Dia Internacional dos Direitos Humanos: CDH/CFP lança podcast “Prosas Descoloniais”

Para celebrar o Dia Internacional dos Direitos Humanos, a Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (CDH/CFP) promove, no dia 10 de dezembro, a partir das 11h30, o lançamento da série especial de podcast Prosas Descoloniais.

A série conta com dez episódios que tratam da descolonização na Psicologia, discutem a viabilidade de uma Psicologia decolonial e celebram as contribuições afrodiaspóricas e pindorâmicas, além de abordar a descolonização das hierarquias regionais na Psicologia brasileira, enfatizando a valorização da identidade e do contexto local para práticas educativas emancipatórias.

O lançamento será mediado pela vice-presidente do CFP, Alessandra Almeida. Para ela, descolonizar a ciência e a prática psicológica convida a categoria ao reconhecimento de produções que foram eclipsadas nos registros da profissão. “É preciso fomentar a discussão de nossos aportes e lentes metodológicas da Psicologia para aproximar nossas perspectivas da realidade em que nos inserimos”, destaca.

A conselheira federal Nita Tuxá, que representará a CDH/CFP no evento, pontua que é fundamental sublinhar a diversidade nacional a partir do diálogo com as maiorias populares. “São grupos populacionais de extrema importância e que por muito tempo estiveram em posições subordinadas na história e no fazer científico e profissional da Psicologia”, ressalta.

Ato virtual

Durante o diálogo também será realizado o ato virtual Criança não é mãe. A mobilização articula o tema à necessidade de combater a colonização dos corpos de meninas, mulheres e pessoas que gestam e contará com a participação de Conselhos de Psicologia de todo o país. O tema está no foco dos debates da PEC nº 164/2012, que retrocede no direito ao aborto, mesmo em casos previstos por lei.

Saiba mais

O podcast Prosas Descoloniais integra o conjunto de ações da Campanha Nacional de Direitos Humanos “Descolonizar corpos e territórios: reconstruindo existências Brasis”, do Sistema Conselhos de Psicologia, que revisita as contribuições afropindorâmicas e latino-americanas que compõem os saberes e as práticas da Psicologia.

Serviço
Prosas Descoloniais: lançamento do podcast da CDH/CFP e ato virtual “Criança não é mãe”
Data: 10 de dezembro
Horário: 11h30
Acompanhe pelo canal YouTube do CFP

Seminário do CFP promove reflexões sobre desigualdades étnico-raciais

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) realizou um diálogo sobre os desafios da Psicologia no enfrentamento das desigualdades étnico-raciais e na construção de práticas antirracistas. O Seminário “(Re)existências Brasis: relações étnico-raciais e o fazer Psi” reuniu na sede da Autarquia, no dia 21 de novembro, psicólogas e psicólogos em um debate sobre as contribuições afropindorâmicas e latino-americanas para as práticas da Psicologia.

A atividade faz parte da campanha nacional “Descolonizar corpos e territórios: reconstruindo existências Brasis”, promovida pelas Comissões de Direitos Humanos do Sistema Conselhos de Psicologia (CDH/CFP).

Na abertura do evento, o presidente do CFP, Pedro Paulo Bicalho, pontuou sobre os processos de subjetivação para transformar a sociedade e inserir as pessoas no mundo como sujeitos de direitos.“É impossível falar de ‘re-existência’ em um país como o nosso sem apontar a importância das relações étnico-raciais no fazer profissional e ético da Psicologia brasileira”, pontuou.

Para a coordenadora da Comissão de Direitos Humanos do CFP, Andreza Costa, o seminário marca “o compromisso que a Psicologia tem para pensar as relações étnico-raciais, as atuações, produções e a nossa presença nesse espaço”.

Marina Dermmam, presidente do Conselho Nacional dos Direitos Humanos, disse ser difícil fazer as práticas de promoção e defesa de direitos humanos de uma maneira institucional no país que carrega marcas muito profundas do colonialismo e da escravidão.“Pensar em ações de equidade, respeito e valorização da diversidade que reverberem, de fato, nas nossas estruturas sociais, institucionais, mas, também subjetivas do país é um grande desafio”, destacou.

