Revista PCP publica primeiros artigos de 2024

A Revista Psicologia: Ciência e Profissão (PCP), periódico do Sistema Conselhos de Psicologia, disponibiliza para profissionais de todo o país seus primeiros artigos de 2024. Representações sociais da maternidade, trabalho escravo contemporâneo e subjetividades, dependência da internet por crianças e adolescentes, e estresse ocupacional entre profissionais da Psicologia fazem parte dos temas abordados nos textos recém-publicados.

Este ano, a revista completa 45 anos e, para marcar a data, lançou em  fevereiro seus canais oficiais no Instagram e no Facebook, visando ampliar o acesso de psicólogas e psicólogos ao conteúdo científico da Revista.

O material reúne mais de 60 artigos do fluxo contínuo com temáticas relacionadas à atuação profissional da(o) psicóloga(o), à pesquisa, ao ensino e  à reflexão crítica sobre a produção de conhecimento no campo da Psicologia. 

Sobre a Revista PCP

Criada por meio da Resolução CFP 26/1979, a Revista Psicologia: Ciência e Profissão é uma publicação científica de excelência internacional, classificada com a nota A2 no sistema Qualis de avaliação de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) do Ministério da Educação.

Sua principal missão é contribuir para a formação profissional da(o) psicóloga(o) brasileira(o), assim como disseminar  o conhecimento produzido por aquelas(es) que pesquisam e/ou atuam na área da Psicologia.

Neuza Guareschi. conselheira do CFP e editora do periódico, explica que, para 2024, há uma grande expectativa em relação aos conteúdos. “Este número vai ser histórico. Iremos abordar os temas do Sistema Conselhos de Psicologia, como este foi se criando, se implementando e se desenvolvendo em várias áreas, tanto na estrutura de institucionalização como nas suas áreas de atividades para a categoria; quais foram as grandes questões que o Sistema Conselhos e o CFP, principalmente, tiveram que enfrentar e como foram se posicionando politicamente em trabalhos e ações para a categoria”, justifica. 

A conselheira ressalta ainda que o volume marca os 45 anos da Revista PCP, citando que haverá  um artigo especial sobre o CFP e os Conselhos Regionais de Psicologia e seus papéis na produção do  conhecimento.

Para os próximos meses, Neuza Guareschi explica que pretende continuar a desenvolver uma série de aperfeiçoamentos, aprimorando ações na própria estrutura da revista, nos conteúdos e na divulgação. “Estamos trabalhando os itens da revista naquilo que diz respeito tanto às informações para os autores como naquilo que diz respeito a esse periódico enquanto material que está  dentro do mundo científico da Psicologia e que também se posiciona de uma forma ética naquilo que estamos construindo de uma ciência aberta. Uma série de modificações estão sendo colocadas: dos seus informes, das suas orientações e do seu modo de publicação. Isso é, principalmente, o objetivo que estamos desenvolvendo para a qualificação deste periódico”,elucida.

Ainda no âmbito das celebrações da Revista PCP, está prevista para este ano uma edição especial sobre os 50 anos do Conselho Federal de Psicologia (CFP).

Confira a íntegra dos 12 primeiros artigos publicados pela Revista PCP em 2024:

Significados Atribuídos por Mulheres com Câncer de Mama ao Grupo de Apoio

Câncer Materno: A Compreensão da Criança e suas Representações

Trabalho Escravo Contemporâneo e Subjetividade: Considerações Psicossociais sobre Narrativas de Escravizado(a)s

Representações Sociais sobre Maternidade na Reprodução Humana Assistida: Discursos de Mulheres Inférteis

CREAS e Covid-19: Desafios e Perspectivas da Psicologia no Norte de Minas

Prevalência de Dependência da Internet e Fatores Psicológicos em Adolescentes durante a Pandemia de Covid-19

A Fase Terminal do Filho com Câncer: Percepções dos Profissionais Hospitalares

Demandas e Recursos para Predição da Síndrome de Burnout em Psicólogos Clínicos

Estresse Ocupacional entre Psicólogos Atuantes na Atenção Primária à Saúde no Contexto Pandêmico

Paternidade com Filhos entre 2 e 10 Anos de Idade: Propriedades Psicométricas do IFI-BR-27

Estresse e Enfrentamento das Dificuldades em Universitários da Área da Saúde

Avaliação e Ensino de Emoções com Crianças e Jovens Adultos com Autismo ou Síndrome de Down Mediado pela Família

Nota de Pesar – Rosa Maria Stefanini de Macedo

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) manifesta pesar pelo falecimento da psicóloga Rosa Maria Stefanini de Macedo, pesquisadora com ampla atuação em Psicologia Clínica e terapia de casais.

