Artigo trata da intervenção da Psicologia em universidade

Apresentar uma experiência profissional que faz uma avaliação crítica da intervenção em Psicologia em uma Instituição Federal de Ensino (IFE) na Amazônia Ocidental do Brasil. Essas e outras reflexões estão presentes no artigo “A Intervenção em Psicologia em uma Universidade na Amazônia Sul Ocidental”, redigido pela professora da Universidade Federal do Acre (UFAC) e ex-conselheira do CFP, Madge Porto. O artigo faz parte da edição 37.4 da revista Psicologia: Ciência e Profissão.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) publica artigos da revista no site e nas redes sociais – a versão eletrônica da Psicologia: Ciência e Profissão está na SciELO – para disseminar o conhecimento científico para a categoria e a sociedade.

De acordo com o artigo, a estratégia foi apresentar um projeto de trabalho no qual a ação principal seria a promoção à saúde, ao mesmo tempo que os relatórios das atividades desenvolvidas eram entregues sistematicamente, demonstrando a partir de resultados, como os níveis baixos de procura e níveis altos de evasão e de custo, que a proposta da gestão não seria a melhor estratégia.

A crítica da pesquisadora é de que atividades de promoção e prevenção em saúde, com trabalhos em grupo substancialmente, precisariam ser objetivo principal da intervenção em Psicologia em uma universidade. Segundo ela, uma política pública que quer intervir apenas nos sintomas e não nas causas destes apresenta-se como apoio ao desmonte das universidades públicas.

As ações propostas para cuidar da saúde dos servidores e servidoras e estudantes se tornam uma intervenção sem impacto significativo na instituição e que não contribuem para a afirmação da universidade gratuita, de qualidade, laica e socialmente referenciada, estando, assim, corroborando para o seu desmonte e, em curto prazo, possibilitar a privatização no lugar de efetivamente contribuir para a construção de uma educação de qualidade.

Em entrevista, Madge Porto conta mais detalhes do artigo:

O que a motivou a fazer a pesquisa sobre esse tema?

O que me motivou foi registrar uma experiência que se deu em um estado da Região Norte e que mostra a dificuldade de romper com modelos institucionais que se impõe mesmo depois de muitas tentativas de promover mudanças.

 

Quais os resultados que você destaca desse levantamento?

Gestores e gestoras da educação ainda pensando que o papel de psicólogas nas políticas de educação é “tratar” as alunas e alunos que têm “problemas”, como se não tivessem nenhuma responsabilidade e sem fazer nenhum tipo de auto-avaliação. Outra questão é a conduta de gestores e gestoras que chamam os profissionais especialistas, mas desconsideram os conhecimentos desses e impõem sua política.

Na sua opinião, quais tipos de contribuições a Psicologia pode dar para uma melhor qualidade da intervenção nas políticas públicas de educação superior?

A Psicologia tem uma importante contribuição nas políticas de educação superior em ações de promoção e prevenção em saúde mental de forma a oferecer possibilidades para que as e os estudantes possam cursar seus cursos da melhor forma por encontrarem apoio nos momentos difíceis como quando ingressantes ou concluintes ou em situações de conflito ou crise, de forma a não ter sua oportunidade de estudo limitada por qualquer tipo de sofrimento psíquico.

Leia na íntegra o artigo “A Intervenção em Psicologia em uma Universidade na Amazônia Sul Ocidental”

Ano da Formação em Psicologia

A Região Nordeste continua a série discussões preparatórias para o Encontro Nacional do Ano da Formação em Psicologia, marcado para maio de 2018, em Brasília. Este terceiro encontro acontecerá em Olinda (PE), no dia 7 de abril, na Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (Facho).

O objetivo dos encontros regionais é produzir e eleger propostas para a etapa nacional. As propostas são componentes das diretrizes curriculares nacionais para os cursos de graduação em Psicologia que deverão nortear a formação profissional.

As inscrições são gratuitas e deverão ser feitas pela internet. Informações poderão ser obtidas exclusivamente pelo Facebook, no endereço: https://www.facebook.com/events/1190878781049296/

 

Convite das conselheiras do Nordeste

As conselheiras Ana Sandra Fernandes, Clarissa Guedes e Andrea Esmeraldo, todas oriundas da Região Nordeste, abordam a importância dos encontros do Ano da Formação em Psicologia.

