Dados sobre letalidade da população LGBTQIA+ são apresentados ao Plenário do CFP

Em 2023, 230 pessoas LGBTIQIA+ foram mortas de forma violenta no país, representando uma morte a cada 38 horas. Dessas, 184 foram causadas por assassinato (80%), 18 por suicídio (7,8%) e outras 28 (12,2%) em decorrência de outras motivações.

Os dados são do Dossiê 2023: Mortes e violências contra LGBTI+ no Brasil, apresentado ao plenário do Conselho Federal de Psicologia (CFP), na sexta-feira (17), data que marcou o Dia Internacional da Luta contra a LGBTQIA+fobia. O levantamento foi elaborado pelo Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+, que reúne um conjunto de entidades da sociedade civil de referência na área.

“Ao apontar o quanto as identidades de gênero e orientações sexuais dissidentes ainda são fatores relevantes na motivação dos crimes de ódio, com indícios de discriminação como premissa fundamental da ocorrência, e pela forma como são perpetrados, muitas vezes com requintes de crueldade, esse documento conscientiza a população, incita ao engajamento cívico e preserva a memória histórica da LGBTQIA+fobia brasileira”, registra o documento.

O dossiê também denuncia que a LGBTQIA+fobia estrutural pode levar a um intenso sofrimento ou mesmo à retirada da própria vida pela situação de vulnerabilidade, figurando entre os motivos propulsores dos suicídios mapeados pela publicação.

Para o conselheiro e titular do CFP na Comissão Nacional de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (CNAIDS), Roberto Chateaubriand, “sob a ótica da Psicologia, as mortes e violências revelam o impacto que os diversos aspectos da intolerância LBGTQIA+fóbica produzem na construção de subjetividades, que tornam corpos LGBTQIA+ vulneráveis ao ódio e à diferença percebida diante de um padrão arbitrário de comportamento que tem a heterossexualidade como norma”, pontua.

Psicologia e População LGBTQIA+

A Psicologia brasileira tem atuação histórica em defesa da promoção de direitos da população LGBTQIA+. O conselheiro Chateaubriand lembra que, em vigor há mais de duas décadas, a Resolução CFP 01/1999 – que define normas de atuação para a categoria em relação à questão da orientação sexual  –  foi e ainda é decisiva para o compromisso ético da Psicologia com o reconhecimento da diversidade presente na orientação sexual dos sujeitos como vivências e expressões legítimas e merecedoras de abordagens despatologizantes.

“A Resolução CFP 01/1999 abriu caminho, ao longo de seus 25 anos de vigência, para a institucionalização do debate sobre direitos LGBTQIA+ nas mais diversas esferas políticas, produzindo efeitos para além de seu escopo original, a saber, normatizar o exercício profissional baseado nos direitos humanos e na ética do cuidado do sujeito, reconhecendo que o sofrimento das pessoas LGBTQIA+ se lastreia mais nas opressões e violências vividas no seio de uma sociedade assentada em valores machistas, patriarcais e heteronormativa do que na inadequação psíquica dessas pessoas diante de suas orientações sexuais e/ou identidade de gênero”, destacou o conselheiro.

Roberto Chateaubriand ressalta que a escolha do CFP como interlocutor para o debate de formas de enfrentamento à LGBTQIA+fobia se traduz como reconhecimento ao trabalho histórico da instituição no sentido de materializar o seu compromisso ético de respeito aos direitos humanos e de reafirmação do direito ao livre exercício da sexualidade, nas suas mais diversas expressões.

“Ser parceiro dos movimentos sociais na luta por uma sociedade igualitária, respeitosa e acolhedora em que todos, todas e todes encontram lugar, livres de violência física, moral ou psicológica, coroa os esforços e trabalho de uma categoria compromissada com a vida”, finalizou Chateaubriand.

Compromisso ético da Psicologia

A Psicologia, enquanto ciência e profissão, tem historicamente se posicionado em defesa dos direitos das pessoas LGBTQIA+. Nessa direção, o CFP ocupa lugar de referência na promoção de ações relacionadas à defesa dessas populações, realçando que as homossexualidades e as expressões trans não podem ser tratadas como patologias.

A Resolução CFP nº 1/1999 formalizou a compreensão de que a sexualidade é uma construção subjetiva do sujeito e, por isso, as homossexualidades não constituem doença, distúrbio ou perversão.

Ao longo dos anos, a normativa passou a representar um marco para a Psicologia brasileira, abrindo caminho para outras resoluções voltadas à atuação profissional da categoria em temas relacionados às orientações sexuais, identidades e expressões de gênero.

