A Epidemia das Drogas Psiquiátricas

O presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Rogério Giannini, participou, nesta segunda-feira (30/10), no Rio de Janeiro, da abertura do “Seminário Internacional – A Epidemia das Drogas Psiquiátricas: causas, danos e alternativas”. O evento, que se estende até o dia 1o, ocorre no auditório da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Giannini disse que a forma como uma sociedade cuida das pessoas que estão em sofrimento mental intenso revela sua natureza. “É um tema que nos define como sociedade, como civilização.” Falou, ainda, que as drogas psiquiátricas são uma mercadoria. “Têm uma lógica de mercado e, caso não tomemos cuidado, fundos públicos são construídos e usados para capitalizar investimentos privados.” Ele lembrou também o protagonismo que as psicólogas adquiriram com a Reforma Psiquiátrica, fato inexistente no modelo manicomial.

A mesa de abertura, mediada pelo presidente de honra da Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme), Paulo Amarante, foi composta pela presidente da Fundação Oswaldo Cruz, Nísia Trindade Lima, pelo diretor da ENSP, Hermano Albuquerque de Castro, e pelo presidente do CFP, Rogério Giannini.

Nísia Lima falou sobre a necessidade de um projeto progressista no Brasil e a afirmação do Sistema Único de Saúde (SUS) e dos direitos de cidadania. “Precisamos de um projeto que respeite a condição humana, que respeite o cuidado efetivo. Temos que ter alternativas de atenção no campo da saúde mental que não sejam marcadas pela hospitalização, pela medicalização e pela falta de respeito e acolhimento.”

Hermano Castro antecipou que está previsto um debate sobre a reforma psiquiátrica no Cone Sul no seminário Cuba Salud, que ocorre a cada dois anos em Havana. “Brasil, a Argentina e o Uruguai são os países que mais avançaram na região no tema.”

Paulo Amarante explicou que o momento é de início de uma nova era na Reforma Psiquiátrica. O processo avançou muito nos campos do trabalho, da geração de renda e da transformação das relações sociais entre os sujeitos com diagnósticos psiquiátricos e a sociedade. “Mas ainda é preciso desmontar os mitos criados pela aliança da indústria farmacêutica com a Psiquiatria, que diz que o aumento dos diagnósticos é resultado do aperfeiçoamento científico da Psiquiatria, que consegue diagnosticar mais e melhor.”

A programação inclui convidados (as) internacionais, como Laura Delano e Robert Whitaker, dos Estados Unidos, e Jaakko Seikkula, da Finlândia, e nacionais, como Biancha Angelucci, Cecília Collares, Helena Rego Monteiro, Maria Aparecida Moyses, Rossano Cabral Lima e Walter Oliveira.

A abertura do evento pode ser vista aqui.

O evento está sendo transmitido ao vivo e tem tradução simultânea.

Crédito das fotos: Virginia Damas/CCI/ENSP/Fiocruz

 

Aprimorado trabalho nas áreas administrativa, financeira e contábil

Técnicos do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e dos Regionais se reuniram, dias 26 e 27 de outubro, em Brasília (DF), para discutir a atualização do Manual de Procedimentos Administrativos, Financeiros e Contábeis, conforme a Resolução CFP 10/2007. A norma orienta as instituições sobre o planejamento, a execução orçamentária, a elaboração de planos de trabalho, a organização de cadastros, as cobranças e o processamento de receitas e despesas.

A reunião do subgrupo de trabalho do GT Financeiro, referendado pela Assembleia de Políticas, da Administração e das Finanças do Sistema Conselhos de Psicologia (Apaf), teve a participação de funcionários dos conselhos regionais de Goiás (CRP-09), Pará/Amapá (CRP-10), Santa Catarina (CRP-12), Sergipe (CRP-19) e do CFP.

Em dois dias, os técnicos concluíram a revisão de todas contribuições do Sistema Conselhos. O resultado vai ser apresentado ao GT Financeiro, à reunião de tesoureiros e, depois, à apreciação da próxima Apaf, marcada para 16 a 18 de dezembro, na sede do Conselho Federal de Psicologia em Brasília (DF).

