Artigo Monster High

Usar o desenho Monster High, que tem como personagens principais “estilosas” meninas monstros, filhas de personagens famosos e horripilantes, como Drácula, Frankenstein, Medusa, entre outros (as), como forma de discutir o modelo feminino na contemporaneidade. Além disso, buscar reflexões referentes ao modelo feminino proposto pelas bonecas: se realmente há mudanças ou demonstra apenas uma transformação de fachada, roupagem e estilo dos personagens, com a mera finalidade de acelerar as vendas para um público cada vez mais ávido de novidades.

Essas e outras reflexões estão presentes no artigo “Monster High e o Modelo de Feminilidade na Atualidade”, das autoras Juliana Speguen do Canto (psicóloga, graduada pela Universidade Luterana do Brasil – Ulbra, Torres-RS) e Mercês Sant’Anna Ghazzi (mestre em Psicologia Clínica pela PUC-RS e professora do Curso de Psicologia da Faculdade São Francisco de Assis, Porto Alegre-RS), publicado na edição 36.3 da Revista Psicologia: Ciência e Profissão.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) publica em seu site e nas redes sociais, todas as semanas, um manuscrito do periódico, cuja versão eletrônica se encontra na plataforma SciELO. Assim, a autarquia intensifica a busca pelo conhecimento científico, a fim de expandir o alcance de conteúdos acadêmicos para a categoria e para a sociedade.

Modelo de Feminilidade 

As autoras buscaram demonstrar os resultados de uma pesquisa de campo voltada à investigação do modelo de feminilidade presente nas personagens do desenho Monster High, com base na teoria norteadora da Psicanálise. Como metodologia de investigação, foi realizado um grupo focal com meninas entre oito e nove anos de idade, buscando nas conversas averiguar a influência dessas personagens na constituição da feminilidade das crianças que a elas têm acesso.

As autoras apontam que a análise dos dados possibilitou a reflexão sobre o quanto o padrão cultural, que se inova a cada geração, impulsionado pelo mercado de consumo, reflete no modo de brincar das crianças. As empresas constantemente investem na atualização de seus produtos para responder às exigências dos novos tempos, em que o padrão de mulher relacionado à fragilidade e à maternidade perde espaço para ousadia, inovação e possibilidades de escolha diferenciadas, o que não conduz, necessariamente, à perda da feminilidade.

As pesquisadoras do Rio Grande do Sul concluem que as Monster High oferecem várias possibilidades de identificação às meninas, o que conduziu a uma reflexão sobre as opções que ofertam, tanto de diferenciar-se de um modelo proposto pelos pais, realizando suas próprias escolhas, quanto de responder a ideais inconscientes, presentes tanto na família quanto na cultura da atualidade.

Para abordar um pouco mais essas e outras questões da pesquisa, a Assessoria de Comunicação do CFP conversou com Juliana Speguen, uma das autoras do artigo.

Confira a entrevista 

O que as motivou a fazer a pesquisa sobre esse tema? 

O principal motivo que nos levou a pesquisar sobre o modelo proposto pelas Monster High foi o questionamento sobre como as meninas estavam percebendo o que era proposto tanto pelos desenhos como pelas bonecas, no que se refere aos traços relativos à feminilidade. Em geral, as Monster apresentam um estilo que difere dos referenciais da maioria das mães e pais destas crianças, seja na forma de se vestir como de se portar.  Além disso, marcam uma oposição aos padrões já estabelecidos, não somente do vestuário, mas na maneira de lidar com os conflitos que vão surgindo, nos relacionamentos afetivos, de amizade e também com os pais. As Monster abrem ainda possibilidade para  o surgimento das diferenças identificatórias, já que nenhuma é igual a outra (como são as Barbies); cada uma tem suas características, herdadas de seus pais, mas reconstruídas por elas em seu estilo adolescente.

 

Quais resultados você destaca desse levantamento? 

É possível destacar, a partir dos resultados obtidos na pesquisa, que as heroínas dos desenhos animados ocupam um lugar na identificação feminina. Com as transformações da nossa cultura, os desenhos acompanharam essa evolução, refletindo o que os novos tempos têm a nos oferecer e apostando em novas possibilidades identificatórias. Um dos aspectos diz respeito ao consumismo, pois as Monster, apesar de apostarem na questão da singularidade, são todas muito referenciadas ao feminino, com muitos adornos, enfeites e uma gama de possibilidades para torná-las sedutoras e atraentes. Ou seja, consumir e desfrutar de tudo que é socialmente oferecido às mulheres, torna-se uma forma de garantir a identidade na constituição da feminilidade. Outro aspecto observado refere-se à importância do brincar enquanto resposta ao outro parental, possibilitando que a criança possa sair do lugar ideal, fazendo da fantasia um espaço para construir uma realidade diferente da sua, onde a ousadia e a diferença se apresentam como uma projeção de um “vir a ser” no futuro.

 

Na sua opinião, como a Psicologia pode contribuir na construção de modelos de feminilidade nos próximos anos? 

