CFP adere ao Alerta Feminista em favor dos direitos das mulheres

O Conselho Federal de Psicologia assinou, dia 31 de agosto, o “Alerta Feminista” em favor dos direitos das mulheres para a legalização do aborto. O documento, iniciativa da Frente Nacional contra a Criminalização das Mulheres e pela Legalização do Aborto, foi criado para reforçar a luta do movimento feminista diante do atual cenário político.

“O poder legislativo brasileiro está tomado por uma bancada racista, machista, fundamentalista, violadora-de-direitos, que se fortalece através de ataques sórdidos à autonomia das mulheres”, diz o texto. No tema dos direitos reprodutivos os projetos de lei conservadores impactam negativamente as mulheres, mais intensamente as mulheres negras e dos setores populares, com menos acesso a direitos.

O movimento da Frente Nacional contra a Criminalização das Mulheres e pela Legalização do Aborto existe desde 2008 e luta pelo direito ao aborto legal para todas as mulheres brasileiras, pelo tratamento do problema do aborto na esfera da saúde pública ao invés da esfera penal, que criminaliza e mata principalmente as mulheres pobres e negras, e deixa todas as mulheres em situação de vulnerabilidade.

Confira o Calendário de Mobilizações:

27 de setembro – 2ª Virada Feminista Online #PrecisamosFalarSobreAborto 24 h – Este ano a Virada começará à meia noite do dia 26 de setembro para terminar à meia noite do dia 27. Vocês poderão assistir tudo ao vivo pelo facebook e, semanalmente, uma circular como esta será emitida a todas as organizações signatárias do Alerta FEMINITA com mais informações. Nos dias 11, 12 e 13 de setembro haverá um Esquenta da Virada Feminista Online às 19h e às 20h, também via facebook.

28 de setembro – Atos públicos em diferentes cidades do país.

Criança Feliz: o Estado volta ao passado

É a ideia de infância que determina as políticas de um governo para essa faixa da população. No Brasil, a opção do governo federal tem sido por uma definição defasada, se considerarmos que, entre 2016 e 2017, os municípios deixaram de receber mais de R$ 471 milhões para políticas públicas da assistência social, área que, a partir da Constituição de 1988, adquiriu caráter de política pública, deixando para trás o viés assistencialista.

Segundo a Confederação Nacional de Municípios (CNM), o corte orçamentário foi de 19% no período. As reduções nas políticas da assistência social são contrastantes com outras ações do governo federal, pois, no mesmo período, o então Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário criou o Programa Primeira Infância (Criança Feliz) no Sistema Único de Assistência Social (Suas), com orçamento de R$ 328 milhões em 2017.

Os municípios, que já enfrentavam dificuldades para manter os atuais programas, em razão da insuficiência de recursos e da falta de reajustes anuais dos pisos de cofinanciamento, ficaram, então, com os orçamentos mais comprometidos.

“Esse corte de recursos e a proposta do Programa Criança Feliz são muito preocupantes, pois comprometem determinantemente a execução dos princípios, diretrizes e objetivos do SUAS, bem como das garantias estabelecidas no Marco Legal da Primeira Infância (Lei nº 13.257/2016)”, afirma Fabiana Itaci, psicóloga integrante do Conselho Federal de Psicologia (CFP).

Retirada de recursos da rede de assistência social

De acordo com as informações do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) o Programa Criança Feliz repassa recursos e apoio técnico às prefeituras a 2.547 municípios para desenvolvimento de ações de proteção à primeira infância. Até agora, segundo o MDS, R$ 93,4 milhões foram repassados aos municípios para acompanhar crianças beneficiárias do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC). O ponto central do programa é a visita domiciliar de técnicos para mostrar às famílias a maneira correta de estimular o desenvolvimento dos filhos nos primeiros mil dias de vida.

O problema de gestão da política, como aponta o psicólogo Joari Carvalho, que atua em Suzano (SP), é que as prefeituras já desenvolvem ações socioassistenciais e, em busca de mais recursos, em período de orçamentos reduzidos ou congelados, acabam aderindo ao Criança Feliz sem analisar o que terão de investir ou reordenar dos serviços atuais para que o programa funcione e cumpra suas finalidades. Aí reside o problema, pois as equipes municipais já estão comprometidas com ações previstas para os serviços atuais da assistência social, que poderiam ser aprimorados e cobrir adequadamente o atendimento a crianças no período da primeira infância, conforme a lei que regulamenta a Política Nacional da Primeira Infância (Lei nº 13.257/2016). “Bastariam reforço de recursos e apoio técnico das esferas estaduais e federal”, afirma Joari.

