Na vanguarda da Psicologia: CFP celebra os 20 anos da Revista Diálogos com atividade especial

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) realiza na quinta-feira (12) uma atividade especial para celebrar os 20 anos da Revista Diálogos e suas contribuições para a Psicologia em sua atuação profissional. O evento terá início às 17h e contará com transmissão em tempo real pelo YouTube do CFP.

Participam do encontro conselheiras(os) do CFP, integrantes dos Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs) e representantes do Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira (FENPB), além de psicólogas e psicólogos que participaram da comissão editorial da Revista Diálogos ao longo de suas duas décadas.

“A Diálogos foi lançada pelo Conselho Federal de Psicologia há 20 anos e ao longo dessa trajetória tem se constituído como um espaço fundamental para trazer reflexões e análises sobre temas do cotidiano da profissão, se conectando diretamente ao fazer de psicólogas e psicólogos em seu dia a dia ”, aponta o presidente do CFP, Pedro Paulo Bicalho.

Para a conselheira federal Juliana Guimarães, editora responsável pela revista na atual gestão, a Diálogos é uma publicação que tem a vanguarda como marca, “sempre conectada aos temas da atualidade e que desafiam a Psicologia e a própria sociedade”.

Série especial

Criada em 2004, a Revista Diálogos tem o propósito de fomentar debates acerca dos desafios atuais da atuação profissional da Psicologia nos seus diversos campos. A cada edição, são debatidos temas da atualidade, por meio de artigos, resenhas, entrevistas e reportagens.

Para celebrar essa trajetória, ao longo das últimas semanas, o CFP lançou em suas redes sociais a série especial “Diálogos: 20 Anos na Vanguarda da Psicologia”, que tem destacado temas e reflexões que marcaram a Revista, pontuando sua conexão com conquistas e desafios que ainda se colocam à sociedade.

Serviço

“Revista Diálogos: 20 Anos na Vanguarda da Psicologia”
Data: 12 de dezembro
Horário: 17h
Transmissão: Canal oficial do CFP no YouTube

Sistema Conselhos de Psicologia se posiciona contra as medidas que dificultam o acesso ao BPC e denuncia retrocesso de direitos

O Sistema Conselhos de Psicologia, composto pelo Conselho Federal (CFP) e os 24 Conselhos Regionais (CRPs), destaca os retrocessos inerentes às medidas anunciadas pelo governo federal acerca da proposta de ajuste fiscal (PL 4614/2024), que dificulta o acesso e a permanência de usuárias(os) em situação de vulnerabilidade no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e no Programa Bolsa Família (PBF).

As alterações, justificadas como parte de um pacote de contenção de despesas, agravam ainda mais as desigualdades sociais e colocam em risco direitos fundamentais garantidos pela Constituição, especialmente para as pessoas idosas e com deficiência.

O BPC, previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), é um benefício para pessoas em situação de vulnerabilidade, com renda familiar inferior a ¼ do salário-mínimo. No entanto, as medidas do governo, que incluem a exigência de atualização e inclusão obrigatória no Cadastro Único, o uso de biometria e reconhecimento facial, e a imposição de prazos rígidos, dificultam ainda mais o acesso de quem já enfrenta barreiras tecnológicas, geográficas e sociais.

Na avaliação do Sistema Conselhos de Psicologia, a focalização do BPC em pessoas consideradas “incapacitadas” é outro aspecto preocupante, que reforça práticas capacitistas e discriminatórias. Além disso, as medidas previstas pelo PL 4614/2024 também implicam em um controle excessivo e fiscalizador sobre as famílias, desconsiderando o papel fundamental do trabalho social realizado pelos profissionais da Assistência Social.

Confira a íntegra do posicionamento:

POSICIONAMENTO DA PSICOLOGIA BRASILEIRA CONTRA AS MEDIDAS DO GOVERNO QUE DIFICULTAM O ACESSO, A PERMANÊNCIA NO BPC E REFORÇAM O CARÁTER FISCALIZATÓRIO DO CADASTRO ÚNICO

As(Os) psicólogas(os), organizadas(os) por meio do Sistema Conselhos de Psicologia, juntamente com outras (os) profissionais e atrizes/atores sociais que se somam à luta por direitos, contra as desigualdades sociais e em defesa da democracia, manifestam-se veementemente contra o ‘pente-fino’ apresentado pelo governo federal em 27 de novembro de 2024, relacionado ao Programa Bolsa Família (PBF) e ao Benefício de Prestação Continuada (BPC). As medidas foram justificadas como parte de um pacote de contenção de despesas vinculado ao ajuste fiscal.

O BPC é um benefício assistencial previsto na Política de Seguridade Social, e assegurado na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) destinado a pessoas com deficiência e pessoas idosas acima de 65 anos, cuja renda familiar per capita seja comprovadamente igual ou inferior a ¼ do salário-mínimo. Entretanto, sob o argumento de “garantir que o BPC chegue a quem mais precisa”, o governo tem implementado medidas de austeridade que não apenas dificultam o acesso ao benefício, mas também comprometem a permanência das(os) beneficiárias(os).

Entre as medidas que restringem o acesso e a manutenção do BPC, destacam-se no PL 4614/2024:

● Exigência de atualização e inclusão obrigatória no Cadastro Único;
● Imposição de prazos para regularização de inconsistências cadastrais;
● Necessidade de upload de documentos, especialmente para famílias unipessoais;
● Utilização de registro biométrico e reconhecimento facial para solicitações e atualizações;
● Restrição do acompanhamento do BPC exclusivamente a plataformas digitais.

