Giro Descolonial Centro-Oeste dialoga sobre Psicologia e cuidado em território

O Conselho Federal de Psicologia (CFP), por meio da Comissão de Direitos Humanos (CDH), realizou, nos dias 26 e 27 de abril, o Giro Descolonial Centro-Oeste: vida além do trabalho. O encontro ocorreu na aldeia indígena Paikum, do povo Kurâ-Bakairi, em Paranatinga/MT, reunindo representantes das Comissões de Direitos Humanos dos Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs) do Distrito Federal (CRP-01) e dos estados de Goiás (CRP-09), Mato Grosso (CRP-18) e Mato Grosso do Sul (CRP-14).

A presidente do CFP e integrante da CDH, Alessandra Almeida, destacou que o objetivo da ação, assim como os encontros anteriores no Sudeste e em parte das regiões Norte e Nordeste, é fortalecer a Psicologia na perspectiva do cuidado em território. 

“O que os povos indígenas esperam de nós? Como podemos promover saúde nos territórios, observando o que os corpos-territórios de fato precisam de nós? É isso o que nos leva a campo, para que possamos ter uma Psicologia que redescubra as existências brasileiras”, afirmou Alessandra Almeida.

A conselheira federal e representante da CDH, Nita Tuxá, enfatizou a relevância da campanha nacional das Comissões de Direitos Humanos do Sistema Conselhos de Psicologia, Descolonizar corpos e territórios: reconstruindo existências Brasis, ponto de partida dos encontros locais.

“A Psicologia precisa estar em movimento, nas bases, com as coletividades, ressignificando o que chamamos de Psicologia brasileira. Pensar uma Psicologia com outras filosofias de vida e lógicas de compreensão de mundo, sempre amparados no nosso código de ética e na prática profissional, é essencial para compreender os direitos humanos”, ressaltou.

Para Giulia Mendonça, integrante da CDH, a relação entre corpo e território envolve identidade, representatividade e produção de saberes dentro de contextos sociais e culturais. “A Psicologia deve ir ao encontro das comunidades, dos povos tradicionais e indígenas, refletindo sobre trabalho, saúde mental e bem-viver. Esses temas atravessam tanto a categoria profissional quanto a vida de todas as pessoas”, pontuou.

O indígena do povo Kurâ-Bakairi e psicólogo Thiago Kavopi reforçou a importância de uma atuação sensível dos profissionais da Psicologia, considerando as especificidades dos povos tradicionais. “A Psicologia visa compreender a saúde mental das pessoas num âmbito muito particular e subjetivo. Para os povos indígenas, a saúde mental está conectada à cultura, à natureza, ao equilíbrio espiritual e aos ritos tradicionais que formam o bem-viver”, observou.

Confira as imagens do encontro.

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Psicologia e direitos humanos: encontro propôs diálogo entre a prática psicológica, campos de atuação e a diversidade do Brasil

Nos dias 6 e 7 de junho, o Conselho Federal de Psicologia (CFP), por meio da Comissão de Direitos Humanos (CDH), realizou em Brasília/DF o X Seminário Nacional de Direitos Humanos. Com o tema Psicologia e Direitos Humanos: caminhos emancipatórios para (re)existências Brasis, o evento buscou fortalecer a aproximação de profissionais da Psicologia a diferentes grupos populacionais, a fim de incentivar o exercício de práticas científicas e profissionais mais inclusivas e representativas.  

O seminário reuniu representantes das Comissões de Direitos Humanos dos Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs) de todo o país, que, em parceria com a CDH, contribuíram para a construção da Campanha Nacional de Direitos Humanos do triênio 2023-2025. Especialistas, ativistas e representantes de comunidades historicamente negligenciadas também participaram das atividades.  

Na abertura do evento, o presidente do CFP, Pedro Paulo Bicalho, destacou a importância de uma Psicologia conectada às diversas realidades sociais. Relembrou que a criação da CDH foi um marco na defesa dos direitos humanos no exercício profissional e científico da categoria. “O CFP tem 51 anos, dos quais 25 foram sem a Comissão e, agora, completamos 26 promovendo direitos humanos. Este seminário representa essa virada. Psicologia e direitos humanos são indissociáveis”, ressaltou.