A vice-presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Ana Sandra Fernandes, aborda a importância dos encontros preparatórios destacando que tipo de psicólogas e psicólogos nós queremos e que Psicologia a categoria quer para a sociedade brasileira. “Então é um ano muito importante para que a gente possa discutir a formação, as diretrizes curriculares nacionais. Portanto, psicólogos e estudantes, procurem seus conselhos regionais, os sindicatos, participem desta discussão”, ressalta.

A conselheira Clarissa Guedes destaca que os encontros são momentos importantes para a profissão, no sentido de repensar a formação em Psicologia. “Convido, especialmente, para que a gente possa refletir nossa atuação nas políticas públicas, que é o campo onde nós mais atuamos, e, muitas vezes, não faz parte das discussões nas salas de aula e nas universidades”, reforça.

A conselheira Andrea Esmeraldo também reafirma a importância do pensar a Psicologia brasileira, da formação, da construção da psicóloga e do psicólogo como profissionais. “Faço esse convite para dialogarmos sobre a realidade brasileira, das políticas públicas, em especial, da assistência social. Incluir a Assistência Social e o fazer profissional desta política nesses currículos na nossa formação como psicólogas”, complementa.

 

Confira os vídeos das conselheiras:

Ana Sandra Fernandes:

Clarissa Guedes:

Andrea Esmeraldo:

 

Acompanhe o cronograma dos próximos encontros regionais

Sul – Santa Catarina – 14 de abril

Sudeste – São Paulo – 21 de abril

Mobilizar docentes, estudantes e profissionais

A proposta do Conselho Federal de Psicologia, da Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (Abep) e da Federação Nacional dos Psicólogos (Fenapsi), coordenadores do processo nacional, é mobilizar docentes, estudantes e profissionais para construir propostas para as novas diretrizes.

As propostas elaboradas durante os encontros regionais serão colocadas, sob consulta pública, nos sites do CFP, da Abep e da Fenapsi até 20 de maio. O resultado final da consulta será publicado no dia 10 de junho e as contribuições serão submetidas ao Ministério da Educação (MEC) no dia 30.

 

Saiba mais sobre o Ano da Avaliação em Psicologia.

Assista aos vídeos com depoimentos de profissionais da Psicologia convidando a categoria para participar dos encontros.

Edição 38.1 da Revista Psicologia: Ciência e Profissão está disponível

O primeiro número de 2018 da Revista Psicologia: Ciência e Profissão, edição 38.1, está disponível na plataforma SciELO e, em breve, chegará às bibliotecas das universidades e faculdades com cursos de Psicologia de todo o Brasil. O compromisso da PCP é promover diálogos entre prática profissional, formação e pesquisa, de forma a contribuir para a produção de conhecimento em Psicologia e para o enfrentamento dos desafios impostos pela conjuntura política e econômica do país.

Nesta publicação, a editora Neuza Guareschi aborda em seu texto “Ética, Política e Práticas Profissionais” que uma reflexão sobre ética, política e a prática profissional em Psicologia é extremamente oportuna e bastante associada à crise institucional pela qual passa o País. Ela destaca como exemplos o não respeito à diversidade, à diferença, ou de como a prática profissional precisa ser pensada para a alteridade e não para um seqüestro e tortura deste outro. Segundo ela, a decisão judicial sobre a Resolução no 001/1999 se encaixa nesse contexto.

Excelência

Editada desde 1979, a “Psicologia: Ciência e Profissão” é uma publicação científica de excelência internacional, classificada com a nota A2 no sistema Qualis de avaliação de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) do Ministério da Educação. Atualmente, a revista está indexada nas bases da SciELO; Lilacs (Bireme); Clase; Latinex; PsycINFO; Redalyc; e Psicodoc.

Confira a edição 38.1.

Leia o editorial “Ética, Política e Práticas Profissionais”

Leia todas as edições da Revista Psicologia: Ciência e Profissão

 

Lei 13.431/2017 – Depoimento Especial e Escuta Especializada

A assistência e a proteção à criança e ao adolescente em situação de violência serão discutidas sob a ótica da proteção integral e da ética.

As discussões em torno da norma, sancionada em 4 de abril de 2017, será tema do Diálogo Digital desta terça-feira (27), na sede do Conselho Federal de Psicologia (CFP), em Brasília. O evento será transmitido ao vivo, via Facebook e Youtube.