Segundo a conselheira-tesoureira, Norma Cosmo, a revisão de todas as contribuições somente foi possível devido ao esforço concentrado dos CRPs e CFP. “É necessário valorizar a importância da integração de funcionários das mais diversas áreas de atuação administrativa para o aprimoramento de processos comuns da autarquia.”

Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra

27 de outubro é o Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra. A data busca mobilizar os profissionais de saúde para demandas específicas da população negra, buscando promover a equidade em saúde. A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra foi instituída pela Portaria nº 992, de 13 de maio de 2009.

A política reconhece o racismo, as desigualdades étnico-raciais e o racismo institucional como determinantes sociais das condições de saúde. Com isso, visa promover a equidade em saúde e estabelecer ações de cuidado, atenção, promoção à saúde e prevenção de doenças.

Contribuir para superar o racismo, o preconceito e a discriminação é o principal objetivo do Conselho Federal de Psicologia com a publicação “Relações raciais: referências técnicas para a prática da(o) psicóloga(o)”. O documento, produzido pelo Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop), foi lançado no 13º Congresso Nacional de Psicologia Escolar e Educacional: pela democratização da educação (Conpe), em Salvador (BA).

“Se pensarmos no mito da democracia racial, o caderno desmistifica esse lugar”, explica a conselheira Célia Zenaide. Para ela, é necessário olhar para parcela da população que não é a minoria, mas sim a maior parte da população brasileira deixada à margem da sociedade.

Prevalências – As seguintes doenças são prevalentes na população negra: anemia falciforme, doença hipertensiva específica da gravides, hipertensão arterial; e diabetes mellitus.

Os indicadores de vigilância em saúde do Ministério da Saúde, atualizados para 2014/2015, mostram que a variável raça/cor da pele reforça as diferenças existentes tanto nos eventos vitais quanto no acometimento de diversas doenças ou agravos.

Historicamente, a população negra apresenta indicadores sociais piores quando comparados aos da população branca. As mulheres negras são vítimas recorrentes do racismo e do sexismo na sociedade, o que leva à dificuldade no acesso aos serviços de saúde do SUS.

Fonte:
Painel de Indicadores do SUS, v. 7, n0 10. Temático Saúde da População Negra / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, Departamento de Articulação Interfederativa. Brasília : Ministério da Saúde, 2016. 82 p. : il. (Painel de Indicadores do SUS; v. 7, n. 10).

SUS e educação: públicos, universais, integrais e de qualidade

O Conselho Federal de Psicologia, o Conselho Nacional de Saúde, a Frente em Defesa do Sistema Único de Saúde (AbraSUS) e diversas outras entidades estão em campanha para solicitar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a participação de cidadãs e cidadãos brasileiros como “amigo da corte” na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5.658. A ADI reafirma que a Emenda Constitucional (EC) nº 95/2016 irá causar consequências negativas para a maioria da população brasileira, pois transforma o limite mínimo de despesas nas áreas de saúde e educação em limite máximo entre os anos de 2018 a 2036. A relatora da ADI 5658 é a ministra Rosa Weber.

Amigo da corte, segundo o art. 138 do Código de Processo Civil, é o terceiro admitido no processo para fornecer subsídios para solucionar a causa relevante ou complexa. Na prática, o amigo da corte auxilia o órgão jurisdicional ao acrescentar mais elementos para a decisão.

A fixação da regra do limite máximo, ou teto, de despesas nas áreas de saúde e educação entre 2018 e 2036 irá reduzir as despesas por habitante com o SUS e com a educação pública de forma acumulada até 2036. Os promotores da campanha, realizada por meio de um abaixo-assinado, defendem a saúde pública, universal, integral e de qualidade e a educação pública, gratuita e de qualidade.