Confira algumas publicações do CFP que abordam a temática:

Tentativas de Aniquilamento de Subjetividades LGBTIs

Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas, Psicólogos e Psicólogues em Políticas Públicas para População LGBTQIA+

Código de Ética Profissional das Psicólogas e dos Psicólogos

Sobre o Observatório

O Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+ no Brasil é uma instância da sociedade civil autônoma, protagonizada pela parceria entre a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), Acontece – Arte e Política LGBTI+ e a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT). Desde 2020, essas instituições têm sistematizado dados sobre as violências e as violações de direitos sofridas pela comunidade LGBTQIA+ brasileira.

As informações são apresentadas à sociedade como forma de denúncia, fornecem evidências para a formulação e execução de políticas públicas alinhadas com as demandas civis referentes ao combate à LGBTQIA+fobia contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis, mulheres e homens trans, pessoas transmasculinas, pessoas não-binárias e demais dissidências sexuais e de gênero.

III Mostra SUAS: inscrições abertas para a Etapa Sul a partir desta terça

A partir desta terça-feira, 21 de maio, estão abertas as inscrições para a Etapa Sul da “III Mostra Nacional de Práticas em Psicologia no Sistema Único de Assistência Social (SUAS): o trabalho da Psicologia na efetivação dos direitos socioassistenciais”

O evento é organizado pela Comissão Nacional de Psicologia na Assistência Social (CONPAS) do Conselho Federal de Psicologia (CFP), sendo conduzida em parceria com os Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs) de todo o país.

Nesta edição, a etapa regional será realizada nos dias 5 e 6 de julho em Porto Alegre/RS. Para participar do evento, as inscrições devem ser feitas até o dia 2 de julho, exclusivamente por meio de formulário eletrônico disponível no site da CONPAS.

Em sua terceira edição, o evento busca possibilitar a reflexão acerca do fazer da Psicologia na Política de Assistência Social, reconhecendo-se a potência da atuação da ciência psicológica no enfrentamento das desigualdades sociais e na efetivação dos direitos socioassistenciais, sob a perspectiva do compromisso ético e social da Psicologia.

A participação na Mostra é aberta a todas(os) as(os) profissionais, professoras(es), pesquisadoras(es) e estudantes de Psicologia que atuem na política de assistência social e nas demais políticas públicas com ações conjuntas na execução intersetorial de ofertas socioassistenciais. Também podem se inscrever demais trabalhadoras(es) que atuem em conjunto com profissionais da Psicologia nestas políticas.

Quanto à submissão de trabalhos, poderão ser encaminhadas propostas nas modalidades “comunicação oral” (nas categorias relato de experiência e relato de pesquisa) e “exposição” (categoria pôster). De acordo com o regramento, cada proponente poderá ter a autoria principal em, no máximo, duas propostas (que devem estar relacionadas a um dos eixos temáticos).

As propostas de trabalho a serem submetidas devem ser de experiências de atuação ou pesquisa, de psicólogas(os) na Política de Assistência Social, ainda que em atuações interdisciplinares ou intersetoriais. 

Acompanhe o cronograma da Etapa Sul:

Inscrições para a etapa – De 21/5/2024 a 2/7/2024
Submissão de trabalhos – 21/05 a 10/06/2024
Divulgação do resultado preliminar – 14/06/2024
Recebimento de recursos – De 17 a 19/06/2024
Divulgação do resultado – 21/06/2024

Realize a sua inscrição e garanta a sua participação. A íntegra do edital com todas as informações está disponível em conpas.cfp.org.br.

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CFP divulga edital de realização da III Mostra Nacional de Práticas em Psicologia no SUAS

Psicologia do Esporte: V Encontro Norte-Nordeste é realizado em Pernambuco

Fomentar discussões de temáticas pouco debatidas na Psicologia do Esporte é de fundamental importância para a atuação de profissionais da Psicologia e para a sociedade. Esse foi um dos objetivos do V Encontro de Norte-Nordeste de Psicologia do Esporte (ENEEPE), realizado de 2 a 4 de maio na Universidade do Vale do São Francisco (UNIVASF), em Petrolina/PE. O evento teve o apoio do Conselho Federal de Psicologia (CFP).

Com o tema “Esporte, Saúde Mental e Inclusão: Interfaces na Psicologia do Esporte”, o encontro contou com a participação de estudantes, profissionais e especialistas no campo do Esporte. 

A programação do V ENEEPE contou com mesas temáticas, cine debate, roda de conversa e conferência magna. 