Essas práticas ignoram a realidade socioeconômica das(os) beneficiárias(os), que frequentemente enfrentam barreiras tecnológicas, geográficas e sociais para cumprir tais exigências. A obrigatoriedade de reconhecimento facial e biometria, por exemplo, constitui uma violação de direitos, especialmente para pessoas com deficiência e pessoas idosas em situação de vulnerabilidade, que possuem dificuldades para acessar ferramentas digitais por falta de equipamentos, conectividade e/ou limitações na operacionalização destas ferramentas e que acabam por depender do suporte de terceiros, comprometendo sua autonomia e dignidade e expondo-os a situações de insegurança.

Outro ponto alarmante é a focalização do BPC apenas em pessoas consideradas “incapacitadas”. Essa abordagem reforça práticas capacitistas, discriminatórias e contrárias aos princípios da dignidade humana e da equidade. Desde a pandemia de Covid-19, a ampliação do BPC deveria ser prioridade, considerando o agravamento das desigualdades sociais e a necessidade de fortalecer a proteção social. As deliberações da 13ª Conferência Nacional de Assistência Social “Reconstrução do SUAS: o SUAS que temos e o SUAS que queremos”, realizada em 2023, reiteraram a imprescindibilidade de expandir o acesso ao BPC, e não restringi-lo. Exatamente um ano após o processo conferencial, estamos cada vez mais distantes do SUAS que queremos.

O uso compulsório do Cadastro Único como ferramenta de controle e fiscalização, sobretudo para programas de transferência de renda como o PBF e o BPC, configura-se como um instrumento de vigilância da pobreza. A imposição de atualizações  cadastrais rigorosas e o cruzamento de informações para averiguação de renda,  endereço e composição familiar não apenas penalizam as famílias mais vulneráveis, mas também desconsideram o trabalho social realizado no âmbito do SUAS. Ao invés  de avançarmos na consolidação do SUAS, ampliando o trabalho social com famílias,  as medidas propostas pelo Governo Federal impõe às/aos trabalhadoras/es o  retrocesso de uma atuação voltada a condição de ‘polícia das famílias’.

A exigência de recadastramento compulsório para famílias unipessoais, por exemplo, tem gerado impactos devastadores, resultando na exclusão de beneficiárias (os) que dependem do PBF e do BPC para sua sobrevivência. A limitação sob o pretexto de combater irregularidades reforça desigualdades e promove a marginalização de grupos em maior situação de desproteção social e relacional.

De acordo com a Política Nacional de Assistência Social (PNAS/2005), o BPC e o PBF são destinados a públicos prioritários no acompanhamento pelos serviços socioassistenciais. Contudo, as medidas de ajuste fiscal contrariam o princípio fundamental da proteção social, ampliando o controle e a fiscalização, em detrimento da garantia de direitos. Isso reflete uma criminalização da pobreza e o aprofundamento das desigualdades sociais, demonstrando uma ruptura com os objetivos do SUAS.

Mais uma vez, o peso das medidas de austeridade do novo arcabouço fiscal recai sobre as (os) mais vulneráveis economicamente, ficando cada vez mais distante da perspectiva de justiça social que se esperava de um governo democrático; o mercado ditando as regras de quem deve viver ou apenas sobreviver no país, se eximindo de ações mais efetivas economicamente como a taxação sobre grandes fortunas.

Paradoxalmente, essa forma de controle da pobreza por austeridade, está fadada a intensificar a extrema pobreza e piorar os índices do Mapa Global da Fome da FAO/ONU, que é a grande bandeira brasileira frente aos organismos mundiais – ‘tirar o Brasil do mapa da fome’.

Além disso, o trabalho social com famílias, essencial para a construção de vínculos de confiança e o fortalecimento da autonomia, está sendo desconsiderado por essas medidas. A imposição de processos exclusivamente administrativos e médicos, desconectados das realidades territoriais, fragiliza o papel dos serviços socioassistenciais e viola os princípios éticos profissionais, incluindo as seguranças de acolhida, renda e convivência, desconsiderando o trabalho social desempenhado por uma equipe multiprofissional nos territórios, submetido, através das novas medidas, simplesmente ao aval médico. São as trabalhadoras (es) que ficam com a ’conta’ da retirada do benefício da população, afastando o usuário dos serviços socioassistenciais e quebrando a lógica da integração serviços e benefícios socioassistenciais.

Portanto, as (os) psicólogas (os), organizadas (os) pelo Sistema Conselhos de Psicologia, juntamente com outras (os) profissionais atrizes e atores sociais, comprometidas (os) com a defesa dos direitos humanos e da democracia – prerrogativas do Código de Ética da/o Psicóloga/o, reafirma que o SUAS é uma política pública de direito constitucional e que o BPC e o PBF são conquistas históricas inalienáveis. Portanto, repudiamos as medidas apresentadas pelo governo, que  comprometem a dignidade das (os) usuárias (os) e intensificam a exclusão social.

Reiteramos ainda a necessidade de respeitar as deliberações da 13ª Conferência Nacional de Assistência Social, que expressaram o compromisso coletivo pela reconstrução e fortalecimento do SUAS. A psicologia brasileira se posiciona firmemente ao lado das lutas sociais por justiça, igualdade e ampliação de direitos.

Viva a psicologia no SUAS! Viva a democracia! BPC é Direito Constitucional!
Não teremos o SUAS que queremos regredindo!