Stephany Damaceno, do Ministério da Saúde, contou os desafios da iniciativa ‘Saúde Sem Racismo’ dedicada à tentativa de romper o ciclo de desigualdade racial nas políticas públicas do Sistema Único de Saúde (SUS).“A gente sabe que ainda falta muito para mudar concretamente a vida das pessoas nos territórios, mas a gente tem trabalhado incansavelmente para dar conta e fortalecer a política nacional de saúde integral da população negra nos territórios”, contou.

A conselheira Nita Tuxá comandou o painel que debateu a Psicologia, relações etnorraciais e os novos desafios da contemporaneidade. Para ela, a Psicologia brasileira deve reconhecer outras epistemologias como forma de se tornar uma ciência e profissão que se opõe ao racismo.“Para ser verdadeiramente antirracista, a Psicologia brasileira necessita observar os territórios e as outras formas de existências”, apontou a conselheira.

André Baniwa, assessor da Secretaria de Saúde indígena do Ministério da Saúde, falou sobre as etimologias e os desafios de promover novos termos e acabar com expressões que foram criadas para inferiorização dos povos indígenas, quilombolas e povos tradicionais. “A gente precisa identificar esses termos de inferiorização, que foram historicamente utilizados contra nós, e lutar para acabar com elas e substituí-las”, afirmou.

Integrante da CDH/CFP, Paula Rita Bacelar Gonzaga salientou que a atividade do CFP deve ser tomada como memória da possibilidade do florescimento da Psicologia. “Hoje, nós assistimos pessoas que fazem a Psicologia florescer. Que nós possamos reverenciar a grandeza e a imensidão da negritude e dos povos indígenas brasileiros, reconhecendo as suas trajetórias em vida e repetindo seus nomes com respeito”, destacou.

Para Valter da Mata Filho, membro da Comissão de Psicologia e Relações Étnico Raciais do CRP/BA, o racismo é um fator estressor crônico, com efeitos objetivos e subjetivos, e que podem levar a quadros de ansiedade, depressão e baixa autoestima entre outros problemas de saúde mental. “Os psicólogos devem ser capazes de identificar os impactos desse racismo no cotidiano dos seus pacientes, evitando reproduzir atitudes discriminatórias e promovendo o ambiente de acolhimento e respeito”, apontou.

“As nossas narrativas, os nossos processos de subjetivações, não têm nada de identitário. Na verdade, é uma construção de um projeto político de estado genocida que o tempo inteiro tenta nos embranquecer e negar a nossa existência”, apontou Flávia Danielle da Silva Câmara, pesquisadora do tema de relações raciais durante o encontro.

Premiação

A programação do seminário incluiu a cerimônia de premiação das práticas selecionadas na II Edição do Prêmio Virgínia Bicudo: Práticas para uma Psicologia Antirracista. A premiação foi criada pelo CFP para identificar, valorizar e divulgar estudos e ações desenvolvidas por profissionais da Psicologia, coletivos e grupos que abordam a interface entre Psicologia e Relações Étnico-Raciais, com uma base sólida nos Direitos Humanos.

CFP realiza seminário  sobre relações étnico-raciais e fortalece o compromisso da Psicologia com práticas antirracistas

Na quinta-feira (21), o Conselho Federal de Psicologia (CFP) realizará o Seminário “(Re)existências Brasis: relações étnico-raciais e o fazer Psi” – iniciativa que busca aprofundar o diálogo sobre os desafios da Psicologia no enfrentamento das desigualdades étnico-raciais e na construção de práticas antirracistas. O evento terá início às 14h e contará com transmissão em tempo real pelo canal oficial do CFP no YouTube.

O seminário faz referência à campanha nacional “Descolonizar corpos e territórios: reconstruindo existências Brasis” das Comissões de Direitos Humanos do Sistema Conselhos de Psicologia, que tem como objetivo revisitar e valorizar as contribuições afropindorâmicas e latino-americanas que enriquecem os saberes e as práticas da Psicologia, incentivando um olhar crítico sobre as relações de poder e as desigualdades raciais que atravessam a sociedade brasileira. 

A abertura institucional do evento contará com a presença do presidente do Conselho Federal de Psicologia, Pedro Paulo Bicalho, e da coordenadora da Comissão de Direitos Humanos (CDH/CFP), Andreza Costa. Entre os convidados, participam o chefe da assessoria para Equidade Racial em Saúde, do Ministério da Saúde, Luís Eduardo Batista e a presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), Marina Dermmam.