Recursos municipais que deveriam ser utilizados em políticas, programas e ações de assistência social estão sendo aparentemente desviados para o cofinanciamento do Criança Feliz. Joari explica: “É um desvio da finalidade da Política de Estado para uma ação pontual de um governo”. Em vez de investir na estruturação do acompanhamento e no atendimento nos Centros de Referência de Assistência Social (Cras), criou-se um programa paralelo, que concorre com ações sociassistenciais ou as sobrecarrega. Apesar de ter objetivos e procedimentos diferentes, o Criança Feliz atribui a gestão dos acompanhamentos às equipes do Cras, em particular à coordenação.

Direitos civis ameaçados pelo Criança Feliz

Na opinião da psicanalista Ilana Katz, a luta pelos direitos civis sempre perde quando se tenta hierarquizar e decidir qual direito é prioritário ou fundamental. “Direitos não se negociam. Nenhum, e para ninguém”, afirma Katz, que enxerga proposição assistencialista nos discursos do governo sobre o programa. Na apresentação do Criança Feliz no portal do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) há referências à inibição do comportamento agressivo e violento na adolescência, ao acompanhamento para famílias beneficiadas pelo Bolsa Família com bebês ou crianças até 3 anos, por meio de assistentes sociais que vão orientar “como criar as crianças em melhores condições”.

Katz vê semelhanças entre os pressupostos do Criança Feliz e os conceitos de infância anteriores à Constituição de 1988. Ela volta no tempo e lembra a história recente do Brasil. Em 1927, a criação do Código de Menores Mello Mattos se baseava em doutrina que afirmava ser dever do Estado assistir os menores abandonados ou de famílias consideradas inaptas ao cuidado do filho. Essa categoria era aplicada às famílias pobres, negras e excluídas dos direitos de cidadania. O saneamento social era a proposta desse código do início da República, que atribuía à infância dos pobres o sentido de periculosidade, como escreveu a pesquisadora Isadora Simões Souza em “Determinantes da institucionalização de crianças e adolescentes em tempos de doutrinação da proteção integral”, sua dissertação de mestrado na Universidade Nova de Lisboa, em 2017.

Em 1979, o Brasil viu segundo Código de Menores nascer. Apesar de alterar o primeiro, manteve as bases jurídicas do documento de 1927. Somente em 1988, a Constituição Federal modificou a compreensão do conceito de infância e da responsabilidade que o Estado tem em relação aos brasileiros dessa faixa etária. Dois anos depois, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) propôs tomá-los como sujeitos de direitos e cidadãos plenos. A categoria “menor” foi abandonada nessa época, e também a doutrina de “situação irregular”, substituída pela de “proteção integral”.

Incapacitação pela pobreza

O programa Criança Feliz propõe acesso a políticas públicas para a infância como norteador da intervenção do visitador domiciliar encarregado do cuidado. Nesse sentido, a psicanalista Ilana Katz avalia que a condição de cidadania da infância estaria sendo respeitada. No entanto, além das políticas públicas para a infância estarem sofrendo impactos do desinvestimento do Estado, a proposição central da tutela presente no discurso sobre o Criança Feliz representa um retrocesso.

Como explica Katz, a dimensão assistencialista do programa do governo federal – ensinar os pais das famílias pobres a zelarem por seus filhos – sustenta a hipótese da “incapacitação pela pobreza” e retira da criança e do adolescente sua condição de sujeito de direitos. Na visão de Ilana, essa abordagem de “um agente do Estado se propor a dar dicas para os pais das famílias pobres sobre como cuidar da criança para que ela não se transforme num adolescente violento” fere os princípios da proteção integral e reassume caráter tutelar da política para a infância.

Joari Carvalho concorda que um dos principais problemas de concepção do programa é a focalização, que beira o discriminatório, em grupos muito específicos – apenas famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família (PBF) e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) com gestantes ou crianças. “Parece que o Criança Feliz parte do pressuposto de que basta dizer para a família o que tem que ser feito para garantir magicamente o pleno desenvolvimento da criança”, afirma.