Formada pela Academia Paulista de Psicologia, Rosa Macedo foi presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP) na gestão 1992 – 1994. Foi também coordenadora do GT Família e Comunidade, um dos primeiros grupos de trabalho propostos para promoção da pesquisa, do ensino e da participação nas políticas de Pós-Graduação em Psicologia do Brasil.

Entre outros importantes espaços, foi coordenadora do Núcleo de Família e Comunidade (NUFAC) do Programa de Estudos Pós-graduados em Psicologia Clínica; coordenou o curso de especialização em Terapia Familiar e de Casal da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Rosa Macedo era professora emérita de Psicologia do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica da Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde da PUC-SP.

A pesquisadora contribuiu para a formação de muitas(os) terapeutas de família e de casal, sendo autora de diversos livros e artigos científicos na área e ajudando a consolidar o desenvolvimento da Psicologia e do campo da Terapia Familiar e de Casal no Brasil.

O CFP expressa pesar por essa perda para a comunidade da Psicologia e leva suas condolências a familiares, amigas(os) e ex-alunas(os) de Rosa Maria Stefanini de Macedo.

Nota de Pesar – Saulo de Freitas Araújo

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) manifesta pesar pelo falecimento do psicólogo Saulo de Freitas Araújo, profissional de referência no campo da Psicologia e Filosofia.

Formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), com mestrado em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos e doutorado em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas / Universität Leipzig, Saulo de Freitas atuava como professor Associado do Departamento de Psicologia da UFJF e também foi diretor do NUHFIP (Núcleo de História e Filosofia da Psicologia Wilhelm Wundt) da UFJF.

Ao longo de sua trajetória, Araújo reuniu uma expressiva experiência nas  áreas de História e Filosofia da Psicologia, Teorias e Sistemas em Psicologia, atuando principalmente no pensar acerca da evolução do projeto de uma Psicologia científica e mente-cérebro na filosofia e na Psicologia.

O CFP expressa pesar por essa perda para a comunidade da Psicologia e leva suas condolências aos familiares e amigos de Saulo de Freitas Araújo.

Orientação e ética: CFP realiza 1º encontro regional de comissões do Sistema Conselhos 

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) realizou nos dias 25 e 26 de abril o 1º Encontro Regional das Comissões de Etica (COEs) e de Orientação e Fiscalização (COFs) do Sistema Conselhos.

A atividade reuniu em Brasília/DF representantes dessas  comissões no âmbito dos  Conselhos Regionais de Psicologia da Região Centro-Oeste: Distrito Federal (CRP-01), Goiás (CRP-09), Mato Grosso do Sul (CRP-14) e Mato Grosso (CRP-18).

Esse foi o primeiro da série de eventos que serão realizados nas cinco regiões brasileiras como ação  do Planejamento Estratégico do XIX Plenário do CFP. Até então, o CFP realizava somente um encontro nacional dessas comissões uma vez ao ano. 

Durante a atividade, o presidente do CFP, Pedro Paulo Bicalho, destacou a importância da Secretaria de Orientação e Ética do Conselho Federal na interlocução com os demais conselhos de Psicologia, frisando ainda a relevância desses encontros para oportunizar  o debate da dimensão ética da profissão, que precisa olhar o próprio cotidiano.

O presidente do CFP abordou também o desafio em dialogar com a categoria aspectos sobre a organização do Sistema e as questões de ética e fiscalização da profissão.”Uma parte considerável da categoria não conhece o  Código de Processamento Disciplinar e não faz ideia que existem resoluções e um Código de Ética. Portanto, não é simples a nossa tarefa”. 