Entendemos que a Psicologia tem muito a contribuir com as constantes transformações do tempo em que estamos imersos, bem como na discussão dos leques de processos identificatórios que se abrem no caldeirão cultural. No entanto, parece-nos importante marcar que, ao escutar as diferenças que emergem nos sujeitos, seja em relação às diversas formas de identificação sexual, seja no exercício da feminilidade, de forma aberta e respeitosa, estamos possibilitando o desdobramento das diferenças. O objetivo não é construir novos modelos, mas permitir o surgimento de formas diversificadas de ser do feminino, que possam estar marcadas tanto pelo que ainda persiste das identificações anteriores – maternas e ancestrais – quanto pelo que vem do novo, proposto pelas múltiplas diferenças e inovações presentes na cultura de nosso século.

Clique aqui e leia o artigo na íntegra.

 

 

Presidente do CFP apresenta nova gestão aos fóruns dos conselhos de profissões regulamentadas

O presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Rogério Giannini, participou das reuniões do 50º Fórum dos Conselhos Federais de Profissões Regulamentadas (conhecido como “Conselhão”) e do Fórum dos Conselhos Federais da Área de Saúde (FCFAS). Nos eventos, o dirigente expôs parte das iniciativas que o XVII Plenário pretende implementar no triênio 2017-2019, e pôde conhecer propostas ​e pautas apresentadas pelas demais autarquias ​profissionais. ​Num gesto que sinaliza o reconhecimento da importância desses espaços de articulação e debate, o CFP sediará a próxima reunião do FCFAS.

No 50º Fórum dos Conselhos Federais de Profissões Regulamentadas, reunião ocorrida no dia 26 de janeiro, foram discutidas pautas como ​a implementação de projetos de gestão por competências no âmbito das autarquias,​ a​ obrigatoriedade de os conselhos profissionais disponibilizarem meios de acesso público para ​​consulta ​d​e informações cadastrais dos profissionais registrados e recuperação de créditos tributários e não tributários para conselhos de fiscalização profissional.

O presidente do CFP destacou que​ a participação no Conselhão ​é importante para manter a autarquia articulada com as pautas que possam ter impacto na Psicologia​ e na atuação das psicólogas e psicólogos​. Um exemplo é​ o Projeto de Lei do Senado ​439 de 2015 ​(PLS 439/15), que dispõe sobre o exercício de atividades nos campos da Administração. A proposição envolve atribuições do setor de Recursos Humanos (RH), uma das áreas de atuação da Psicologia.

Na reunião do FCFAS, no dia 27 de janeiro, Giannini apresentou a nova gestão, bem como​ reafirmou o engajamento do CFP na​s pautas de interesse dos conselhos ​profissionais da área de saúde. Dentre os temas debatidos, esteve a aplicação do Fator de Qualidade (FQ) ao reajuste anual dos prestadores de serviços de saúde. O FQ condiciona o reajuste anual dos prestadores de serviços de saúde contratados pelas operadoras – quando há previsão contratual de livre negociação entre as partes como única forma de reajuste e não há acordo após a negociação dentro dos primeiros noventa dias do ano – ao atendimento de critérios de qualidade. Segundo a proposta da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o Fator de Qualidade poderá ser de 105%, 100% ou 85% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a depender do cumprimento dos requisitos de qualidade. A pauta segue em discussão nas próximas reuniões.

Ao final da reunião, Giannini ofereceu a sede do CFP como espaço para o próximo encontro​ do FCFAS, que acontecerá em 23 de fevereiro.​

 

Subjetividade na Renovação Carismática Católica é o tema do artigo desta semana

Analisar sob o campo da Psicologia Social e Análise Institucional a “Renovação Carismática Católica (RCC)” e como esse movimento possui uma consistência discursiva e doutrinária específica, modos de funcionamento próprio, que se (re)produzem nas práticas cotidianas dos seus integrantes. Essas e outras reflexões são abordadas no artigo “Subjetividade na Renovação Carismática Católica: Mecanismos de Funcionamento e de sua Produção”, publicado nesta semana, da edição 36.3 da Revista Psicologia: Ciência e Profissão.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) publica em seu site e nas redes sociais, todas as semanas, um manuscrito do periódico, cuja versão eletrônica se encontra na plataforma SciELO. Assim, a autarquia intensifica a busca pelo conhecimento científico, a fim de expandir o alcance de conteúdos acadêmicos para a categoria e para a sociedade.

Os autores do artigo são Sílvio José Benelli (Professor-assistente no Departamento de Psicologia Clínica e no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho – CL/UNESP, Assis, SP) e Samuel Iauany Martins Silva (Acadêmico de Psicologia da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho – CL/UNESP, Assis, SP).

De acordo com o resumo do artigo, a pesquisa trata da Renovação Carismática Católica (RCC) a partir de uma revisão bibliográfica e de análise documental, desenvolvendo uma Análise Institucional (AI) e tendo como pilares teóricos trabalhos institucionalistas desenvolvidos no campo da Psicologia Social sobre o tema dos movimentos religiosos no contexto da Igreja Católica.