O abaixo-assinado lembra que a maioria da população depende das unidades do SUS e da educação pública para ter o atendimento de suas necessidades básicas. Recorda, ainda, que saúde e educação são direitos fundamentais inscritos na Constituição Federal que deixarão de ser cumpridos pela falta de recursos imposta pela EC 95/2016 e que o acesso à saúde e educação são obrigações do Estado e devem estar acima de quaisquer divergências político-ideológicas para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna.

O abaixo-assinado, quando preenchido, deve ser enviado ao CNS, no endereço Conselho Nacional de Saúde – “Efetivando o Controle Social”
Esplanada dos Ministérios, Bloco “G” – Edifício Anexo, Ala “B” – 1º andar – Sala 103B
CEP 70058-900 – Brasília – DF

Baixe o arquivo Somos amigas e amigos das causas com o abaixo-assinado.

A Política Nacional de Saúde Mental e Outras Drogas

A audiência pública para discutir os desafios e limites da Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, realizada nesta terça-feira (24/10), na Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, foi acompanhada de perto pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP).

Criada pela Lei nº 10.216/2001, a política é um marco na proteção e na defesa dos direitos humanos, ao consolidar modelo humanizado de atenção à saúde mental, priorizando reabilitação psicossocial e a reinserção social das pessoas em sofrimento psíquico ou dependência química.

A psicóloga e psicanalista Ilana Katz, apresentou a posição do CFP sobre o tema e fez críticas à Lei 13.418/2017 (leia a matéria aqui). Outros retrocessos das políticas de saúde mental e da luta antimanicomial foram apresentados pelo
presidente do CFP, Rogério Giannini, que relatou como foi a inspeção realizada pelo CFP, pela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) e pelo Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT) nesta semana. Segundo ele, o resultado da investigação vai resultar em relatórios contundentes na busca pela defesa dos direitos dos usuários dos serviços de saúde mental. “Eu posso dizer que estive na inspeção. Eu vi! É dramático! É uma fabricação sistemática de transformação do sofrimento em adoecimento.” José Alves, usuário da Associação Amigos de São Vicente de Paula, relatou as dificuldades que passou quando ficou internado em comunidades terapêuticas, destacando que era privado até de alimentação, tendo que comer as próprias fezes e urina. “Não existe nenhum livro melhor do que conversar com uma pessoa que já esteve em um manicômio.”

Giannini reforçou o discurso de Katz ao destacar que a Lei 13.418/2017 é uma preparação para uma nova enxurrada de diagnósticos da lógica da patologização. “Esses processos são medicalizantes, patologizantes e, principalmente, privatizantes”.

Paulo Amarante, presidente de honra da Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme) e vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), destacou algumas medidas que precisam ser tomadas, como o fechamento dos manicômios, o incentivo às construções de mais Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e a criação de cooperativas, num “processo de desospitalização consciente e organizada”.

Amarante abordou ainda o paulatino desmonte do Sistema Único de Saúde (SUS), que, segundo ele, resulta na precarização do trabalho e dos contratos, na terceirização das atividades e nas tentativas de substituição da ideia do SUS como direito por planos “miseráveis” de saúde. “Mesmo com todos os problemas que os Caps possam ter, é nela que devemos investir e não retornar aos modelos das práticas assistenciais, privadas e exclusivamente manicomiais.”

O integrante da Subcomissão de Saúde Mental e Drogas do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), Eduardo Mourão Vasconcelos, apresentou um quadro da política de saúde mental e os retrocessos sofridos nos últimos anos.

O psicólogo destacou ainda a convocação para o Encontro de Bauru, marcado para dezembro de 2017. “Estamos caminhando para um grande retrocesso, de desmonte do SUS e da política de Estado de reforma psiquiátrica.”

Aldemyro Rolim fez um balanço das ações realizadas pela Associação Brasileira de Redução de Danos (Aborda) e também teceu críticas à atual política para a população de rua promovida pela Prefeitura de São Paulo.

