Relatório do FNDC faz denúncias de violações à liberdade de expressão

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) participou, dia 2 de fevereiro, em Brasília, da reunião do Conselho Deliberativo do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC). O conselheiro Paulo Aguiar representou o CFP no encontro, que teve como objetivo preparar a XX Plenária Nacional do FNDC, prevista para 13 a 15 de abril, denunciar violações à liberdade de expressão.

O encontro da última sexta-feira debateu o panorama da luta no campo das comunicações na conjuntura brasileira e fez um balanço da campanha “Calar Jamais”, lançada em outubro de 2016 para chamar a atenção da sociedade para a seriedade das violações à liberdade de expressão em tempos conservadores e de ruptura democrática no país. Propagada principalmente pelas redes sociais, a campanha consiste numa plataforma on-line de denúncias de violações que ocorrem em todo o país. O objetivo é dar maior visibilidade à questão. Após um ano de campanha, o FNDC produziu um relatório com as denúncias de violações à liberdade de expressão no período.

“Seus dados são você”

Outro tema discutido foi a necessidade de intensificar a campanha sobre proteção de dados pessoais na internet. Intitulada “Seus dados são você: liberdade, proteção e regulação”, a campanha quer alertar as pessoas para os riscos do uso das informações pessoais por empresas e instituições públicas e chamar a atenção para a necessidade da aprovação de uma lei que garanta a proteção de dados pessoais. O CFP deve se vincular em ambas as campanhas, pois, para Paulo Aguiar, “essas são lutas da Psicologia”.

“O outro lado do paraíso” presta um desserviço à população brasileira

Mesmo compreendendo o caráter de uma obra de ficção, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) entende que a telenovela “O outro lado do paraíso”, por se tratar de uma obra capaz de formar opinião, presta um desserviço à população brasileira ao tratar com simplismo e interesses mercadológicos um tema tão grave como o sofrimento psíquico de personagem cuja origem é o abuso sexual sofrido na infância.

Quanto ao argumento de que se trata ‘’apenas’’ de ficção, lembramos que são as novelas da Rede Globo que, como estratégia de elevar a audiência, frequentemente buscam embaralhar as barreiras do ficcional e do real, entre outras formas, introduzindo nas tramas fatos e temas candentes da sociedade.

É consenso no Brasil de que pessoas com sofrimento mental, emocional e existencial intenso devem procurar atendimento psicológico com profissionais da Psicologia, pois são os que tem a habilitação adequada. Isso é amplamente reconhecido por diversas políticas públicas, entre elas o Sistema Único de Saúde (SUS) e o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), que empregam essas profissionais em larga escala. Mesmo na saúde suplementar, o exercício do cuidado psicológico é reconhecido e regulamentado. Há normas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que obrigam os planos de saúde a oferecerem atendimento por profissionais da Psicologia.

Somos uma profissão regulamentada pela Lei 4.119, de 27 de agosto de 1962, os cursos de Psicologia são aprovados e fiscalizados pelo Ministério da Educação e o Ministério da Saúde reconhece a Psicologia como uma profissão da saúde. As mais prestigiadas universidades públicas e privadas oferecem formação em Psicologia e nossa ciência e profissão passam rotineiramente pelo escrutínio das pesquisas acadêmicas. Tudo isso confere segurança à sociedade de que se trata de uma ciência e profissão respaldadas ética e tecnicamente.

Saudamos como positiva a manifestação de diversos grupos e escolas de coaching, que, manifestando-se sobre o ocorrido, afirmaram compreender que os transtornos mentais devem ser cuidados por profissionais da saúde mental.

O CFP faz um alerta à sociedade para que não se deixe iludir. As pessoas devem buscar terapias adequadas conduzidas por profissionais habilitadas para os cuidados com a saúde, particularmente a saúde mental.

Conselho Federal de Psicologia

Conselheiros pedem vista e votação de resolução sobre drogas é adiada

A proposta de resolução para alterar a Política Nacional sobre Drogas (Pnad), apresentada em dezembro de 2017 pelo ministro do Desenvolvimento Social (MDS), Osmar Terra, foi novamente incluída para votação durante a primeira reunião de 2018 do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad), nesta quinta-feira (1), em Brasília.

Os integrantes do Conselho Federal de Psicologia (CFP), da União Nacional dos Estudantes (UNE), do Conselho Federal de Serviço Social (Cfess), da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e do Conselho Nacional de Educação (CNE) solicitaram que, antes de colocar a matéria em votação, o Conad deveria promover audiências públicas e consultar a comunidade científica, de forma a ampliar o debate. Exigiram, ainda, alinhar a resolução com os tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário e contemplar prevenção na educação básica.

O conselheiro Paulo Aguiar Pessoa, do CFP, sugeriu que, após consulta popular e à comunidade científica, a proposta fosse apreciada pela Comissão de Legislação e Normas, como previsto pelo regimento interno do Conad.

A conselheira Solange Moreira, do Cfess, lembrou a recomendação do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), que sugere ao Conad, antes da aprovação de qualquer iniciativa de alteração das diretrizes da Pnad, promover audiências públicas, com ampla divulgação; debater junto à Comissão Intersetorial de Saúde Mental (Cism), do Conselho Nacional de Saúde (CNS), e à Subcomissão de Drogas, do CNDH; e promover debates públicos entre especialistas e organizações da sociedade civil que tenham diferentes posicionamentos sobre o tema.