A legislação normatiza e organiza o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência, cria mecanismos para prevenir e coibir a violência, nos termos do Art. 227 da Constituição Federal, da Convenção sobre os Direitos da Criança e seus protocolos adicionais, da Resolução no 20/2005 do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas e de outros diplomas internacionais. Estabelece, ainda, medidas de assistência e proteção à criança e ao adolescente em situação de violência.

O Diálogo Digital será mediado pelo presidente do CFP, Rogério Giannini, e terá as participações da procuradora de Justiça do Estado de São Paulo, Maria Regina Fay de Azambuja, da psicóloga do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ/RS) Ana Cláudia da Silva Junqueira Burd –  AASP-Brasil e Karina Figueiredo, assistente social e membro da coordenação colegiada do Comitê Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes .

 

Você também pode participar do debate, enviando perguntas pelas redes sociais do CFP (Youtube, Facebook e Twitter) com a hashtag #DialogosCFP. Perguntas também podem ser enviadas para o e-mail comunica@cfp.org.br.

Caminho

Desde 2006, o tema da escuta qualificada de crianças e adolescentes em situação de violência tem sido bastante debatido pelo Sistema de Conselhos da Psicologia. Dentre as iniciativas empreendidas, destaca-se a produção de publicações específicas (leia mais ao final da matéria) e a criação, em 2015, de um grupo de trabalho sobre escuta psicológica de crianças e adolescentes na Assembleia das Políticas, da Administração e das Finanças (Apaf), formada por representantes do CFP e dos Conselhos Regionais de Psicologia da 4a (MG), 8a (PR), 9a (GO), 10a (PA) e 22a (MA) regiões, além de duas especialistas convidadas, as professoras Esther Arantes e Leila Torraca de Brito, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). As análises do grupo sobre o PL nº 3.792/2015 foram fundamentais para subsidiar a atuação do CFP, em parceria com outras entidades da sociedade civil, na construção do texto substitutivo.

Saiba mais sobre escuta qualificada

Falando sério sobre a escuta de crianças e adolescentes envolvidos em situação de violência e a rede de proteção

Anais do Seminário Nacional sobre escuta de crianças e adolescentes envolvidos em situação de violência e a rede de proteção

Desafios da intersetorialidade na prevenção ao uso abusivo de drogas

Desenvolver ações de prevenção para antecipar o uso de drogas e superar o modelo da prevenção baseado somente na informação e na lógica do amedrontamento, da “pedagogia do terror”, são as questões discutidas no artigo “Desafios da intersetorialidade na implementação de Programa de Prevenção ao Uso Abusivo de Drogas”, publicado na edição 37.4 da revista Psicologia: Ciência e Profissão. O texto é de autoria das pesquisadoras Girlane Mayara Peres eDaniela Ribeiro Schneider, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e de Tânia Maris Grigolo, do Complexo de Ensino Superior de Santa Catarina.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) publica artigos da revista no site e nas redes sociais – a versão eletrônica da Psicologia: Ciência e Profissão está na SciELO– para disseminar o conhecimento científico para a categoria e a sociedade.

Fizemos entrevistas semiestruturadas e organizamos grupos focais com 18 profissionais e gestores dos setores da educação e saúde do município de Florianópolis, envolvendo três escolas e três unidades básicas de saúde (UBSs). Os resultados indicam que os profissionais perceberam que a necessidade de criar estratégias conjuntas de intervenção para a implementação do programa foi positiva. Contribuiu, ainda, para a aproximação da saúde com o espaço escolar, indicando que a ação conjunta ampliou o cuidado às famílias que procuravam a UBS, e facilitou, por sua vez, o acesso integral aos estudantes.

As dificuldades de atuação conjunta apontadas pelos entrevistados foram: atravessamento de questões políticas; personalização das relações intersetoriais; compreensão do significado de intersetorialidade na prática cotidiana dos serviços; e excessivas demandas cotidianas de trabalho que impedem o envolvimento dos profissionais em novos projetos.

Segundo as pesquisadoras, o desafio da implementação conjunta de ações no programa preventivo mobilizou os setores e significou um estímulo à aproximação intersetorial para solução de problemas relacionados ao uso de drogas.