CFP na Psicologia do Esporte

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) foi representado pelo conselheiro Rodrigo Acioli. Além de participar da abertura do V ENEEPE, Acioli também esteve na roda de conversa com representantes de Conselhos Regionais e Federal de Psicologia e Associações de Psicologia do Esporte.

O representante do CFP destacou a importância do encontro, lembrando da primeira edição em São Luís/MA em 2016 e a perspectiva de uma maior descentralização nas discussões sobre Psicologia do Esporte, que, segundo ele, na época, se concentravam nas regiões Sul e Sudeste do País, embora as regiões Norte e Nordeste já continham um expressivo número de profissionais neste campo, mas sem a mesma atenção nos debates. 

O conselheiro do CFP também abordou o apoio do CFP à atividade desde o primeiro encontro. “Entendo que é um encontro que vem para agregar, para multiplicar, para expandir a Psicologia do Esporte no Brasil, por isso o CFP está no apoio a ele desde a primeira edição. Então é um espaço de encontros, de desenvolvimento, de debate e de consolidação da Psicologia do Esporte”, reforça.

Durante o evento, representantes do CFP, CRPs e entidades da Psicologia do Esporte se reuniram em uma roda de conversa. Segundo Rodrigo Acioli, o momento foi importante para aproximar os profissionais e os estudantes do Sistema Conselhos de Psicologia, bem como para ações que o CFP/CRPs têm realizado na temática. O conselheiro também destacou que o espaço constitui um  um estímulo aos Regionais que ainda não têm Grupos de Trabalho  em Psicologia do Esporte a criarem os respectivos grupos de trabalhos em suas regiões. 

Sobre o ENEEPE

O evento surgiu como uma proposta do antigo GT de Psicologia do Esporte da Assembleia das Políticas da Administração e das Finanças (APAF) do Sistema Conselhos de Psicologia em prol do fortalecimento da especialidade nas Regiões Norte e Nordeste e teve o apoio da Associação Brasileira de Psicologia do Esporte (ABRAPESP) – entidade integrante do Fórum das Entidades da Psicologia Brasileira (FENPB). 

O ENNEPE ocorre a cada dois anos, sendo que sua primeira edição foi realizada em 2016, no Maranhão, na cidade de São Luís, com o tema “Desafios e Perspectivas da Psicologia do Esporte para uma atuação ética e multiprofissional”. Em 2018 o evento foi realizado em Fortaleza (Ceará), com o tema “Formação, Práticas e Pesquisas: Desafios e Conquistas”. Em 2020, o evento ocorreria na cidade de Manaus, no entanto, devido à pandemia de COVID-19, foi modificado para o formato remoto, trazendo o tema “Aproximações e Distanciamentos: Movimentos da Psicologia do Esporte no Norte-Nordeste brasileiro”. O penúltimo, com o tema “A Psicologia do Esporte no enfrentamento das desigualdades”, foi realizado em 2022 na cidade de Teresina/PI. A próxima edição será daqui a dois anos (2026) em Salvador/BA.

CFP participa de seminário sobre alta letalidade de pessoas sob custódia do Estado

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) participou na quarta-feira (8) do seminário “Letalidade nos espaços de privação de liberdade: uma questão de justiça e saúde pública”. O diálogo reuniu representantes de órgãos públicos e de entidades da sociedade civil.

Realizado pelo Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) e organizado pelas comissões permanentes de Direitos da População Privada de Liberdade e do Direito Humano à Alimentação Adequada, o seminário foi idealizado a partir de denúncias sobre as graves violações aos direitos humanos e à alta letalidade de pessoas sob custódia do Estado brasileiro.

“O cenário é completamente desolador. De tortura persistente, extra-muros, porque além da tortura física dentro dos espaços de privação de liberdade, a tortura psicológica está muito presente”, explica a conselheira e vice-presidenta do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Alessandra Almeida, que coordena a Comissão Permanente de Direitos da População Privada de Liberdade e integra a atual composição da mesa diretora do CNDH.

Alessandra Almeida destaca que não só a saúde mental das pessoas encarceradas fica fragilizada, mas também a de familiares e pessoas próximas, “por toda a gama de situações que passam, como a de ver seu ente em situações muitas vezes deploráveis”, pontua.

Com transmissão aberta ao público, o seminário apresentou à sociedade e a órgãos governamentais e do sistema de justiça histórias que evidenciam violações de direitos de pessoas privadas de liberdade. “A proposta foi chamar o Estado brasileiro para que nos auxilie no desafiador enfrentamento a essa política de morte que é operacionalizada no sistema carcerário brasileiro”, destacou a conselheira e vice-presidenta do CFP.