Para a formulação de políticas públicas destinadas à infância, na opinião de Joari Carvalho, é necessário pensar as questões culturais, a relação das pessoas com o ambiente, os papéis de pais e mães, a violência nos grandes centros urbanos e, sobretudo, a falta de acesso às políticas sociais básicas a que as pessoas teriam direito, mas o próprio Estado não garante. “Não se discutiu nada disso, somente se mamães e papais estão cuidando da água, se passam repelente na criança. Pode até ter alguma pertinência, mas é uma simplificação grosseira diante da qual não podemos calar. Se a criança não se desenvolve direito, como eles preconizam, a culpa é da família? No meu entendimento, e de outros atores sociais, o desenvolvimento da criança deve ser pensado como resultado de um conjunto de responsabilidades a serem cumpridas também pela sociedade e pelo Estado, e não só das famílias, que acabam sendo culpabilizadas e ficam sem condições de se defender de mais uma violência contra quem já é vítima de inúmeras omissões do poder público”, avalia o psicólogo.

Controle social ignorado

Joari Carvalho ressalta também que não houve o devido diálogo com a sociedade para a criação do Programa Criança Feliz. “O debate ficou restrito aos formuladores.” Segundo Carvalho, muitos setores da sociedade civil foram ignorados ou pouco ouvidos na implantação súbita e verticalizada do Criança Feliz por questionarem o sentido ético e político da promoção, por parte da União, estados e municípios, de práticas inadequadas e praticamente fiscalizadoras do cuidado das famílias com suas crianças.

Exemplo de instituição que se posicionou contrária ao programa foi o Conselho Municipal de Assistência Social de São Paulo (Comas/SP). Em decisão publicada no Diário Oficial de São Paulo no dia 24 de fevereiro, o Comas deliberou pela não adesão de São Paulo ao programa alegando que o governo federal não havia fornecido informações suficientes em relação às questões técnicas operacionais, metodológicas e conceituais da iniciativa encabeçada pela primeira dama Marcela Temer. O Comas/SP também questionou a origem dos recursos federais e considerou que a falta dessa informação poderia “onerar ações continuadas da Política Municipal de Assistência Social existentes”.

Apesar da orientação contrária, a Prefeitura de São Paulo manteve a defesa da implantação do programa, insinuando que não precisava da aprovação pelo Comas/SP. Em agosto, conseguiu a aprovação do Criança Feliz, em processo que implicou alterações de composição do conselho, radicalização dos debates e polarização das opiniões.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) apoia as entidades (coletivos de usuárias/os e trabalhadoras/es; conselhos municipais e estaduais) que se posicionam criticamente em relação ao Programa Criança Feliz e ao desrespeito ao controle social das políticas de Assistência Social.

Comunidades terapêuticas são estabelecimentos de saúde?

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) e 28 entidades da saúde mental, luta antimanicomial e direitos humanos enviaram, no dia 30 de maio, uma Carta à Procuradoria Federal dos Direitos dos Cidadãos do Ministério Público Federal manifestando preocupação sobre a portaria do Ministério da Saúde que classifica as comunidades terapêuticas (CTs) como estabelecimentos de saúde (Portaria SAS/MS nº 1482/2016).

Pela classificação do Ministério da Saúde, as comunidades terapêuticas deveriam figurar como locais voltados à promoção de práticas corporais, artísticas, culturais, físicas, promoção nutricional e educação em saúde. No entanto, inspeções realizadas nos últimos anos demonstram que esses estabelecimentos – na contramão dos princípios da reforma psiquiátrica e da política de redução de danos na saúde mental – têm figurado como ambientes de reprodução das práticas manicomiais e violação de direitos humanos.

Outra questão preocupante, ressaltada pelas entidades, é o gradativo desmonte das políticas públicas de saúde mental, a partir do deslocamento de repasses da Rede de Atenção Psicossocial (RAP) para financiamento das comunidades terapêuticas.

Além dos aspectos relacionados ao atendimento oferecido aos usuários, é necessário avaliar, com critério, como se dá prática psicológica nas comunidades terapêuticas. “Até que ponto as (os) psicólogas (os) conseguem atuar nestes espaços preservando os princípios éticos da profissão?”, questiona o psicólogo clínico Paulo Aguiar, membro do Conselho Federal de Psicologia.