Assinam esta nota o Conselho Federal de Psicologia junto aos seus Conselhos Regionais de Psicologia (CRP’s), abaixo assinalados:

Conselho Regional de Psicologia – 1ª Região (CRP 01/DF)
Conselho Regional de Psicologia – 2ª Região (CRP 02/PE)
Conselho Regional de Psicologia – 3ª Região (CRP 03/BA)
Conselho Regional de Psicologia – 4ª Região (CRP 04/MG)
Conselho Regional de Psicologia – 5ª Região (CRP 05/RJ)
Conselho Regional de Psicologia – 6ª Região (CRP 06/SP)
Conselho Regional de Psicologia – 7ª Região (CRP 07/RS)
Conselho Regional de Psicologia – 8ª Região (CRP 08/PR)
Conselho Regional de Psicologia – 9ª Região (CRP 09/GO)
Conselho Regional de Psicologia – 10ª Região (CRP 10/PA/AP)
Conselho Regional de Psicologia – 11ª Região (CRP 11/CE)
Conselho Regional de Psicologia – 12ª Região (CRP 12/SC)
Conselho Regional de Psicologia – 13ª Região (CRP 13/PB)
Conselho Regional de Psicologia – 14ª Região (CRP 14/MS)
Conselho Regional de Psicologia – 15ª Região (CRP 15/AL)
Conselho Regional de Psicologia – 16ª Região (CRP 16/ES)
Conselho Regional de Psicologia – 17ª Região (CRP 17/RN)
Conselho Regional de Psicologia – 18ª Região (CRP 18/MT)
Conselho Regional de Psicologia – 19ª Região (CRP 19/SE)
Conselho Regional de Psicologia – 20ª Região (CRP 20/AM/RR)
Conselho Regional de Psicologia – 21ª Região (CRP 21/PI)
Conselho Regional de Psicologia – 22ª Região (CRP 22/MA)
Conselho Regional de Psicologia – 23ª Região (CRP 23/TO)
Conselho Regional de Psicologia – 24ª Região (CRP 24/AC/RO)

Dia Internacional dos Direitos Humanos: CDH/CFP lança podcast “Prosas Descoloniais”

Para celebrar o Dia Internacional dos Direitos Humanos, a Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (CDH/CFP) promove, no dia 10 de dezembro, a partir das 11h30, o lançamento da série especial de podcast Prosas Descoloniais.

A série conta com dez episódios que tratam da descolonização na Psicologia, discutem a viabilidade de uma Psicologia decolonial e celebram as contribuições afrodiaspóricas e pindorâmicas, além de abordar a descolonização das hierarquias regionais na Psicologia brasileira, enfatizando a valorização da identidade e do contexto local para práticas educativas emancipatórias.

O lançamento será mediado pela vice-presidente do CFP, Alessandra Almeida. Para ela, descolonizar a ciência e a prática psicológica convida a categoria ao reconhecimento de produções que foram eclipsadas nos registros da profissão. “É preciso fomentar a discussão de nossos aportes e lentes metodológicas da Psicologia para aproximar nossas perspectivas da realidade em que nos inserimos”, destaca.

A conselheira federal Nita Tuxá, que representará a CDH/CFP no evento, pontua que é fundamental sublinhar a diversidade nacional a partir do diálogo com as maiorias populares. “São grupos populacionais de extrema importância e que por muito tempo estiveram em posições subordinadas na história e no fazer científico e profissional da Psicologia”, ressalta.

Ato virtual

Durante o diálogo também será realizado o ato virtual Criança não é mãe. A mobilização articula o tema à necessidade de combater a colonização dos corpos de meninas, mulheres e pessoas que gestam e contará com a participação de Conselhos de Psicologia de todo o país. O tema está no foco dos debates da PEC nº 164/2012, que retrocede no direito ao aborto, mesmo em casos previstos por lei.

Saiba mais

O podcast Prosas Descoloniais integra o conjunto de ações da Campanha Nacional de Direitos Humanos “Descolonizar corpos e territórios: reconstruindo existências Brasis”, do Sistema Conselhos de Psicologia, que revisita as contribuições afropindorâmicas e latino-americanas que compõem os saberes e as práticas da Psicologia.

Serviço
Prosas Descoloniais: lançamento do podcast da CDH/CFP e ato virtual “Criança não é mãe”
Data: 10 de dezembro
Horário: 11h30
Acompanhe pelo canal YouTube do CFP

Jornada de trabalho: Sistema Conselhos de Psicologia apoia o fim da escala 6×1

Os Conselhos Federal (CFP) e Regionais (CRPs), que integram o Sistema Conselhos de Psicologia, apoiam o fim da jornada de trabalho organizada na “escala 6×1”, defendendo assim a ampliação de direitos, como a jornada de 30 horas e a remuneração salarial digna a todas as trabalhadoras e trabalhadores.

O Sistema Conselhos compreende que a organização do trabalho deve garantir melhores condições no exercício laboral, possibilitando a plena realização social, econômica, comunitária e pessoal. Assim, reconhece profissionais da Psicologia como classe trabalhadora e tem dedicado elevados esforços para a ampliação de seus direitos sociais.

“Quando as condições, regras e leis relativas ao trabalhar não permitem, parcial ou totalmente, a dignidade do trabalho e um trabalho digno, elas não cumprem nem os princípios constitucionais brasileiros, nem estão em sintonia com os preceitos éticos da Psicologia”, ressaltam o CFP e os CRPs.

Saiba mais:

“Trabalhar para viver, não viver para trabalhar”

Sistema Conselhos de Psicologia apoia o fim da escala 6×1 e mobiliza por ampliação de direitos trabalhistas como jornada de 30 horas e remuneração salarial digna

“Quero trabalhar para viver, não viver para trabalhar”. Sob este mote, o movimento social Vida Além do Trabalho (VAT) tem conseguido dialogar com o desejo de milhões de pessoas no Brasil que desejam trabalhar, mas também ter vida plena em outras dimensões para além do trabalho, como família, lazer, vida conjugal, comunidade, estudo, religião e se veem alijadas destas possibilidades por terem que dedicar 6 dias de suas semanas ao trabalho. Sobra apenas um dia para a dedicação às outras dimensões da vida, em um tempo compartilhado entre a tentativa de descanso e a necessidade de se organizar para mais uma semana extenuante. O fenômeno é ainda marcado por outros atravessamentos: muitas vezes, as trabalhadoras – especialmente as mulheres – precisam dar conta de outras jornadas de trabalho marcadas pelo trabalho de cuidado, em duplas ou triplas jornadas de trabalho. E pessoas periféricas, especialmente negras, precisam replicar ainda outras formas concomitantes de trabalho – muitas delas informais, para alcançar uma renda minimamente suficiente para a reprodução material de suas vidas.

