imagine você ouvir isso enquanto faz um mestrado. O que quero dizer com esse rápido depoimento é que, independentemente do seu diploma, você é negro e será discriminado. A sociedade é racista e essas práticas estão no nosso cotidiano. Práticas racistas podem vir de onde menos se espera, de outro negro, por exemplo – porque assim ele foi socializado e o racismo ainda ecoa fortemente em nosso imaginário. Para mim, os desafios maiores são formar mais psicólogos (as) negros (as), o que começaria a desmontar o protótipo e incentivar a denúncia e o combate cotidiano contra as práticas racistas. A educação é transformadora.

Qual é a importância da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra?
Ela foi efetivada? A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, em tese, deve garantir o atendimento psicológico a esta população. Entretanto, o que vemos é uma situação lastimável. É evidente o descaso dos gestores para efetivar qualificadamente essa política. E no quadro operacional, a resistência é gigantesca. O discurso de que não existe o racismo no Brasil, aliado à crença da democracia racial, tem se constituído em obstáculos quase intransponíveis. Participo de algumas capacitações para funcionários dos sistemas de saúde e da assistência e nunca vi nada diferente da sensibilização. Grande parte acredita também que, como a política de saúde é universalista, não haveria necessidade de se criar uma especial para a população negra. Grosso modo, a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra vem sendo sistematicamente sabotada pelos gestores e profissionais da saúde. Os orçamentos destinados a essa política são pífios, e o quadro de pessoas para implementação, idem.

DICAS DE LEITURA

Psicologia Social do racismo, Maria Aparecida Silva Bento e Iray Carone. Editora Vozes

Pele negra, máscaras brancas, Frantz Fanon. Editora EDUFBA

Afro-descendente: identidade em construção, Ricardo Franklin Ferreira. Editora Pallas

Tornar-se Negro, Neusa Santos Souza. Editora Graal

Ninguém atravessa o arco-íris: um estudo sobre negros, José Tiago Reis Filho. Editora Selo

Universidade Um defeito de cor, Ana Maria Gonçalves. Editora Recor

O Sortilégio da Cor, Elisa Larkin Nascimento. Editora Selo Negro

OrientaPsi: novos módulos do Curso Introdutório ao Sistema Único de Assistência Social (SUAS)

CURSO-SUAS-NOVOSMODULOSJá estão disponíveis dois novos módulos do Curso Introdutório ao Sistema Único de Assistência Social (SUAS) do OrientaPsi. São eles: “Proteção Social Básica” e “Proteção Social Especial”. O anterior, “Visão Geral do SUAS”, foi lançado junto com o curso na última sexta-feira, dia 18.

Os próximos módulos serão “Gestão do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)” e “Gestão do Trabalho”.

Este já o quarto curso oferecido pelo OrientaPsi, plataforma interativa lançada pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), em agosto. Os três primeiros foram Avaliação Psicológica, Atendimento Psicológico Online e Ética Profissional.

Plataforma interativa

O OrientaPsi foi desenvolvido  para ser um espaço de debates e expressão das opiniões da categoria. Pesquisas, estatísticas, publicações, grupos de discussão, cursos online e uma rede social própria para profissionais da Psicologia estão entre as funcionalidades oferecidas pelo OrientaPsi, que pode ser acessado em sua versão beta por psicólogos (as) cadastrados no Sistema Conselhos, por meio de seu CPF e verificação de dados.

Os cursos exclusivos do OrientaPsi são oferecidos pelo Conselho e parceiros por meio de metodologia e-learning, abordando temas diversificados sobre Psicologia e todos divididos em módulos multimídia. Acesse gratuitamente e cadastre-se utilizando o seu CRP >>http://orientapsi.cfp.org.br/

Desafios e questões relacionadas ao mundo do trabalho dos(as) psicólogos(as)

Artigo de Maria da Graça Corrêa Jacques* para o Jornal do Federal*

“Este trabalho está me deixando louco”, “Estou estressada com este trabalho”, “Não aguento mais”, entre outras expressões semelhantes, não são estranhas às conversas cotidianas, aos espaços de escuta dos (as) psicólogos (as) nos diferentes espaços do seu trabalho e à vivência desses profissionais enquanto trabalhadores (as). Estatísticas de órgãos de saúde e previdenciários confirmam essa tendência. A Organização Mundial de Saúde (OMS) registra a presença de 30% de trabalhadores com transtornos mentais leves e 5% a 10% com transtornos mentais graves. As estatísticas do Instituto Nacional de Previdência Social no Brasil apontam que os chamados “transtornos mentais e do comportamento” representam a terceira causa para o afastamento do trabalho.