A atividade inclui ainda o debate “Psicologia, Relações Étnico-Raciais e os Novos Desafios na Contemporaneidade”, mediada pela conselheira do CFP, Nita Tuxá. Participarão do diálogo Paula Rita Bacellar Gonzaga, Andre Baniwa, Flávia Danielle da Silva Câmara e Valter da Mata Filho abordando temas como  justiça e  racismo ambiental, bem como a presença da branquitude nas relações raciais.

Integra também a programação oficial a cerimônia de premiação das práticas selecionadas na II Edição do Prêmio Virgínia Bicudo: Práticas para uma Psicologia Antirracista, que busca identificar, valorizar e divulgar estudos e ações desenvolvidas por psicólogas(os)(es), coletivos e grupos que abordam a interface entre Psicologia e Relações Étnico-Raciais, com uma base sólida nos Direitos Humanos. A atividade será coordenada pela conselheira vice-presidenta do CFP, Alessandra Almeida.

Ao promover este prêmio, o CFP busca também fomentar a divulgação de estudos e práticas bem-sucedidas, ampliando o reconhecimento e a troca de experiências entre profissionais e pesquisadoras(es) que atuam no campo das relações raciais na Psicologia.

Serviço:

Seminário “(Re)existências Brasis: relações étnico-raciais e o fazer Psi”

Data: 21 de novembro

Horário: das 14h às 18h

Acompanhe ao vivo pelo canal do CFP no YouTube

Comissão de Direitos Humanos do CFP: Giros Descoloniais promovem diálogos com foco na descolonização da ciência e prática da Psicologia

A Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (CDH/CFP) iniciou, em outubro, os encontros temáticos dos Giros Descoloniais. A proposta é promover encontros territoriais para sublinhar a diversidade nacional e promover diálogos com movimentos e comunidades populares que, por muito tempo, estiveram em posições subordinadas na história e no fazer da Psicologia.

Para o presidente do CFP, Pedro Paulo Bicalho, “descolonizar a ciência e a prática psicológica nos convida ao reconhecimento de produções que foram eclipsadas nos registros de nossa profissão e a fomentar a discussão de nossos aportes e lentes metodológicas, aproximando nossas perspectivas da realidade em que nos inserimos”, afirma.

Os Giros Descoloniais terão como foco atividades de partilha e vivência junto aos coletivos e movimentos sociais, desenvolvidas por meio de mesas de debates, visitas técnicas e atividades culturais. Esses encontros acontecerão em todas as regiões do país, por meio de sete atividades territoriais.

“É preciso descolonizar a Psicologia? Essa pergunta norteou reflexões da Comissão de Direitos Humanos ao repensar e considerar essa ciência e profissão à luz da humanidade e do conceito de direitos. No processo de descolonização, é importante entender quais são nossas referências e como elas dialogam com a realidade e existências brasileiras”, destaca Andreza Costa, coordenadora da CDH/CFP.

Para Andreza Costa, o movimento de descolonizar a Psicologia no campo da formação e prática é essencial para que a categoria profissional possa reconhecer vulnerabilidades profissionais e possibilitar a abertura à uma diversidade de caminhos e existências que ultrapassam estruturas hierárquicas, universalizantes e homogêneas.

Os encontros fazem parte da campanha nacional Descolonizar corpos e territórios: reconstruindo existências Brasis, iniciativa da gestão 2023-2025 da CDH/CFP. Em cada atividade, representantes das Comissões de Direitos Humanos nos Conselhos Regionais de Psicologia (CRP) irão oferecer contribuições aos diversos temas previstos.

Programação

No dia 25 de outubro, Belo Horizonte (MG) sediou o Giro Descolonial da região Sudeste, com o tema “Violência de gênero” e a participação de representantes do CFP, da CDH e dos CRPs do Espírito Santo, de Minas Gerais, do Rio de Janeiro e de São Paulo.

O segundo Giro Descolonial irá acontecer nos dias 23 e 24 de novembro, na região Norte, na cidade de Macapá (AP). O diálogo abordará a temática “Políticas de drogas, segurança pública e racismo ambiental”, com a participação de representantes do CFP, da CDH e dos CRPs do Amapá, do Amazonas, do Pará e de Roraima.

O acúmulo de práticas e saberes relacionados à descolonização da Psicologia subsidiará a organização e apresentação de iniciativas de orientação à categoria profissional que considerem, expressem e reconheçam os saberes coletivos das existências-Brasis.