Para discutir essa e outras questões relacionadas à atenção em saúde mental nas comunidades terapêuticas, o CFP vai promover, no dia 15 de agosto, às 16h, o Diálogo Digital – Comunidades terapêuticas são estabelecimentos de saúde?

O bate-papo, que será transmitido ao vivo pelo site www.cfp.org.br, contará com as presenças do psicólogo Paulo Aguiar, membro do Conselho Federal de Psicologia; da procuradora federal Deborah Duprat, da Procuradoria dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal (MPF); do psicólogo Lucio Costa, perito do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT); de Leonardo Penafiel Pinho, presidente da Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários (Unisol) e membro do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH); e da psicóloga Fernanda Magano, vice-presidente da Federação Nacional dos Psicólogos (Fenapsi).

Você pode participar do Diálogo Digital – Comunidades terapêuticas são estabelecimentos de saúde? em tempo real, enviando perguntas pelo Youtube, Facebook e Twitter com a #DialogosCFP ou pelo e-mail comunica@cfp.org.br.

Diálogos Digitais

Comunidades terapêuticas são estabelecimentos de saúde?

Data: 15 de agosto de 2017 (terça-feira)
Hora: 16h
Transmissão ao vivo pelo site www.cfp.org.br
Confirme presença aqui: https://www.facebook.com/events/289598954849689/

Conheça os convidados do Diálogo Digital – Comunidades terapêuticas são estabelecimentos de saúde?

Deborah Duprat

Subprocuradora-geral da República, procuradora federal dos Direitos do Cidadão no Ministério Público Federal. Mestre em Direito e Estado pela Universidade de Brasília (UnB).

Fernanda Magano

Vice-presidente da Federação Nacional de Psicólogos (Fenapsi) e presidente do Sindicato dos Psicólogos no Estado de São Paulo (SinPsi-SP). Psicóloga no Núcleo de Observação Criminológica da Coordenadoria de Saúde da Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo.

Leonardo Pinho

Presidente da Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários (Unisol), membro da Mesa Diretora do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e diretor da Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme).

Lúcio Costa

Psicólogo perito do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT). Mestre em Educação, Sociedade e Movimentos Sociais pela Universidade Federal de São Carlos (UFScar) e pesquisador no Observatório Nacional de Saúde Mental e Justiça Criminal da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Paulo Aguiar

Psicólogo clínico, membro do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e coordenador da pós-graduação em Saúde Mental e Dependência Química do Centro Universitário Redentor do Rio de Janeiro, realizada pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional (IDE) em cursos do Recife (PE).

#Psi55anos: Toda Psicologia nos interessa

No dia 27 de agosto, o Brasil celebra o Dia da/o Psicóloga/o. A data relembra a regulamentação da profissão há 55 anos por meio da Lei nº 4.119/1962. Em todos os Estados, entidades da Psicologia estão promovendo atividades em homenagem a essa categoria profissional que tem como marca o compromisso com a transformação da realidade social, articulada à promoção direitos humanos. Para reforçar a divulgação dessa agenda comemorativa, Conselhos Regionais e o Conselho Federal de Psicologia (CFP) decidiram fazer uma ação coletiva, utilizando a hashtag #Psi55anos.

A ideia é compartilhar a programação nacional de eventos e também mostrar a riqueza da prática psicológica exercida pelas (os) quase 300 mil psicólogas (os) brasileiras (os).

Você pode fazer parte desta ação. Atualize a foto do seu perfil (http://bit.ly/Psi55anos) e divulgue nas redes sociais a programação do Dia da/o Psicólogo/a na sua cidade utilizando a hasthtag #Psi55anos. Você também pode fazer fotos, vídeos e postagens compartilhando sua experiência de trabalho e sua prática psicológica.

Campanha #Psi55anos

A campanha nas redes sociais #Psi55anos é a primeira ação coletiva da Rede de Comunicação Distribuída do Sistema Conselhos de Psicologia. O projeto colaborativo, iniciado em julho, já conta com a participação de 18 conselhos regionais (CRP-01, CRP-02, CRP-03, CRP-04, CRP-05, CRP-06, CRP-09, CRP-10, CRP-12, CRP-13, CRP-14, CRP-16, CRP-17, CRP-18, CRP-19, CRP-20, CRP-22 e CRP-23). O objetivo é envolver as equipes de comunicação de todos os 23 Conselhos Regionais e do Conselho Federal de Psicologia. A constituição da rede de contatos é um primeiro passo para a elaboração do Plano de Comunicação Colaborativo do Sistema Conselhos, conforme decidido na última Assembleia de Políticas, da Administração e das Finanças do Sistema Conselhos de Psicologia (Apaf).

