O debate sobre diversidade e luta pela democracia marcou mais uma edição do Fórum Social Mundial (FSM), realizado neste ano em Porto Alegre, entre os dias 23 a 28 de janeiro. Com o tema “Democracia, direitos dos povos e do planeta – Outro mundo é possível”, o encontro reuniu movimentos e organizações sociais do Brasil e de outros países, e contou com a presença do Conselho Federal de Psicologia (CFP) nos diálogos sobre nossa ciência e profissão no campo da proteção e promoção de direitos.
Na terça-feira (24), o presidente do CFP apresentou o diálogo intitulado: “A Psicologia brasileira e o enfretamento às violências decorrentes das denominadas terapias de reversão sexual”, realizado na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Na quarta-feira (25), a vice-presidenta do CFP, Ivani Oliveira, integrou a atividade autogestionada “Possibilidades de atuação da Psicologia na luta antirracista”, no Plenarinho da Assembleia Legislativa. No mesmo dia, os representantes do CFP participaram da Marcha do Fórum Social Mundial. Já na quinta-feira (26), os conselheiros integraram a mesa “Direitos à educação, saúde, cultura, proteção social e à cidade”, durante o Seminário Internacional.
“Não é desde sempre que a Psicologia está presente em espaços de diálogo e reflexão como é o Fórum Social Mundial. Estar aqui hoje concretiza a necessidade da luta que transforma não apenas nossas instituições, mas nossa própria profissão”, ressaltou o presidente do CFP, na quinta-feira (26), em sua participação durante o Seminário Internacional.
Luta por direitos
Além disso, Pedro Paulo Bicalho trouxe reflexões sobre temas importantes para a Psicologia e a sociedade, como o direito à educação, à saúde, à cultura, à proteção e à cidade. “Precisamos colocar em análise o modo como essas questões foram tratadas – em especial nesses últimos anos: uma educação que foi atacada, uma saúde que foi negada, uma cultura que foi invisibilizada, uma proteção desprotegida e uma cidade que parece ser construída apenas para alguns, e não para todas e todos. O tema desta mesa transversaliza as lutas que a Psicologia está comprometida a fazer”.
O presidente do CFP também ressaltou que não é só a desigualdade econômica que torna o Brasil um país desigual. “A nossa desigualdade também é no campo do acesso a direitos e se concretiza nas formas de violência. Somos hoje o quinto país do mundo em feminicídio e o primeiro no número de assassinatos de pessoas LGBTQIA+”.
Psicologia na luta antirracista
A conselheira vice-presidente do CFP, Ivani Francisco de Oliveira, também integrou as atividades do Fórum Social Mundial. No diálogo “Possibilidades de atuação da Psicologia na luta antirracista”, a representante do CFP destacou que não há democracia enquanto houver racismo. “Para vivermos uma sociedade democrática, é necessário que sejam construídas condições de participação igualitária entre pessoas de diversas raças – pessoas brancas, negras e indígenas – e também de diversas identidades e sexualidades”, pontuou.
A conselheira ressaltou os registros e relatos cotidianos de violência contra pessoas negras e pessoas indígenas e “o dever da Psicologia em atuar, como ciência e profissão, para o enfrentamento e a eliminação de toda e qualquer discriminação”, destacando tanto o código de ética da Psicologia como a Resolução CFP nº 18/2002 – que estabeleceu as normas de atuação para as(os) psicólogas(os) em relação ao preconceito e à discriminação racial.
FSM
O Fórum Social Mundial é um espaço privilegiado para a organização social e a construção de alternativas para o desenvolvimento humano. O encontro é realizado desde 2001 e tem contado com participação da Psicologia em diferentes edições na perspectiva das práticas e diretrizes que orientam a profissão na promoção do cuidado integral e da proteção dos direitos. As mais de 150 atividades foram realizadas na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, além de eventos híbridos e virtuais.