A vice-presidente do CFP e integrante da CDH, Alessandra Almeida, pontuou que o seminário foi um momento de avaliação das ações desenvolvidas no triênio 2023-2025 e de apontamentos futuros. “Estamos felizes por debater aqui uma Psicologia contracolonial, capaz de acolher a diversidade das existências dos nossos Brasis. Isto representa a concretização dos planos iniciais da comissão e das atividades realizadas ao longo do triênio”, afirmou.  

O evento também foi marcado por intervenções, como os atos Criança não é mãe, Vidas trans importam, Palestina Livre, Demarcação Já e Combate à violência contra as mulheres. “Essas mobilizações representam a potência do debate sobre corpos e territórios, reafirmando uma Psicologia crítica e comprometida com os direitos humanos e em diálogo com a sociedade civil”, pontuou a conselheira do CFP e integrante da CDH, Nita Tuxá. 

Para a coordenadora da Comissão de Direitos Humanos, Andreza Costa, o X Seminário representou a culminância de um longo processo coletivo, reforçou a pluralidade brasileira e contextualizou as múltiplas possibilidades e abordagens da Psicologia, “identificando os processos de sofrimento e adoecimento das populações invisibilizadas e também reconhecendo suas estratégias de existência e resistência”, destacou.

Cuidado em liberdade  

Outro destaque do seminário foi o pré-lançamento do relatório nacional sobre a desinstitucionalização dos manicômios judiciários. A iniciativa busca consolidar políticas públicas de cuidado em liberdade e reforça o compromisso da Psicologia brasileira com o tema.  

“Apresentamos dados iniciais e indicativos sobre o fechamento desses espaços, que representam o pior do pior – prisões disfarçadas de hospitais, locais de violação de direitos em que o cuidado não ocorre de fato”, ponderou a conselheira federal Clarissa Guedes, durante o pré-lançamento.

Pedro Paulo Bicalho ressaltou a cooperação técnica com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o que representa um avanço significativo no reconhecimento institucional e na atuação conjunta entre Psicologia e Justiça. “De todas as nossas experiências de inspeção, essa é a primeira vez que o CNJ assina conosco. Isso não é qualquer coisa. Isso é maturidade institucional. Isso é reconhecimento da justiça brasileira sobre a nossa potencialidade de trabalho”, enfatizou.

Assista o X Seminário Nacional de Direitos Humanos.

Campanha CDH

Intitulada “Descolonizar corpos e territórios: reconstruindo existências Brasis”, a iniciativa das Comissões de Direitos Humanos do Sistema Conselhos de Psicologia para o triênio 2023-2025 busca valorizar a diversidade de histórias, identidades e territórios originários da sociedade brasileira, promovendo uma prática profissional e científica mais inclusiva e representativa.

Entre as ações, destacam-se os debates regionais Giros Descoloniais e o podcast Prosas Descoloniais, que pretendem resgatar saberes historicamente marginalizados e aproximar a Psicologia da realidade social do país.

A campanha também reforça resoluções fundamentais da profissão que orientam a atuação frente à discriminação racial, violência de gênero e direitos da população LGBTQIA+, consolidando o compromisso da Psicologia com os direitos humanos e a diversidade.

CFP realiza seminário nacional para debater diversidade e aproximação da Psicologia com comunidades historicamente marginalizadas

O Conselho Federal de Psicologia (CFP), por meio da Comissão de Direitos Humanos (CDH), promove nos dias 6 e 7 de junho, em Brasília/DF, o X Seminário Nacional de Direitos Humanos, com o tema Psicologia e Direitos Humanos: caminhos emancipatórios para (re)existências Brasis. O evento será presencial e gratuito, mas exige inscrição prévia. As vagas são limitadas, de acordo com a capacidade do espaço, e as inscrições estarão abertas até o preenchimento total.

Com o objetivo de aproximar a categoria científica e profissional das diversas realidades sociais do país, além de fortalecer a promoção de práticas mais inclusivas e representativas, a programação irá destacar a campanha nacional das Comissões de Direitos Humanos do Sistema Conselhos de Psicologia, com debates e vivências que valorizam as influências afropindorâmicas e latino-americanas na Psicologia.

O encontro também contará com mesas de diálogo sobre direitos e políticas públicas no cuidado em liberdade, culminando no pré-lançamento de um relatório nacional com dados inéditos sobre desinternação de pessoas com transtornos mentais em conflito com a lei nos manicômios judiciários de todo o país.