O trabalho é central e organizador da sociedade, mas não pode ser a única dimensão do viver sob a justificativa de que a economia é o carro chefe de uma determinada concepção de desenvolvimento. É importante lembrar que o desenvolvimento econômico não se sustenta sem o desenvolvimento social e os trabalhadores e as trabalhadoras não podem ter seus direitos fundamentais sacrificados em prol de interesses econômicos, principalmente porque nesta sociedade, o produto do desenvolvimento econômico não retorna de maneira equitativa para todos e todas. As pessoas cujos regimes de trabalho são os mais precários são justamente as que sofrem por desigualdades históricas, especialmente sustentadas pelo racismo e pela misoginia e a redução de jornadas de trabalhos especialmente dirigidas a este segmento são muito importantes.

A organização do trabalho deve garantir tanto dignidade à trabalhadora, quanto condições dignas de trabalho, possibilitando a plena realização social, econômica, comunitária e pessoal. A Constituição Brasileira em seu Artigo 1º diz que nosso país é um Estado democrático de Direito fundamentado na dignidade humana e no valor social do trabalho e somos signatárias da agenda de trabalho decente que diz que um trabalho decente é um trabalho adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, equidade e segurança, capaz de garantir uma vida digna. Em seus Princípios Fundamentais, o Código de Ética Profissional da Psicóloga aponta que devemos promover a dignidade humana e a saúde e a qualidade de vida das pessoas. Quando as condições, regras e leis relativas ao trabalhar não permitem, parcial ou totalmente, a dignidade do trabalho e um trabalho digno, elas não cumprem nem os princípios constitucionais brasileiros, nem estão em sintonia com os preceitos éticos da Psicologia.

Neste sentido, o Sistema Conselhos de Psicologia reconhece a categoria de Psicólogas(os,es) como classe trabalhadora e tem dedicado elevados esforços para a ampliação de seus direitos sociais vinculados ao trabalho, como a redução da jornada de trabalho e a melhores remunerações, por exemplo através da instalação de um piso salarial digno. Entendemos que a redução da jornada de trabalho sem diminuição salarial é um imperativo nos tempos de aceleração da produção e precarização das condições de existência no trabalho e na vida, não apenas de Psicólogas, mas do conjunto das trabalhadoras.

Em nosso entendimento, a proposta de redução da jornada de trabalho organizada na “escala 6×1” a ser apresentada à Câmara de Deputados, representa um projeto de ampliação da dignidade do trabalho e um trabalho digno para todas as pessoas. A adoção de escalas de trabalho de cinco dias com dois de descanso (5×2) em países como Estados Unidos, Reino Unido, França e Japão traz vantagens tanto para os trabalhadores quanto para as empresas. Esse modelo contribui para a saúde mental e física dos funcionários, reduzindo o esgotamento e o absenteísmo. Profissionais mais descansados tendem a ser mais produtivos e engajados, o que melhora o desempenho e a competitividade das empresas. Além disso, a escala 5×2 promove uma força de trabalho mais estável e motivada, reduzindo custos com turnover e perdas de produtividade.

Diante de tudo disso, o Sistema Conselhos de Psicologia, representado pelo Conselho Federal de Psicologia e pelos Conselhos Regionais de Psicologia abaixo subscritos, em consonância aos princípios fundamentais da profissão e como órgão constituinte da nação brasileira e visando apoiar ações e projetos que promovam saúde, dignidade e realização plena do ser humano, se posiciona favoravelmente a proposta de emenda à Constituição (PEC), de autoria da Sra. Dep. Erika Hilton, que prevê o fim da ‘escala 6×1’.

Sistema Conselhos de Psicologia

Neuropsicologia: CFP lança cartilha com orientações para atuação em casos de ‘síndrome pós-Covid’

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) lançou na quinta-feira (31/10), durante o 23º Congresso Nacional e Internacional de Neuropsicologia, uma publicação com orientações para psicólogas e psicólogos que trabalham com crianças e adultos acometidos pela ‘síndrome pós-covid’.

A cartilha “Os desafios da Neuropsicologia nos cenários pós-Covid 19” foi elaborada pelo Grupo de Trabalho de Neuropsicologia do CFP e apresenta estratégias de avaliação e cuidado neuropsicológicos para as pessoas na condição pós-Covid. A conselheira federal e coordenadora do GT, Izabel Hazin, explica que, com o fim da situação de emergência da pandemia, a Psicologia vem identificando sequelas psicológicas em adultos e crianças em razão da Covid-19.

“Passou-se a identificar impactos significativos em aspectos psicológicos de contextos e de condições de saúde associadas à Covid-19. Nesse cenário que se apresenta, a cartilha do CFP é um instrumento para alertar a categoria para um problema de saúde pública, ao mesmo tempo que aponta caminhos de avaliação e de intervenção nas situações pós-Covid”, pontua a conselheira.

Saiba mais

A ‘síndrome pós-Covid’ é um conjunto de sinais e sintomas que se prolongam, sem causa aparente, em pessoas que tiveram Covid-19, mesmo nas formas leve ou assintomática.