Segundo os autores, o principal foco do artigo foram os mecanismos de produção de subjetividade que esse movimento emprega. “Pensa-se nos efeitos em termos de saber/poder sobre a vida de seus participantes e percebemos que existe um padrão normalizador veiculado por seu discurso oficial, que é intensamente difundido por meio da televisão, da Internet, de livros e eventos que envolvem grandes multidões, difundindo e promovendo uma subjetividade serializada”.

Além disso, os pesquisadores entendem que seus mecanismos de ação possuem características de movimentos de caráter totalitário.

O professor Silvio José Benelli falou mais sobre a pesquisa à Assessoria de Comunicação (Ascom) do CFP.

Confira a entrevista. 

O que os motivou a fazer a pesquisa sobre esse tema? 

R. Tenho pesquisado estabelecimentos religiosos católicos desde a Iniciação Científica, ainda na graduação em Psicologia. Depois prossegui investigando esse assunto no mestrado e no doutorado, analisando como a Igreja Católica prepara os membros do clero no estabelecimento institucional seminário. Para entender as possibilidades de funcionamento desse estabelecimento, foi preciso estudar a Igreja Católica como uma organização religiosa específica. Os movimentos religiosos, tanto os mais conservadores quanto os de vanguarda fazem parte desse contexto institucional, influenciando-o e sendo por ele influenciado.

 

Quais os resultados que você destaca desse levantamento? 

R. Ao estudarmos a RCC, o que verificamos foi que esse movimento religioso católico representa uma alternativa conservadora que emergiu na contramão das propostas de vanguarda da Teologia da Libertação e do movimento das Comunidades Eclesiais de Base, que propunham uma Igreja do povo e dos pobres.

A RCC apresenta uma espiritualidade de viés intimista, típica da pseudoclasse média, alienada dos problemas sociais estruturais, muito ocupada com os afetos e as emoções, com a oração festiva muito mais do que com a luta pela transformação social das injustiças que matam os pobres. A RCC representa uma protestantização do catolicismo brasileiro, via Estados Unidos. Isso é bastante significativo.

 

Na sua opinião, em que sentido os movimentos de ação da Renovação Carismática se aproximam dos movimentos de caráter totalitário? 

R. Podemos fazer uma leitura política dos movimentos sociais, classificando-os desde os integristas reacionários e os francamente conservadores – num espectro da direita, e os mais críticos e militantes que lutam pela transformação da realidade social que é estruturalmente injusta. A RCC comunga com muitos dos valores, conceitos e com a ética dos movimentos de caráter totalitário: pretende segregar seus participantes do “mundo”, incutindo neles os seus valores e práticas próprios, modelando sua consciência, comportamento, atitudes e discurso, empregando a persuasão e a autoridade religiosa para influenciá-los.

A caridade fica reduzida a uma prática pessoal de “fazer o bem ao próximo”, “ajudar o semelhante”, sem nenhuma perspectiva mais crítica quanto ao modo de funcionamento social capitalista que produz os pobres e a pobreza para muitos e uma grande riqueza acumulada nas mãos de poucos. Tais adeptos da RCC se tornam massa de manobra alienada, pouco sensível ao discurso dos direitos sociais, políticos e econômicos de todos. Contribuem, mesmo sem o saber bem, para a manutenção da (des) ordem social.

Clique aqui e leia o artigo na íntegra.

Decisão garante licença-maternidade a servidoras públicas adotantes

O conselheiro Pedro Paulo Bicalho, secretário integrante da diretoria do XVII Plenário do Conselho Federal de Psicologia (CFP), foi entrevistado pelo programa AGU Brasil, da TV Justiça. O dirigente da autarquia falou sobre o parecer vinculante da Advocacia Geral da União (AGU) , que garantiu que o período de afastamento remunerado concedido às servidoras públicas que adotam crianças não pode ser inferior ao usufruído pelas gestantes (120 dias, prorrogáveis por mais 60). O programa será veiculado a partir das 11h deste sábado (28) e poderá ser acompanhado pela internet aqui.

A elaboração do parecer foi motivada por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que em julgamento realizado em março de 2016 (Recurso Extraordinário 778.889/PE) já havia reconhecido a inconstitucionalidade de tratar gestantes e adotantes de maneira distinta.

O parecer esclarece que, em situações de controle difuso de constitucionalidade (como no caso julgado pelo STF), “a submissão formal da administração pública federal à autoridade de interpretação constitucional fixada pelo STF fica a depender da atuação específica do presidente da República no sentido de autorizar a extensão dos efeitos jurídicos da decisão proferida”.

Desta forma, a AGU defendeu que a licença-maternidade prevista no artigo 7º, XVIII da Constituição abrange tanto a licença-gestante quanto a adotante – conforme foi reconhecido pelo STF.

Visão da Psicologia


Para Bicalho, o processo de construção de afeto não é natural, mas precisa ser trabalhado e ocorre tanto na gestação quanto no processo de adoção judicial. O psicólogo explica que, para a Psicologia, não há diferenças na construção dos afetos em relação a filhos. Segundo ele, “todas as crianças precisam ser adotadas pelos seus pais”, seja a partir de processos gestacionais ou de adoção.