Em entrevista, Girlane Peres conta mais detalhes da pesquisa.

Entrevista

O que as motivou a pesquisar o tema?

O Núcleo de pesquisas em Clínica da Atenção Psicossocial (Psiclin) da UFSC, coordenado pela professora Daniela Ribeiro Schneider, de quem minha orientadora, Tânia Maris Grigolo, é parceira, se dedica a realizar estudos e pesquisas em prevenção desde 2012. Discutíamos a importância de se desenvolver ações de prevenção, como atitudes que se antecipam à instalação do uso problemático de drogas, e também a incipiência, no Brasil, de estudos sobre essas ações. Acreditávamos ser necessário fortalecer e trazer parâmetros, já consolidados internacionalmente, que superam o modelo da prevenção baseada somente na informação e na lógica do amedrontamento, a chamada “pedagogia do terror”. Os indicadores de efetividade em programas preventivos passavam pela proposição de metodologias participativas, no qual crianças e adolescentes são corresponsáveis pelas ações e focadas em habilidades de vida.

Em 2013, o Psiclin ganhou um edital do Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crimes (Unodc) e da Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde, para financiamento de projetos de prevenção na área, dentro de linhas programáticas do Plano Crack é Possível Vencer, do Governo Dilma Rousseff. A partir daí, o Psiclin foi convidado a compor uma equipe multicêntrica que faria parte de um projeto maior, envolvendo a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Universidade de Brasília (UNB), para adaptação e avaliação de programas preventivos baseados em evidência para a realidade brasileira. Foram três programas: o Unplugged, para adolescentes, de origem europeia; o Good Behavior Game, de norte-americano; e o Strenghtening Families Program, britânico.

Desde 2013, professores e estudantes de graduação e pós-graduação do Psiclin se envolveram nesse projeto maior, que até agora resultou em seis dissertações, uma tese e algumas publicações, dentre eles a dissertação de Girlane Peres e este artigo, relacionado à adaptação do Unplugged, em sua dimensão intersetorial.

Quais os resultados do levantamento?

Um dos resultados do projeto de adaptação de programas preventivos baseados em evidência, parceria do Governo Federal e universidades, resultou no tema deste artigo, que focou a avaliação das relações intersetoriais ali estabelecidas. Isso porque esse projeto foi planejado e implementado pela Coordenação de Saúde Mental do Ministério da Saúde como intersetorial desde seu início, com ações articuladas entre a educação e a saúde. Esse foi um dos pontos fortes do projeto, pois viabilizou, a partir de uma ação prática, a realização de uma atividade preventiva, o diálogo e a articulação entre áreas antes distantes.

A implementação do programa de prevenção foi pensado e implementado intersetorialmente e houve relação intersetorial em todos os níveis, do planejamento, à execução e à replicação.

Como essa articulação não é fácil de ser efetivada e enfrenta desafios, chegamos a dois grandes impasses: a falta de conhecimento de alguns profissionais e gestores sobre o significado de intersetorialidade e sua realização e as relações políticas já estabelecidas.

Como a Psicologia pode contribuir para o fortalecimento da intersetorialidade?

Com as mudanças nos currículos dos cursos de Psicologia em diversas universidades, que ampliam o olhar do profissional para além do foco na doença, as relações intersetoriais se colocam como um desafio para a prática dos psicólogos. A realidade exige que o psicólogo “saia do seu quadrado”, que as ações envolvam a articulação da Saúde, junto com a Educação e a Assistência Social, tanto na gestão de casos quanto na elaboração de projetos terapêuticos singulares.

Assim, o saber-fazer do psicólogo, por ser um profissional que hoje se encontra em muitos setores, pode contribuir para fortalecer a intersetorialidade, se ele souber se abrir ao diálogo e como alguém que se propõe a tarefa de estabelecer conexões entre setores, visando espaços potencializadores de vida.

Leia o artigo na íntegra.

Ano da Formação em Psicologia

O Centro-Oeste dá prosseguimento à série de discussões preparatórias para o Encontro Nacional do Ano da Formação em Psicologia, marcado para maio de 2018, em Brasília. O segundo encontro ocorrerá em Campo Grande (MS), neste sábado (24), na Universidade Anhanguera (Uniderp), localizada à Av. Ceará, blocos 7 e 9.