“Durante dois dias, vamos reunir especialistas e profissionais de diferentes áreas, ativistas e representantes de movimentos sociais para diálogos sobre como essa área do conhecimento e atuação é capaz de acolher a abordagem de comunidades que foram historicamente negligenciadas”, destaca o presidente do CFP, Pedro Paulo Bicalho.

As pessoas interessadas também poderão acompanhar as atividades do Seminário em transmissão on-line, em tempo real, pelo canal do CFP no YouTube. As inscrições para esta modalidade também são necessárias.

Campanha CDH

Intitulada “Descolonizar corpos e territórios: reconstruindo existências Brasis”, a iniciativa das Comissões de Direitos Humanos do Sistema Conselhos de Psicologia para o biênio 2023-2025 busca valorizar a diversidade de histórias, identidades e territórios originários que compõem a sociedade brasileira, promovendo uma prática profissional e científica mais inclusiva e representativa.

Entre as ações, estão debates regionais intitulados Giros Descoloniais e o podcast Prosas Descoloniais. O objetivo é resgatar saberes historicamente marginalizados e aproximar a Psicologia da realidade social do país.

A campanha também reforça resoluções importantes da profissão que orientam a atuação frente à discriminação racial, violência de gênero e direitos da população LGBTQIA+, consolidando o compromisso da Psicologia com os direitos humanos e a diversidade.

Serviço

X Seminário Nacional de Direitos Humanos
Datas: 6 e 7 de junho
Horário: das 8h30 às 21h
Endereço: CRUB – Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras – SEPN 516, Conj D, Lote 09- Edifício Via Universitas – 4º Andar – Asa Norte – Brasília/DF
O local é acessível e inclusivo, haverá sala de descompressão e espaço para crianças.
Inscrições: O cadastro está disponível neste link, tanto para participação presencial (vagas limitadas à capacidade do espaço) quanto para acompanhar as atividades na modalidade virtual.

Acampamento Terra Livre 2025: Psicologia brasileira dialoga sobre atenção psicossocial para povos indígenas

No marco do Abril Indígena, a atuação da Psicologia brasileira junto aos povos originários esteve no foco de um conjunto de ações que o Conselho Federal de Psicologia (CFP) conduziu, nos dias 9 e 10 de abril, como parte das atividades do Acampamento Terra Livre (ATL), maior assembleia indígena do país – e que reuniu na capital federal profissionais da Psicologia de diferentes regiões brasileiras.

No dia 9, o CFP promoveu no Acampamento um encontro com indígenas psicólogas e psicólogos do Sistema Conselhos e representantes da Comissão dos Direitos Humanos (CDH) da Autarquia.

O encontro foi seguido por uma roda de conversa aberta ao público, intitulada “O Marco Temporal nos faz sofrer: temos direito à saúde mental e ao bem-viver!”. A iniciativa reuniu cerca de 100 participantes e debateu os efeitos psicossociais da ausência de demarcação de terras indígenas nas subjetividades de pessoas indígenas, bem como a importância de fortalecer as estratégias de atenção psicossocial e promoção de saúde mental neste contexto.
No dia 10, o grupo esteve na marcha “A resposta somos nós”, encerrando sua participação no Acampamento Terra Livre.

A conselheira federal Nita Tuxá, que também integra a CDH/CFP, destacou o compromisso da Psicologia brasileira com a saúde integral, os direitos e o bem-viver das comunidades indígenas. A representante do Conselho Federal de Psicologia ressaltou as parcerias, ações, incidências e debates desenvolvidos junto a organizações e movimentos indígenas, enfatizando o compromisso científico e profissional com os povos originários.

“Em cada ação, o CFP reafirma a importância de aprofundar as discussões sobre saúde mental e bem-viver nos contextos indígenas,” pontuou Nita Tuxá, mencionando o lançamento das referências técnicas que orientam a atuação da Psicologia junto às comunidades indígenas e que abordam a relação entre o acesso à terra e a saúde psicossocial desses povos.

Giros Descoloniais

Encerrando as ações no marco do Abril Indígena, o CFP irá realizar o “Giro Descolonial Centro-Oeste: vida além do trabalho”.