Campanha Nacional

Os Giros Descoloniais fazem parte da mais recente campanha nacional das Comissões de Direitos Humanos (CDH) do Sistema Conselhos de Psicologia.

Com o tema “Descolonizar corpos e territórios: reconstruindo existências Brasis”, a iniciativa tem como objetivo revisitar as contribuições afropindorâmicas e latino-americanas que compõem os saberes e as práticas da Psicologia, nos campos científicos e profissionais.

Além dos Giros Descoloniais, será lançado o podcast Prosas Descoloniais, uma série de entrevistas para abordar temáticas pertinentes à categoria a partir da perspectiva descolonial.

São ações que buscam aproximar a categoria profissional de propostas resolutivas como a Resolução CFP nº 1/1999, que indica as normas de atuação em relação à orientação sexual; a Resolução CFP nº 18/2002, que orienta para a conduta profissional em relação ao preconceito e discriminação racial; e também a Resolução CFP nº 1/2018, que estabelece normas de atuação da profissão em relação às pessoas transexuais e travestis.

Também são consideradas a Resolução CFP nº 8/2020, que prevê a atuação frente a violência de gênero; a Resolução CFP nº 8/2022, que orienta sobre a conduta ética em relação às bissexualidades e demais orientações não monossexuais; e ainda, a Resolução CFP nº 7/2023, que aponta normas para o exercício profissional e a laicidade basilar da prática psicológica.

Saiba mais em site.cfp.org.br/cfp/comissao-de-direitos-humanos.

13º Copene: CFP e CDH dialogaram sobre o fortalecimento da Psicologia antirracista

A conselheira e vice-presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Alessandra Almeida, e a coordenadora da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do CFP, Andreza Costa, participaram, entre 9 e 13 de setembro, em Belém/PA, do 13º Congresso Brasileiro de Pesquisadoras Negras e Pesquisadores Negros (13º Copene), uma iniciativa da Associação Brasileira de Pesquisadoras Negras e Pesquisadores Negros (ABPN).

As representantes integraram, dentro da programação do 13º Copene, as atividades do 2º Fórum Nacional de Psicólogas Negras e Psicólogos Negros, Pesquisadoras e Pesquisadores, organizado pela Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (Anpsinep) e apoiado pelo CFP.

Para a vice-presidente do CFP, que integrou a mesa de abertura “Do coração da Amazônia pulsa a Psicologia antirracista”, o Congresso evidenciou uma temática importante para a categoria, que é a dimensão pública do racismo sob o viés da desigualdade, reparação e equidade.

“Estar em um espaço onde nós pautamos, discutimos e refletimos coletivamente uma Psicologia antirracista é justamente evidenciar o mote da nossa campanha nacional de direitos humanos, ‘Descolonizar corpos e territórios: reconstruindo existências Brasis’”, pontuou.

Outra questão destacada por Alessandra Almeida é a gravidade do racismo ambiental e das questões de violações de direitos de povos indígenas e ribeirinhos, como o direito à terra, “mais acentuado pela seca sem precedentes e pelo recorde de focos de incêndio no Brasil, especialmente na região Norte”.

Para Andreza Costa, que representou a CDH no painel “Saúde mental e os enfrentamentos irmanados entre os povos negros e indígenas”, realizado pelo 2º Fórum, ter dialogado sobre saúde mental no campo dos direitos humanos, ancorada na perspectiva dos povos negros, povos indígenas e contexto amazônico, realçou o cuidado de se garantir a presença das diversidades em espaços como o 13º Copene.

Campanha Nacional

Lançada em novembro de 2023 por iniciativa do Sistema Conselhos de Psicologia, a campanha nacional de direitos humanos Descolonizar corpos e territórios: reconstruindo existências Brasis realiza, até 2025, por meio das comissões de Direitos Humanos (CDH) dos conselhos Federal (CFP) e Regionais (CRPs) de Psicologia, uma série de atividades para dialogar, junto à categoria e à sociedade, sobre a descolonização da Psicologia como fundamento para a atuação de psicólogas e psicólogos na defesa de direitos.

Além da participação no 13º Copene e do apoio institucional ao 2º Fórum Nacional de Psicólogas Negras e Psicólogos Negros, Pesquisadoras e Pesquisadores, a campanha nacional tem participado de ações que revisitam as contribuições afropindorâmicas e latino-americanas e compõem os saberes e as práticas da Psicologia.