O objetivo dos encontros regionais é produzir e eleger propostas para a etapa nacional. As propostas são componentes das diretrizes curriculares nacionais para os cursos de graduação em Psicologia que deverão nortear a formação profissional.

As inscrições são gratuitas e deverão ser feitas pela internet. Informações poderão ser obtidas exclusivamente pelo Facebook, no endereço:https://www.facebook.com/events/154727255209159/

A conselheira-tesoureira do CFP, Norma Cosmo, que é do Mato Grosso do Sul, destaca que é uma oportunidade de dr discutir a formação em Psicologia, apontando que o exercício da profissão passa necessariamente por uma boa formação inicial. Cosmo diz ainda ser necessário que a formação tenha eco na realidade da sociedade brasileira e dos países latino-americanos. “Uma formação que pense numa Psicologia plural e diversa, que pense nos diversos contextos de atuação do psicólogo.”

Confira o vídeo da conselheira Norma Cosmo .

 

Cronograma de encontros regionais

Nordeste – Pernambuco – 7 de abril

Sul – Santa Catarina – 14 de abril

Sudeste – São Paulo – 21 de abril

Mobilizar docentes, estudantes e profissionais

A proposta do Conselho Federal de Psicologia, da Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (Abep) e da Federação Nacional dos Psicólogos (Fenapsi), coordenadores do processo nacional, é mobilizar docentes, estudantes e profissionais para construir propostas para as novas diretrizes.

As propostas elaboradas durante os encontros regionais serão colocadas, sob consulta pública, nos sites do CFP, da Abep e da Fenapsi até 20 de maio. O resultado final da consulta será publicado no dia 10 de junho e as contribuições serão submetidas ao Ministério da Educação (MEC) no dia 30.

Saiba mais sobre o Ano da Avaliação em Psicologia.

Assista aos vídeos com depoimentos de profissionais da Psicologia convidando a categoria para participar dos encontros.

Abril é o mês da V Plenária do FNTSUAS

O Fórum Nacional de Trabalhadoras e Trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social (FNTSUAS) vai promover, nos dias 7 e 8 de abril, em São Luís (MA), a plenária nacional. Os participantes do evento, que será organizado no Edifício
Comercial Tech Office, vão discutir a conjuntura atual e as estratégias de resistência de trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social (Suas). Vão ainda eleger as entidades da entidade para o biênio 2018/2020. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) é integrante do FNTSUAS e faz parte da Coordenação Executiva da entidade.

As inscrições para a plenária do FNTSUAS são gratuitas e poderão ser feitas pela internet (https://goo.gl/forms/YcvAgSNrZtgtSrdI3).

Para a conselheira Andrea Esmeraldo, integrante do FNTSUAS, a plenária nacional é a maior instância de deliberação do fórum e este ano terá a atribuição de eleger os membros da Coordenação Nacional. Ela explica ainda a importância da participação da categoria no evento. “Estamos vivendo um momento no qual direitos até então assegurados a usuárias e usuários do do Suas estão sendo desorganizados. O próprio sistema se encontra ameaçado e o processo de profissionalização da política de assistência abre espaço para ações filantrópicas e descontinuadas, realidade que viola o direito de usuárias, usuários, trabalhadoras e trabalhadores. Portanto, é fundamental a participação das entidades da Psicologia brasileira nesse processo”.

Atuação na atenção básica do SUS e a Psicologia Social

Buscar a Psicologia além da clínica, pautada na biomedicina, sob a perspectiva dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e de abordagens críticas foram os objetivos do artigo “Atuação do psicólogo na atenção básica do SUS e a Psicologia Social”, de autoria das pesquisadoras Marcela Spinardi Cintra e Marcia Hespanhol Bernardo, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas/SP). O texto foi publicado na edição 37.4 da revista Psicologia: Ciência e Profissão.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) publica artigos da revista no site e nas redes sociais – a versão eletrônica da Psicologia: Ciência e Profissão está na SciELO – para disseminar o conhecimento científico para a categoria e a sociedade.

As pesquisadoras explicam que a proposta foi conhecer as práticas de três psicólogos da atenção básica de saúde de Campinas (SP), buscando identificar seus fundamentos e se estão de acordo com a Psicologia Social Crítica.