O encontro, previsto para ocorrer nos dias 26 e 27 de abril em território indígena, localizado no município de Paranatinga/MS, promoverá momentos de escuta e troca de experiências com a comunidade e lideranças locais, em colaboração com os Conselhos Regionais de Psicologia da região Centro-Oeste.

A atividade integra a campanha nacional de direitos humanos da CDH. Confira aqui mais informações sobre a campanha e as edições anteriores dos Giros Descoloniais.

Giro Descolonial Nordeste 1 promove diálogo sobre inclusão de pessoas com deficiência

A Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (CDH/CFP) realizou, em 15 de fevereiro, o Giro Descolonial Nordeste 1: Pessoas com Deficiência. O encontro ocorreu no Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos do Rio Grande do Norte (IERC/RN), uma entidade sem fins lucrativos fundada em 1952 para promover a habilitação, reabilitação e educação de pessoas cegas ou com deficiências visuais graves.

Participaram da atividade representantes das Comissões de Direitos Humanos que atuam nos Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs) do Ceará, Paraíba, Piauí e Rio Grande do Norte, para trocar experiências, dialogar e repensar, a partir de uma escuta inclusiva, ética e transformadora, sobre como a Psicologia se entrelaça com territorialidade, corporalidade e acessibilidade para pessoas com deficiência.

A conselheira do CFP e integrante da CDH Nita Tuxá destacou a importância de integrar a Psicologia com diálogos sobre acessibilidade, mobilidade e escuta com outras formas de linguagem, com o objetivo de compreender toda a interseccionalidade que atravessa essa população.

“Essas são perspectivas que demandam de nossa formação e de nossas entregas pessoais um esforço ético e político comprometido com o fazer científico, prático e transformador para as pessoas e a sociedade”, frisou.

O representante da CDH/CFP Rafael Ribeiro ressaltou que o Giro Descolonial Nordeste 1 integra a campanha nacional das Comissões de Direitos Humanos do Sistema Conselhos de Psicologia, que tem realizado uma série de ações com foco no tema “Descolonizar corpos e territórios: reconstruindo existências Brasis”.

“Este é mais um capítulo da campanha que tem percorrido o Brasil, buscando valorizar e estabelecer um diálogo potente entre a Psicologia, suas diversas formas de atuação e a perspectiva de valorização dos territórios e raízes culturais”, pontuou o representante da CDH/CFP.

Psicologia mais inclusiva

As representações das Comissões de Direitos Humanos nos CRPs participantes trocaram experiências locais e dialogaram sobre os grandes desafios para maior integração da Psicologia com as especificidades e diversidades das pessoas com deficiência.

Para a mulher cega e psicóloga Ana Kristia Martins, a desconstrução da categoria científica e profissional, para dar espaço e lugar de fala para todas as pessoas, entendendo, acolhendo e valorizando as diferenças, conduz a Psicologia para uma trilha importante de crescimento.

“É muito bom ocupar este espaço e saber que minha voz está sendo ouvida. Saber que posso representar pessoas que, como eu, durante muito tempo não tiveram a oportunidade de dizer que existem, que podem contribuir e que querem somar à Psicologia brasileira”, definiu Ana Kristia, também coordenadora da CDH no Ceará e conselheira do CRP em seu estado.

Confira as imagens.

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Giro Descolonial Norte 1 dialoga sobre política de drogas e racismo ambiental no contexto amazônico

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Giro Descolonial Norte 1 dialoga sobre política de drogas e racismo ambiental no contexto amazônico

A Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (CDH/CFP) realizou, em 23 e 24 de novembro, o Giro Descolonial Norte 1: Política de Drogas e Racismo Ambiental. O encontro ocorreu no Centro de Atividades Sociais da Periferia (CASP), uma associação comunitária formada por moradoras(es) do bairro dos Congós, em Macapá/AP, e coordenada por lideranças femininas locais.

Conduzida por integrantes da CDH/CFP, a iniciativa contou com a participação de membros das Comissões de Direitos Humanos do Sistema Conselhos de Psicologia atuantes no CRP-10, que abrange os estados do Amapá e do Pará, e no CRP-20, que inclui os estados do Amazonas e de Roraima.

Os diálogos sobre políticas de drogas e racismo ambiental no contexto das Amazônias também contaram com a participação de grupos culturais e representantes de movimentos populares locais, fomentando a observação coletiva e a troca de saberes sobre as diversas situações que impactam a saúde mental nesses territórios.