Acompanhe os destaques:

Lançamento da campanha Descolonizar corpos e territórios: reconstruindo existências Brasis

CDH/CFP participam do I Encontro Nacional de Psicologia, Educação e Direitos Humanos na Amazônia (EDHAMAZONIA), em Manaus/AM

CFP adere à campanha 21 Dias de Ativismo Contra o Racismo e lança entrevista especial com as conselheiras do CFP e integrantes da CDH, Alessandra Almeida e Nita Tuxá

 

CFP destaca ações e desafios da Psicologia para a promoção de uma prática profissional antirracista

Conforme aponta o Atlas da Violência 2023, o risco de uma pessoa negra no Brasil ser assassinada chega a ser 2,9 vezes maior do que uma pessoa não negra. Ainda de acordo com a publicação, o país registrou um crescimento de 29% dos casos de homicídios de pessoas indígenas desde 2011. Alarmantes, os dados indicam que, mais do que urgente, o enfrentamento ao racismo torna-se extremamente vital.

Ao longo dos anos, a Psicologia brasileira vem reafirmando o seu compromisso ético-político com a promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, visando contribuir para a eliminação de todas as formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Nessa direção, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) aderiu, neste ano, à campanha 21 Dias de Ativismo Contra o Racismo – iniciativa que reúne um conjunto de atividades realizadas por diferentes entidades públicas e organizações da sociedade no marco do Dia Internacional da Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, celebrado em 21 de março.

“Todas as instituições brasileiras, via de regra, são atravessadas pelo racismo. Não seria diferente com a Psicologia brasileira”, avalia a psicóloga Alessandra Almeida, conselheira do CFP e integrante da Comissão de Direitos Humanos da Autarquia. 

A conselheira ressalta que, por ter sido desenvolvida no Brasil a partir de teorias européias e norte americanas que não dialogavam com a realidade complexa do nosso país, a Psicologia aqui realizada se organizou a partir de uma estrutura de colonialidade que se firmou a partir do  tripé gênero, raça e classe – caracterizando relações de subordinação e hierarquia que impactam a vida das pessoas. “A gente tem um choque extremamente violento, porque temos uma população com realidades diferentes, com distintos impactos na sua saúde mental, na sua forma de ser e estar no mundo”, frisou.

Alessandra reflete que o mito da democracia racial ainda pairava até recentemente, quando os dados oficiais sobre os índices de desenvolvimento humano, por exemplo, começaram a demonstrar a vulnerabilização a qual determinadas populações (as pessoas negras, em geral) estavam expostas, causando processos de invisibilização. A esse respeito, explica que o fato do próprio Código de Ética Profissional da(o) Psicóloga(o) ter como base os princípios e valores da Declaração Universal dos Direitos Humanos permitiu que essa ciência e profissão – enquanto foi ampliando seus campos de atuação aos longos dos anos – pudesse também refletir sobre suas práticas e promover debates com um olhar para a população e as idiossincrasias que estão presentes no nosso país, “não de um lugar de superioridade, mas de um lugar de respeito à dignidade”. Ainda segundo a conselheira, “isso nos traz mais uma vez a obrigação de olhar para as realidades do nosso país e pensar, refletir e problematizar, inclusive, as teorias psicológicas que durante muito tempo foram utilizadas para reforçar estigmas e preconceitos”.

Interseccionalidade indígena

Embora o racismo esteja fortemente associado a uma série de violações de direitos da população negra, a questão também atravessa a realidade das populações indígenas. Segundo explica a psicóloga e conselheira do CFP, Nita Tuxá, que também integra a CDH do Conselho Federal, é muito importante que as narrativas coloniais possam ser refeitas a partir dos impactos às pessoas indígenas. 

Além do preconceito relacionado a questões de fenotipia, alerta a conselheira, os povos originários também enfrentam o racismo ambiental, a intolerância religiosa e o desrespeito quanto à sua relação com o território e organização social. “Assim como as pessoas negras, as pessoas indígenas são destituídas social e epistemologicamente pela ciência e pelas religiões”, denuncia Nita ao salientar ainda que o processo colonizador tem, sistematicamente,  invisibilizado as existências desses povos, sua diversidade e pluralidade cultural. 

