Conheça os encaminhamentos da Plenária da Apaf de dezembro/17

A Assembleia de Políticas, da Administração e das Finanças do Sistema Conselhos de Psicologia (Apaf) ocorreu, dias 16 e 17 de dezembro de 2017, em Brasília, na sede do Conselho Federal de Psicologia (CFP).

Realizada duas vezes ao ano, a Apaf é composta por delegadas e delegados dos Conselhos Federal e Regionais de Psicologia.

Conheça os principais encaminhamentos da Apaf de dezembro de 2017.

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Veja a cobertura da Apaf.

CFP participa de retomada de reuniões do Conad

Representantes do Conselho Federal de Psicologia (CFP), os conselheiros Paulo Aguiar e Clarissa Guedes participaram, dia 19 de dezembro, em Brasília, da retomada dos trabalhos do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad). No encontro, um grupo de trabalho para avaliar a proposta das novas diretrizes para a Política Nacional sobre Drogas (Pnad), definida pelo Conad em 2005, foi criado.

Para Clarissa Guedes, a proposta de nova resolução foi construída unilateralmente pelo governo e se baseia no realinhamento da Política de Saúde Mental do Ministério da Saúde e no PLC nº 37/2013, do Senado Federal, ainda não aprovado. A nova proposta desconsidera a legislação vigente e os avanços obtidos ao longo de anos de implementação de um modelo de atendimento público, territorializado e pautado na socialização e na autonomia do sujeito, que surgiu em contraponto às instituições de internação, que são isoladas do convívio social e pautadas no modelo de atendimento manicomial. “Se aprovada, a nova resolução vai viabilizar o financiamento governamental a comunidades terapêuticas”, diz Paulo Aguiar. “Além de a grande maioria das comunidades terapêuticas não representar a laicidade do Estado Brasileiro, muitas ainda incorrem em graves violações dos direitos humanos”, explica o conselheiro.

Pela nova proposta, a rede de cuidados, acolhimento e suporte sociais seria reorganizada, sem que tenha sido feita avaliação consistente da atual organização dos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD). Ela também propõe a criação de uma rede nacional de mobilização comunitária, em articulação com grupos e entidades da sociedade civil organizada – as comunidades terapêuticas –, e determina que a União promova, de forma contínua, seu financiamento.

Política Nacional sobre Drogas

A Política Nacional sobre Drogas (Pnad) já prevê responsabilidade compartilhada entre União, estados, municípios e a sociedade brasileira. O Conad é composto por pesquisadores acadêmicos, representantes de vários ministérios e diferentes conselhos profissionais, como o de Medicina, Enfermagem e Psicologia, além de integrantes do Ministério Público e de organizações da sociedade civil.

Militante da juventude LGBT

Coordenador da Articulação Brasileira de Jovens Gays (ArtGayJovem), Cássio Guilherme Maciel dos Santos era um jovem ativista e liderança do movimento LGBT no Amapá e no Brasil.

Foi vice-presidente da Federação Amapaense LGBT e ajudou a construir a unidade do movimento no estado.

De 2013 a 2017 integrou o Conselho Nacional de Combate à Discriminação LGBT (CNCD-LGBT).

Em 10 de julho deste ano, Cássio Guilherme falou sobre a importancia da juventude LGBT para o Brasil e dos desafios de se enfrentar a homofobia. O vídeo foi produzido para divulgar o Diálogo Digital #OrgulhoLGBT: a Psicologia apoia esta causa, e você?, ocorrido três dias depois. O debate foi transmitido pelo site do Conselho Federal de Psicologia (CFP).

Cássio Guilherme faleceu no dia 24 de dezembro de 2017. Seu carisma e sua dedicação seguirão inspirando a atuação do Conselho Federal de Psicologia na defesa e na promoção dos direitos da população LGBT.

 

CFP e CNJ: parceria para combater a violência contra a mulher

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) firmaram protocolo de intenções, nesta quarta-feira (20/12), para que serviços-escolas e tribunais de Justiça enfrentem conjuntamente a violência doméstica contra a mulher. O protocolo de intenções prevê a criação de projeto piloto no Rio Grande do Norte e em Pernambuco.