Os resultados do estudo indicam que o posicionamento ético-político do profissional e uma formação voltada para a atuação no Sistema Único de Saúde (SUS) são fundamentais para uma atuação crítica e contextualizada. Mostram, ainda, que o trabalho realizado além dos centros de saúde tem grande relevância e é nele que as relações estabelecidas com os conceitos da Psicologia Social Crítica ficam mais evidentes. Consideram, ainda, a importância da reflexão de profissionais sobre suas próprias ações, além da busca por práticas inovadoras que possam ser incluídas nas políticas públicas de saúde.

Marcela Cintra e Marcia Bernardo dão mais detalhes da pesquisa nessa entrevista.

 

Qual o motivo para o estudo?

A ideia de realizar a pesquisa sobre esse tema surgiu de uma experiência de uma das autoras (Marcela) em uma unidade básica de saúde em 2014. Realizei um estágio em uma unidade básica de saúde em uma cidade do interior de São Paulo e isso me trouxe muitas dúvidas e certezas. Estava em um ano de descobertas de formas de atuação do psicólogo em outros espaços, fora da clínica, e achei esse um local muito interessante para o psicólogo realizar seu trabalho. Mas as dúvidas ainda eram muitas, principalmente, porque via uma imensa fila de espera em busca de atendimento psicológico que nunca era cessada, além do sentimento de que os psicólogos poderiam fazer muito mais pela comunidade como um todo. Havia, ainda, um discurso muito enraizado de que os atendimentos clínicos individuais eram a principal, senão única, forma de o psicólogo realizar seu trabalho. Assim, tivemos a ideia de apresentar outras formas de se fazer Psicologia, que tivessem como referência princípios de uma Psicologia Social Crítica, sabendo que existem diversos profissionais que buscam uma atuação mais contextualizada e que embasam suas práticas em conceitos e princípios do SUS.

Quais os resultados do levantamento?

Acreditamos que existem dois resultados que merecem destaque. O primeiro deles é o referente à atuação dos psicólogos que participaram dessa pesquisa. Todos eles buscam atuar – como eles mesmos dizem – “no território”, buscando sair do espaço tradicional da Psicologia, no qual o usuário vem para ser atendido em um “consultório”, para adentrar no espaço do outro, seja na sua casa como também na própria comunidade. Já o outro resultado aborda a questão da formação e do posicionamento ético-político dos psicólogos, que devem ter o olhar, durante a graduação, focado nas políticas públicas de saúde, já que as práticas adotadas mais tarde vão depender de concepções éticas e políticas adotadas pelos psicólogos.

Acreditamos que a Psicologia Social Crítica é uma das possibilidades de embasamento teórico para uma atuação mais contextualizada, fazendo com que os estudantes possam voltar seus olhares para a questão social. Assim, é importante ter uma visão crítica e não naturalizante em relação ao seu próprio trabalho, com constantes reflexões, levando em conta os contextos macro e microssociais em que estão inseridos.

Quais as contribuições da Psicologia para uma formação crítica nas políticas públicas de saúde?

Durante a graduação, seria interessante ter espaço para que as políticas públicas sejam apresentadas e discutidas, o que levaria o profissional a ter um olhar mais atento sobre essas questões. Também é importante ter momentos de reflexão sobre a sua atuação, o que possibilita um fazer mais contextualizado com o espaço em que se está inserido. É válido ressaltar que o envolvimento com questões que permeiam a sua própria profissão – como podemos ver a participação dos psicólogos em reinvindicações por melhorias em seu trabalho – também devem ser consideradas, pois coloca em debate tanto a política de saúde como um todo como sua própria atuação. A reflexão sobre novos fazeres que afloram o lado criativo permite que os psicólogos saiam de seus lugares tradicionais rumo a uma prática socialmente comprometida. Mesmo sabendo da dificuldade de práticas inovadoras, elas são importantes para um cuidado em saúde.

Leia o artigo completo.

Inscrições para VIII Seminário de Direitos Humanos terminam dia 30

A Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Conselho Federal de Psicologia (CFP) vai promover, dias 27 e 28 de abril, o VIII Seminário Nacional de Direitos Humanos – Psicologia e Democracia: nenhum direito a menos. As inscrições para o evento, que vai ocorrer na Escola Parque 308 Sul, em Brasília, DF, estão abertas até 30 de março.