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O que isso significa? Considerando que o trabalho enquanto atividade de transformação entre o homem e a natureza, portadora de significado e constitutiva da subjetividade e que se expressa na identidade na analogia entre o que eu sou e o que eu faço, sua expressividade se reporta ao seu aspecto negativo de sofrimento e castigo, e não à sua potencialidade como fator de inserção e integração ao mundo social.

A literatura aponta o quanto alguns fatores, como a exposição a agentes tóxicos, têm os aspectos psicológicos como as primeiras evidências de transtorno mental, e a exposição a agrotóxicos é a evidência mais significativa para explicar o elevado número de diagnósticos de depressão entre agricultores. Mas não é só isso: o modo como o trabalho está organizado nos contextos laborais representa hoje importante fonte de sofrimento entre os (as) trabalhadores (as). Palavras como “guerra”, “sobrevivência”, “combate” e “luta” são comuns nos contextos de trabalho e todos nós sabemos quais as repercussões desses significantes no nosso psiquismo. Ainda, outro exemplo, são as repercussões psíquicas dos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, associadas à autoimagem quando de mutilações, à dependência em relação a outros para as tarefas cotidianas, à subordinação aos serviços de saúde e aos serviços previdenciários, entre outras fontes de sofrimento.

Todas essas questões não são estranhas ao mundo do trabalho dos(as) psicólogos(as). Ao contrário. São parte do seu cotidiano enquanto trabalhadores(as) e com algumas especificidades enquanto uma categoria majoritariamente feminina e voltada preferencialmente a atividades relacionadas ao cuidar de outros. Atividades ligadas ao cuidar, conforme a literatura, estão associadas à chamada Síndrome de Burnout, prevalente entre profissionais da educação e da saúde. Pesquisa realizada com psicólogos (as) brasileiros revelou que, em sua maioria, apesar da exaustão emocional relatada, a realização pessoal com o trabalho realizado se apresentava como importante recurso para o alívio do sofrimento oriundo tanto das condições precárias de trabalho a que muitas vezes está exposto, como aos modos de sua organização em que “guerra”, “luta” e o assédio moral não lhe são desconhecidos.

No entanto, quer na sua atividade profissional, quer na avaliação de seu sofrimento psicológico, nem sempre a categoria trabalho é considerada na compreensão deste sofrimento, haja vista a tradição de desconsideração da categoria trabalho na etiologia do sofrimento psíquico. São muitas as explicações para tanto, desde a hegemonia de concepções teóricas que privilegiam características individuais (como genética e/ou relações da primeira infância), perspectivas reducionistas na compreensão do processo saúde/doença mental, fragmentação do campo psicológico (em que, por exemplo, o campo da Saúde Mental não dialoga com o campo da Saúde do Trabalhador), entre outros.

Para compreender os desafios e questões relacionadas ao mundo do trabalho dos (as)  psicólogos(as), é necessário compreender a trama complexa que se traduz na trajetória de cada trabalhador(a), o que explica porque nem todos expostos a situações semelhantes adoecem ou manifestam o mesmo grau de desgaste. Esse é o desafio a todos nós psicólogos (as) enquanto trabalhadores(as).

*Conselheira Secretária do XVI Plenário do CFP, professora e pesquisadora na área da Psicologia do Trabalho, em especial no tema da Saúde do Trabalhador

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Psicologia e sua atuação fundamental em emergências e desastres

* reportagem publicada, primeiramente, na edição número 111 do Jornal do Federal**, no início do mês de agosto de 2015 

A realização do Seminário Nacional de Psicologia das Emergências e dos Desastres, em 2006, foi um grande passo para reafirmar a importância da atuação dos psicólogos (as) na área de emergências e desastres. A partir daquele momento, a categoria se mobilizou para investir, cada vez mais, numa discussão com vistas a ampliar o conhecimento sobre as possibilidades de atuação dos profissionais da Psicologia nessa área.