De acordo com o conselheiro do CFP, Pedro Paulo Bicalho, os índices de violência contra a mulher nesses estados são altos, aliados à baixa incidência da Psicologia junto aos Tribunais de Justiça. “A articulação entre CFP e CNJ promove ação efetiva de enfrentamento à violência contra a mulher e articulação junto à Justiça”, explica o conselheiro. “A parceria mostra a importância da Psicologia no enfrentamento da violência contra a mulher”, complementa a conselheira Clarissa Guedes.

O projeto piloto vai envolver, inicialmente, o CRP-17 (RN), a Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (Abep), as coordenadorias dos Juizados de Violência Doméstica do RN e o CFP. Pedro Paulo Bicalho disse que o objetivo da proposta é articular o Poder Judiciário, o CFP e os Regionais com as universidades, a partir de fevereiro de 2018.

Na quarta, além da presença de representantes do CFP, a assessora-chefe substituta de Assuntos Internacionais do Supremo Tribunal Federal (STF), Luísa Helena Cruz, e a juíza auxiliar da presidência do CNJ, Adremara dos Santos, participaram do encontro.

A medida é um desdobramento de encontro ocorrido em janeiro deste ano entre a ministra Carmen Lúcia Antunes Rocha e três diretores do CFP. À época, a presidente do STF destacou o interesse do CFP pelos projetos desenvolvidos pelo Judiciário brasileiro. Para ela, é importante que a Psicologia ingresse nesses espaços.

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CFP abre diálogo com STF para discutir sociedade e Psicologia

Prorrogadas inscrições para concurso de especialista

As inscrições para o concurso de provas e títulos para concessão do título de especialista em Psicologia foram reabertas, até 15 de janeiro de 2018, pelo Conselho Federal de Psicologia. A concessão do título é regulada pelas Resoluções CFP nº 13/2007 e nº 03/2016.

O concurso, que será executado pelo Instituto Quadrix, terá três fases: prova objetiva, de caráter eliminatório; prova discursiva, de caráter eliminatório; e prova de títulos, de caráter classificatório. As especialidades contempladas no concurso são: Neuropsicologia; Psicologia Hospitalar; Psicologia Clínica; Psicologia Jurídica; Psicologia do Esporte; Psicologia Organizacional e do Trabalho; Psicologia do Trânsito; Psicologia Social; Psicologia em Saúde; Psicomotricidade; Psicologia Escolar/Educacional; e Psicopedagogia.

As provas objetiva e discursiva serão realizadas em todas as capitais brasileiras. As cidades de Boa Vista (RR), Macapá (AP), Porto Velho (RO) e Rio Branco (AC) foram acrescidas na retificação do edital.

O candidato deverá ser psicóloga(o) com mais de dois anos de inscrição em Conselho Regional de Psicologia, contínuos ou intermitentes, contados da data de realização das provas. Além disso, deve ter prática profissional na especialidade solicitada por, no mínimo, dois anos, de acordo com o art. 11 da Resolução CFP nº 13/2007.

As inscrições deverão ser feitas, via internet, até 15 de janeiro de 2018, no endereço http://www.quadrix.org.br. A taxa de inscrição, que custa R$ 150,00, pode ser paga até 16 de janeiro de 2018.

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Inscrições: até 15/1/2018
Limite para pagamento da taxa de inscrição: 16/1/2018
Publicação sobre locais de provas: 29/1/2018
Aplicação das provas objetiva e discursiva: (previsão: turno da tarde) 4/2/2018
Publicação do gabarito da prova objetiva e do resultado preliminar da prova objetiva: 23/2/2018
Resultado final: 10/5/2018

Sessão da Câmara homenageia os 30 anos da luta antimanicomial

Representantes da luta antimanicomial, profissionais de saúde mental, usuários e familiares se reuniram, na manhã desta segunda-feira (18/12), na Câmara dos Deputados, em Brasília, para celebrar os 30 anos da luta antimanicomial. O presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Rogério Giannini, a psicóloga Clarissa Guedes e o psicólogo Paulo Maldos, integrantes do CFP, participaram do evento.
Giannini lamentou a votação ocorrida na semana passada, na Comissão Intergestores Tripartite (CIT), que aprovou resolução alterando a política de saúde mental ao estabelecer novas diretrizes para a Rede de Atenção Psicossocial (Raps), que retrocede o modelo de atenção à saúde mental à lógica ambulatorial. “Estamos de volta ao modelo manicomial.” Giannini também mencionou o Encontro de Bauru de 2017 e sua “capacidade de reconstruir a luta antimanicomial”.

Assista abaixo à sessão solene da Câmara dos Deputados em homenagem aos 30 Anos da Luta Antimanicomial.

A mesa da sessão foi composta também pelo perito do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate a Tortura (MNPCT), Lucio Costa, pelo coordenador do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental e Atenção Psicossocial da Fiocruz, Paulo Amarante, pelo representante do Movimento Pró-Saúde Mental, Thiago Ribeiro, pelo representante da Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial (Renila), Viviane de Matos Gama, pela procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Deborah Duprat, e pelo representante da Inverso, Centro de Convivência e Recriação do Espaço Social, Thiago Petra.

A deputada Érika Kokay (PT/DF), presidente da sessão, afirmou que “a reforma psiquiátrica entrou na vida das pessoas e isso é irreversível”. Kokay disse que pretende apresentar um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para sustar a portaria da CIT, pois a norma “fere a Constituição Federal com o retorno de uma lógica pela qual já passamos”.

Confira a análise do presidente do CFP, Rogerio Giannini, da conselheira do CFP, Clarissa Guedes e Leo Pinho, membro do Conselho Nacional dos Direitos Humanos – CNDH sobre a sessão solene da Câmara dos Deputados em homenagem aos 30 Anos da Luta Antimanicomial.

A sessão também homenageou Samuel Barros Magalhães, ativista da luta antimanicomial, poeta, artesão e um dos fundadores da Torre de TV de Brasília. Sua irmã, Marta Magalhães, recebeu flores e placa simbólica. Um poema de autoria de Samuel, “Marcha da Liberdade”, foi lido em plenário.

Marcha da Liberdade

Uma parte do poema diz:

“Arrasta-me daqui loucura
Arrasta-me para a extremidade do bem
Que o teu mal é menor do que eu li no jornal
Leve-me aos poucos ou de uma vez
Como a minha mente me assalta-me surta,
Converte-me, mas não me deixe normal.”

A sessão foi encerrada com a apresentação da banda Maluco Voador, do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) do Paranoá (DF).

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Assista a sessão solene da Câmara dos Deputados em homenagem aos 30 anos da luta antimanicomial

Assista a cobertura em vídeo realizada pelo CFP

Análises de Rogério Giannini, Clarissa Guedes e Léo Pinho

Transmissão do evento

Leia o Manifesto de Bauru (1987).

Leia a Carta de Bauru 30 anos (2017).

Resolução regulamenta atuação relacionada a travestis e transexuais

Profissionais da Psicologia terão normas de atuação em relação às pessoas travestis e transexuais regulamentadas. A decisão de publicar uma resolução foi tomada por delegadas e delegados da categoria reunidos em Brasília, neste domingo (17/12), durante a Assembleia das Políticas, da Administração e das Finanças (Apaf). O texto aprovado passa a vigorar a partir de sua publicação no Diário Oficial da União.

No exercício profissional, psicólogas e psicólogos são orientados a atuar de modo que as travestilidades e transexualidades não sejam consideradas patologias.

Realizada pelo menos duas vezes ao ano, a Assembleia do Sistema Conselhos é composta por conselheiros federais e regionais de Psicologia. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) tem até três delegados na reunião e o número de representantes regionais varia de um a três, dependendo da quantidade de profissionais inscritos no Conselho Regional de Psicologia (CRP).

A resolução determina que profissionais da Psicologia, em sua prática profissional, devem atuar de forma a contribuir para a eliminação da transfobia – compreendida como todas as formas de preconceito, individual e institucional, contra as pessoas travestis e transexuais. Orienta, ainda, que as e os profissionais não favoreçam qualquer ação de preconceito e nem se omitam frente à discriminação de pessoas transexuais e travestis.

Profissionais da Psicologia, em suas práticas profissionais, precisam reconhecer e legitimar a autodeterminação das pessoas transexuais e travestis em relação às suas identidades de gênero.

A norma recém-aprovada impede o uso de instrumentos ou técnicas psicológicas para criar, manter ou reforçar preconceitos, estigmas, estereótipos ou discriminação e veda a colaboração com eventos ou serviços que contribuam para o desenvolvimento de culturas institucionais discriminatórias.

A resolução também afirma que psicólogas e psicólogos, no exercício profissional, não poderão se pronunciar de modo a legitimar e reforçar o preconceito em relação às pessoas transexuais e travestis. Também não poderão propor, realizar ou colaborar com eventos ou serviços que busquem terapias conversivas, reversivas, de readequação ou de reorientação de gênero das pessoas transexuais e travestis.

Direitos humanos – A resolução considera o Art. 5º da Constituição Federal – “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade” -, e também a Declaração Universal dos Direitos Humanos, especificamente o trecho que diz que “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos; são dotados de razão e de consciência e devem agir em relação uns aos outros em espírito de fraternidade”.

A norma considera a legislação internacional de direitos humanos em relação à orientação sexual e identidade de gênero presentes na Convenção de Yogyakarta e a Declaração de Durban – a Conferência Mundial contra o racismo, a discriminação racial, a xenofobia e a intolerância associada –, que reafirma o princípio de igualdade e de não discriminação, da qual o Brasil é signatário.

O novo texto legal do CFP foi redigido considerado as expressões e identidades de gênero como possibilidades da existência humana, as quais não devem ser compreendidas como psicopatologias, transtornos mentais, desvios e/ou inadequações.

A resolução sobre normas de atuação às pessoas travestis e transexuais entrará em vigor assim que publicada.

Nome social destacado em carteira de identidade

Na mesma reunião da Apaf, decidiu-se que o nome social de profissionais travestis e transexuais deve ser destacado, ao lado da fotografia, na frente da carteira de identidade emitida pelos Conselhos Regionais de Psicologia. A decisão ocorreu no sábado (16).

A proposta de ressaltar o nome social na carteira profissional foi aprovada por unanimidade, de forma a valorizar a dignidade da profissional. Além desse campo, haverá espaço, ainda, para a inclusão de “raça/cor” e “identidade de gênero” no Cadastro Nacional de Psicólogas(os). Leia a matéria aqui.

Veja imagens da plenária da Apaf da manhã de domingo e também da votação da resolução sobre atendimento a transexuais e travestis.

 

Resolução do CFP regulamenta prática on-line

Profissionais da Psicologia vão ter nova resolução sobre os serviços psicológicos realizados por meios tecnológicos de comunicação a distância. A decisão de reformular a Resolução CFP 11/2012 foi tomada por delegadas e delegados da categoria reunidos em Brasília, neste sábado (16/12), durante a Assembleia de Políticas, da Administração e das Finanças (Apaf).

Realizada pelo menos duas vezes ao ano, a Assembleia do Sistema Conselhos é composta por conselheiros federais e regionais de Psicologia. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) tem até três delegados na reunião e o número de representantes regionais varia de um a três, dependendo da quantidade de profissionais inscritos no Conselho Regional de Psicologia (CRP).

A nova norma considera ser dever profissional prestar serviços psicológicos de qualidade, em condições de trabalho dignas e apropriadas à natureza desses serviços, utilizando princípios, conhecimentos e técnicas fundamentados na ciência psicológica, na ética e na legislação profissional e também nas disposições do Código de Ética e que os meios tecnológicos de informação e comunicação (TICs) são ferramentas que podem ajudar no atendimento síncrono ou assíncrono.

A prestação dos seguintes serviços psicológicos, desde que não firam o Código de Ética, foi regulamentada: as consultas e atendimentos psicológicos; processos de seleção de pessoal; uso de instrumentos psicológicos regulamentados com parecer favorável do Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (Satepsi); supervisão técnica.

Para prestar serviços por meio de TICs, a profissional da Psicologia deve estar cadastrado no CFP.

O atendimento de pessoas e grupos em situação de urgência e emergência de forma on-line foi considerado inadequado e o atendimento em situação de violação de direitos ou de violência, vedado, segundo a nova norma. Ambos devem ser executados de forma presencial.

A nova resolução entrará em vigor 180 dias após a data de sua publicação.

As delegadas e os delegados continuam reunidos em assembleia neste domingo (17/12).

Veja imagens da plenária da Apaf deste sábado à tarde.

Profissionais da Psicologia terão nome social destacado na identidade

Profissionais da Psicologia travestis e transexuais vão ter o nome social destacado, ao lado da fotografia, na frente da carteira de identidade emitida pelos Conselhos Regionais de Psicologia. Esta foi a decisão das delegadas e delegados da categoria reunidos em Brasília, neste sábado (16/12), durante a Assembleia das Políticas, da Administração e das Finanças (Apaf).