“Essa é uma decisão extremamente bem vinda, porque ela propõe que mães adotantes, do ponto de vista judicial, sejam equiparadas, do ponto de vista de direitos, às mães que tiveram seus filhos por um processo gestacional. Isso está bastante coerente com o que a Psicologia propõe como um saber científico acerca dos processos de maternidades – sejam elas biológicas, sejam elas de um efeito de um processo judicial de adoção”, reforçou.

Segundo ele, a garantia do tempo para que a construção do vínculo afetivo aconteça é fundamental.

“Entendemos que é um benefício inigualável reconhecer que essas mães, que se tornam mães por um processo de adoção, na construção da garantia de direitos, sejam equiparadas às mães por processo gestacional. É uma conquista sem igual”, concluiu.

Com informações da AGU

Artigo aborda expectativas de pacientes acerca do atendimento psicológico em serviço-escola

Apresentar e discutir as expectativas em torno do atendimento psicológico de pessoas que se inscreveram em um serviço-escola de uma universidade do interior de São Paulo, bem como analisar em que medida o aprimoramento das entrevistas na triagem pode favorecer a adesão ao processo psicoterápico. Esses e outros pontos são tratados no artigo “Expectativas de Pacientes acerca do Atendimento Psicológico em um Serviço-Escola: da Escuta à Adesão”, publicado nesta semana, da edição 36.3 da Revista Psicologia: Ciência e Profissão.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) publica em seu site e nas redes sociais, todas as semanas, um manuscrito do periódico, cuja versão eletrônica se encontra na plataforma SciELO. Assim, a autarquia intensifica a busca pelo conhecimento científico, a fim de expandir o alcance de conteúdos acadêmicos para a categoria e para a sociedade.

As autoras do artigo são as pesquisadoras Eliana Herzberg (docente da Universidade de São Paulo, USP) e Rita Aparecida Nicioli Cerioni  (docente da Universidade Paulista, Unip).

Segundo o resumo do artigo, foram realizadas entrevistas de triagem com dez participantes que aguardavam na lista de espera para atendimento psicológico e análise documental dos prontuários um ano após a triagem para verificar a adesão. Os resultados foram tratados segundo a análise de conteúdo enfocando queixa manifesta, queixa latente, expectativas, adesão e desistência e discutidos a partir dos pressupostos psicanalíticos.

De acordo com as autoras, verificou-se uma adesão positiva ao encaminhamento proposto, indicando que a escuta e a compreensão das expectativas das (os) usuárias (os) do serviço-escola de Psicologia podem enriquecer o sentido da busca por atendimento psicológico. As implicações do estudo dizem respeito ao estabelecimento de uma escuta mais acurada na triagem e um maior cuidado por parte dos (as) supervisores (as) e estagiários (as) em relação a essa prática, possibilitando uma redução do hiato muitas vezes existente entre o que esperam as pessoas que buscam atendimento psicológico e as (os) estagiárias (os) de Psicologia.

Para dar mais detalhes sobre a pesquisa, a Assessoria de Comunicação do CFP conversou com Eliana Herzberg.

Confira a entrevista 

O que as motivou fazer pesquisa com esse tema? 

Somos supervisoras em faculdades de Psicologia do Estado de São Paulo. Supervisionamos triagens e psicoterapia. Preocupa-nos a o alto índice de desistência entre a triagem e a psicoterapia. Pacientes que eram triados e pareciam engajados na proposta de psicoterapia desistiam do atendimento no início do processo, ou antes mesmo de iniciá-lo. Começamos a orientar as nossas entrevistas e as dos estagiários no processo de triagem para a escuta das expectativas, do desejo dos pacientes, o que levou a uma melhor adesão. Essa constatação motivou a pesquisa.

 

Quais os resultados que você destaca neste levantamento? 

O estudo aponta que uma escuta mais acurada e cuidadosa acerca do que as pessoas que buscam atendimento psicológico esperam do processo parece interferir positivamente no processo de adesão à psicoterapia. A triagem é uma porta de entrada de qualquer processo de intervenção, momento de dar voz ao desejo das pessoas que buscam atendimento psicológico. Os resultados revelaram um índice de adesão satisfatório. Dos dez entrevistados na triagem, sete aderiram à psicoterapia. Dos três que não deram continuidade, apenas um abandonou sem justificar. Assim, a triagem não é apenas um momento de compreender ou de encaminhar, mas de dar sentido ao desejo.

 

Na sua opinião, em que sentido que a escuta e compreensão das expectativas dos usuários do serviço-escola de Psicologia podem enriquecer o sentido da busca por atendimento psicológico? 

Em dois sentidos: de um lado, por parte do próprio usuário, que pode reconhecer os limites e possibilidades da psicoterapia, relativizando expectativas idealizadas. Por outro, por parte do estagiário, que também pode relativizar o quanto é possível fazer pelo usuário. Não se trata de satisfazer as expectativas, mas sim de reduzir o hiato entre as expectativas de ambas as partes, usuários e estagiários.

Clique aqui e leia o artigo na íntegra.