A Lei 13.438 precisa ser anulada

A Lei 13.438 precisa ser anulada, enquanto há tempo para conter seus efeitos nocivos. Este é o entendimento do Conselho Federal de Psicologia (CFP). O texto legal prevê a obrigatoriedade da aplicação a todas as crianças, nos primeiros 18 meses de vida, de protocolo ou instrumento para facilitar a detecção, em consulta pediátrica, de risco para seu desenvolvimento psíquico. A psicóloga e psicanalista Ilana Katz defendeu a posição do CFP durante audiência pública, nesta terça-feira (24), na Câmara dos Deputados.

O CFP defende políticas de vigilância para esse tema e o que a Lei 13.438 propõe é o rastreamento universal. A nova lei produz novos problemas. Ilana Katz diz que não existe no Brasil, nem em nenhum outro país do mundo, um protocolo ou instrumento com validação epidemiológica para sustentar a implementação de uma política pública desse porte, para esse fim, nessa faixa etária.

No Reino Unido, que tem sistema de saúde universal como o Sistema Único de Saúde (SUS), a recomendação é não rastrear quaisquer agravos – seja autismo, seja risco psíquico, seja transtorno ou sofrimento. A mesma recomendação se aplica aos Estados Unidos da América, onde uma força-tarefa revisou estudos científicos e afirmou não haver justificativa para rastreamento de autismo em crianças menores de 18 meses. No continente europeu, nenhum dos países faz aplicação indiscriminada de um teste dessa natureza. Ou seja, “tanto a ciência quanto a gestão pública em vários países do mundo contra indicam o que o Brasil, com uma lei em regime de urgência e sem debate, está à beira de colocar em funcionamento”, comenta Ilana Katz.

Em agosto, mais de 35 instituições e 570 pessoas encaminharam um documento ao Ministério da Saúde questionando os fundamentos e discutindo os efeitos da lei, aprovada em abril pela Câmara dos Deputados. A nova norma vai entrar em vigor em um dia.

A produção de diagnósticos, em obediência à indústria do adoecimento, ganha com a Lei 13.438 um incremento legal muito potente e perigoso. “A patologização da experiência da infância fere a proteção integral e a judicialização da saúde é um efeito previsível da lei”, explica Ilana Katz. A lei é inconsequente, porque fere os princípios da proteção integral a infância. Os marcos legais já existentes, que precisam de investimento, de gestão e financiamento, já sustentam a proteção integral à criança.

Outro aspecto a ser observado é que a puericultura no SUS não é realizada exclusivamente por pediatras, devido à diversidade e extensão territorial do Brasil, e a contratação de mais médicos, isoladamente, não resolveria o problema. O CFP defende, por isso, mais recursos para a efetivação de políticas públicas intersetoriais já desenhadas, como o Marco Legal da Primeira Infância, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC), a estratégia Brasileiros e Brasileiras Saudáveis e a Caderneta de Saúde da Criança.

O Conselho Federal de Psicologia considera surpreendente que a tramitação dessa lei tenha sido feita em regime de urgência, suspendendo o debate com atores e grupos ligados ao tema. É alarmante, ainda, que os pareceres contrários à promulgação, de autoria do Ministério da Saúde, e datados de 2011 e 2017, não tenham sido considerados pelos legisladores.

Tendo em vista a falta de consenso entre pesquisadores, especialistas, gestores e usuários da saúde, a Lei 13.438 precisa ser anulada rapidamente. “Questionamos a noção de risco e entendemos que o sofrimento precisa ser tratado em tempo para que evitemos a produção de diagnósticos psicopatológicos”, defende Ilana Katz.

Psicologia solidária aos profissionais da Enfermagem

 

A Psicologia vê com preocupação a decisão da 20ª Vara Federal do Distrito Federal de suspender a possibilidade de profissionais da Enfermagem solicitarem exames no Sistema Único de Saúde (SUS). A atividade, realizada por profissionais da área, é essencial no atendimento nas unidades básicas de saúde e em vários programas, como o de prevenção e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), diabetes e hipertensão. Existem 500 mil enfermeiros e 2 milhões de profissionais de Enfermagem no Brasil.