Realizada pelo menos duas vezes ao ano, a Assembleia do Sistema Conselhos é composta por conselheiros federais e regionais de Psicologia. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) tem até três delegados na reunião e o número de representantes regionais varia de um a três, dependendo da quantidade de profissionais inscritos no Conselho Regional de Psicologia (CRP).

A decisão de ressaltar o nome social na carteira profissional foi aprovada por unanimidade, de forma a valorizar a dignidade da profissional. Além desse campo, haverá espaço, ainda, para a inclusão de “raça/cor” e “identidade de gênero” no Cadastro Nacional de Psicólogas e Psicólogos.

As delegadas e os delegados vão continuar reunidos em assembleia neste domingo (17/12).

Veja imagens da plenária da Apaf deste sábado e também da votação relacionada à inclusão do nome social na carteira profissional.

CFP vai recorrer da sentença sobre Resolução 01/99

Decisão equivocada. Assim o Conselho Federal de Psicologia e os Conselhos Regionais de Psicologia receberam a sentença da 14a Vara da Justiça Federal relacionada ao processo 1011189-79.2017.4.01. No entanto, na avaliação do Conselho Federal e dos 23 Conselhos Regionais de Psicologia, reunidos em 15 de dezembro de 2017, em Brasília, a sentença reconhece tardiamente a competência orientadora, disciplinadora e fiscalizadora da autarquia e mantém a Resolução CFP 01/99 na íntegra. A norma orienta os profissionais da Psicologia a atuar nas questões relativas à orientação sexual.

O CFP e os Conselhos Regionais de Psicologia afirmam que, ao contrário do que alega a ação inicial, a Resolução 01/99, em nenhum momento da sua história, impediu ou restringiu o atendimento psicológico a pessoas de qualquer orientação sexual. O limite ético desses atendimentos se dá na proibição de práticas relacionadas à reorientação sexual e a violação da dignidade das pessoas.

A categoria psiquiátrica egodistonia por orientação sexual é comumente usada para problematizar a Resolução CFP 01/99. Entende-se que os sujeitos egodistônicos não se sentem confortáveis com a orientação sexual homossexual vivenciada. Alguns grupos contrários à resolução sugerem que profissionais da Psicologia deveriam oferecer tratamentos que supostamente possibilitariam a mudança da orientação sexual desses sujeitos. Em resposta a esse argumento, a Psicologia propõe outra leitura sobre os sofrimentos decorrentes das chamadas homossexualidades egodistônicas. Não se trata de negar o sofrimento que as pessoas homossexuais são acometidas decorrentes da LGBTfobia, porém entender que o sofrimento não está nas orientações sexuais em si mesmas (homossexualidade, bissexualidade ou heterossexualidade), mas relacionadas às condições sociais que atribuem sentido pejorativo às suas expressões e vivências, prejudicando a qualidade da vida psíquica e social.

Por isso, a Psicologia acolhe o sofrimento psíquico decorrente da egodistonia sem utilizar terapias de reversão sexual.

O CFP refuta com veemência a alegação de que a Resolução 01/99 impediria o avanço de pesquisas científicas na área da sexualidade. Esse argumento não tem qualquer sustentação de base técnica, tendo em vista que o CFP, assim como todos os demais conselhos profissionais, não tem competência de regular pesquisas científicas. Essa prerrogativa cabe à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde, por meio da Resolução CNS 466/2012. O vocábulo “pesquisa” sequer é citado no texto da Resolução do CFP.

Há evidência robusta de que o número de pesquisas no campo da sexualidade aumentou consideravelmente nos últimos 18 anos. Isso demonstra que, desde sua publicação, a Resolução 01/99 não exerceu qualquer influência na liberdade de pesquisa por parte dos profissionais da Psicologia, das instituições de ensino superior em Psicologia ou entidades que trabalham com pesquisa na profissão.

A Resolução 01/99 impacta positivamente o enfrentamento aos preconceitos e na proteção dos direitos da população LGBT no contexto social brasileiro, que apresenta altos índices de violência e mortes por LGBTfobia. A estatística aponta que, somente em 2016, 343 assassinatos foram motivados por preconceito contra pessoas LGBT no Brasil.

Em um país que desponta na quantidade de pessoas assassinadas por orientação sexual, não cabe à Psicologia brasileira a produção de mais violência, mais exclusão e mais sofrimento a essa população estigmatizada ao extremo.

A Psicologia brasileira não será instrumento de promoção do sofrimento, do preconceito, da intolerância e da exclusão.

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