Ainda na avaliação de Pedro Paulo Bicalho, a diversidade brasileira e a complexidade da formação profissional impactam sobremaneira o cenário da prática de psicólogas e psicólogos no país, “mas a gente acredita que apostar no campo da regulamentação ética é apostar na proteção da sociedade brasileira. Queremos uma Psicologia que não produza malefícios para a nossa população”, complementou.

Para a conselheira Obadeyi Carolina Saraiva, coordenadora da SOE/CFP,  os encontros regionais representam uma demanda antiga do Sistema Conselhos de Psicologia para a troca de experiências e a realização de ações que são promovidas  pelos CRPs no campo da orientação, fiscalização e ética. “Estarmos com vocês, CRPs, é mais para trocarmos conhecimento e aprendermos do que qualquer outra coisa”, reforçou.

Carolina Roseiro, conselheira do CFP que também faz parte da Secretaria de Orientação e Ética do CFP, ao abordar sua própria trajetória no Sistema Conselhos, em especial na COF do CRP-ES, destacou o objetivo principal do encontro no aspecto da fiscalização. “Esses encontros são importantes para podermos alinhar as perspectivas. Nós temos resoluções que são construídas no processo cotidiano  do exercício profissional da Psicologia, mas  essas resoluções nunca vão dar conta de tudo que abarca o trabalho de fiscalização e a nossa realidade de trabalho muda constantemente. Então, precisamos manter esses encontros e espaços para nos alinharmos em relação a essas mudanças”, frisou.

Programação do Encontro

A programação contou com momentos de diálogo conjunto com COEs e COFs na mesma sala, e outros momentos de diálogos separados de pautas mais específicas só para COEs ou só para COFs.

As duas comissões discutiram conjuntamente orientações para responsáveis técnicos e Pessoas Jurídicas; elaboração e guarda de documentos psicológicos; exercício irregular; perícia psicológica; mediação; limites das notificações e Termos de Ajuste de Conduta – TACs, entre outros.

As COFs abordaram temas como a orientação relacionada aos contextos de Transtorno do Espectro Autista (TEA); Sistema de Avaliação de Práticas Psicológicas Aluízio Lopes de Brito (SAPP); Psicoterapia; estágios; Resolução CFP nº 17/2022, enquanto as COEs trataram de instrução processual; penalidades; prescrição processual; prova emprestada, orientações para o envio de recurso ao CFP,  processos funcionais e Código de Processamento Disciplinar (CPD),  entre outros.

Confira a agenda dos próximos encontros:

Região Nordeste

Fortaleza/CE

6 e 7 de junho

Região Norte

Manaus/AM

20 e 21 de junho

Região Sudeste

Belo Horizonte/MG

25 e 26 de julho

Região Sul

Curitiba/PR

5 e 6 de agosto

Acesse a galeria de fotos do 1º Encontro Regional da Região Centro-Oeste das COEs e COFs 2024.

CFP sedia reunião da CISM

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) sediou, entre os dias  26 e 27 de março, reunião da Comissão Intersetorial de Saúde Mental (CISM) do Conselho Nacional de Saúde (CNS). 

O encontro foi o primeiro após a 5ª Conferência Nacional de Saúde Mental (CNSM), realizada em dezembro de 2023, e teve como foco o planejamento de ações a serem realizadas ao longo deste ano tendo como referência os debates e diretrizes da 5a CNSM. 

A reunião também foi a primeira tendo o conselheiro do CFP  Gabriel Figueiredo à frente da coordenação da CISM. Figueiredo substitui a psicóloga e ex-conselheira do próprio CFP, Marisa Helena Alves.

Além de elaborar plano de trabalho para 2024 a partir das deliberações da 5ª Conferência Nacional de Saúde Mental, bem como da Resolução CNS com diretrizes da própria conferência, a CISM também definiu calendário de ações temáticas.

Entre elas está a realização de atividade comemorativa aos 23 anos da lei que instituiu a Reforma Psiquiátrica no Brasil (Lei 10.216/2001) – celebrados em 18 de maio, Dia da Luta Antimanicomial.