Dentre as condições de saúde física e mental identificadas pela Neuropsicologia, constam dificuldades de memória e concentração; alteração cognitiva; cefaleia; perda de paladar e de olfato; vertigem; e sensação de formigamento.

No aspecto mental, foram identificados distúrbios de sono; depressão; ansiedade; transtornos de humor; bem como problemas de atenção sustentada e dividida.

Campo de atuação

Instituída como uma especialidade da Psicologia por meio da Resolução CFP nº 2/2004, a Neuropsicologia é hoje regulamentada pela Resolução CFP nº 23/2022, que delimita os objetivos da avaliação neuropsicológica, descreve as funções neuropsicológicas que devem ser identificadas e trabalhadas no processo de pesquisa, avaliação e intervenção/reabilitação psicológica.

O GT de Neuropsicologia do CFP é constituído por representantes do IBNeC, da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia (SBN), da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia (Anpepp) e da Associação Brasileira de Neuropsicologia (Abranep).

Acesse aqui a Cartilha “Os desafios da Neuropsicologia nos cenários pós-Covid 19”.

Práticas inovadoras: CFP realiza cerimônia para vencedores da segunda edição do Prêmio Profissional Sylvia Leser de Mello

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) realizou no dia 24 de outubro, durante o “Seminário Inteligência Artificial e Exercício Profissional da Psicologia”, a cerimônia de premiação dos vencedores da segunda edição do Prêmio Profissional Sylvia Leser de Mello. A congratulação ocorreu no dia 24 de outubro, na sede da Autarquia.

A iniciativa busca fomentar a pesquisa e o desenvolvimento de modelos, procedimentos e técnicas da atuação profissional que possam indicar caminhos para o aprofundamento da construção de conhecimento científico inovador e do compromisso social da Psicologia.

Alessandra Almeida, vice-presidente do Conselho Federal de Psicologia, conduziu a abertura da solenidade, ressaltando as contribuições dos trabalhos para a reflexão da prática profissional.

O conselheiro federal Virgílio Bastos destacou que há um grande esforço por parte da categoria em dar resposta aos novos desafios impostos pelo mundo do trabalho contemporâneo, o que impõe ao Conselho Federal de Psicologia o compromisso de visibilizar essas iniciativas inovadoras. “Nós nos preocupamos sempre para onde caminha a Psicologia como profissão e quais são as novidades que estão emergindo. A gente tem uma história de sessenta anos de profissão regulamentada e essa história mostra que a Psicologia mudou muito daquela com a qual nascemos”, frisou o conselheiro.

Bastos também ressalta que o seminário sobre IA deixou evidente que a Psicologia está em um limiar de transformações no exercício profissional, que sequer se pode antecipar com precisão. “Nesse sentido, o Prêmio Práticas Inovadoras é uma estratégia de estimular que nossos profissionais, nossos pesquisadores, nossos alunos de pós-graduação, se comprometam em divulgar os avanços obtidos com seus trabalhos, contribuindo para qualificar e ampliar a relevância social da nossa profissão” reforça.

Conheça as práticas vencedoras

Categoria:
Experiências ou produtos derivados do trabalho profissional:

1º Lugar
Título: Possibilidades da atuação da(o) psicóloga(o) no contexto pré-hospitalar
Autor principal: Luiz Gustavo Camilo (08/35096).
Autoras: Maria Eduarda da Rocha Camargo (08/38242) e Mariany Fernanda Ribeiro Zanchetta (08/35887).

2º Lugar
Título: Plataforma AVAX PSI: método inovador de avaliação psicológica aplicado em ambientes corporativos
Autora principal: Ana Carolina Wolf Baldino Peuker (07/11084).
Autoras: Sibele Faller (07/14360).

3º Lugar
Título: Centro de Referência em Saúde Mental da Criança e do Adolescente Brincando de Miriti.
Autora principal: Francineti Maria Rodrigues Carvalho (10/711).
Autora: Rachel de Siqueira Dias (10/02195).

Menção honrosa

Título: (Re)Construindo territórios existenciais na crise psíquica: a potência do cuidar através da ambiência no SUS
Autora principal: Danielle Alves Menezes (19/2233).
Autoras(es): Laís Arlene Moraes Donald e Alisson Tadeu Santana Moreira.

Menção honrosa

Título: Plano de segurança no contexto escolar: uma proposta para adolescentes em risco de suicídio
Autora: Mayara Moura dos Santos (11/11482).

Categoria:
Experiências ou produtos derivados de trabalhos realizados em cursos de especialização ou de mestrado

1º Lugar
Título: Habilidades do século XXI em estudantes de um curso de formação em programação de computadores
Autora: Caroline Daronco Campos Romero Sanches (07/20076)

2º Lugar
Título: A Psicanálise no contexto da intubação: sonhos e estímulos externos
Autora: Tayane dos Santos Lage (05/56971)

Menção honrosa

Título: Estressores em unidade de terapia intensiva para o idoso: uma proposta de intervenção
Autora principal: Thalita Sacramento Almeida de Morais (03/9277)
Autoras(es): Gustavo Marcelino Siquara (03/8890) e Suzane Bandeira de Magalhães (03/1878)

Categoria:
Experiências ou produtos derivados de trabalhos realizados em cursos de doutorado, pós-doutorado, ou projetos vinculados a grupos de pesquisa

1º Lugar
Tïtulo: Avaliação neuropsicológica na doença inflamatória intestinal: subsídios a programas interventivos
Autora: Sueli Terezinha Bobato (12/01546)

Menção honrosa
Título: Resgatando a memória da Psicologia latino-americana: nuestra américa e sua Psicologia em debate
Autor: Pedro Henrique Antunes da Costa (01/24513)
Confira aqui as fotos da cerimônia de premiação.