São esses os esforços e desafios da Comissão Nacional de Psicologia nas Emergências e Desastres do Conselho Federal de Psicologia (CFP), criada para ampliar as discussões sobre o tema. Os desastres são eventos adversos, em grande parte de origem climática, que muitas vezes geram situações em que a ação da Psicologia pode ser fundamental, envolvendo danos pessoais, materiais, ambientais e humanos. Em sintonia com as normas e resoluções da Psicologia, é importante que, nesse exercício profissional, o (a) psicólogo(a) respeite o protagonismo social das pessoas afetadas, direta ou indiretamente, sem promover sua vitimização ou patologização, evidenciando, Desastreem primeiro lugar, a garantia de direitos. As situações de desastres e emergências são cada vez mais frequentes em nossa sociedade e, por isso, a necessidade de os profissionais da Psicologia se prepararem para a atuação nesses eventos também é crescente. Para a coordenadora da Comissão Nacional de Psicologia de Emergências e Desastres do CFP, Eliana Torga, o trabalho do profissional da Psicologia em emergências e desastres consiste em dar a assistência necessária para o restabelecimento da saúde mental das pessoas atendidas, pelo tempo que for necessário.

“O rompimento do estado de normalidade, de segurança, em uma situação de emergência e desastre, pode levar ao rompimento do tecido social da comunidade, quanto mais frágil e precária de recursos for esta comunidade. A diversidade de reações a eventos de desastre e catástrofes é tão diferente como a diversidade humana. Caso precise, cada indivíduo tem o direito de receber a assistência necessária para a manutenção e/ou a recuperação de sua saúde mental, pelo tempo que for necessário. Nem todas as pessoas afetadas por emergências e desastres precisam de intervenção do profissional psicólogo, mas precisamos garantir que elas saibam que poderão receber essa assistência, e ao tê-la serão bem acolhidas por um profissional com os conhecimentos necessários a esta prática”, aponta a psicóloga.

A Comissão do CFP também busca desenvolver e programar um projeto político que atenda às necessidades da categoria em vários aspectos, como o da legitimação, do reconhecimento, das condições de trabalho e da formação, além da inserção nas políticas públicas na área de emergências e desastres. A Comissão busca contemplar toda essa diversidade do trabalho, em estados e municípios brasileiros, conduzindo a Política Nacional de Emergências e Desastres no âmbito do Conselho Federal de Psicologia, procurando estar em sintonia com as políticas públicas da defesa civil, saúde, assistência social e educação. A Política Nacional, Estadual e Municipal de Proteção e Defesa Civil é a legislação específica que rege as ações nessa área e está vigente desde 2012, por meio da Lei nº 12.608 de 10 de abril de 2012. A Lei institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) e dispõe sobre o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC), e o Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil (CONPDEC), autorizando a criação de sistema de informações e monitoramento de desastres. Para subsidiar e respaldar a ação da categoria em emergências e desastres, a autarquia publicou, em maio de 2013, uma nota técnica sobre o tema. O documento aponta que a grande frequência de acontecimentos classificados como de emergência e desastres incentivou o Sistema Conselhos de Psicologia a esclarecer diversos questionamentos que surgiram nessa área. A nota técnica também reforça a importância de que os profissionais tenham a clareza de que, tanto agindo como profissional contratado ou voluntário, todos estão submetidos às determinações e exigências do Código de Ética e outras regulamentações normativas da categoria. A nota técnica pode ser lida no site do CFP, no item Legislação.

Os integrantes da Comissão também participaram ativamente das reuniões preparatórias e das etapas da 2ª Conferência Nacional de Proteção e Defesa Civil, realizada em 2014. Eles destacaram que debater a Psicologia das Emergências e Desastres pode auxiliar tanto na prevenção como na atenção ao desastre. Eliana Torga lembra que o profissional da Psicologia é o único que está habilitado a utilizar práticas de intervenção psicológica em situações em que é necessário um diagnóstico de risco a um grupo de pessoas que possam sofrer agravos à saúde mental. “Para isso, faz-se necessário estar treinado para a atuação, agir em consonância com as políticas públicas e com o código de ética profissional. Além disso, podemos salientar que o respeito às diversidades culturais, o reconhecimento da necessidade de se trabalhar com profissionais com diferentes saberes no atendimento aos indivíduos, conhecer as necessidades de aplicação de diferentes métodos e técnicas de acordo com as fases das emergências e desastres, e sempre acreditar na capacidade das comunidades e indivíduos para a superação das adversidades”, lembra ela.