 

“Não Converso com Demente”: intersecções entre Direito e Saúde Mental é o artigo desta semana

Investigar as relações estabelecidas entre a justiça e as pessoas usuárias de serviços de saúde mental é o objetivo do artigo “Não Converso com Demente”: Intersecções entre Direito e Saúde Mental, publicado na edição 36.3 da Revista Psicologia: Ciência e Profissão e tema da seção nesta semana. As autoras do artigo são Sandra Maciel de Carvalho (Mestre pela Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF-MG) e Juliana Perucchi (Doutora e Docente da Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF-MG).

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) publica em seu site e nas redes sociais, todas as semanas, um manuscrito do periódico, cuja versão eletrônica se encontra na plataforma SciELO. Assim, a autarquia intensifica a busca pelo conhecimento científico, a fim de expandir o alcance de conteúdos acadêmicos para a categoria e para a sociedade. 

A gênese da pesquisa foi um episódio ocorrido com um usuário de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) em Minas Gerais, que denunciou sua curadora por maus-tratos e negligência a uma Promotora de Justiça que, mais tarde, recusou-se a recebê-lo, afirmando: “Não converso com demente”. A pesquisa, de natureza documental, cujo critério de inclusão foi haver diagnóstico de transtorno mental, foi realizada com três processos judiciais de usuários daquele CAPS.

Com base na perspectiva teórica da análise do discurso foucauldiana, realizou-se uma pesquisa documental, em que foram analisados os enunciados que ocorrem em processos judiciais civis e criminais e envolvem usuários do CAPS.

As autoras apontam que o discurso jurídico designa posições de sujeito depreciativas para usuários de serviços de saúde mental, respaldando-se no saber/poder médicos para enunciar verdades acerca desses. Constatam, ainda, que a cidadania é negada por meio da interdição e curatela, e que há distância entre os códigos Civil e de Processo Civil e as propostas da Reforma Psiquiátrica –especialmente no tocante aos direitos desses sujeitos.

A assessoria de Comunicação do CFP conversou com Sandra Maciel de Carvalho, uma das autoras.

Confira a entrevista. 

O que as motivou a fazer a pesquisa sobre esse tema? 

A motivação para a pesquisa surgiu após a equipe e um usuário do CAPS denunciarem formalmente ao Ministério Público (MP) sua curadora por negligência e maus-tratos: a mesma negava-lhe qualquer tipo de cuidado como comida e remédio, chegando o rapaz a dormir na rua enquanto a família usufruía de seu benefício. Decorridas muitas semanas sem qualquer resposta por parte do MP, entramos em contato com a instituição e fomos informados de que a denúncia havia sido arquivada, uma vez que a curadora, convocada a comparecer à Promotoria, havia negado os maus-tratos e a negligência.

Na tentativa de sensibilizar a Promotora para a reabertura do caso, o usuário e a assistente social do serviço solicitaram uma audiência com a operadora do direito, mas ela se recusou a recebê-lo, afirmando: “Não converso com demente”.  Esta frase se tornou, para mim, emblemática e se configurou como uma inquietação constante, que me acompanhou durante anos, até se transformar em um problema de pesquisa: analisar os enunciados acerca dos portadores de transtorno mental em processos judiciários, problematizando as posições de sujeito a eles designadas nos discursos da justiça por meio de dispositivos de saber-poder.

 

Quais resultados você destaca desse levantamento? 

As análises realizadas permitem constatar que o discurso jurídico se constitui em um saber-poder que resulta em efeitos de produção de verdades e fabricação de sujeitos. As posições de sujeito em que os portadores de transtorno mental figuram inicialmente nos processos como sujeitos ativos, ou são enunciadas pelo discurso jurídico a fim de operarem em seu desfavor, ou lhes são destituídas, resultando em posições de sujeito que remetem à passividade e à consequente subjugação.

No que concerne à interdição e curatela, o exercício do poder da justiça evoca a antiga relação do direito com a soberania resultando no exercício pleno de poder do curador (soberano) em relação ao interdito (abjeto). Tentativas de resistência e exercício de poder por parte de portadores de transtorno mental, no jogo de forças com o Poder Judiciário são inviabilizadas, não sendo possível ocupar outras posições de sujeito que não as que o discurso jurídico lhes designa.

 

Na sua opinião, como a Psicologia pode atuar para fazer frente a esse discurso jurídico que designa posições de sujeito depreciativas? 

É fundamental que a Psicologia, amplamente representada nos serviços públicos de saúde mental, se faça presente em diferentes arenas de debate com o Direito: nas Redes de Atenção Psicossocial que englobam o Judiciário (especialmente o Ministério Público); nos cursos de Direito através da disciplina de Psicologia Aplicada; em eventos científicos com produções que problematizem a questão da articulação entre os dois saberes (especialmente no que concerne à interdição/curatela e inimputabilidade/semi-imputabilidade); em eventos públicos como o “18 de Maio”, colocando em pauta a questão da internação compulsória que vem sendo banalizada nos casos de crise, desrespeitando os direitos do portador de transtorno mental preconizados na Lei 10.216.

Não podemos deixar de mencionar, também, os colegas que trabalham junto ao Poder Judiciário, cujo saber se articula direta e diariamente com o dos operadores do Direito, podendo contribuir enormemente para este debate.

Clique aqui e leia o artigo na íntegra.