Violação de direitos

Alessandra Almeida conta que, para além das mortes violentas, a falta de acesso à saúde e assistência psicossocial, bem como a fome ocasionada pela alimentação inadequada, a baixa qualidade da água e a insalubridade, estão entre os fatores que contribuem para o adoecimento e morte de pessoas em situação de cárcere.

Para salientar os índices alarmantes de mortalidade de pessoas privadas de liberdade, a programação foi subsidiada por dados da pesquisa Letalidade prisional: uma questão de justiça e de saúde pública, iniciativa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

“Nesse cenário, no qual as condições degradantes do sistema penitenciário figuram como engrenagens constitutivas das mortes por doenças, observa-se a existência de um verdadeiro massacre, simbolizado pelo fato de que, somente entre os anos de 2014 e 2017, dos 6.368 presos e presas que morreram nos cárceres brasileiros, 3.670 casos (57,6%) foram classificados como ‘mortes naturais’. Desses óbitos, 472 nem sequer foram esclarecidos, sendo categorizados pelos distintos estados como ‘causa indeterminada’”, enumera a pesquisa.

Como desdobramento do encontro, as(os) representantes das comissões permanentes de Direitos da População Privada de Liberdade e do Direito Humano à Alimentação Adequada pretendem construir uma Recomendação ao governo brasileiro, “para que sejam providenciadas ações práticas para ao menos mitigar a letalidade prisional por meio de políticas públicas, bem como garantir melhores condições no acesso à alimentação adequada, saúde e bem-estar desta população”, destaca Alessandra Almeida.

A Psicologia no sistema prisional

“A Psicologia brasileira tem reconhecida atuação no sistema de justiça, é uma produtora de conhecimentos nesse campo há 40 anos, com especial atenção à luta pela exigibilidade dos direitos humanos de pessoas inseridas no sistema prisional”, ressalta a vice-presidenta do CFP.

Ela explica que profissionais e especialistas psicólogas(os) guardam conexão direta com o tema, referenciados no próprio Código de Ética da Profissão, no atendimento a pessoas encarceradas e seus familiares, e nas contribuições participativas nas instâncias de controle social e de defesa de direitos, não só nas unidades de reclusão, mas também no sistema socioeducativo e nas instituições totais, como comunidades terapêuticas.

Um exemplo recente está na oposição da Autarquia à realização de exame criminológico para progressão de regime de pessoas encarceradas, prevista na Lei 14.843/2024.

O Conselho Federal de Psicologia considera que a medida representa um verdadeiro retrocesso diante de um já fragilizado sistema prisional. Isso porque a realização do exame criminológico impõe à(ao) profissional da Psicologia a obrigatoriedade de um procedimento inadequado, em detrimento de sua autonomia e saber não apenas técnico-científico, mas também ético-político.

“Nos posicionamos de forma muito frontal contra o PL da Saidinha, por inúmeras razões, mas especialmente pela exigência do exame criminológico. Historicamente, nós construímos um argumento muito contundente, de que não é possível realizar esse tipo de atividade e, especialmente, prever se uma pessoa vai reincidir ou não”, explica a conselheira e vice-presidenta do CFP.

Para ela, “não é aceitável formar um perfil fechado de pessoas propensas ao crime. Nós entendemos que o encarceramento em massa brasileiro envolve outros elementos, como a situação dos ambientes em que estão as pessoas em situação de privação, por regra, espaços adoecedores e de tortura”. 

Sancionada em abril (com veto) pela presidência da República e atualmente em análise do veto pelo Congresso Nacional, a normativa, conhecida como Lei da Saidinha, dispõe ainda sobre o monitoramento eletrônico de pessoas sob custódia do Estado e restringe o benefício da saída temporária.

Saiba mais

Para saber mais sobre aspectos do sistema prisional brasileiro à luz da Psicologia, a atuação da categoria no sistema prisional, bem como dados sobre a situação carcerária no país, acesse o documento Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas (os) no Sistema Prisional.

Revista PCP publica primeiros artigos de 2024

A Revista Psicologia: Ciência e Profissão (PCP), periódico do Sistema Conselhos de Psicologia, disponibiliza para profissionais de todo o país seus primeiros artigos de 2024. Representações sociais da maternidade, trabalho escravo contemporâneo e subjetividades, dependência da internet por crianças e adolescentes, e estresse ocupacional entre profissionais da Psicologia fazem parte dos temas abordados nos textos recém-publicados.