Lançamento

Além da premiação, o “Seminário Inteligência Artificial e Exercício Profissional da Psicologia” contou com o lançamento da publicação “A profissão em movimento: práticas inovadoras no exercício da Psicologia”.

O documento reúne artigos técnico-científicos vencedores da 1ª edição do Prêmio Profissional Sylvia Leser de Mello. As autoras e os autores dos trabalhos vencedores foram anunciados e premiados durante o 6º Congresso Brasileiro Psicologia: ciência e profissão, em 2022.

Acesse aqui a íntegra do documento.

CFP realiza encontro para debater os impactos da Inteligência Artificial no exercício profissional da Psicologia

As tecnologias digitais, especialmente as de Inteligência Artificial (IA), estão redefinindo de forma rápida os processos de produção do conhecimento em todas as áreas, incluindo a Psicologia. Ferramentas de IA estão sendo cada vez mais utilizadas para analisar grandes conjuntos de dados, identificar padrões comportamentais e prever tendências em saúde mental, comportamento humano e interações sociais.

Diante do desafio imposto por essa nova realidade, essas e outras questões foram debatidas no “Seminário: Inteligência Artificial e Exercício Profissional da Psicologia”, realizado no dia 24 de outubro em Brasília/DF, na sede do Conselho Federal de Psicologia (CFP).

O encontro buscou mapear a adoção de tecnologias baseadas em inteligência artificial, analisando suas implicações éticas, sociais e profissionais. A atividade teve como proposta a troca de experiências e conhecimentos no campo, de modo a fomentar o diálogo sobre os principais desafios emergentes nessa área.

O evento contou com a participação de conselheiras e conselheiros do XIX Plenário, representantes dos Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs) e de instituições que integram o Fórum das Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira (Fenpb) – além de pesquisadoras e pesquisadores da área.

Diálogos

Durante diálogo sobre o uso do Chat GPT, o psicólogo e pesquisador Ricardo Primi, da Universidade São Francisco (USF), destacou as possibilidades de uso da inteligência artificial relacionada à psicometria, frisando a análise de conteúdo, a avaliação da personalidade a partir de entrevistas, a análise fatorial de itens usando embeddings e a correção automática de testes com respostas construídas, entre outros pontos. Para ele, a Psicometria com o uso da Inteligência Artificial pode representar o futuro da da Avaliação Psicológica na era marcada pela inteligência artificial.

O psicólogo Thiago Pavin abordou as tendências da indústria de IA para a saúde mental e o campo da regulação, realçando que muitos estudos sobre o tema estão sendo conduzidos e, nesse sentido, todas essas tecnologias deverão, em breve, tornar-se melhores. O psicólogo pontuou ainda que as profissões serão fortemente impactadas pela Inteligência Artificial, exigindo que as(os) profissionais aprendam a operar essas ferramentas, e que o mau uso da IA tende a ser combatido por governos e pelo mercado.

Thiago Pavin elencou ainda sugestões ao Sistema Conselhos de Psicologia. Entre elas, criar um Grupo de Trabalho para debater e propor resoluções sobre o tema; fomentar pesquisas e a organização de bancos de dados nacionais para treinos e validação de modelos; inspirar-se na experiência do Satepsi para testes psicológicos; estabelecer os padrões de qualidade e catalogar as soluções recomendadas para divulgar à sociedade.

Leonardo Fernandes Martins, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), ressaltou que os agentes conversacionais (sistema guiados por IA) precisam servir de apoio ao processo de cuidado e de modelo de suporte ao terapeuta, auxiliando em questões como transcrição, prontuários, triagem inicial, visão ampliada dos processos de saúde e adoecimento, dentre outros.

A pesquisadora e professora Laisa Marcorela Andreoli Sartes,do Centro de Referência em Pesquisa, Intervenção e Avaliação em Álcool e Outras Drogas (Crepeia), apresentou o painel “Inteligência Artificial nas intervenções digitais: impactos nos treinamentos do terapeuta e no engajamento às intervenções”. Para ela, figuram como desafios a garantia de que as respostas automáticas não substituam a intervenção humana em situações complexas, assim como o fato de que a personalização do uso dessas ferramentas não tornea interação impessoal ou mecanizada. Outro fator destacado pela pesquisadora foi o tratamento dos dados sensíveis dos pacientes em cumprimento da Lei Geral de Proteção de Dados. Em sua avaliação, a IA pode ser muito útil e facilitar o acesso ao atendimento psicológico efetivo, mas a Inteligência Artificial em Psicologia precisa de validação humana.

Bruno Grossmann, pesquisador da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (da PUC-Rio), abordou o potencial de persuasão em larga escala habilitada por Inteligência Artificial. Em sua avaliação, a IA proporcionará um futuro no qual exista a perspectiva de que cada pessoa terá um assistente de IA pessoal, com uso de voz e vídeo em tempo real, capacidade de criar relações íntimas em massa e algoritmos simulando intimidade para influenciar opiniões, votos, decisões de compras e crenças – acarretando impacto à saúde das pessoas e um desafio ao campo da Psicologia em lidar com essas questões.

No último painel do encontro, a pesquisadora Laura Soares chamou atenção para os impactos da Inteligência Artificial no Sistema de Justiça, levantando questões sobre o uso da IA nessa área e de que forma a Psicologia deverá atuar frente aos desafios. Para ela, a tecnologia pode promover celeridade, mas há preocupações éticas e com relação à garantia dos direitos humanos que precisam orientar os debates sobre o tema. Nesse sentido, a Psicologia brasileira precisa assumir protagonismo nos debates que irão afetar suas práticas junto ao Sistema de Justiça.

Confira aqui as fotos do evento.