Oficinas

A Comissão de Emergências e Desastres do Conselho Federal de Psicologia tem uma agenda extensa de capacitação para os próximos meses. A Comissão está planejando a realização de oficinas em diversas regiões do Brasil. A primeira delas foi marcada para o dia 25 de agosto, aproveitando que no mês de agosto se celebra o dia do psicólogo, no dia 27. A Oficina “Gestão Integral de Riscos e de Desastres: da prevenção a recuperação”, realizada em Goiás, tem como objetivos a capacitação de psicólogas/psicólogos para atuação nos contextos de emergências e desastres e sensibilização das equipes da defesa civil e resgate sobre o papel do psicólogo.

A Comissão

Além da coordenação da psicóloga Eliana Torga, a Comissão do CFP também é coordenada pela psicóloga Ionara Rabelo e conta com representantes convidados das regiões Centro-Oeste, Sul, Sudeste, Norte e Nordeste. Integram a Comissão Conceição Pereira – PE (Nordeste), Debora Da Silva Noal – GO (Centro-oeste), Maria Helena Franco – SP (Sudeste), José Mário Britto – PA (Norte), Roberta Borguetti Alves – RS (Sul), além de Luiz Felipe Doles da Gerência de Relações Institucionais do Conselho Federal de Psicologia. Já a comissão ampliada é formada por Ana Cecilia Andrade De Moraes Weintraub (SP), Andreia Batista (MG), Fatima Cristina Monteiro dos Santos (RJ), Leticia Nolasco (SP), Lucelia Elizabeth Paiva (SP), Pitagoras Jose Bindé (RN), Samira Younes (RJ) e Ângela Coelho (PB).

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Quem são os (as) psicólogos (as) da política brasileira?

* reportagem publicada, primeiramente, na edição número 111 do Jornal do Federal**, no início do mês de agosto de 2015 

Para que serve um deputado? Não é um questionamento qualquer, muito menos o programa eleitoral do deputado federal Tiririca (PR/SP). A pergunta é séria e pertinente. O parlamento tem três funções precípuas para a democracia: representar o povo brasileiro, legislar sobre os assuntos de interesse nacional e fiscalizar a aplicação dos recursos públicos.

Pelo voto secreto, direto, universal e periódico, elegem-se nossos representantes (vereadores, prefeitos, deputados estaduais/distritais, governadores, deputados federais, senadores e presidente da República) para a gestão e fiscalização do país. Parlamentares estaduais e federais são os representantes de diversos setores da sociedade, em que a própria Psicologia está inserida.

Desta forma, a reportagem do Jornal do Federal fez um levantamento de quantos e quem são os (as) deputados (as) federais e estaduais que têm a Psicologia como formação, e a importância para a categoria em conhecê-los e cobrá-los efetivamente por demandas que são de interesse dos (as) profissionais, bem como da sociedade como um todo.

Dados

Nas últimas eleições gerais, em 2014, dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que 2 psicólogos (as) se candidataram a cargos eletivos. Assim como na profissão, em que mais de 80% das profissionais são do sexo feminino, a maioria das candidatas foram mulheres (71), bem como o número de senadoras e deputadas federais/estaduais psicólogas eleitas (12).

Segundo levantamento, atualmente o Congresso Nacional é integrado pelas seguintes deputadaspsicólogas por formação: Marinha Raupp (PMDB-RO), Erika Kokay (PT-DF), Mara Gabrilli (PSDB-SP), Sheridan de Anchieta (PSDB-RR) e Josi Nunes (PMDB-TO). No Senado Federal, a representante é a senadora Marta Suplicy (sem partido)*. Além delas, o deputado federal João Marcelo Souza (PMDBMA) é único congressista psicólogo do sexo masculino – o que reflete a preponderância feminina da profissão também no parlamento.

Nas Assembleias Legislativas (incluindo a Câmara Legislativa do Distrito Federal), há sete parlamentares, no Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraíba, Ceará e Mato Grosso do Sul. Além desses, consta que o deputado Tadeu Veneri (PT-PR) é graduando em Psicologia (confira o mapa ao lado).

Articulação

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) tem monitorado e buscado parcerias com os parlamentares federais psicólogos (as) na discussão de proposições e demandas de interesse da categoria, como os projetos de lei 769/2015 (30 horas), 1015/2015 (Piso Salarial) e 3688/2000 (prestação de serviços de Psicologia e Serviço Social nas redes públicas de Educação Básica).