“O objetivo é fazer um resgate do histórico da política de saúde mental desde a reforma psiquiátrica, refletindo sobre os desafios que a lei, os movimentos sociais e os usuários da rede têm vivenciado nesses 23 anos. É preciso fazer este resgate histórico e essa reflexão”, destaca o conselheiro do CFP e coordenador da CISM, Gabriel Figueiredo.

Sobre a CISM

A Comissão Intersetorial de Saúde Mental (CISM) do Conselho Nacional de Saúde (CNS) foi instituída em 1999 para acompanhar a Política Nacional de Saúde Mental, fornecendo subsídios ao CNS e garantindo o fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). As ações da CISM buscam garantir a continuidade do modelo de atenção em saúde mental (desinstitucionalização) e da reforma psiquiátrica.

A comissão acompanha a implementação da Lei nº 10.216/2001, que dispõe sobre a proteção e o direito das pessoas com transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. A comissão também monitora as ações da Rede de Cuidados em Saúde Mental, Crack, Álcool e outras Drogas, que prevê os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), os Serviços Residenciais Terapêuticos, os Centros de Convivência e Cultura, as Unidades de Acolhimento e os leitos de atenção integral em Hospitais Gerais.

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Consulta pública CREPOP:  Referências Técnicas para atuação de Psicólogas em Políticas Públicas de Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos

O Conselho Federal de Psicologia (CFP), por meio do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP), abre consulta pública, no período de hoje (15/4) até 19 de maio, para que as(os) psicólogas(os) de todo o país possam contribuir com a futura publicação “Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas(os) em Políticas Públicas de Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos”.

A consulta pública é uma das etapas que antecedem o lançamento de uma referência técnica para orientar profissionais da Psicologia de todo o país. O objetivo desta fase é que psicólogas e psicólogos possam fazer contribuições a fim de aprimorar o documento, tornando o processo de elaboração mais democrático e participativo. 

Passo a Passo da Consulta Pública

Para participar da consulta pública “Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas(os) em Políticas Públicas de Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos”, é preciso seguir as seguintes orientações:

1) Baixe e leia a versão preliminar do texto destinado à consulta pública – acesse aqui o documento.

2)Em seguida, acesse o link do formulário (https://forms.gle/JkMSY8Hukg7FbLzf7) e faça suas contribuições ao documento, considerando cada eixo que organiza a Referência Técnica.

A consulta pública ficará aberta até 19 de maio de 2024. Após o término do prazo, todas as contribuições ao texto preliminar serão enviadas à comissão de especialistas, que trabalhará para construção da versão final para publicação.

Sobre o Crepop

O Centro de Referências Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop) é uma iniciativa do Sistema Conselhos de Psicologia (CFP e CRPs) voltada a promover a qualificação da atuação profissional de psicólogas e psicólogos que atuam nas diversas políticas públicas.

Além de um papel técnico, o Crepop tem um importante papel ético e político. Ético no que tange à qualificação profissional, orientando um fazer alinhado com a garantia de direitos e a transformação de vidas. Político por se tratar de um espaço que demarca as contribuições da Psicologia para o campo das políticas públicas, voltadas para a transformação social.

Acesse o site do Crepop e confira as Referências Técnicas já lançadas: https://crepop.cfp.org.br

FENAMI organiza conferência livre para debater a saúde das populações migrantes

A Frente Nacional pela Saúde de Migrantes (FENAMI) realiza no próximo sábado (23) a 2ª Conferência Nacional Livre de Saúde das Populações Migrantes (2º CNLSPM). 

Realizado de forma on-line, o evento conta com o apoio do Conselho Federal de Psicologia (CFP), representado na FENAMI pela psicóloga Rima Awada Zahra, e integra uma série de atividades preparatórias para a II Conferência Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia (COMIGRAR), que ocorre entre 7 e 9 de junho sob promoção do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

A 2º CNLSPM pretende resgatar o acúmulo de três anos de mobilizações e debates acerca do tema para contribuir com a proposição de novas ações e políticas na área, dialogando com a II COMIGRAR. Sua primeira edição, em 2023, mobilizou 876 pessoas em 19 cidades e 12 estados, além do Distrito Federal (DF).

As inscrições para a  2ª Conferência Nacional Livre de Saúde das Populações Migrantes são gratuitas e devem ser realizadas por meio de formulário eletrônico.  