 

Tendência Suicida em Crianças Acidentadas é o primeiro artigo de 2017

A curiosidade em entender as repetições dos atos acidentais, que beiram a morte, realizados por crianças em idade em que já se acredita existir compreensão dos riscos. Essa e outras reflexões fazem parte do artigo Tendência Suicida em Crianças Acidentadas (título original em língua espanhola, bem como todo o manuscrito: Tendencia Suicida en Niños Accidentados), do texto desta semana da edição 36.3 da revista Psicologia: Ciência e Profissão (PCP), o primeiro de 2017.

As autoras do artigo são as pesquisadoras Renata Paula Morais dos Santos, mestre pela Universidad de Ciencias Empresariales y Sociales de Buenos Aires (Argentina); e Mônica Cristina Batista de Melo, doutora pelo Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira, Recife (PE).

A publicação de um número maior de artigos em língua estrangeira, em especial inglês e espanhol, visa intensificar o processo de internacionalização da PCP, na indexação em bases como a Web of Science.

Investigação

De acordo com o resumo do artigo, a investigação procurou entender o acidente com crianças, tendo em vista que esse evento é, quase sempre, o resultado concreto da denúncia de situações conflituosas e que passa por acontecimentos “ocasionais”. Assim, o objetivo foi investigar a possível tendência suicida em crianças entre 6 e 12 anos, hospitalizadas no Hospital da Restauração, em Recife, por acidentes domésticos. Desta forma, foram feitas entrevistas para compreender as dimensões pessoais e familiares, destinadas à criança e seu responsável, como também a realização, por parte da própria criança, do Desenho da Família.

O estudo conclui que, no ato acidental, mesmo provocado por terceiros, estaria contida uma tendência ao suicídio. Os resultados indicaram diversos condicionantes pessoais e, principalmente, familiares, que podem colocar as crianças diante de comportamentos de riscos autodestrutivos a curto e longo prazo.

A Assessoria de Comunicação do CFP entrevistou Renata Paula Morais dos Santos para ela explicar um pouco mais sobre a pesquisa realizada.

Confira a entrevista.

O que as motivou a fazer a pesquisa sobre esse tema?

A curiosidade em entender as repetições dos atos acidentais, que beiram a morte, realizados por crianças em idade em que já se acredita existir compreensão dos riscos.

Quais os resultados que você destaca desse levantamento?

Todos os resultados foram surpreendentes. Contudo, os resultados relacionados aos aspectos e relações familiares foram bem significativos. Como exemplo, as crianças não terem sido desejadas, os genitores estarem em processo de separação, o falecimento de um familiar muito querido, mortes violentas na família – como o suicídio, entre tantos outros. Também, algo de grande destaque foi ter encontrado a presença de outras pessoas no momento do acidente. Isso deixou claro o quanto as crianças desejavam denunciar algo que não estava bem e que elas gritavam por ajuda – principalmente quando na fala delas encontramos uma tristeza que não conectava com o motivo do seu internamento no hospital.

Na sua opinião, quais os mecanismos possíveis para se conter essa tendência de suicídio nas crianças que sofreram acidentes?

Os acidentes dos estudos mostraram serem denúncias dos grandes conflitos familiares vivenciados pelas crianças. Diante disso, seria interessante que, primeiro, os adultos se assumissem enquanto tal para, em seguida, terem condições de prover mecanismos capazes de conter essa tendência suicida através de ações, dentre tantas outras, de cuidado, de segurança, de escuta, de clareza nas informações, bem como na imposição de limites e na permissão da vivência de frustrações.

Clique aqui e leia o artigo na íntegra.

Dia Nacional do Psicólogo agora é oficial

O Dia Nacional do Psicólogo se tornou data comemorativa oficial a ser celebrada todo o dia 27 de agosto.  A Lei 13.407/2016, que determina a norma, foi sancionada pela Presidência da República no dia 26 de dezembro de 2016 e publicada no Diário Oficial da União (DOU) no dia seguinte.

O Dia do Psicólogo sempre foi comemorado, ainda que informalmente, no dia 27 de agosto – data de publicação da Lei 4.119/62, que regulamentou a profissão de psicóloga (o) no Brasil. Porém, não existia uma lei formalizando a celebração, como ocorre com outras profissões.

Tramitação 

O Plenário do Senado Federal aprovou, em dezembro de 2016, a criação do Dia Nacional do Psicólogo (PLC 211/2015). A proposição partiu de uma articulação entre o Conselho Federal de Psicologia (CFP) e o autor da matéria, deputado Dr. Jorge Silva (PHS/ES), além de parlamentares da Câmara e do Senado.

Em maio de 2015, a matéria foi apresentada na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados. Antes, foi debatida em audiência pública com participação da então presidente do CFP, Mariza Borges, do Diretor do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB), Harmut Gunther e de Simone Roballo, Coordenadora do Curso de Psicologia do Centro Universitário de Brasília (UniCeub).

O projeto passou ainda pela Comissão de Cultura e pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC), onde obteve pareceres favoráveis dos deputados. Depois de ser aprovada pela Câmara, a matéria seguiu para a Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) do Senado Federal, que a aprovou em março de 2016, por unanimidade, sendo posteriormente deliberada pelo plenário daquela Casa no dia 14 de dezembro, e, dias depois, sancionada pelo presidente da República.