A vice-presidente do Conselho Federal de Psicologia, Alessandra Almeida, ressaltou as contribuições dos movimentos sociais para a atuação da Psicologia e reforçou a importância de reconhecer o papel das existências, potências e resistências brasileiras na promoção de direitos. “Os povos brasileiros nunca estiveram adormecidos. A ideia de que ‘aqui não se faz nada’ é uma construção que desvaloriza o papel dos movimentos sociais, verdadeiros catalizadores na promoção de direitos e na descolonização de nosso fazer profissional”, pontuou Alessandra Almeida.

Nessa perspectiva, Alexander Oliveira, da Comissão de Direitos Humanos do CFP, destacou a complexidade do tema, que se conecta transversalmente com a garantia de direitos, saúde pública, segurança, racismo ambiental, liberdade individual, gênero, raça e classe.

Para ele, a criminalização das drogas tem servido como um mecanismo de controle racial e social, além de destacar o quanto é necessário descolonizar a percepção sobre quem usa drogas e em quais locais. “Quando falamos do proibicionismo e da guerra às drogas como controle de substâncias, também estamos falando do controle de corpos marginalizados, negros, indígenas”, salientou.

Psicologia na Amazônia
A programação do Giro Descolonial Norte 1 contou com contribuições do Coletivo Utopia Negra Amapaense, do Movimento de Luta Antimanicomial Amapá (MNLA) e da Rede de Saúde Mental dos Povos Indígenas.

O representante do Coletivo Utopia Negra Amapaense, Empretiadu, relatou a forte conexão entre a saúde mental e a desumanização e precarização das condições de vida nas periferias, que impactam profundamente o bem-estar psicológico dos indivíduos. “A gente só sobrevive, a gente não vive de fato; a gente é desumanizado o tempo todo. E essa constante desumanização resulta em uma desvalorização do próprio ser”, destacou.

Também professor, poeta e apresentador, Empretiadu enfatizou que as dificuldades de alcançar o autocuidado físico, psicológico e espiritual afetam a capacidade de militância e de busca por direitos, criando uma sobrecarga emocional e mental que perpetua a opressão e limita a autonomia dos indivíduos marginalizados.

Representantes dos Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs) também apresentaram um panorama de experiências locais, grandes desafios e propostas para discutir novas perspectivas para a descolonização da Psicologia na Amazônia.

A conselheira federal que representa a região Norte, Isadora Canto, destacou a falta de dados públicos precisos e, por consequência, de políticas adequadas para o Norte, o que tem efeito direto no acesso à saúde na região.

Isadora Canto defendeu um modelo de atendimento que vá além do biomédico, capaz de promover uma abordagem contracolonial na Psicologia. “A construção de uma Psicologia decolonial é uma tarefa coletiva, essencial para enfrentar as dificuldades específicas da região Norte”, afirmou.

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Região Sudeste recebe primeiro encontro da série Giro Descolonial, promovida pela CDH/CFP

A região Sudeste sediou em outubro o primeiro encontro da série Giros Descoloniais, uma das ações da campanha da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (CDH/CFP) e que tem como tema “Descolonizar corpos e territórios: reconstruindo existências Brasis”.

Os Giros Descoloniais têm como objetivo promover encontros territoriais para sublinhar a diversidade nacional e promover diálogos com movimentos e comunidades populares que, por muito tempo, estiveram em posições subordinadas na história e no fazer da Psicologia.

O primeiro encontro da série trouxe como tema violência de gênero e ocorreu no espaço de acolhimento de pessoas LGBTQIA+ Brejo das Sapas, localizado na cidade de Belo Horizonte (MG).

Além de representantes da CDH/CFP, participaram membros das Comissões de Direitos Humanos dos Conselhos de Psicologia do Espírito Santo, de Minas Gerais, do Rio de Janeiro e de São Paulo.

“Desde a idealização da campanha, procuramos refletir sobre o que são os direitos humanos e quem são esses humanos a serem acolhidos e protegidos, sob a perspectiva de que toda e qualquer forma de ser é digna do direito de existir”, pontuou a conselheira federal e representante da CDH/CFP, Nita Tuxá.