Serviço

2ª Conferência Nacional Livre de Saúde das Populações Migrantes (2º CNLSPM)

Data: 23/03/2024

Modalidade: on-online

Horário: a partir das 13h30

Informações e inscrições em: https://www.even3.com.br/ii-conferencia-nacional-livre-de-saude-das-populacoes-migrantes/

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CFP elege propostas e pessoas delegadas para a II COMIGRAR

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O Conselho Federal de Psicologia (CFP) realizou no dia 13 de março a Conferência Nacional Livre de Psicólogas(os) que atuam com Migração, Refúgio e Apatridia

A iniciativa teve como objetivo mobilizar psicólogas e psicólogos que atuam no tema para participação na 2ª Conferência Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia (II COMIGRAR)  – que vai acontecer entre 7 e 9 de junho deste ano, sob a organização do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

A conselheira-secretária do CFP, Izabel Hazin, frisou que o Brasil foi historicamente forjado pelas migrações. Antes de se constituir como Estado independente, destacou, o país passou por um processo colonizador português, recebeu escravizados africanos e, posteriormente, acolheu pessoas de diversas nacionalidades. Segundo ela, o processo migratório não se refere apenas a um deslocamento físico, mas trata-se também de um espaço qualificado em muitos sentidos, como o social, o econômico, o político e o cultural. 

“Os deslocamentos e os encontros interculturais constituem-se como desafios subjetivos profundos para migrantes, refugiados e apátridas, assim como para as sociedades que os recebem”, ressaltou Izabel Hazin ao destacar que o fluxo migratório exige que as nações estejam preparadas para acolher essas pessoas de modo a evitar situações de discriminação, estigmatização, patologização e hostilidade. “Implica em uma vivência singular que sempre será atravessada por referências de classe, gênero, raça, etnicidade e nacionalidade”, asseverou. 

Clarissa Paranhos Guedes, conselheira que também representou o CFP na atividade, chamou a atenção para a necessidade urgente de colocar em debate esses temas dada a intensificação dos conflitos civis e militares, bem como as situações climáticas que levam as pessoas a se deslocarem forçadamente, sobremaneira, aquelas residentes nas periferias mais pobres do mundo. 

A conselheira também pontuou que, para a Psicologia, representa um grande desafio se consolidar como uma profissão capaz de acolher as pessoas migrantes, ressaltando a atuação da categoria nas políticas relacionadas a essa temática junto a outras profissões, pautando-se os desafios quanto às questões psicossociais.“Para nós, do Conselho Federal de Psicologia, é muito importante reafirmar o nosso compromisso ético-político com a promoção dos direitos de todas as pessoas porque nenhum humano é ilegal e migrar é um direito”, acrescentou.

A psicóloga Rima Awada, que representa o CFP na Frente Nacional pela Saúde de Migrantes (FENAMI), salientou que as(os) profissionais da Psicologia precisam refletir sobre os impactos do deslocamento forçado, uma vez que essa questão transversaliza uma série de violações de direitos. “A partir da migração, podemos falar de xenofobia, racismo, pobreza, colonialismo, genocídio, censura, necropolítica e tantas outras camadas de violência”, apontou.

Para Rima, os impactos psicológicos e sociais de emergências, seja por conflitos ou desastres, podem ter repercussões a curto prazo, de forma mais aguda, e podem minar a saúde mental e o bem estar psicossocial a longo prazo. As condições sobre as quais as migrações acontecem, prosseguiu a psicóloga, implicam resultados complexos e, portanto, as soluções são multidisciplinares, sendo imprescindível valorizar toda a multiplicidade de vozes e de atores envolvidos. “A desumanização é a maior crise que vivemos”, lamentou a psicóloga.

“A migração é uma pauta transversal”, garantiu o conselheiro Henrique Galhano Balieiro, do Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais (CRP-MG), ao afirmar a relevância de discutir o assunto de forma associada a outras temáticas, como infância e adolescência, por exemplo. Além disso, pontuou que a Psicologia está implicada na medida em que participa ativamente do processo de acolhimento dessas pessoas em contexto de migração, refúgio e apatridia. “É um tema tão urgente que foram cadastradas junto ao Ministério da Justiça mais de cem conferências livres”, reforçou.