Pré-iniciação científica em Psicologia é tema de último artigo de 2016

Como são as relações entre participação política e enraizamento territorial entre moradores de um quilombo do Vale do Ribeira (SP) e a importância que a Psicologia tem no ensino médio para favorecer as reflexões sobre a relação entre o indivíduo participante, sua escola e o entorno físico. Esse é o tema do artigo desta semana da edição 36.3 da revista Psicologia: Ciência e Profissão, cujo título é Pré-Iniciação Científica em Psicologia: Contribuição para a Formação Científica no Ensino Médio.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) publica em seu site e nas redes sociais, todas as semanas, um manuscrito do periódico, cuja versão eletrônica se encontra na plataforma SciELO. Assim, a autarquia intensifica a busca pelo conhecimento científico, a fim de expandir o alcance de conteúdos acadêmicos para a categoria e para a sociedade.

O manuscrito tem os seguintes pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP): Gustavo Martineli Massola (professor do Instituto de Psicologia), Bernardo Parodi Svartman (doutor em Psicologia Social e do Trabalho), Alessandra Blengini Mastrocinque Martins (mestre em Ciências pelo Programa de Mudança Social e Participação Política), Luis Guilherme Galeão-Silva (professor de Psicologia Social do Instituto de Psicologia) e Alessandro de Oliveira dos Santos (professor do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia).

Formação científica 

A pesquisa foi desenvolvida com o Programa de Pré-Iniciação Científica da USP, almejando que estudantes de escolas técnicas públicas do Vale do Ribeira desenvolvessem um projeto de pesquisa completo, de forma a contribuir com a sua formação científica.

Ainda segundo o resumo do manuscrito, durante o programa, que durou um ano, os alunos participaram de todas as etapas: da formulação inicial das questões investigadas até a apresentação da pesquisa às lideranças comunitárias, visitas à comunidade para realização de observações e entrevistas, interpretação dos dados colhidos e devolutiva dos dados à comunidade.

Os pesquisadores destacaram a importância do valor formativo da inserção da Psicologia na grade curricular do ensino médio, tanto pelas possibilidades interdisciplinares que apresenta quanto por favorecer reflexões sobre a relação entre o indivíduo participante, sua escola e o entorno físico, social e cultural.

A Assessoria de Comunicação do CFP entrou em contato com Gustavo Martineli Massola, que, em entrevista, abordou essas e outras questões levantadas pelo artigo.

Confira a entrevista. 

O que os motivou a fazer a pesquisa sobre esse tema?

O que nos motivou foi a percepção de que a universidade poderia criar modelos de trabalho que articulassem: o ensino rigoroso em nível médio, inserindo os estudantes na produção de conhecimento científico em uma área específica (no caso, a Psicologia); a ação transformadora junto à realidade dos estudantes, por isso escolhemos uma região considerada vulnerável economicamente, apesar do patrimônio cultural e social riquíssimo; a parceria com a escola, visando tanto dinamizar a atuação dos professores e empoderá-los (alguns deles ingressaram em cursos de pós-graduação ou aprimoramento, por exemplo, após participarem do projeto) quanto contribuir para que os estudantes, especialmente de baixa renda, percebessem seu potencial; a parceria técnica com comunidades tradicionais, que poderiam beneficiar-se tanto do conhecimento gerado quanto da transferência indireta de recursos de pesquisa (consumindo seus produtos turísticos, como hospedagem e alimentação); e o reconhecimento da importância do ensino de Psicologia em nível médio para a transformação social dos agentes envolvidos no processo de educação, em termos da possibilidade de desenvolver consciência dos determinantes psicossociais de suas condições de vida, visando empoderá-los para transformá-las.

 

Que resultados você destaca desse levantamento? 

A geração de conhecimento sobre a relação entre as comunidades participantes e seu ambiente sociofísico; melhoria na imagem pública das escolas parceiras, que passaram a ser vistas por pais e estudantes como boas escolas por fomentarem a pesquisa científica por parte de seus alunos; melhoria na qualidade da redação dos estudantes participantes e aumento significativo de seu interesse pelo ensino superior; aumento no nível de conhecimento dos estudantes sobre seu entorno sociofísico e de sua identificação com a região em habitavam – especialmente, uma maior valorização por estes estudantes da riqueza cultural de sua região.

 

Na sua opinião, como a inclusão da Psicologia como disciplina do ensino médio pode contribuir para a formação dos estudantes? 

O estudo dos determinantes individuais de nossas condutas tem um enorme potencial no desenvolvimento de autoconsciência transformadora em relação às condições de vida dos estudantes. Seja por meio do estudo dos determinantes ambientais na perspectiva comportamental, seja por meio do estudo das determinações inconscientes de nosso desejo, seja ainda pelo estudo dos processos cognitivos que condicionam nossa compreensão do mundo, a consciência de si é um elemento fundamental na busca pela libertação das condições de opressão e desigualdade presentes na realidade brasileira. Isso deveria ser articulado ao conhecimento oriundo de disciplinas como Sociologia, Geografia e História de forma a permitir ao estudante compreender como sua individualidade, em sua concretude, é fruto de inúmeras determinações que ele não produziu, mas pode compreender e transformar.