Nita Tuxá ressaltou a necessidade de descolonizar a Psicologia a partir dos espaços ocupados pelas existências brasileiras. “Esses não são lugares alternativos, ao contrário. São espaços reais, onde a vida, a ancestralidade e a pertença são pulsadas. A Psicologia precisa ser plural para acolher todas essas demandas”, destacou.

A importância de reconhecer referenciais que dialoguem com a realidade e as existências brasileiras, bem como superar estruturas homogêneas e hierárquicas, também foram enfatizadas pela coordenadora da CDH/CFP, Andreza Costa.
“É como, por exemplo, observar nossa relação com a terra, o vento, o rio. Uma Psicologia mais inclusiva e diversa precisa estar implicada com a compreensão das subjetividades”, refletiu.

Para ela, é essencial pensar sobre as fontes eurocêntricas predominantes na formação científica e profissional da categoria e incluir novas perspectivas locais. “Esses direitos humanos não contemplam corpos indígenas, corpos negros. A concepção para pensar humanidade não contempla existências dissidentes, apenas um grupo específico da sociedade”, destacou a coordenadora da CDH/CFP.

Construção coletiva

O encontro na região Sudeste buscou articular os desafios da violência de gênero aos debates e formulações sobre práticas de descolonização da Psicologia, buscando reconhecer modos e saberes decorrentes do diálogo com coletividades e movimentos sociais em diferentes territórios.

Para a psicóloga voluntária no Núcleo Gotas de Cuidado da Coletiva Mulheres da Quebrada, Fabiane Matias, a experiência dessa rede de apoio pela garantia de direitos de mulheres em vulnerabilidade social evidenciou a importância de ações comunitárias integradas, capazes de fortalecer a redescoberta do ser mulher e do direito ao autocuidado.

Paula Gonzaga, integrante da CDH/CFP e representante do Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais (CRP-MG), afirmou que a construção coletiva da descolonização da Psicologia deve ser constante, reconhecendo as diversas formas de violência e combatendo-as por meio da formulação de estratégias dialogadas.

Para Gonzaga, falar sobre violência de gênero implica pensar nas resistências vivenciadas pelas pessoas que vivem nos territórios. “Cabe ressaltar a violência contra as mulheres negras e periféricas, as mulheres LGBTQIA+ e aquelas que estão vivendo a desigualdade de classe, a situação de rua, o uso abusivo de substâncias”, pontuou.

Mônica Sampaio, integrante da CDH/CFP e representante do Conselho Regional do Rio de Janeiro (CRP-RJ), lembrou que a auto-observação da prática profissional também pode destacar caminhos importantes no enfrentamento à violência de gênero.

“Pensar sobre como temos feito a nossa prática laboral, se estamos reproduzindo essas violências, são aspectos fundamentais para nós que lidamos com mulheres em situação de violência. Tem a ver com nosso compromisso com uma Psicologia inclusiva e consciente das realidades locais”, finalizou.

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Dia Internacional dos Direitos Humanos: CDH/CFP lança podcast “Prosas Descoloniais”

Para celebrar o Dia Internacional dos Direitos Humanos, a Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (CDH/CFP) promove, no dia 10 de dezembro, a partir das 11h30, o lançamento da série especial de podcast Prosas Descoloniais.

A série conta com dez episódios que tratam da descolonização na Psicologia, discutem a viabilidade de uma Psicologia decolonial e celebram as contribuições afrodiaspóricas e pindorâmicas, além de abordar a descolonização das hierarquias regionais na Psicologia brasileira, enfatizando a valorização da identidade e do contexto local para práticas educativas emancipatórias.

O lançamento será mediado pela vice-presidente do CFP, Alessandra Almeida. Para ela, descolonizar a ciência e a prática psicológica convida a categoria ao reconhecimento de produções que foram eclipsadas nos registros da profissão. “É preciso fomentar a discussão de nossos aportes e lentes metodológicas da Psicologia para aproximar nossas perspectivas da realidade em que nos inserimos”, destaca.

A conselheira federal Nita Tuxá, que representará a CDH/CFP no evento, pontua que é fundamental sublinhar a diversidade nacional a partir do diálogo com as maiorias populares. “São grupos populacionais de extrema importância e que por muito tempo estiveram em posições subordinadas na história e no fazer científico e profissional da Psicologia”, ressalta.