Toda Psicologia nos interessa

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) vai realizar, dia 21 de agosto, rodas de conversa transmitidas pela internet com o tema “Toda Psicologia nos Interessa – 55 anos da profissão no Brasil”. O evento vai reunir psicólogas (os) de várias partes do país para dialogar sobre diferentes abordagens da Psicologia e os vários espaços sociais em que psicólogas (os) podem exercer suas atividades profissionais.

Veja aqui a programação em todo o Brasil. 

Audiência pública discute regulamentação de cursos a distância na área da saúde

A Comissão de Educação sobre Educação a Distância (EAD) da Câmara dos Deputados vai promover, dia 8 de agosto, audiência pública para debater a expansão da oferta de cursos superiores a distância na área da saúde. A audiência, com início previsto para 10h, será retransmitida pelo site do CFP. Para participar do diálogo, envie suas perguntas por meio da plataforma e-democracia.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) apoiou nota divulgada, em 2 de junho, pela Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (Abep) em repúdio ao conteúdo do Decreto Presidencial nº 9.057, de 25 de maio de 2017. O documento legal autoriza, na prática, a oferta de cursos de graduação em nível superior realizados exclusivamente pela internet, até mesmo na área da saúde. Saiba mais sobre o tema no site do CFP.


135ª Reunião Extraordinária do Fórum dos Conselhos Federais da Área da Saúde  (FCAS)

Data: 8 de agosto

Hora: 10h

Local: Anexo II, Plenário 10, da Câmara dos Deputados

Informações: Confira a  Programação da audiência.

Família de Marcus Vinicius recebe apoio na busca por justiça

Há um ano e cinco meses, a família de Marcus Vinicius de Oliveira aguarda a conclusão do inquérito policial sobre o bárbaro assassinato do psicólogo. Nesta semana, alguns familiares viajaram até a Bahia para conversar com as autoridades locais e cobrar mais agilidade nas investigações. Eles receberam apoio de entidades da Psicologia e de defesa de direitos humanos, que formaram um grupo de acompanhamento permanente do caso.

O compromisso foi firmado, nessa quarta-feira (19), em Salvador, durante reunião na Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS). Organizado pela Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (CDH/CFP), o encontro reuniu familiares do psicólogo e representantes de 11 instituições do meio jurídico, legislativo, acadêmico, sindical e da sociedade civil organizada.

Segundo a psicóloga Carla França, membro da CDH/CFP, o objetivo foi mobilizar atores institucionais e do movimento social que fizeram parte da trajetória de Marcus Vinicius para reforçar com as autoridades públicas uma investigação sob a ótica dos direitos humanos. “Além de colega de profissão, Marcus foi um símbolo do compromisso social da Psicologia. Nossa luta não é apenas para apurar sua morte, mas um esforço em nome de todas as pessoas que lutam por direitos e estão sendo mortas no país.”

A comissão permanente que acompanhará o caso é formada pela Comissão de Direitos Humanos do CFP, Secretaria de Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia, Ministério Público Estadual, Universidade Federal de Bahia (UFBA), Diretório Acadêmico da Faculdade de Psicologia da UFBA, Diretório Central de Estudantes da UFBA, Universidade Católica de Salvador (Ucsal), Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino da Bahia (Apub), Núcleo de Estudos Interdisciplinares para Superação dos Manicômios (Nesm), Coletivo Baiano da Luta Antimanicomial, Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais (AATR), Associação Baiana de Imprensa (ABI) e Câmara Municipal de Salvador.

Socioambiental – Os familiares de Marcus Vinicius também tiveram encontros com representantes do Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoas, do Departamento de Polícia do Interior e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Nessas conversas, apresentaram informações que ampliam o escopo da investigação e demonstram a urgência de medidas para garantir a segurança dos moradores da comunidade Pirajuía, município de Jaguaripe/BA, onde foi assassinado. “Trouxemos mais esta contribuição para que o inquérito seja fechado com provas robustas para fazer justiça”, explicou o advogado Caio Valace, irmão de Marcus Vinicius.