Conferência, mesa temática, atividades culturais e homenagens integram a programação do seminário. No dia 27 de abril, após a abertura, o evento fará uma homenagem à psicóloga, historiadora e fundadora do Grupo Tortura Nunca Mais (RJ), Cecília Maria Bouças Coimbra, primeira coordenadora da Comissão Nacional de Direitos Humanos do CFP, em 1997.

A conferência de abertura será feita pela psicóloga Maria Rita Kehl, que teve forte atuação durante o regime militar. Foi editora do jornal “Movimento”, um dos mais importantes veículos da imprensa alternativa no período, e participou do grupo que criou o jornal “Em Tempo”, em 1978. 

As mesas de debate vão contemplar diferentes temas, como a guerra contra e entre os pobres, corpos em disputa, produção histórica de violação de direitos de mulheres, LGBTs e negros e negras, cidades e campos possíveis e o papel da mídia. A programação completa e o link para inscrições no seminário estão no site do VII Seminário Nacional de Direitos Humanos – Psicologia e Democracia: nenhum direito a menos.

Modos de ler em meios digitais: transformações da experiência

Como a mediação digital afeta a experiência de leitura das pessoas? O artigo “Modos de ler livros em meios digitais: transformações da experiência”, publicado na edição 37.3 da revista Psicologia: Ciência e Profissão, é resultado de pesquisa empírica realizada para investigar a leitura de livros digitalmente mediada. A autora do artigo é Luciana Dadico, doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP).

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) publica artigos da revista no site e nas redes sociais – a versão eletrônica da Psicologia: Ciência e Profissão está na SciELO – para disseminar o conhecimento científico para a categoria e a sociedade.

Na pesquisa, Dadico informa que a investigação partiu da hipótese de que a mediação digital afeta a experiência de ler, a despeito de se considerar a literatura uma arte alográfica. Foram entrevistados quatro leitores adultos, residentes no Estado de São Paulo, de forma semiaberta, gravada e sem uso de questionário. As entrevistas produziram imagens dos objetos em foco na pesquisa, a partir das quais foi investigada a percepção de tais objetos e as relações estabelecidas com eles pelos leitores.

A autora categorizou os modos como os leitores liam os livros na tela, permitindo individualizar padrões que participam da experiência de leitura: a leitura flutuante, a leitura frenética e a leitura eficiente, ancoradas em elementos específicos da obra e empreendidas por um leitor utilitarista e receoso de se aventurar em experiências novas. Ela considera que as tendências de leitura apontadas participam de e na estruturação de novas formas da experiência e da formação cultural do indivíduo na era digital.

Em entrevista, Luciana Dadico explicou mais detalhes de seu trabalho.

Entrevista

O que a motivou a pesquisar o tema?

Quando iniciei as pesquisas de meu doutorado, a digitalização dos textos, que já avançara em seu uso pessoal e nos meios jornalísticos, começava a ganhar também o mercado editorial. As revistas científicas vinham sendo progressivamente transferidas para os meios digitais, enquanto os livros (de literatura e didáticos) começavam a ser disponibilizados tanto na internet quanto em dispositivos de leitura, agora vendidos também pelas grandes redes de livraria.

Essas transformações geravam uma grande inquietação, uma vez que, como sabemos, a leitura de livros esteve tradicionalmente no centro não apenas das práticas educacionais, mas do próprio projeto burguês de formação do indivíduo. Esse fenômeno, que remonta ao Renascimento, gestou no Ocidente a ideia de que a livre circulação de livros, aliada à educação universal, seria responsável por conferir ao indivíduo maior liberdade de pensamento, um maior poder individual em relação à sociedade e às suas instituições. O indivíduo culturalmente formado seria mais capaz de se autodeterminar e de controlar melhor os rumos de sua existência. As ideias mesmas de indivíduo e de subjetividade surgem, em certo sentido, associadas à prática de ler livros que se consolidou na modernidade.

Mas se, como McLuhan e outros defendiam, “o meio é a mensagem” – quer dizer, o objeto mediador é diretamente responsável por ditar as características de sua recepção –, o que ocorreria então na passagem da leitura de livros para a leitura de obras em meios digitais? O modo como lemos seria afetado? Esta foi a pergunta que motivou as minhas pesquisas iniciais.