CDH/CFP destaca que elucidação do crime que vitimou Marielle Franco é “etapa necessária para avançar a democracia no Brasil”

Teve início na quarta-feira (30) o julgamento dos réus confessos pelo duplo homicídio que, há mais de seis anos, vitimou no Rio de Janeiro a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes – um crime com graves dimensões sociais e políticas e que mobilizou a sociedade.

A Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (CFP) destaca que os impactos subjetivos e emocionais do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes atingiram não apenas os familiares das vítimas, mas também todo o conjunto da sociedade. “A elucidação desse crime hediondo é uma etapa necessária para avançar a democracia no Brasil”, defende a Comissão.

Saiba mais:

Nota da Comissão de Direitos Humanos do CFP sobre o júri popular do caso Marielle e Anderson

A Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (CFP) expressa sua solidariedade às famílias de Marielle Franco e Anderson Gomes, bem como à Fernanda Chaves, única sobrevivente do atentado acontecido em março de 2018, no Rio de Janeiro-RJ. No esteio do julgamento dos envolvidos neste crime, a CDH CFP reconhece os impactos subjetivos e emocionais especialmente vividos pelos familiares das vítimas, mas também pela sociedade brasileira e internacional.

A tentativa de calar a voz de Marielle teve, como consequência em contradição, a reverberação de novas vozes-sementes de mulheres negras, LBTI e periféricas. Essas vozes também ressoam na Psicologia brasileira e nos movem à construção de práticas antirracistas e feministas, alinhadas ao compromisso ético e político da profissão.

Ao reconhecer a dimensão racista, lesbofóbica e misógina do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco, renovamos o compromisso com o enfrentamento ao feminicídio, ao genocídio da população negra e à violência política de gênero no Brasil. É inaceitável que defensoras e defensores de Direitos Humanos – corpos-territórios em luta por emancipação e liberdade coletiva – sigam sendo tombados.

O Conselho Federal de Psicologia acompanha atentamente o julgamento dos acusados pelo assassinato de Marielle e Anderson e entende que a elucidação desse crime hediondo é uma etapa necessária para avançar a democracia no Brasil.

Neste momento tão significativo, renovamos nossa solidariedade e compromisso com a memória de Marielle e Anderson, confiantes de que o seu legado de Defensora de Direitos Humanos e pela justiça social permanece vivo e potente em cada movimento de resistência e transformação social.

Brasília, 31 de outubro de 2024.

Campanha “Descolonizar corpos-territórios: reconstruindo existências-Brasis
Comissão de Direitos Humanos – Conselho Federal de Psicologia

CFP lança relatório com artigos vencedores da 1ª edição do Prêmio Profissional Sylvia Leser de Mello e destaca práticas inovadoras para a Psicologia

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) lançou nesta  quinta-feira (24), em Brasília/DF, a publicação A profissão em movimento: práticas inovadoras no exercício da Psicologia, que contempla artigos técnico-científicos vencedores da 1ª edição do “Prêmio Profissional Sylvia Leser de Mello: Práticas inovadoras para o exercício profissional”. As autoras e os autores dos trabalhos vencedores foram anunciados e premiados durante o 6º Congresso Brasileiro Psicologia: ciência e profissão, em 2022.

A publicação busca fomentar a pesquisa e o desenvolvimento de modelos, técnicas e procedimentos na atuação científica e profissional, capazes de indicar caminhos para o aprofundamento na construção e renovação do conhecimento e do compromisso social da Psicologia.

O artigo introdutório, de autoria do conselheiro do CFP e organizador do Prêmio, Virgílio Bastos, e do membro da comissão avaliadora Adriano Peixoto, aborda a construção de um quadro de referência para práticas inovadoras dos trabalhos premiados, com foco na compreensão e avaliação crítica dessas práticas, enfatizando a reconfiguração do mundo do trabalho devido aos avanços tecnológicos.

Organizados em três categorias, os 17 artigos seguintes tratam de experiências ou produtos provenientes do trabalho profissional individual ou coletivo da psicóloga e do psicólogo; de trabalhos realizados em cursos de especialização ou de mestrado; e de trabalhos em cursos de doutorado, pós-doutorado, bem como de projetos de pesquisa vinculados a grupos de pesquisa.

O lançamento da publicação ocorreu durante o seminário “Inteligência Artificial e Exercício Profissional da Psicologia”, que reuniu nesta quinta-feira (24), em Brasília/DF, profissionais, pesquisadoras e pesquisadores, bem como representantes de entidades, para diálogos sobre o impacto da inteligência artificial (IA) no exercício profissional da categoria. Questões como a aplicação das tecnologias de IA na saúde mental e os desafios éticos que surgem nesse contexto estiveram entre os temas do encontro.

Acesse neste link a íntegra da publicação e confira as práticas selecionadas.

Percursos da inovação

Ao instituir o Prêmio Profissional Sylvia Leser de Mello: Práticas inovadoras para o exercício profissional, por meio da Resolução nº 32/2022, o Conselho Federal de Psicologia oficializou o reconhecimento dos esforços da comunidade de pesquisadoras e pesquisadores, estudantes de pós-graduação e profissionais na construção de inovações nas práticas profissionais da Psicologia.

O objetivo é atentar aos movimentos que desafiam e transformam a categoria profissional em relação aos processos de transformação da sociedade, bem como acompanhar e visibilizar os empreendimentos técnico-científicos, políticos e éticos daquelas e daqueles que fazem a Psicologia brasileira. 

Após a 1ª edição do Prêmio, o CFP lançou, em 2023, o edital para a inscrição de novos trabalhos. Os resultados da 2ª edição foram divulgados em julho deste ano e premiados no seminário Inteligência Artificial e Exercício Profissional da Psicologia.