O racismo estrutural vivenciado pelas(os) indígenas revela também, na análise de Nita Tuxá, uma ambivalência do Estado brasileiro na medida em que, embora sejam reconhecidos os direitos desses povos, esse mesmo Estado os viola em função de seus interesses. O modelo capitalista e a lógica do agronegócio acabam por incutir a ideia de que a presença indígena em determinados processos, como o de demarcação de terras, impede o progresso do país. 

Atrelada a essa situação está a falta de compreensão da(o) indígena como sujeito de direitos, assim como o não reconhecimento de que, para além da imagem estereotipada, elas(es) são marcados por interseccionalidades e vivem nos mais diversos espaços para experienciar suas subjetividades. 

“Penso que a Psicologia brasileira tem avançado, mas é um avanço tímido”, comenta a conselheira Nita Tuxá ao defender a necessidade de que essa ciência e profissão ressignifique as formas de cuidados: “a gente precisa entender que nós estamos aqui no movimento e em movimento no desejo de construir uma Psicologia que tenha no seu campo de atuação, de escuta, de acolhimento, de fala, a epistemologia do cuidado”.

Campanha nacional de direitos humanos

Para o Conselho Federal de Psicologia, o Dia Internacional da Luta pela Eliminação da Discriminação Racial é oportuno para destacar a nova campanha das Comissões de Direitos Humanos (CDH) do Sistema Conselhos que, entre outros objetivos, procura debater a descolonização da Psicologia como fundamento para a atuação da categoria em direitos humanos.

Na avaliação da conselheira Alessandra Almeida, as CDHs dos Conselhos de Psicologia exercem, há 25 anos, o papel essencial de levantar as demandas de direitos humanos e ampliar o diálogo com a categoria, a sociedade civil organizada, os movimentos sociais e a população como um todo, objetivando provocar mudanças estruturais.

O racismo no Brasil e o sexismo nas LGBTfobias devem ser considerados, acredita Alessandra, como determinantes sociais e políticos importantes da saúde mental. Assim, descolonizar corpos e territórios representa chamar a atenção para a ideia de que a Psicologia precisa ser construída no território, respeitando as pessoas, suas necessidades e seus saberes tradicionais.

Para a conselheira Nita Tuxá, uma das questões mais importantes sobre a campanha Descolonizar Corpos e Territórios – Reconstruindo existências Brasis é o fato de que a pluralidade de pessoas que compõem a Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia se reflete também nas ações que são planejadas pelo coletivo. “Quando a gente fala em descolonizar a Psicologia, corpos e territórios, estamos falando da possibilidade de criar epistemologias de cuidados. E isso representa romper ou ressignificar padrões que foram estabelecidos anteriormente, dessa Psicologia que foi importada, que vem do colonizador e que reproduz a colonização”, enfatiza. 

Um dos objetivos da campanha, complementa Alessandra, é chamar a atenção para a diversidade da existência: “e isso vai exigir uma sensibilidade e uma prática ético-política que seja condizente com essa ideia de compromisso e de respeitar as humanidades nas formas em que se apresentam”.

Nita também explica que os desafios passam por uma percepção das diferenças entre o individual e o coletivo, que tanto interferem nas dinâmicas sociais e nos processos de cuidado. “A gente tem vivido os processos de defesa de uma subjetividade individualista que culpabiliza o sujeito por suas mazelas sociais, pelos seus adoecimentos, ao mesmo tempo em que entendemos que há um sistema que está posto e que nos violenta, que viola direitos básicos, como o de viver e o de existir”.

Ainda no entendimento da conselheira indígena, uma Psicologia posicionada, política e crítica só se torna possível quando se faz em contato com as pessoas: “eu tenho andado bem mais esperançosa nesse movimento de enxergar essas Psicologias, essas formas plurais de entendimento desse fazer, dessa prática profissional. Então, eu entendo que uma Psicologia racializada é possível. Racializada no sentido de promover uma escuta sensível, atenta, contextualizada; que vê os territórios, as pessoas; que reconhece a história de determinados lugares e do seu povo”. 