Para respondê-la, no entanto, era preciso descobrir primeiro como as pessoas liam livros em papel – coisa que, curiosamente, ninguém nunca tinha se perguntado em 500 anos história da imprensa. Talvez porque nunca ninguém tivesse antes pensado que a leitura e a escrita em papel estariam um dia sob julgamento. Por isso, minhas pesquisas do doutorado foram dedicadas, em primeiro lugar, ao estudo da leitura do livro em papel. Só depois, no pós-doutorado, passei ao estudo da leitura em meios digitais – agora em melhores condições de compreender e comparar as duas.

Como as pesquisas mostraram, é preciso considerar que nossa maneira de ler não é diretamente moldada pela forma do meio em que ela ocorre, em sentido causal e linear (como defendia McLuhan), embora a leitura seja, claro, afetada pelo meio. De maneira um tanto mais complexa, podemos dizer que nossos modos de ler se inserem em uma estrutura de experiência, transformada pelo uso dos meios digitais. Isso fez com que o foco de minhas pesquisas se ampliasse, passando a abarcar essa estrutura de experiência constituída na era digital – a qual inclui a experiência de ler livros, em papel e na tela.

Quais resultados você destaca em seu estudo?

Existe, como suspeitávamos, uma diferença grande nos modos de ler livros em papel e em meios digitais. De maneira geral, os resultados mostraram que a leitura de livros em meios digitais é mais veloz, mas há um prejuízo na qualidade dessa leitura.

Como e por que isto ocorre? Algumas características do dispositivo digital (como a luminosidade e o deslizar vertical do texto na tela) concorrem para uma apreensão mais superficial e veloz do texto, promovendo uma leitura flutuante e mesmo frenética. Nesse último caso, é como se o leitor “devorasse” o livro (mais do que ocorria no livro em papel), mas não estivesse disposto a perder muito tempo com ele, se demorando em descrições mais longas ou longos períodos reflexivos. Isso, em parte, porque a distração durante a leitura se dá de um modo diverso. O leitor que lê em papel tende a divagar ao se distrair da leitura: lembra coisas, associa imagens àquilo que está lendo, faz pausas para refletir.

O leitor que tem uma tela diante de si tende a voltar seus momentos de distração para o próprio aparelho e suas possibilidades de navegação: abre o email, o Twitter, o Facebook, consulta um dicionário, ouve uma música, então tende a empregar menos seus próprios recursos subjetivos para enriquecer sua experiência de leitura – que, consequentemente, se empobrece. O leitor pode até adquirir mais informações nessas novas formas de ler, mas não necessariamente tem uma melhor experiência de leitura.

A leitura flutuante, por sua vez, contribui para uma melhor apreensão das formas do texto, mas essa ocorre em função da superficialidade dessa leitura, de modo descolado dos conteúdos imanentes da obra, prejudicando a apreensão estrutural da obra pelo leitor. Por isso, denomino essa leitura formalista.

Considerando que, ao pensar em termos de uma estrutura de experiência, e não na relação imediata entre leitura e suporte do livro, é preciso destacar o fato de que também a leitura em papel acaba afetada pelos modos de ler constituídos em meio digital – assim como a própria leitura em meio digital é herdeira dos modos de ler que historicamente se constituíram no manuseio dos livros em papel. Ou seja: todos nós hoje lemos de maneira diferente, uma vez que estamos inevitavelmente inseridos em uma cultura digital.

Isso não significa, obviamente, que a aquele que lê em meio digital não consiga analisar um livro apenas porque ele foi digitalizado. Estamos falando de tendências. Uma coisa que causa preocupação, porém, é o fato de que, progressivamente, vai se aprofundando a cisão entre os leitores especializados (treinados para realizar uma análise imanente da obra literária) e o leitor comum, que progressivamente vai sendo desprovido de instrumentos para incrementar, por si mesmo, sua capacidade leitora – o que nos empurra em direção contrária às possibilidades de emancipação que um certo projeto de formação cultural associado à leitura de livros comportava.

É possível extrair uma porção de consequências objetivas e subjetivas desses fenômenos e, mais diretamente, dos novos modos de ler. Mas acho que os pontos que destaquei já dão ao leitor da revista uma boa ideia do que vem ocorrendo nessa passagem da leitura dos livros em papel para os meios digitais.

Leia o artigo de Luciana Dadico na íntegra.