Homenagem

Sylvia Leser de Mello viveu até janeiro de 2021. Ela foi uma renomada intelectual e docente, dedicando grande parte de sua vida ao desenvolvimento da Psicologia Social. Professora do Departamento de Psicologia Social do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, Sylvia integrou em suas pesquisas Filosofia, Literatura e Psicologia, abordando temas como interação social, o homem no trabalho e economia solidária.

Em 2003, recebeu reconhecimento do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP-SP) por sua dedicação à Psicologia no Brasil. Em 2011, a Revista Ciência e Profissão publicou um artigo em sua homenagem.

Como reconhecimento ao seu legado e contribuições na área, o Conselho Federal de Psicologia instituiu a 1ª edição do Prêmio Profissional Sylvia Leser de Mello em 2022, no qual foram inscritos 160 trabalhos inéditos. Em dezembro do mesmo ano, o CFP tornou anual a periodicidade da premiação, por meio da Resolução nº 32/2022.

Ao nomear a premiação em referência à Sylvia Leser de Mello, o CFP reconhece a enorme contribuição da professora e pesquisadora à Psicologia Social e do Trabalho no Brasil.

Congresso de Psicologia aborda uso terapêutico de maconha e psicodélicos

O Conselho Federal de Psicologia (CFP), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Distrito Federal e o Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (ICe/UFRN), realizou entre 17 e 19 de outubro, em Brasília/DF, o “Congresso Brasileiro de Psicologia, Maconha e Psicodélicos: Ética, Saberes Ancestrais e os Caminhos para Atuação”.

Por iniciativa do grupo de trabalho para debater o papel da Psicologia no uso de maconha e psicodélicos em contexto terapêutico, constituído no ano passado pela Assembleia de Políticas da Administração e das Finanças (APAF), o evento abordou o papel ético da Psicologia no uso de maconha e substâncias psicodélicas no contexto de atendimento psicoterapêutico. O foco esteve na perspectiva ampliada de saúde, com atenção aos marcos legais e políticas públicas que orientam o tema, bem como à cultura de povos tradicionais, com ênfase na atuação psicoterapêutica, acesso, reparação social e inclusão.

“O encontro buscou promover o diálogo entre diferentes saberes, tendo como base estudos científicos, respeito à laicidade e às cosmopercepções. A proposta é situar o Sistema Conselhos de Psicologia em um debate que já vem ocorrendo no âmbito de outras profissões da saúde, a fim de constituir um posicionamento ético, profissional e científico da Psicologia nesse campo”, ressaltou a conselheira Carolina Roseiro, coordenadora do GT APAF responsável pela organização do evento.

Para o presidente do Conselho Federal de Psicologia, Pedro Paulo Bicalho, o encontro possibilitou promover o debate acerca de um importante campo de exercício profissional, “com um olhar atento às diferentes dimensões que envolvem a temática, a fim de situar a Psicologia brasileira em uma área cuja pesquisa e uso terapêutico tem avançado em diferentes países e que dialoga diretamente com um conjunto de políticas públicas na esfera da saúde e da justiça”.

As mesas de diálogo contaram com a participação de profissionais da Psicologia, povos tradicionais, cientistas, especialistas, pesquisadoras, pesquisadores e representantes de diversas entidades, como a Plataforma Brasileira de Políticas sobre Drogas, além de núcleos e laboratórios de pesquisa.

Também contou com a participação da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do CFP, representada pela vice-presidente Alessandra Almeida, a conselheira Nita Tuxá, a coordenadora da CDH/CFP, Andreza Costa e Alexander Oliveira.

Como público, o evento recebeu psicólogas e psicólogos, representantes dos Conselhos Regionais de Psicologia, estudantes e profissionais de outras áreas de interesse.

“As reflexões desenvolvidas foram amplas e multifacetadas, abarcando não só a ciência psicológica, mas também os saberes ancestrais, o papel das práticas tradicionais de cura e as implicações éticas envolvidas na utilização dessas substâncias”, destacou Helena Rodrigues, biomédica e integrante do Núcleo de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas da Fiocruz Brasília.

Dráulio Araújo, físico e neurocientista do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (ICe/UFRN), pontuou que os psicodélicos podem abrir possibilidades para tratamentos psicossociais ainda mais individualizados, levando em conta as especificidades humanas. “A ciência é feita por pessoas e deve abordar o uso de psicodélicos com profundo respeito às comunidades envolvidas, reconhecendo o potencial transformador dessas substâncias,” afirmou.

Orientações éticas

A sistematização dos diálogos do “Congresso Brasileiro de Psicologia, Maconha e Psicodélicos: Ética, Saberes Ancestrais e os Caminhos para Atuação” irá subsidiar a elaboração de posicionamento sobre o uso de maconha e substâncias psicodélicas nos atendimentos psicoterapêuticos.

O documento, a ser apresentado pelo Conselho Federal de Psicologia, fundamentará o papel do Sistema Conselhos de Psicologia em relação ao tema, dentro de suas competências legais e políticas. O objetivo é elaborar orientações éticas que articulem técnicas e práticas à incidência social de acesso às terapias e psicoterapias como direito à saúde e dever do Estado brasileiro.

A atuação na área atende demanda estabelecida em maio de 2023 pela APAF, que reúne Conselhos de Psicologia de todo o país. Na ocasião foi deliberada a criação de grupo de trabalho para debater o papel da Psicologia no uso de maconha e psicodélicos em contexto terapêutico.

Participação

As inscrições para o Congresso Brasileiro de Psicologia, Maconha e Psicodélicos receberam mais de 1.800 interessados. Cerca de 800 pessoas participaram do encontro presencialmente, além de mais de 13 mil visualizações às transmissões online do evento – cujo acesso segue disponível no canal do CFP no YouTube.

Acesse aqui a galeria de fotos do evento. 

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