A ação do Conselho Federal de Medicina (CFM) resultou na suspensão da Portaria 2488/2011, do Ministério da Saúde, que permite que profissionais da Enfermagem solicitem exames aos pacientes. A ação que limita a atuação dos enfermeiros foi interposta pelo CFM sob o argumento de que são atribuições exclusivas de médicos. O argumento do CFM é que a exclusividade das atividades previstas na Lei nº 12.842/2013, a Lei do Ato Médico, deve ser cumprida. O artigo 1º da Resolução 195/1997 do Conselho Federal de Enfermagem (Confen), porém, diz que “o enfermeiro pode solicitar exames de rotina e complementares quando no exercício de suas atividades profissionais”. Além disso, a Lei 7.498/86, regulamentada pelo Decreto 94.406/87, garante o direito ao enfermeiro de fazer consulta de enfermagem e prescrever medicamentos.

O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) apresentou um pedido de reconsideração da medida liminar à Justiça, mas o juiz manteve a decisão nesta quarta-feira (18) e o Cofen agora vai recorrer no Tribunal Regional Federal.

Entidades do setor, como o Conselho Nacional de Saúde (CNS), o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) argumentam que as atribuições dos enfermeiros têm respaldo legal e são de extrema relevância para o SUS. O Ministério da Saúde informou que a decisão impacta diretamente no funcionamento das unidades básicas de saúde.

Após declarar que os profissionais da Enfermagem não desejam invadir a área de outras profissões, o presidente do Cofen, Manoel Neri, disse que a categoria não aceita o cerceamento do pleno exercício profissional. “Defendemos o direito de trabalhar dentro das prerrogativas legais e de forma colaborativa com a equipe de saúde.”

O Conselho Federal de Psicologia concorda com a posição do Cofen: a judicialização das profissões contribui para o desmonte do SUS. O corporativismo e a reserva de mercado para corporações profissionais não podem prejudicar o direito à saúde da população.

Territórios quilombolas em Santarém são violados

Processos de reconhecimento de territórios quilombolas paralisados, precariedade das políticas públicas de educação e saúde e impacto da construção de porto na comunidade Pérola do Maicá foram as principais situações de violações de direitos humanos encontradas pelo grupo de trabalho “Direitos dos Povos e Comunidades Quilombolas”. A terceira missão do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) ocorreu entre 2 e 5 de outubro em comunidades quilombolas da região de Santarém, Oeste do Pará.

Reuniões foram promovidas para buscar soluções para os problemas identificados durante as visitas e relatados na audiência pública realizada em 4 de outubro, no Ministério Público Federal (MPF), em Santarém. “A audiência pública foi importante espaço de escuta dos quilombolas da área, o que contribui para o fortalecimento das comunidades e proporciona mais espaços de articulação entre elas”, destaca o conselheiro Paulo Maldos, coordenador da missão pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos. Maldos também integra o Conselho Federal de Psicologia.

A comitiva do CNDH participou de reuniões com lideranças locais e visitou as comunidades Patos do Ituqui, Saracura, Arapemã, Bom Jardim e Pérola do Maicá, principal comunidade atingida pela construção de um dos 26 portos previstos para serem edificados ao longo do Rio Tapajós.

A terceira missão do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) ocorreu entre 2 e 5 de outubro em comunidades quilombolas da região de Santarém, Oeste do Pará

A audiência contou com presença de quilombolas, da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Prefeitura de Santarém, do MPF e do Ministério Público Estadual (MPE). “Dali mesmo surgiram muitos cruzamentos de iniciativas que devem propiciar avanços em algumas questões”, disse Maldos.

A Ufopa se comprometeu a elaborar relatórios antropológicos – necessários no processo de titulação de territórios –, e o MPF e MPE devem fazer o monitoramento das políticas públicas. Essas instituições se comprometeram em atuar, junto com a Federação das Organizações Quilombolas de Santarém (FOQS), para resolver os problemas apontados durante a audiência.