Este ano, a revista completa 45 anos e, para marcar a data, lançou em  fevereiro seus canais oficiais no Instagram e no Facebook, visando ampliar o acesso de psicólogas e psicólogos ao conteúdo científico da Revista.

O material reúne mais de 60 artigos do fluxo contínuo com temáticas relacionadas à atuação profissional da(o) psicóloga(o), à pesquisa, ao ensino e  à reflexão crítica sobre a produção de conhecimento no campo da Psicologia. 

Sobre a Revista PCP

Criada por meio da Resolução CFP 26/1979, a Revista Psicologia: Ciência e Profissão é uma publicação científica de excelência internacional, classificada com a nota A2 no sistema Qualis de avaliação de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) do Ministério da Educação.

Sua principal missão é contribuir para a formação profissional da(o) psicóloga(o) brasileira(o), assim como disseminar  o conhecimento produzido por aquelas(es) que pesquisam e/ou atuam na área da Psicologia.

Neuza Guareschi. conselheira do CFP e editora do periódico, explica que, para 2024, há uma grande expectativa em relação aos conteúdos. “Este número vai ser histórico. Iremos abordar os temas do Sistema Conselhos de Psicologia, como este foi se criando, se implementando e se desenvolvendo em várias áreas, tanto na estrutura de institucionalização como nas suas áreas de atividades para a categoria; quais foram as grandes questões que o Sistema Conselhos e o CFP, principalmente, tiveram que enfrentar e como foram se posicionando politicamente em trabalhos e ações para a categoria”, justifica. 

A conselheira ressalta ainda que o volume marca os 45 anos da Revista PCP, citando que haverá  um artigo especial sobre o CFP e os Conselhos Regionais de Psicologia e seus papéis na produção do  conhecimento.

Para os próximos meses, Neuza Guareschi explica que pretende continuar a desenvolver uma série de aperfeiçoamentos, aprimorando ações na própria estrutura da revista, nos conteúdos e na divulgação. “Estamos trabalhando os itens da revista naquilo que diz respeito tanto às informações para os autores como naquilo que diz respeito a esse periódico enquanto material que está  dentro do mundo científico da Psicologia e que também se posiciona de uma forma ética naquilo que estamos construindo de uma ciência aberta. Uma série de modificações estão sendo colocadas: dos seus informes, das suas orientações e do seu modo de publicação. Isso é, principalmente, o objetivo que estamos desenvolvendo para a qualificação deste periódico”,elucida.

Ainda no âmbito das celebrações da Revista PCP, está prevista para este ano uma edição especial sobre os 50 anos do Conselho Federal de Psicologia (CFP).

Confira a íntegra dos 12 primeiros artigos publicados pela Revista PCP em 2024:

Significados Atribuídos por Mulheres com Câncer de Mama ao Grupo de Apoio

Câncer Materno: A Compreensão da Criança e suas Representações

Trabalho Escravo Contemporâneo e Subjetividade: Considerações Psicossociais sobre Narrativas de Escravizado(a)s

Representações Sociais sobre Maternidade na Reprodução Humana Assistida: Discursos de Mulheres Inférteis

CREAS e Covid-19: Desafios e Perspectivas da Psicologia no Norte de Minas

Prevalência de Dependência da Internet e Fatores Psicológicos em Adolescentes durante a Pandemia de Covid-19

A Fase Terminal do Filho com Câncer: Percepções dos Profissionais Hospitalares

Demandas e Recursos para Predição da Síndrome de Burnout em Psicólogos Clínicos

Estresse Ocupacional entre Psicólogos Atuantes na Atenção Primária à Saúde no Contexto Pandêmico

Paternidade com Filhos entre 2 e 10 Anos de Idade: Propriedades Psicométricas do IFI-BR-27

Estresse e Enfrentamento das Dificuldades em Universitários da Área da Saúde

Avaliação e Ensino de Emoções com Crianças e Jovens Adultos com Autismo ou Síndrome de Down Mediado pela Família

Nota de Pesar – Rosa Maria Stefanini de Macedo

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) manifesta pesar pelo falecimento da psicóloga Rosa Maria Stefanini de Macedo, pesquisadora com ampla atuação em Psicologia Clínica e terapia de casais.

Formada pela Academia Paulista de Psicologia, Rosa Macedo foi presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP) na gestão 1992 – 1994. Foi também coordenadora do GT Família e Comunidade, um dos primeiros grupos de trabalho propostos para promoção da pesquisa, do ensino e da participação nas políticas de Pós-Graduação em Psicologia do Brasil.