Ato virtual

Durante o diálogo também será realizado o ato virtual Criança não é mãe. A mobilização articula o tema à necessidade de combater a colonização dos corpos de meninas, mulheres e pessoas que gestam e contará com a participação de Conselhos de Psicologia de todo o país. O tema está no foco dos debates da PEC nº 164/2012, que retrocede no direito ao aborto, mesmo em casos previstos por lei.

Saiba mais

O podcast Prosas Descoloniais integra o conjunto de ações da Campanha Nacional de Direitos Humanos “Descolonizar corpos e territórios: reconstruindo existências Brasis”, do Sistema Conselhos de Psicologia, que revisita as contribuições afropindorâmicas e latino-americanas que compõem os saberes e as práticas da Psicologia.

Serviço
Prosas Descoloniais: lançamento do podcast da CDH/CFP e ato virtual “Criança não é mãe”
Data: 10 de dezembro
Horário: 11h30
Acompanhe pelo canal YouTube do CFP

Seminário do CFP promove reflexões sobre desigualdades étnico-raciais

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) realizou um diálogo sobre os desafios da Psicologia no enfrentamento das desigualdades étnico-raciais e na construção de práticas antirracistas. O Seminário “(Re)existências Brasis: relações étnico-raciais e o fazer Psi” reuniu na sede da Autarquia, no dia 21 de novembro, psicólogas e psicólogos em um debate sobre as contribuições afropindorâmicas e latino-americanas para as práticas da Psicologia.

A atividade faz parte da campanha nacional “Descolonizar corpos e territórios: reconstruindo existências Brasis”, promovida pelas Comissões de Direitos Humanos do Sistema Conselhos de Psicologia (CDH/CFP).

Na abertura do evento, o presidente do CFP, Pedro Paulo Bicalho, pontuou sobre os processos de subjetivação para transformar a sociedade e inserir as pessoas no mundo como sujeitos de direitos.“É impossível falar de ‘re-existência’ em um país como o nosso sem apontar a importância das relações étnico-raciais no fazer profissional e ético da Psicologia brasileira”, pontuou.

Para a coordenadora da Comissão de Direitos Humanos do CFP, Andreza Costa, o seminário marca “o compromisso que a Psicologia tem para pensar as relações étnico-raciais, as atuações, produções e a nossa presença nesse espaço”.

Marina Dermmam, presidente do Conselho Nacional dos Direitos Humanos, disse ser difícil fazer as práticas de promoção e defesa de direitos humanos de uma maneira institucional no país que carrega marcas muito profundas do colonialismo e da escravidão.“Pensar em ações de equidade, respeito e valorização da diversidade que reverberem, de fato, nas nossas estruturas sociais, institucionais, mas, também subjetivas do país é um grande desafio”, destacou.

Stephany Damaceno, do Ministério da Saúde, contou os desafios da iniciativa ‘Saúde Sem Racismo’ dedicada à tentativa de romper o ciclo de desigualdade racial nas políticas públicas do Sistema Único de Saúde (SUS).“A gente sabe que ainda falta muito para mudar concretamente a vida das pessoas nos territórios, mas a gente tem trabalhado incansavelmente para dar conta e fortalecer a política nacional de saúde integral da população negra nos territórios”, contou.

A conselheira Nita Tuxá comandou o painel que debateu a Psicologia, relações etnorraciais e os novos desafios da contemporaneidade. Para ela, a Psicologia brasileira deve reconhecer outras epistemologias como forma de se tornar uma ciência e profissão que se opõe ao racismo.“Para ser verdadeiramente antirracista, a Psicologia brasileira necessita observar os territórios e as outras formas de existências”, apontou a conselheira.

André Baniwa, assessor da Secretaria de Saúde indígena do Ministério da Saúde, falou sobre as etimologias e os desafios de promover novos termos e acabar com expressões que foram criadas para inferiorização dos povos indígenas, quilombolas e povos tradicionais. “A gente precisa identificar esses termos de inferiorização, que foram historicamente utilizados contra nós, e lutar para acabar com elas e substituí-las”, afirmou.

Integrante da CDH/CFP, Paula Rita Bacelar Gonzaga salientou que a atividade do CFP deve ser tomada como memória da possibilidade do florescimento da Psicologia. “Hoje, nós assistimos pessoas que fazem a Psicologia florescer. Que nós possamos reverenciar a grandeza e a imensidão da negritude e dos povos indígenas brasileiros, reconhecendo as suas trajetórias em vida e repetindo seus nomes com respeito”, destacou.