Grupo de trabalho – Com o aumento de relatos e denúncias envolvendo a violação de direitos humanos em comunidades quilombolas, a Comissão Permanente do CNDH sobre os Direitos dos Povos Indígenas, dos Quilombolas, dos Povos e Comunidade Tradicionais, de Populações Afetadas por Grandes Empreendimentos e dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Envolvidos em Conflitos Fundiários decidiu criar um grupo de trabalho para verificar as situações de violações de direitos em territórios quilombolas e propor soluções às questões identificadas.

Com informações da Assessoria de Comunicação da CNDH

 

Sistema Conselhos exige justiça para Marcus Vinicius de Oliveira

Representantes das Comissões de Direitos Humanos dos Conselhos Federal e Regionais de Psicologia, após reunião em Brasília, dia 6 de outubro, saíram em marcha até o Ministério da Justiça para exigir celeridade nas investigações relacionadas ao violento assassinato do psicólogo Marcus Vinícius de Oliveira. Em frente ao órgão, levantaram faixas e falaram do crime, da impunidade e da esperança.

Logo após a manifestação, o presidente do CFP, Rogério Giannini, e a coordenadora da CDH, Ana Luíza Castro, entregaram pessoalmente, no Ministério da Justiça, ofício pedindo mais empenho das autoridades no caso. Passados 1 ano e 8 meses da morte de Marcus Vinicius, nem mesmo o inquérito policial foi concluído.

Familiares de Marcus Vinícius acompanharam a manifestação. A companheira, Marta Cerqueira Melo, a irmã, Eveline de Oliveira Silva, e o sobrinho, André Luiz de Oliveira Macedo, estiveram presentes ao ato.

Comissões de Direitos Humanos dos Conselhos Federal e Regionais de Psicologia exigiram, dia 6 de outubro, celeridade do Ministério da Justiça nas investigações do assassinato do psicólogo

Militante em defesa dos direitos humanos, o psicólogo Marcus Vinicius de Oliveira foi assassinado no dia 4 de fevereiro de 2016, no município de Pirajuía, distrito de Jaguaripe (BA). Sempre atento às questões sociais, Marcus Vinicius militava em defesa dos direitos humanos e das populações mais vulneráveis.

No documento enviado ministro Torquato Júnior, o Conselho Federal de Psicologia explica que “o assassinato de Marcus Vinícius soma-se ao preocupante e crescente número de casos de violência contra ativistas dos direitos humanos em nosso país, para os quais exigimos justiça”.

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Matraga: um ano de dor e saudade

Família de Marcus Vinicius recebe apoio na busca por justiça

 

Comissão de Direitos Humanos completa 20 anos

Há 20 anos, em 7 de agosto de 1997, nascia no Conselho Federal de Psicologia a Comissão de Direitos Humanos (CDH-CFP). A data será motivo de comemoração, nesta sexta-feira (6/10), em Brasília, durante Encontro Nacional das Comissões de Direitos Humanos do Sistema Conselhos de Psicologia.

Segundo a coordenadora da CDH-CFP, Ana Luíza de Castro, a data assume importância ainda maior no cenário brasileiro de 2017. “Em contexto de retrocessos e de violações de direitos, é essencial ampliar e potencializar esse espaço de discussão e de articulação. Relembrar e comemorar os 20 anos da Comissão de Direitos Humanos é também retomar lutas históricas e, infelizmente, atuais”, explica.

Atualmente, existem comissões de direitos humanos constituídas em todos os Conselhos Regionais de Psicologia: 01-DF, 02-PE, 03-BA, 04-MG, 05-RJ, 06-SP, 07-RS, 08-PR, 09-GO, 10-PA/AP, 11-CE, 12-SC, 13-PB, 14-MS, 15-AL, 16-ES, 17-RN, 18-MT, 19-SE, 20-AM/RR/RO, 21-PI, 22-MA e 23-TO.

Encontro Nacional das Comissões de Direitos Humanos do Sistema Conselhos de Psicologia
Data: 6/10/2017 | Brasília, DF
Hora: 9h
Local: Sede do CFP
Programação de 20 anos da Comissão de Direitos Humanos