Entre outros importantes espaços, foi coordenadora do Núcleo de Família e Comunidade (NUFAC) do Programa de Estudos Pós-graduados em Psicologia Clínica; coordenou o curso de especialização em Terapia Familiar e de Casal da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Rosa Macedo era professora emérita de Psicologia do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica da Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde da PUC-SP.

A pesquisadora contribuiu para a formação de muitas(os) terapeutas de família e de casal, sendo autora de diversos livros e artigos científicos na área e ajudando a consolidar o desenvolvimento da Psicologia e do campo da Terapia Familiar e de Casal no Brasil.

O CFP expressa pesar por essa perda para a comunidade da Psicologia e leva suas condolências a familiares, amigas(os) e ex-alunas(os) de Rosa Maria Stefanini de Macedo.

Nota de Pesar – Saulo de Freitas Araújo

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) manifesta pesar pelo falecimento do psicólogo Saulo de Freitas Araújo, profissional de referência no campo da Psicologia e Filosofia.

Formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), com mestrado em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos e doutorado em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas / Universität Leipzig, Saulo de Freitas atuava como professor Associado do Departamento de Psicologia da UFJF e também foi diretor do NUHFIP (Núcleo de História e Filosofia da Psicologia Wilhelm Wundt) da UFJF.

Ao longo de sua trajetória, Araújo reuniu uma expressiva experiência nas  áreas de História e Filosofia da Psicologia, Teorias e Sistemas em Psicologia, atuando principalmente no pensar acerca da evolução do projeto de uma Psicologia científica e mente-cérebro na filosofia e na Psicologia.

O CFP expressa pesar por essa perda para a comunidade da Psicologia e leva suas condolências aos familiares e amigos de Saulo de Freitas Araújo.

Nota CFP amplia olhar sobre as referências técnicas da Psicologia junto aos povos indígenas

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) lançou na quarta-feira (24), a Nota às Referências Técnicas de Atuação de Psicólogas(os) junto aos Povos Indígenas, elaborada para aprofundar discussões sobre o fazer da Psicologia com e para estas comunidades.

O momento simbólico aconteceu em Brasília, durante a programação do Acampamento Terra Livre, na plenária que discutiu a saúde mental e o bem viver dos povos originários. O diálogo teve mediação e condução de indígenas psicólogas(os) e profissionais atuantes no tema, que falaram à comunidade, a estudantes indígenas e não-indígenas e a profissionais da Psicologia.

Ao considerar as especificidades dos diferentes modos de vida, ritos, culturas e territórios em que habitam os povos originários, a Nota amplia as reflexões presentes no documento Referências Técnicas para atuação de psicólogas(os) junto aos Povos Indígenas, produzido em 2022 no âmbito do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP), como uma resposta às demandas da própria categoria.

A indígena psicóloga e conselheira do CFP, Nita Tuxá – também integrante da Comissão de Direitos Humanos do CFP e que coordenou a elaboração do documento – explica que “a Nota Técnica busca contribuir e ampliar o debate acerca da atuação prática da Psicologia, uma demanda da categoria em trazer as discussões que estão em pauta nesse momento”. 

Segundo a conselheira, o documento oferece importantes marcadores – a exemplo da adoção de uma política de cotas pelo CFP. “Hoje nós temos dentro do Sistema Conselhos de Psicologia a presença de pessoas indígenas, compondo as instâncias regionais e federal”, destaca.

Além de Nita Tuxá, a Nota Técnica teve a colaboração das(os) psicólogas(os) Edinaldo Rodrigues Xukuru, Geni Núñez e Raquel Diniz. O documento está organizado em seções que apresentam contribuições teóricas para pensar a atuação da Psicologia junto a povos tradicionais, além de perspectivas para essa atuação dentro e fora de territórios indígenas.

Psicologia e Povos Indígenas

A Nota Técnica lançada pelo CFP aborda temas essenciais, como a representatividade indígena no Sistema Conselhos de Psicologia; a necessidade de ampliar a participação da categoria nos diversos contextos em que vivem os povos indígenas, para além dos territórios tradicionais; a incidência dos povos indígenas na política institucional; os conflitos territoriais nas perspectivas naturalista e desenvolvimentista; e a busca permanente dos povos originários pelo direito ao bem viver.