Para a presidente do CFP, Mariza Monteiro Borges, conhecer e buscar esses parlamentares é fundamental para o fortalecimento da profissão perante a sociedade, além de colocar os parlamentares/psicólogos (as) como parceiros da categoria no Congresso Nacional. “É importante que os (as) psicólogos (as) saibam quem são os representantes, tanto no Congresso Nacional como nas Assembleias Legislativas ou Câmaras Municipais, justamente para estarmos sintonizados uns com os outros com as demandas da categoria, bem como da própria sociedade”, ressaltou.

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MateriaPsicólogos

Seminário reúne Comissões de Psicologia na Educação dos Conselhos Regionais

A Comissão Nacional de Psicologia na Educação (PSINAED) do Conselho Federal de Psicologia (CFP) realizou, em 18 de setembro, o Seminário Nacional Psicologia na Educação: Debatendo as ações no Sistema Conselhos. O evento, que aconteceu na sede do CFP durante todo o dia, contou com apresentação da Comissão Nacional de Psicologia na Educação do CFP (PSINAED) quando foi disponibilizada aos participantes uma versão preliminar da ferramenta virtual de interação com os profissionais e estudantes interessados nesse campo.

O seminário teve como objetivo convidar os conselhos regionais de psicologia a participarem dessa construção como uma primeira etapa do movimento de ampliação e consolidação da Psicologia na educação conhecendo as demandas e necessidades regionais nessa área.

A comissão apresentou os três Eixos Temáticos que norteiam seus trabalhos:

  • Exercício profissional relacionado às temáticas: Psicologia, Educação e Diversidade; Psicologia, Escola e Violência e Psicologia Escolar e Transições de Desenvolvimento;
  • Formação Profissional em Psicologia para o Campo Educativo;
  • Políticas de Inserção na Área Educacional.

Ao final do encontro foi apresentada aos participantes a plataforma OrientaPsi, que ampliará o debate nessa área com  outras possibilidades de cursos, grupos de discussão e oficinas.

Participaram do evento, além dos representantes do CFP, integrantes das Comissões de Educação dos Conselhos Regionais do Distrito Federal; Pernambuco; Bahia; Minas Gerais; São Paulo; Rio Grande Sul; Paraná; Goiás; Ceará; Santa Catarina; Mato Grosso; Amazonas, Rondônia, Roraima e Acre; Piauí, Maranhão e Tocantins.

A comissão tem como meta ampliar o diálogo com outros atores envolvidos no processo de formação, inserção e atuação da psicologia no campo da educação.

CFP e Secretaria Nacional de Assistência Social assinam cooperação para qualificar categoria no SUAS

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) e Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS) assinaram, nesta quinta-feira (17), um acordo de cooperação para aprimoramento e qualificação da atuação de profissionais da Psicologia no Sistema Único de Assistência Social (SUAS), tendo como base os princípios normativos, técnicos e éticos que regem o campo profissional, a gestão do trabalho e a regulação do SUAS.

Entre as cláusulas do acordo estão disponibilizar ao CFP acesso às informações cadastrais dos profissionais da Psicologia inscritos nos registros do Censo SUAS, Rede SUAS e outros sistemas do MDS bem como de materiais de referência da Política Pública de Assistência Social e outros materiais relacionados à Psicologia e Assistência Social a serem disponibilizados por meio do Centro de Orientação do Trabalho em Psicologia do CFP.

A secretária Nacional de Assistência Social, Ieda Castro, destacou que este é o momento de aproximação dos psicólogos que estão trabalhando na política de Assistência Social. “O psicólogo não é formado para trabalhar no Suas; é dentro do processo de trabalho que ele vai construindo esse saber. Essa cooperação nos dá segurança de que vamos agir com unidade na direção”, ressaltou.

A presidente do CFP, Mariza Borges, acredita que o acordo reflete a preocupação do conselho e do governo federal com a atuação dos psicólogos na Rede Suas. “Temos certeza que, se não unirmos esforços, não conseguiremos fazer avançar as políticas públicas, principalmente o Suas. Estamos juntos nisso, fazendo um trabalho em prol da sociedade”, concluiu.

Confira vídeo com depoimento de Ieda Castro, secretária Nacional de Assistência Social do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), sobre o acordo de cooperação: