CFP adota medidas para fortalecer inclusão e formas acolhedoras da diversidade

Diminuir barreiras que impedem a efetiva inclusão de pessoas com deficiência, promovendo formas acolhedoras da diversidade e um espaço mais democrático, acessível e inclusivo para todas as pessoas.

Sob essa perspectiva, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) mobilizou um conjunto de medidas para propiciar mais acessibilidade arquitetônica, atitudinal e instrumental às(aos) participantes da Assembleia de Políticas, da Administração e das Finanças (APAF), realizada nos dias 25 e 26 de maio, em Brasília/DF.

O encontro reúne, duas vezes ao ano, integrantes do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais de Psicologia para debater e definir coletivamente diretrizes e temas centrais do exercício profissional da categoria e do funcionamento financeiro e administrativo dos 24 Conselhos Regionais e do CFP. 

Essa foi a terceira APAF conduzida pelo XIX Plenário do Conselho Federal de Psicologia e contou com a participação de dez delegadas e delegados com algum tipo de deficiência, incluindo pessoas cegas, surdas ou com mobilidade reduzida, entre outras condições.

“O CFP está dando início, nesta edição da APAF, a uma série de medidas para fortalecer a acessibilidade na Assembleia. Diversas ações estão sendo realizadas para proporcionar um espaço mais inclusivo, que contemple pessoas com diferentes deficiências”, destacou o presidente do CFP, Pedro Paulo Bicalho, durante a abertura do evento.

Entre as medidas implementadas estão adaptações no espaço físico e mobiliário, cartilhas orientadoras, oferta de equipamentos de promoção da acessibilidade, alimentação adequada, bem como audiodescrição, uso de libras e a presença de uma cão guia a Bela, que auxiliou a participação da delegada Estrela Rodrigues, representante do Conselho Regional de Psicologia do Ceará.

“A APAF é um espaço de grande relevância para debate e deliberações e é construído coletivamente, devendo, portanto, ser também espaço de acolhimento e de conforto para todas as pessoas”, destacou o presidente do CFP.

Formas acolhedoras da diversidade

Em sua fala, o presidente do CFP apresentou ao público participante indicações sobre como cada pessoa presente poderia colaborar para tornar a Assembleia da APAF mais inclusiva. O que se busca, destacou Pedro Paulo Bicalho, é o reconhecimento e alteridade dos diferentes modos de existência. “Promover formas acolhedoras da diversidade é algo que muda nossa forma de nos relacionarmos simbólica e afetivamente com a diferença da deficiência”.

Em depoimento à plenária da Assembleia, a pessoa surda em transição e conselheira do CRP-20, Jucimara Bernardes, destacou a disponibilização de recursos inclusivos na APAF.

“[Na APAF] hoje, o Conselho Federal de Psicologia me emociona porque ele está inclusivo em sua totalidade. Desde a hora em que a gente chega, a cartilha que a gente recebeu, esse é um cuidado que emociona”, disse a conselheira.

Bernardes pontuou que as adaptações realizadas acolheram o grupo de pessoas com diferentes deficiências. “Essa gestão e os colegas técnicos do CFP estão nos dando algo incrível. O surdo total também já vai poder estar aqui e isso é muito importante porque muitas vezes ainda não há essa sensibilidade”.

Política institucional de promoção da acessibilidade

Nos dias que antecederam o início da APAF, todo o corpo funcional do Conselho Federal de Psicologia foi sensibilizado para acolher o público participante do evento em uma perspectiva de promoção da acessibilidade.

Entre as atividades, uma reunião com a conselheira-secretária do CFP, Izabel Hazin, que apresentou conceitos relacionados, entre outros, à inclusão, cultura de acesso e combate ao capacitismo.

“Esse foi um importante espaço de troca de informações e de formação das equipes, que também são muito diversas. O foco está no reconhecimento da deficiência com alteridade, uma diferença ou singularidade a ser considerada no encontro, e não como falta”.

Hazin destaca que os marcos legais e os padrões técnicos, embora extremamente necessários, nunca serão suficientes. “É preciso uma mudança na atitude, no comportamento, na disponibilidade para se transformar, fazer as coisas de outro jeito, com base na relação com o outro e no modo como se é interpelado e movido pelas diferenças”.

Políticas de acessibilidade para a “Psicologia: Ciência e Profissão”

A revista “Psicologia: Ciência e Profissão” será acessível para todos. Esta foi a decisão dos conselheiros que compõem plenário do Conselho Federal de Psicologia (CFP). O conselho editorial da publicação promoveu um encontro com estudiosos do tema, nesta segunda-feira (18) na sede do CFP em Brasília, para debater políticas de acessibilidade que nortearão o processo editorial do periódico.

Para os editores Neuza Guareschi e Pedro Paulo Bicalho, a decisão mostra o compromisso do CFP em incorporar na publicação os debates promovidos pela autarquia. “A reunião revela que o tema da acessibilidade é primordial para o CFP, que pode produzir políticas indutoras capazes de influenciar outras publicações a ampliarem a democratização da comunicação”, afirmou Bicalho.

A iniciativa foi comemorada. “Temos avançado muito nos protocolos de acessibilidade e sugiro que o CFP faça um planejamento para aplicar a acessibilidade na revista até atingir 100%”, apontou Joana Belarmino, professora de Jornalismo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Reunião no CFP com conselheiros do plenário do CFP, membros do conselho editorial da revista e estudiosos da acessibilidade para debater acessibilidade na publicaçãoPara Joana, que é cega, a presença de profissionais da área de informática na elaboração e execução deste planejamento é fundamental.

O psicólogo Wagner Willian Garcia, que também é cego, ressaltou a importância dos cegos estarem presente nas discussões. “A revista ‘Psicologia: Ciência e Profissão’ é um veículo formador para a categoria e, por isso, acredito que a acessibilidade precisa ser para os leitores e também incorporar os autores.”

Políticas de acessibilidade

A representante da União Latino-americana de Entidades da Psicologia (Ulapsi), Biancha Angelucci, que pesquisa o tema da garantia de direitos para pessoas com diferenças funcionais, destacou o caráter educativo e cultural da decisão. “O fato vai transformando a cultura e mostrando que dá para fazer mudanças significativas com tecnologias leves.”

Outra convidada para o debate, a professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Virgínia Kastrup, que atua na Psicologia Cognitiva com ênfase na deficiência visual, considerou a iniciativa válida. “Ainda há um certo desconhecimento, no campo da Psicologia, da questão da deficiência. É um gesto não apenas técnico, mas político, no qual o CFP assume o protagonismo para construir condições de derrubar as barreiras que constroem a deficiência.”