Ao reforçar o pertencimento ao território, Nita Tuxá menciona uma reflexão de Myrian Krexu, que pondera que “a mãe do Brasil é indígena, ainda que o país tenha mais orgulho de seu pai europeu que o trata como um filho bastardo. Sua raiz vem daqui, do povo ancestral que veste uma história, que escreve na pele sua cultura, suas preces e suas lutas. […] O indígena não é aquele que você conhece dos antigos livros de história, porque não foi ele que escreveu o livro então nem sempre a sua versão é contada. Ele não está apenas na aldeia tentando sobreviver, ele está na cidade, na universidade, no mercado de trabalho, na arte, na televisão, porque o Brasil todo é terra indígena”.

Para mais informações sobre a campanha da CDH/CFP, clique aqui.

Política de cotas

No âmbito do Sistema Conselhos de Psicologia, uma ação expressiva em 2022 marcou o compromisso do CFP e dos CRPs em relação ao tema. Durante o último ciclo eleitoral dos Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs) e da Consulta Nacional para o CFP, passou a ser obrigatório às chapas o cumprimento de um percentual mínimo de cotas para pessoas negras, pessoas trans, pessoas com deficiência, povos tradicionais e indígenas nas candidaturas – figurando ação  pioneira em processos eleitorais de conselhos de categoria no Brasil.

Alessandra pondera que a medida contribui para que o enfrentamento ao racismo seja abordado em todos os níveis: “quando a gente faz essa primeira eleição que traz essas outras identidades para dentro do espaço político do Sistema Conselhos, é uma forma de nós nos colocarmos no sentido de não-recuo e de defesa aos direitos humanos e de enfrentamento também de forma contundente e intransigente ao racismo no nosso país”.

Confira as principais normativas, publicações e ações na área:

Resolução CFP nº 18/2002: estabelece normas de atuação para psicólogas(os) em relação ao preconceito e à discriminação racial.

Relações raciais: referências técnicas para a prática da(o) psicóloga(o): elaborado no âmbito do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop).

Campanha “Racismo é coisa da minha cabeça ou da sua”: iniciativa das Comissões de Direitos Humanos do Sistema Conselhos de Psicologia entre 2020 e 2022 no marco das duas décadas da Resolução CFP nº 18/2002.

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CFP integra campanha 21 Dias de Ativismo contra o Racismo

Psicologia, educação e direitos humanos: CFP participa de encontro em Manaus para discutir desafios na área

O Conselho Federal de Psicologia (CFP), por meio de sua Comissão de Direitos Humanos (CDH), participou  entre os dias 27 e 29 de fevereiro do I Encontro Nacional de Psicologia, Educação e Direitos Humanos na Amazônia (EDHAMAZONIA).

 Realizado em Manaus/AM pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), o evento teve como objetivo fortalecer a divulgação científica, em nível nacional, de pesquisas realizadas no âmbito da Amazônia, bem como oportunizar o intercâmbio entre pesquisadoras(es) acerca das temáticas do encontro e suas interseccionalidades.

Durante a atividade, o Conselho Federal de Psicologia foi representado pela coordenadora da CDH, Andreza Costa, e por Alexander Oliveira, que também integra a comissão. Na oportunidade, foi apresentada a campanha nacional de direitos humanos do Sistema Conselhos de Psicologia intitulada “Descolonizar corpos e territórios: reconstruindo existências Brasis” iniciativa que busca revisitar as contribuições afropindorâmicas e latino-americanas que compõem os saberes e as práticas psicológicas.

Na ocasião, os representantes da CDH contextualizaram historicamente o propósito da comissão de fortalecer o compromisso com os direitos humanos na prática profissional da Psicologia.

Além da apresentação da campanha, a coordenadora da CDH/CFP mediou junto à presidenta do Conselho Regional de Psicologia do Pará e Amapá (CRP-10), Jureuda Guerra o grupo de trabalho Interseccionalidades e Educação, destacando a importância do evento como uma troca de aprendizados e de fortalecimento das potencialidades amazônicas.

“Cuidar das existências amazônicas é um papel fundamental da Psicologia e contextualizar as práticas considerando o território e suas particularidades é um movimento crucial e um compromisso da nossa comissão”, ressaltou Andreza Costa.

Saiba mais

A primeira edição do EDHAMAZONIA foi coordenada pelo Laboratório de Pesquisa em Psicologia do Desenvolvimento Humano e Educação (LADHU/FAPSI/UFAM). 

O diálogo também contou com a parceria dos Conselhos Regionais de Psicologia da 20ª Região (AM/RO) e 10ª Região (PA/AP), assim como de diversas instituições e movimentos sociais no sentido de evidenciar a relevância do evento na região.