O conceito do bem viver se relaciona com a busca pela relação harmoniosa com o território, a natureza e os povos tradicionais entre si e com o todo, em contraponto com o modelo de exploração dos recursos naturais. A saúde mental e a existência desses povos depende de uma mudança social e política, em que os direitos humanos e sociais dos indígenas sejam respeitados.

Nita Tuxá ressalta a importância da inclusão de pessoas indígenas nos movimentos de incidência política, nos espaços e equipamentos sociais e na oferta de políticas de saúde indígena dedicadas às especificidades e diversidade dos povos originários.

“É mais que importante que a Psicologia brasileira esteja conosco contra a tese do Marco Temporal, uma das questões que fundamentam a Nota Técnica, porque todo o enredo e narrativa dessa construção fala sobre a importância do território para os povos indígenas, do quanto o território é o promotor do bem viver”, explica a conselheira e indígena psicóloga.

Para Nita Tuxá, é necessário ressignificar a atuação profissional da categoria com cada povo indígena, observando a pluralidade de suas representações. 

“O convite é fazer uma Psicologia ética e política. Se pensarmos veredas de campos, temos a Psicologia Ambiental, a Psicologia da Saúde, a Psicologia Comunitária e tantas outras possibilidades do fazer. Precisamos entender que o Brasil é ‘pluri’ e que existem mais de 305 povos. Então são mais de 305 formas de existir, de expressar e de compreender o que seria também saúde ou adoecimento mental”, finaliza Nita Tuxá.

Situação alarmante da saúde indígena no Brasil

Estudo publicado em fevereiro deste ano pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostra que indígenas tiveram a maior taxa de suicídio do país em 2022, com 16,58 casos por 100 mil habitantes, contra 7,27 da população em geral.

Os dados oficiais, monitorados pelo Ministério da Saúde, indicam que, em 2022, foram 17,2 casos de suicídio por 100 mil habitantes. Entre 2015 e 2022, foram 1.030 ocorrências de suicídio entre as diferentes etnias do país, sendo que 55% (566) vitimaram jovens de 15 a 24 anos.

Dentre as graves violações de direitos humanos que atingem essas populações, o acesso à terra e ao território são aspectos que impactam fortemente sua saúde psicossocial. De acordo com o relatório Conflitos no Campo 2023, publicado neste mês pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), invasões, expulsões, despejos, ameaças, destruição de bens ou pistolagem sofridas por famílias no campo atingiram o número mais alto desde 1985.

De acordo com o monitoramento, em 2023 foram registrados 2.130 conflitos por terra, atingindo mais de 950 mil pessoas em todo o país. Segundo o levantamento,  as populações indígenas são as que mais frequentemente sofrem violências (29,6%) – seguidas por posseiros (18,7%), trabalhadores rurais sem terra (17,5%), quilombolas (15,1%) e assentados (6,7%).

Orientação e ética: CFP realiza 1º encontro regional de comissões do Sistema Conselhos 

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) realizou nos dias 25 e 26 de abril o 1º Encontro Regional das Comissões de Etica (COEs) e de Orientação e Fiscalização (COFs) do Sistema Conselhos.

A atividade reuniu em Brasília/DF representantes dessas  comissões no âmbito dos  Conselhos Regionais de Psicologia da Região Centro-Oeste: Distrito Federal (CRP-01), Goiás (CRP-09), Mato Grosso do Sul (CRP-14) e Mato Grosso (CRP-18).

Esse foi o primeiro da série de eventos que serão realizados nas cinco regiões brasileiras como ação  do Planejamento Estratégico do XIX Plenário do CFP. Até então, o CFP realizava somente um encontro nacional dessas comissões uma vez ao ano. 

Durante a atividade, o presidente do CFP, Pedro Paulo Bicalho, destacou a importância da Secretaria de Orientação e Ética do Conselho Federal na interlocução com os demais conselhos de Psicologia, frisando ainda a relevância desses encontros para oportunizar  o debate da dimensão ética da profissão, que precisa olhar o próprio cotidiano.

O presidente do CFP abordou também o desafio em dialogar com a categoria aspectos sobre a organização do Sistema e as questões de ética e fiscalização da profissão.”Uma parte considerável da categoria não conhece o  Código de Processamento Disciplinar e não faz ideia que existem resoluções e um Código de Ética. Portanto, não é simples a nossa tarefa”. 

Ainda na avaliação de Pedro Paulo Bicalho, a diversidade brasileira e a complexidade da formação profissional impactam sobremaneira o cenário da prática de psicólogas e psicólogos no país, “mas a gente acredita que apostar no campo da regulamentação ética é apostar na proteção da sociedade brasileira. Queremos uma Psicologia que não produza malefícios para a nossa população”, complementou.