Segundo Marta Melo, viúva do psicólogo, após sua morte, um “clima de terror” se instalou na comunidade. “Moradores da região, especialmente os que trabalham com a pesca de mariscos, têm sido ameaçados para sair de suas terras para dar lugar a carcinicultura em larga escala. Marcus foi última pedra retirada”. Ela se refere às lutas do psicólogo ao lado dos pescadores da região para preservação ambiental da área.

Atento às questões sociais, Marcus Vinicius militava em defesa das populações mais vulneráveis na comunidade, na universidade e nos Conselhos de Psicologia. Nos mais de 20 anos em que morou num sítio em Pirajuía, ele era uma liderança em defesa da preservação do mangue, de onde boa parte dos moradores da comunidade retira o sustento familiar.

Violência – “Ele fez várias intervenções para assegurar os direitos daquela comunidade, o que irritou muitos interessados na especulação econômica da área. Por isso, acreditamos que a dimensão do assassinato de Marcus se dá dentro de vários contextos, incluindo a defesa do equilíbrio socioambiental da área”, explica Caio Valace.

“Especialmente nas relações do campo, essa tem sido uma marca no Brasil: a manifestação da cultura da violência como forma de resolução de conflitos”, afirma Rogério Giannini, presidente do Conselho Federal de Psicologia. Giannini enfatiza que o CFP seguirá empenhado no diálogo com os órgãos e autoridades competentes pelas investigações, cobrando agilidade e lutando contra a impunidade, “tão comum nesses casos”.

Complexo – Para Marta Melo, o apoio das instituições e movimentos sociais têm sido essencial para que o caso não caia no esquecimento. “Se não fosse esse apoio, dificilmente teríamos tanta dedicação dos órgãos policiais. Apesar da limitação estrutural, o inquérito não ficou parado. Há um trabalho sendo feito para incluir as provas materiais necessárias à denúncia formal do Ministério Público. O caso é mais complexo do que imaginávamos.”

Caio Valace acredita que a mobilização revigora as forças da família para que o assassinato não seja apenas um número nas estatísticas de violência. “Somos gratos aos movimentos. Eles nos mostram a expressão que Marcus tinha nos meios acadêmico e profissional. Fazer justiça com a morte do meu irmão é fortalecer a luta em defesa dos direitos sociais.”

Avanço – O assassinato de Marcus Vinicius tem sido acompanhado também pela Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos. “Já se passou muito tempo de investigação, mas a conjuntura e a delicadeza do homicídio envolvendo um defensor de direitos humanos renomado no país exigem cuidados”, afirma a ouvidora Irina Bacci. Esta semana a Secretaria de Segurança Pública da Bahia informou que o processo está em estágio avançado, em fase de relatoria do inquérito para o Ministério Público. “As investigações estão sendo realizadas com bastante critério para chegar ao indiciamento de todos os envolvidos, executores e mandantes”.

O crescimento da violência contra ativistas dos direitos humanos é motivo de preocupação. Irina Bacci conta que as maiores vítimas estão no campo. São trabalhadores rurais, indígenas e quilombolas. “Somente na semana passada, fomos notificados do assassinato de mais quatro lideranças”. Este ano, as mortes já somam 25.

Belém recebe a segunda edição do Congresso Internacional de Psicologia Jurídica

Belém do Pará será a sede do II Congresso Internacional de Psicologia Jurídica entre 3 e 6 de julho de 2017. Promovido pela Associação Brasileira de Psicologia Jurídica (ABPJ), o evento vai reunir palestras, conferências e apresentações de trabalhos técnico-científicos e sociais da área. Minicursos também foram programados. As inscrições podem ser feitas, até 1º de julho, no site do evento.

Serviço

II Congresso Internacional de Psicologia Juridica
Data:
 3 a 6 de julho de 2017
Local: Centro de Convenções do Hotel Sagres
Av. Gov. José Malcher, 2.927, Nazaré
Belém – PA

Quando nossas vidas importam: CFP participa de seminário LGBT

A conjuntura política brasileira impede o avanço das demandas da população LGTB. A análise dos participantes do 14º Seminário LGBT do Congresso Nacional, realizado nessa quarta-feira (13/6), em Brasília, foi unânime. Durante o evento, parceria de oito comissões temáticas da Câmara e do Senado, a audiência destacou a pauta conservadora e antidemocrática do Congresso Nacional e do governo brasileiro.