As especificidades inerentes à governança e à participação social foram detacadas por Rocio Bravo Shuña, da Rede de Mulheres Cis Imigrantes Lésbicas, Bissexuais e Pansexuais e Pessoas Trans (Rede MILBi+), que pontuou a necessidade de operacionalização das políticas sobre o tema, de modo que tais mecanismos possam garantir a migrantes, refugiados e apátridas os seus direitos. “É crucial que essas políticas sejam inclusivas e sensíveis a questões de gênero e outras interseccionalidade, como crianças, mulheres, pessoas LGBTQIA+ e migrantes, que frequentemente enfrentam múltiplas formas de discriminação e violação de direitos”, salientou.

Resultados do encontro

A Conferência Nacional Livre organizada pelo Conselho Federal de Psicologia recebeu mais de 500 inscrições, entre psicólogas(os), estudantes de Psicologia e pessoas de outras áreas de formação das mais diversas nacionalidades – como Brasil, Bolívia, Peru, Cabo Verde, Chile, Colômbia, Haiti, Itália, Rússia e Uruguai. 

Desse total, 246 participaram efetivamente do evento, sendo 164 psicólogas(os), 70 estudantes e 12 representantes de outras áreas. As(os) participantes elencaram 30 propostas, que serão encaminhadas para a 2ª Conferência Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia.

A atividade também resultou na seleção de três pessoas delegadas para a II COMIGRAR, sendo duas peruanas e uma chileno-palestina. 

A íntegra da atividade promovida pelo CFP pode ser acessada no YouTube do Conselho Federal de Psicologia.

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CFP realiza encontro para debater ações relacionadas à saúde mental dos povos indígenas

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) realizou no dia 8 de março um encontro com representantes do poder público e de organizações da sociedade civil para debater a saúde mental da população indígena no país. 

Além de propor estratégias de atuação na área, a atividade também colocou sob perspectiva a criação de um fórum permanente para reflexões sobre o assunto, bem como a possibilidade de organização de um seminário para tratar a fundo a temática.

Durante o evento, a conselheira Nita Tuxá, que também é uma das conselheiras de referência da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Autarquia, destacou as ações do CFP relacionadas à questão indígena, mencionando as Referências Técnicas Referências Técnicas para atuação de psicólogas(os) junto aos Povos Indígenas”  – material produzido no âmbito do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP). 

Entretanto, a conselheira ponderou que a Psicologia brasileira ainda precisa avançar em relação ao acolhimento dessa população. “A gente está falando de profissionais que ainda não conhecem a nossa história. Não conhecem as nossas lutas, as violências que sofremos, o que a gente faz simplesmente para viver e existir”, reforçou.

Nita também frisou a importância de visibilizar a cultura e os saberes tradicionais, apresentando o movimento de jovens indígenas que utilizam-se de diferentes formas de expressão para revelarem suas dores e fragilidades associadas à saúde mental. A conselheira explicou ainda que o Conselho Federal vem potencializado esse debate e, entre os marcos, pontuou que, pela primeira vez na história do CFP, uma indígena psicóloga integra o plenário da Autarquia. 

Relatos de violências

Representantes das entidades presentes na reunião relataram casos de violência vivenciados por suas comunidades e familiares. O jornalista Anápuáka Tupinambá afirmou que seu filho, estudante de Psicologia, constantemente se vê obrigado a dialogar sobre sua própria identidade em movimento ao perceber atitudes racistas. “Fala-se do contraste entre os estigmas da identidade indígena, como se fosse harmoniosa, tranquila, equilibrada com a natureza, e a realidade concreta é de próprio sofrimento”, apontou. 