Para a conselheira Obadeyi Carolina Saraiva, coordenadora da SOE/CFP,  os encontros regionais representam uma demanda antiga do Sistema Conselhos de Psicologia para a troca de experiências e a realização de ações que são promovidas  pelos CRPs no campo da orientação, fiscalização e ética. “Estarmos com vocês, CRPs, é mais para trocarmos conhecimento e aprendermos do que qualquer outra coisa”, reforçou.

Carolina Roseiro, conselheira do CFP que também faz parte da Secretaria de Orientação e Ética do CFP, ao abordar sua própria trajetória no Sistema Conselhos, em especial na COF do CRP-ES, destacou o objetivo principal do encontro no aspecto da fiscalização. “Esses encontros são importantes para podermos alinhar as perspectivas. Nós temos resoluções que são construídas no processo cotidiano  do exercício profissional da Psicologia, mas  essas resoluções nunca vão dar conta de tudo que abarca o trabalho de fiscalização e a nossa realidade de trabalho muda constantemente. Então, precisamos manter esses encontros e espaços para nos alinharmos em relação a essas mudanças”, frisou.

Programação do Encontro

A programação contou com momentos de diálogo conjunto com COEs e COFs na mesma sala, e outros momentos de diálogos separados de pautas mais específicas só para COEs ou só para COFs.

As duas comissões discutiram conjuntamente orientações para responsáveis técnicos e Pessoas Jurídicas; elaboração e guarda de documentos psicológicos; exercício irregular; perícia psicológica; mediação; limites das notificações e Termos de Ajuste de Conduta – TACs, entre outros.

As COFs abordaram temas como a orientação relacionada aos contextos de Transtorno do Espectro Autista (TEA); Sistema de Avaliação de Práticas Psicológicas Aluízio Lopes de Brito (SAPP); Psicoterapia; estágios; Resolução CFP nº 17/2022, enquanto as COEs trataram de instrução processual; penalidades; prescrição processual; prova emprestada, orientações para o envio de recurso ao CFP,  processos funcionais e Código de Processamento Disciplinar (CPD),  entre outros.

Confira a agenda dos próximos encontros:

Região Nordeste

Fortaleza/CE

6 e 7 de junho

Região Norte

Manaus/AM

20 e 21 de junho

Região Sudeste

Belo Horizonte/MG

25 e 26 de julho

Região Sul

Curitiba/PR

5 e 6 de agosto

Acesse a galeria de fotos do 1º Encontro Regional da Região Centro-Oeste das COEs e COFs 2024.

A Psicologia e os povos indígenas

O Brasil definiu por lei o 19 de abril como Dia dos Povos Indígenas. O objetivo é dar visibilidade à resistência dos povos originários na luta contra o apagamento de suas culturas, diversidades, ritos e saberes tradicionais, e se posicionar pelo fim de todas as formas de negligência e discriminação a essas populações.

E a Psicologia brasileira integra este importante compromisso. Entre os dias 22 a 26 de abril, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) participa do Acampamento Terra Livre, maior assembleia indígena no país.

O fazer da Psicologia junto aos povos indígenas tem mobilizado cada vez mais atenção no Sistema Conselhos. Em 2022, o CFP apresentou à categoria e à sociedade o documento “Referências Técnicas para atuação de psicólogas(os) junto aos Povos Indígenas”, produzido no âmbito do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP) como uma resposta às demandas de psicólogas e psicólogos, apresentadas no 8º Congresso Nacional de Psicologia.

Para ampliar as discussões da Referência e aprofundar questões direcionadas ao fazer psicológico junto a essas populações, o CREPOP irá lançar a “Nota à Referência Técnica de Atuação de Psicólogas(Os) Junto aos Povos Indígenas” produzida sob a coordenação da conselheira do CFP Nita Tuxá, com a colaboração de Edinaldo Rodrigues Xukuru, Geni Núñez e Raquel Diniz, profissionais da psicologia.

Será durante a programação do Acampamento Terra Livre 2024, no dia 24 de abril, às 14h, ao longo da Plenária “Saúde Mental e Bem Viver dos Povos Indígenas do Brasil”. Além dos responsáveis pela produção da Nota, irão compor a plenária as(os) integrantes da Comissão de Direitos Humanos do CFP Alexander Morais, Andreza Cristina da Costa Silva e Alessandra Almeida – também conselheira do CFP.

A programação completa do ATL encontra-se em https://apiboficial.org/atl2024