Sandra Spósito, representante do Conselho Federal de Psicologia (CFP), convidou todas (os) as (os) participantes para defender a Resolução CFP 01/99, destacou que a Psicologia não trata a homossexualidade como doença e que o entendimento sobre a transexualidade segue o mesmo caminho.

Parlamentares e representantes de movimentos sociais LGBT falaram da necessidade de conter o avanço conservador no Congresso Nacional. O deputado Jean Wyllys (Psol-RJ) explicou que a proposta do evento era enumerar ideias para proposições legislativas e estratégias políticas que possam impedir que projetos que tentem “barrar nossa cidadania” sejam aprovados. “Os artistas, os trabalhadores da cultura e os movimentos sociais estão nas ruas pedindo diretas já e essa luta nos diz respeito, porque só a democracia pode garantir o avanço da luta da comunidade LGBT por cidadania plena.”

Tensionamentos – A deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ) falou sobre as lutas para barrar projetos de Decretos Legislativos que buscam sustar os efeitos da Resolução CFP 01/99. Para a parlamentar, “doentes são os homofóbicos. Doentes são os LGBTfóbicos”. O deputado Bacelar (Pode-BA) citou, entre as medidas conservadoras, a retirada pelo Ministério da Educação das expressões “identidade de gênero” e “orientação sexual” da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Em seguida, Andrey Lemos, da União Nacional LGBT (UnaLGBT), a conselheira Sandra Spósito, Thais Paz, do Coletivo LGBT do Movimento dos Sem Terra (MST), Marina Reidel, da Coordenação LGBT do Ministério dos Direitos Humanos, e dom Maurício Andrade, bispo da Diocese Anglicana de Brasília, fizeram a mediação do debate com o público.

Sandra Spósito disse que o avanço das visões conservadoras e fundamentalistas afetam diversos espaços de atuação da Psicologia e provoca tensionamentos. Ao lembrar a tramitação do Projeto de Decreto Legislativo 539/2016 que busca sustar a Resolução 01/99, disse que essas iniciativas de retorno às concepções patologizantes significam retrocesso à garantia de direitos e alimentam visão distorcida e preconceituosa das expressões homossexuais. Spósito contou que o CFP defende o processo de despatologização das identidades trans. “As pessoas trans precisam de cuidados relacionados aos diversos processos de mudanças corporais, mas isso não significa que estejam doentes.” Ela falou ser necessário articular esforços para enfrentar tentativas de legislar em prol da patologização das pessoas LGBT. “Temos que mobilizar todo mundo. Isso é uma pauta da Psicologia, das profissões da área da saúde, do movimento LGBT, das famílias LGBT, e de um projeto de sociedade baseado na prerrogativa da diversidade e dos direitos humanos.”

Cotidiano – Spósito destacou também que esse tipo de conflito não atinge somente a Psicologia, mas outras profissões, como o Serviço Social, e ramos da Educação e da Saúde, nos quais os profissionais estão sendo confrontados no seu cotidiano e necessitam responder a temas como o respeito ao nome social e à diversidade sexual.

Em março, representantes de diferentes conselhos profissionais decidiram, durante reunião em Brasília, articular ações para defender a Resolução CFP nº 01/1999, que estabelece normas de atuação para psicólogas (os) em relação à orientação sexual. A decisão foi tomada na sede do CFP por dirigentes da autarquia e representantes do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), Conselho Federal de Farmácia (CFF), Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Associação Brasileira de Psicologia Social (Abrapso), Conselho Regional de Psicologia da Bahia (CRP-03), Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (Abrapee) e Federação Nacional dos Psicólogos (Fenapsi).

Assista os vídeos 1 e 2 do XIV Seminário LGBT do Congresso Nacional:

Saiba mais:

Em defesa da Resolução 01/1999

CFP participa de reunião de conselho de combate à discriminação LGBT

CFP apoia posicionamento da ALGBT sobre censura de livros didáticos em Rondônia

Com informações da Agência Câmara de Notícias.