Além disso, a Psicologia teria um papel muito importante no ensino de ciências se as escolas permitissem aos estudantes desenvolver pesquisa rigorosa neste campo do conhecimento. Os temas que a Psicologia estuda são, muitas vezes, imediatamente compreensíveis (como o preconceito, as diferenças entre crianças e jovens, a memória) e, ao mesmo tempo, podem ser bastante contraintuitivos (como as pesquisas que mostram que as mudanças de atitude são mais intensas quando não há recompensas extrínsecas evidentes). Isso poderia auxiliar na compreensão de que a ciência, mesmo quando trata de eventos cotidianos e familiares, o faz de uma maneira específica que pode gerar conhecimento surpreendente.

Clique aqui e leia o artigo na íntegra.

Compreensão em leitura é o tema do artigo desta semana

Como se encontra a habilidade de compreensão de leitura de alunos do ensino fundamental de diferentes estados e escolas? Esse é o tema do artigo desta semana da edição 36.3 da Revista Psicologia: Ciência e Profissão, cujo título é Compreensão em Leitura no Ensino Fundamental.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) publica em seu site e nas redes sociais, todas as semanas, um manuscrito do periódico, cuja versão eletrônica se encontra na plataforma SciELO. Assim, a autarquia intensifica a busca pelo conhecimento científico, a fim de expandir o alcance de conteúdos acadêmicos para a categoria e para a sociedade.

A pesquisa tem as seguintes autoras: Katya Luciane de Oliveira (psicóloga, docente do curso de Psicologia e do Programa de Mestrado em Educação da Universidade Estadual de Londrina – UEL/PR); Acácia Aparecida Angeli dos Santos (psicóloga, docente da graduação no curso de Psicologia e no Programa de Pós-Graduação Stricto-Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco/SP) e Milena Teixeira Rosa (pedagoga e linguista, discente bolsista CNPq do Mestrado em Educação da UEL).

Escolas

De acordo com o resumo do artigo, o objetivo da pesquisa foi explorar a habilidade de compreensão de leitura de alunos do ensino fundamental de diferentes estados e escolas. Participaram 1.316 alunos de escolas públicas dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná.

Foi usado um texto de 83 vocábulos, preparado segundo a técnica de Cloze, em sua versão tradicional, em que se omitem todos os quintos vocábulos do texto. A aplicação foi coletiva, e os dados, submetidos à estatística descritiva e inferencial. Identificou-se que o nível de habilidade detectado foi o instrucional e houve diferenças relativas aos estados comparados e o tipo de escola.

Para abordar o estudo, a Assessoria de Comunicação do CFP entrou em contato com a professora Katya Luciane de Oliveira.

Confira a entrevista:

O que as motivou a fazer a pesquisa sobre esse tema?

A motivação para levantar a leitura no ensino fundamental se baseia no fato de que o nosso ensino formal não dá conta de responder com medidas positivas e efetivas aos alunos que apresentam dificuldades de leitura e sua compreensão. Há escassez de programas interventivos que possam formar professores para lidarem com as dificuldades inerentes à leitura de seus alunos, como também faltam programas que possam aquilatar a habilidade daqueles que demonstram boa compreensão. Haveria que repensar nossa LDB (Lei de Diretrizes e Bases), nossos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) e PCNLP (Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa), as políticas públicas direcionadas a educação básica, em especial, o ensino fundamental.

 

Quais os resultados que você destaca desse levantamento?

Ao que parece, na amostra estudada o nível de compreensão em leitura pode ser classificado como instrucional (seria um nível intermediário no qual a compreensão é suficiente para entender o texto). Isso significa que os alunos não estão no nível de frustração (aquele em que a compreensão é limítrofe). Nessa direção, desejamos que em estudos futuros possamos informar que os alunos já apresentam um nível independente no qual demonstram compreensão, fluência e criatividade.

 

Na sua opinião, como a pesquisa pode contribuir para melhorar a habilidade de compreensão de leitura de alunos do ensino fundamental de diferentes estados e escolas?

A pesquisa contribui na medida em que, por ser descritiva do tipo de levantamento predominantemente, descreve a realidade na qual foi desenvolvida – qual seja, da amostra das escolas municipais participantes e dos estados pesquisados. Essa descrição, por ser livre de manipulação, pode se aproximar muito da realidade retratada.

Com isso a pesquisa avança no sentido de retratar a realidade em termos da compreensão em leitura dos alunos do ensino público (da amostra pesquisada). Com esses dados podemos pensar e desconfiar como se dá o ensino da leitura, quais são os fatores interventivos empregados com os alunos, como seria possível promover cursos de formação de professores para a identificação das dificuldades inerentes à compreensão em leitura, enfim, esse artigo nos faz refletir sobre a leitura em nosso país.

Clique aqui e leia o artigo na íntegra.

Acácia Aparecida Angeli dos Santos e Katya Luciane de Oliveira