Para Valter da Mata Filho, membro da Comissão de Psicologia e Relações Étnico Raciais do CRP/BA, o racismo é um fator estressor crônico, com efeitos objetivos e subjetivos, e que podem levar a quadros de ansiedade, depressão e baixa autoestima entre outros problemas de saúde mental. “Os psicólogos devem ser capazes de identificar os impactos desse racismo no cotidiano dos seus pacientes, evitando reproduzir atitudes discriminatórias e promovendo o ambiente de acolhimento e respeito”, apontou.

“As nossas narrativas, os nossos processos de subjetivações, não têm nada de identitário. Na verdade, é uma construção de um projeto político de estado genocida que o tempo inteiro tenta nos embranquecer e negar a nossa existência”, apontou Flávia Danielle da Silva Câmara, pesquisadora do tema de relações raciais durante o encontro.

Premiação

A programação do seminário incluiu a cerimônia de premiação das práticas selecionadas na II Edição do Prêmio Virgínia Bicudo: Práticas para uma Psicologia Antirracista. A premiação foi criada pelo CFP para identificar, valorizar e divulgar estudos e ações desenvolvidas por profissionais da Psicologia, coletivos e grupos que abordam a interface entre Psicologia e Relações Étnico-Raciais, com uma base sólida nos Direitos Humanos.

CFP realiza seminário  sobre relações étnico-raciais e fortalece o compromisso da Psicologia com práticas antirracistas

Na quinta-feira (21), o Conselho Federal de Psicologia (CFP) realizará o Seminário “(Re)existências Brasis: relações étnico-raciais e o fazer Psi” – iniciativa que busca aprofundar o diálogo sobre os desafios da Psicologia no enfrentamento das desigualdades étnico-raciais e na construção de práticas antirracistas. O evento terá início às 14h e contará com transmissão em tempo real pelo canal oficial do CFP no YouTube.

O seminário faz referência à campanha nacional “Descolonizar corpos e territórios: reconstruindo existências Brasis” das Comissões de Direitos Humanos do Sistema Conselhos de Psicologia, que tem como objetivo revisitar e valorizar as contribuições afropindorâmicas e latino-americanas que enriquecem os saberes e as práticas da Psicologia, incentivando um olhar crítico sobre as relações de poder e as desigualdades raciais que atravessam a sociedade brasileira. 

A abertura institucional do evento contará com a presença do presidente do Conselho Federal de Psicologia, Pedro Paulo Bicalho, e da coordenadora da Comissão de Direitos Humanos (CDH/CFP), Andreza Costa. Entre os convidados, participam o chefe da assessoria para Equidade Racial em Saúde, do Ministério da Saúde, Luís Eduardo Batista e a presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), Marina Dermmam.

A atividade inclui ainda o debate “Psicologia, Relações Étnico-Raciais e os Novos Desafios na Contemporaneidade”, mediada pela conselheira do CFP, Nita Tuxá. Participarão do diálogo Paula Rita Bacellar Gonzaga, Andre Baniwa, Flávia Danielle da Silva Câmara e Valter da Mata Filho abordando temas como  justiça e  racismo ambiental, bem como a presença da branquitude nas relações raciais.

Integra também a programação oficial a cerimônia de premiação das práticas selecionadas na II Edição do Prêmio Virgínia Bicudo: Práticas para uma Psicologia Antirracista, que busca identificar, valorizar e divulgar estudos e ações desenvolvidas por psicólogas(os)(es), coletivos e grupos que abordam a interface entre Psicologia e Relações Étnico-Raciais, com uma base sólida nos Direitos Humanos. A atividade será coordenada pela conselheira vice-presidenta do CFP, Alessandra Almeida.

Ao promover este prêmio, o CFP busca também fomentar a divulgação de estudos e práticas bem-sucedidas, ampliando o reconhecimento e a troca de experiências entre profissionais e pesquisadoras(es) que atuam no campo das relações raciais na Psicologia.

Serviço:

Seminário “(Re)existências Brasis: relações étnico-raciais e o fazer Psi”

Data: 21 de novembro

Horário: das 14h às 18h

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