Kretã Kaingang, da ARPIN Sul/APIB, fez alusão aos professores e à troca de saberes dentro da comunidade. Ele também relatou sobre processos pessoais que tem vivido, como a relação de ser uma pessoa indígena no movimento e suas famílias no sentido de que passam mais tempo dedicados à luta do que em momentos com o círculo familiar. Partilhou ainda que esse lugar de destaque no movimento indígena o torna parecido com um “personagem”. Para ele, o falecimento de sua filha revelou o quanto é necessário dialogar com os jovens e ter profissionais para abordar a saúde mental. “Nossa população é bem menor que a população brasileira geral, mas os índices de suicídio são maiores. E, para nós, cada perda é muito dolorida porque a perda da minha filha não foi apenas eu que senti. Meus amigos, parentes sofreram junto comigo. Então, a gente precisa de alguma maneira pensar na questão da saúde mental dos povos indígenas”.

Kretã partilha que tem dificuldade de chorar. Relata sobre processos íntimos que tem vivido nesse processo. Reflete sobre a relação entre as lideranças indígenas e suas famílias, no sentido de que passam mais tempo dedicados à luta do que, em momentos, com o círculo familiar. Partilha que esse lugar de destaque no movimento indígena, o torna parecido com um “personagem”. Entende que o falecimento de sua filha revela um processo de abandono dos professores e falta de acompanhamento psicológico. Relata sobre uma reunião sobre saúde mental, organizada pela ArpinSul, e que foi invadida por hackers. Entende que há uma dimensão de ataques aos indígenas que é, eminentemente, psicológica. Exemplifica que os ataques à casas de reza, por exemplo, são ataques psicológicos. Aponta o quão é difícil que lideranças indígenas possam expressar seus sentimentos. 

Danilo Tupinikim da APIB (Coletivo Tybyra) falou sobre a primeira experiência de homofobia que viveu no território e que a colonização segue impactando os povos indígenas para replicarem as violências contra pessoas LGBTQIA+PN. Ponderou também que os povos indígenas recebem muita pressão sobre a salvaguarda da vida e da natureza, mas poucas pessoas se preocupam com as condições de saúde mental destas pessoas. 

Além do CFP, o encontro contou com representantes da Comissão Intersetorial de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas do Conselho Nacional de Saúde (CNS); do Ministério dos Povos Indígenas; do Projeto Xingu, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); do Conselho Indigenista Missionário; ARPIN Sul; da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil APIB (APIB), do Coletivo Tybyra; da Secretaria de Saúde Indígena dos Ministério da Saúde (SESAI-MS); da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI); e da Articulação Brasileira de Indígenas Psicólogos/as (ABIPSI).

Uma nova reunião deve ocorrer no próximo mês, durante o “Acampamento Terra Livre” para acertar o calendário de atividades do grupo.

Inscrições abertas para o XI CBPOT

O XI Congresso Brasileiro de Psicologia Organizacional e do Trabalho (CBPOT) será realizado na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) acolhe, entre os dias 16 e 19 de julho.

Organizado pela Associação Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho (SBPOT), o encontro apresenta como tema “Futuro sustentável do trabalho: decente, digno e com igualdade”, visando dialogar com a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) – com destaque para o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 8, que busca promover o crescimento econômico inclusivo e sustentável para todas as pessoas.

A iniciativa pretende fortalecer a Psicologia Organizacional e do Trabalho no país, bem como divulgar pesquisas científicas, programas de intervenção e relatos de experiências na área. Figuram ainda entre as metas do congresso a aplicação do conhecimento científico na vida cotidiana, o desenvolvimento de vínculos entre as(os) participantes para facilitar a colaboração em projetos de interesse comum e o intercâmbio deste campo do conhecimento com áreas afins.

As inscrições já estão abertas e devem ser realizadas no site do evento. A submissão de trabalhos, que também necessita de inscrição prévia e deve ser efetivada até a próxima sexta-feira (15).

Sobre a SBPOT

A Associação Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho (SBPOT) foi criada em 2001 com propósitos científicos e educacionais com a finalidade de promover a produção e divulgar o conhecimento científico e tecnologias na área de Psicologia Organizacional e do Trabalho. 

A entidade integra o Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira (FENPB).

Saiba mais:

XI Congresso Brasileiro de Psicologia Organizacional e do Trabalho (CBPOT)

Tema: “Futuro sustentável do trabalho: decente, digno e com igualdade” 

Data: 16 a 19/07/24

Local: Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, Rio de Janeiro / RJ.

Inscrições e outras informações: www.cbpot2024.sbpot.org.br/