Seminário discute crise do sistema carcerário brasileiro

O sistema prisional vive grave crise no Brasil. Entre dezembro de 2016 e janeiro de 2017, pelo menos 120 mortes ocorreram nos presídios brasileiros. O confronto entre as facções criminosas, a superlotação, o encarceramento em massa, a tortura no cárcere e a morosidade da justiça são algumas das causas do agravamento da crise. Dados da Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a tortura e outros tratamentos cruéis, desumanos e degradantes, a população carcerária em 2015 era superior a 714 mil prisioneiros, colocando o Brasil na quarta posição do mundo, com 193 pessoas presas a cada 100 mil. Integrantes da comissão visitaram o Brasil em agosto de 2015.

O Projeto de Lei 499/2015, recentemente aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, reivindica a volta do exame criminológico e aumenta os prazos para progressão de regime. O exame foi abolido em 2003 pela Lei 10.792. Para Paulo Maldos, do Conselho Federal de Psicologia (CFP), os exames criminológicos possuem uma concepção positivista, maniqueísta e não tem aprovação do CFP sob o ponto de vista ético-científico. A conclusão foi apresentada pelo conselheiro durante o Seminário de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. O evento, cujo debate girou sobre as crises e perspectivas do sistema penitenciário brasileiro, ocorreu nessa quarta-feira (7/6), em Brasília.

Segundo Maldos, esses exames servem para estrangular os benefícios legais, como progressão de regras para liberdade condicional, contribuindo para a superlotação das penitenciarias brasileiras. “É impossível prever o comportamento de uma pessoa, no caso, o comportamento criminoso, com base em exames psicológicos”. Segundo a legislação em vigor, requisitar o exame criminológico fica a critério do juiz.

Além de Maldos, participaram do seminário a coordenadora-geral de Promoção à Cidadania do Departamento Penitenciário Nacional, Mara Fregapani Barreto, o presidente do Instituto de Defesa do Direito de Defesa, Fábio Tofic Simantob, a pesquisadora Viviane Balbuglio, do programa Justiça Sem Muros do Instituto Terra, Trabalho e Cidadania, a representante da Associação Nacional dos Defensores Públicos, Alessa Pagan Veiga, e o perito do Mecanismo de Combate à Tortura, José Ribamar Araújo e Silva. O coordenador nacional da Pastoral Carcerária, Pétalla Brandão Timo, o representante do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, Cristiano Ávila Maronna, a diretora da Associação de Familiares de Internos e Internas do Sistema Penitenciário do DF e Entorno, Darlana Ribeiro Godoi, a pesquisadora Monique de Carvalho Cruz, da Justiça Global, o coordenador nacional da Pastoral Carcerária, Valdir João Silveira, e o representante do Conectas, Pétalla Brandão Timo, também debateram o tema.

ABEP enfatiza que formação em Psicologia deve ser presencial

Em nota divulgada no último dia 2 de junho, a Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP) repudiou o conteúdo do Decreto Presidencial nº 9.057, de 25 de maio de 2017, que regulamenta a oferta de cursos na modalidade a distância desde a educação básica até o ensino superior. Na prática, o decreto autoriza a oferta de cursos de graduação em nível superior realizados exclusivamente pela internet, até mesmo na área da saúde.

Segundo a ABEP, o Decreto nº 9.057/2017 surge em total descompasso com as deliberações do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e dos Conselhos Federais e as Associações de Ensino das profissões de saúde, que já se posicionaram contrários à existência de graduações ministradas totalmente na modalidade a distância.

“A modalidade EAD deve ser adotada com parcimônia, sem considerá-la um substituto da educação básica e da formação superior inicial. […] formar não é apenas oferecer conteúdos teóricos, metodológicos e/ou práticos, mas envolve convivência, debate, acesso a experiências práticas individuais e coletivas, bem como a inúmeras práticas formativas extra-classe”, afirma trecho da nota da ABEP.

A Associação Brasileira de Ensino em Psicologia classifica como inadequada a possibilidade de graduação em Psicologia ministrada exclusivamente pela modalidade EAD, “em função da natureza do saber psicológico, da diversidade e complexidade da constituição da ciência psicológica, bem como do sentido do que deve ser a formação profissional – que representa mais que absorção de conteúdos e aprendizagem de técnicas; implica a construção da identidade profissional, que se realiza no encontro, nas trocas coletivas”.

Leia na íntegra a “Nota pública contra o esfacelamento da educação superior no Brasil”, divulgada pela ABEP.