Campanha Nacional do Sistema Conselhos

“Descolonizar corpos e territórios: reconstruindo existências Brasis” é uma iniciativa das Comissões de Direitos Humanos de todos os 24 Conselhos Regionais de Psicologia que busca promover a reflexão sobre as práticas psicológicas no enfrentamento a desigualdades estruturantes de nossa sociedade. 

Até 2025 serão realizadas ações em todas as regiões do país, considerando a diversidade das subjetividades, dos territórios, das culturas e histórias que compõem o Brasil e que refutam a ideia de um humano universal.

Saiba mais sobre a campanha.

 

CFP integra campanha 21 Dias de Ativismo contra o Racismo

No mês que marca as mobilizações na luta pelo fim da discriminação racial, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) adere à campanha 21 Dias de Ativismo Contra o Racismo. A ação reúne um conjunto de atividades a serem realizadas por diferentes entidades públicas e organizações da sociedade civil até 21/3, Dia Internacional da Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.

A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em memória às vítimas do massacre de Shaperville, África do Sul, onde em 21/3/1960, 69 pessoas foram assassinadas e 186 ficaram feridas em protestos contra o apartheid. Na ocasião, cerca de 20 mil pessoas desarmadas protestavam contra a Lei do Passe, que determinava que pessoas negras precisariam portar documento em que estivesse expresso aonde poderiam ir. Apesar do ato pacífico, um grupo de policiais atirou contra os manifestantes. 

Desde então, a data tem sido lembrada como um chamado ao respeito e ao combate à intolerância – um compromisso que está nos princípios éticos da Psicologia brasileira.

E como parte da programação da campanha, o Conselho Federal de Psicologia publica no dia 21/3 entrevista especial com as conselheiras do CFP e integrantes da Comissão de Direitos Humanos, Alessandra Almeida e Nita Tuxá. 

O diálogo vai abordar o papel da Psicologia no enfrentamento ao racismo no marco da campanha : “Descolonizar Corpos e Territórios – Reconstruindo existências Brasis”, lançada pela CDH/CFP e que busca revisitar as contribuições afropindorâmicas e latino-americanas que compõem os saberes e as práticas psi.

O objetivo é debater a descolonização da Psicologia como fundamento para a atuação em direitos humanos, apresentando a problemática da colonização e seus efeitos na subjetivação e na sociedade, a fim de contribuir para um exercício profissional da Psicologia que considere as especificidades populacionais.

Fique por dentro

A campanha 21 Dias de Ativismo Contra o Racismo consiste em uma frente de luta apartidária, sem fins lucrativos e autogestionada criada por ativistas do movimento negro com a missão de pautar a luta antirracista em diferentes escalas e contextos como uma luta diária e contínua. Acesse a página da campanha e saiba mais: https://21diasdeativismocontraoracismo.com/ 

 

Descolonizar corpos e territórios: CFP transmite lançamento da nova campanha nacional de direitos humanos do Sistema Conselhos

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) transmite nesta quinta-feira (23) o lançamento da campanha Descolonizar corpos e territórios: reconstruindo existências Brasis.

Trata-se de uma iniciativa do Sistema Conselhos de Psicologia por meio de suas Comissões de Direitos Humanos (CDH) que busca dialogar com a categoria sobre as diversas interfaces entre o tema central da campanha e a atuação cotidiana de psicólogas e psicólogos.

Durante o lançamento, serão apresentados os objetivos centrais da campanha, as ações previstas e outros detalhes sobre a ação.

O evento contará com a presença de Pedro Paulo Bicalho (presidente do CFP), das conselheiras Nita Tuxá e Alessandra Almeida (que atuam junto à Comissão de Direitos Humanos do CFP) e de Andreza Cristina da Costa Silva, coordenadora da CDH/CFP – além de integrantes das Comissões de Direitos Humanos dos Conselhos Regionais de Psicologia. Também está confirmada a participação de representantes do Conselho Nacional de Direitos Humanos e do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

A transmissão poderá ser acompanhada ao vivo pelo YouTube do CFP.

Serviço

Lançamento da campanha “Descolonizar corpos e territórios: reconstruindo existências Brasis”
Data: 23 de novembro
Horário: 19h
Transmissão em tempo real pelo YouTube do CFP