Retrocesso

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Torquato Lorena Jardim, no entanto, não aceitou as questões de ordem apresentadas pelos conselheiros, e tampouco as recomendações da CNDH, e colocou em votação a aprovação da proposta de resolução. Apesar de a votação não ter sido levada adiante, em razão do pedido de vistas, seguirá para votação na próxima reunião ordinária do Conad.

A proposta de resolução retrocede na conquista de uma política pública de atendimento ao usuário de drogas quando dispõe que a União deve promover, de forma contínua, o fomento à rede composta por organizações da sociedade civil. Atualmente, o atendimento ao usuário de drogas é realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por meio dos Centros de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (Caps AD), que realizam atendimento territorializado, integrado com as comunidades, e alinhado com as diretrizes de saúde pública do SUS.

Se aprovada, a resolução permitirá o repasse de verba governamental para organizações da sociedade civil sem compromisso com as diretrizes de saúde pública do SUS.

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CFP participa de retomada de reuniões do Conad

Recomendação Nº 02, de 31 de janeiro de 2018

Iniciada parceria de enfrentamento à violência contra a mulher

Natal (RN) é primeira cidade brasileira a receber, nos dias 1 e 2 de fevereiro, as atividades do projeto para ampliação e aprimoramento do atendimento psicológico às mulheres em situação de violência doméstica e familiar. A ação fazer parte do protocolo de intenções assinado em 20 de dezembro de 2017, pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O próximo estado a fazer parte do projeto-piloto será Pernambuco.

O conselheiro Pedro Paulo Bicalho lembrou, na abertura das atividades, na Escola da Magistratura do Rio Grande do Norte, que, entre 1980 e 2013, 106 mil mulheres foram assassinadas no Brasil. No RN, o número de mulheres negras é ainda maior que o de mulheres brancas, destacando-se a relação entre feminicídio e racismo. Ele falou da importância da Psicologia no enfrentamento à violência contra as mulheres e, principalmente, a presença de profissionais da área nos quadros de trabalhadores dos tribunais de Justiça. O TJ-RN é um dos poucos tribunais do país que ainda não possuem um quadro de servidores psicólogos. “A atuação da profissão na relação da violência contra a mulher é essencial”.

No evento, os cerca de 80 participantes assistiram conferência da psicóloga Cecília Teixeira, sobre a “Psicologia e o desafio no enfrentamento à violência contra a mulher”. Teixeira foi superintende estadual de Políticas para Mulheres do governo do Estado do Rio de Janeiro. Além disso, tiveram acesso a experiências e dados regionais sobre o tema, apresentados pelo juiz titular da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do TJ-RN, Deyvis de Oliveira Marques.

A conselheira-presidente do CRP-17, Daniela Rodrigues, falou sobre o crescimento das instituições de ensino superior em Natal, e destacou que as ações de enfrentamento à violência contra as mulheres é prioridade de sua gestão.

Também participaram do evento a juíza auxiliar da presidência do CNJ Andremara dos Santos, o presidente em exercício do Tribunal de Justiça (TJ-RN), desembargador Gilson Barbosa, e a desembargadora do TJ-PE Daisy Pereira.

O evento segue nesta sexta-feira, 2. Confira a programação.

Carnaval, folia e saúde mental

Carnaval é sinônimo de festa, alegria, irreverência, música, cultura e alegorias variadas. E a folia de Momo também pode ser palco da defesa de bandeiras históricas, políticas e sociais, como a luta antimanicomial, direitos da criança e do adolescente, empoderamento feminino e respeito à diversidade sexual.

Muitos desses assuntos acabam sendo tema de desfiles por todo país, apontando a força política da cultura popular. É o caso da escola de samba Unidos do Viradouro, que este ano traz como enredo a loucura como potência criadora, e da Acadêmicos do Cubango sobre a arte de Arthur Bispo do Rosário, “o rei que bordou o mundo”.

A Viradouro entra na avenida com um enredo que aborda o processo criativo a partir da perspectiva de inventores que foram considerados loucos em sua época, e que, mesmo incompreendidos, criaram invenções e teorias que mudaram o nosso mundo. “Sei que a loucura é o X da questão, ser ou não ser mais um entregue à razão?”, pergunta o samba-enredo.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) reconhece a importância do enredo da Viradouro para a luta antimanicomial no país. A escola de samba esteve presente, a convite do CFP, do “Encontro de Bauru: 30 anos de luta por uma sociedade sem manicômios”, ocorrido em dezembro de 2017, demonstrando o compromisso social da escola de samba com o próprio enredo a ser defendido.

Cubango e Viradouro desfilam no sábado de carnaval no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro.

Tá Pirando, Pirado, Pirou

Outros blocos, como o “Tá Pirando, Pirado, Pirou”, já levam a bandeira da luta antimanicomial em seus desfiles. Há 12 anos o bloco de carnaval organizado por usuários e trabalhadores da rede pública de saúde do Rio de Janeiro desfila na Av. Pasteur, onde foi construído em 1852 o então denominado Hospital de Alienados Pedro II, primeira unidade especializada em atenção à saúde mental da América Latina.

Este ano, o “Tá Pirando, Pirado, Pirou” sai às ruas no dia 4 de fevereiro e estampará em suas camisas a frase “Nenhum serviço de saúde a menos”, entre outros lemas.

Para o CFP, essas iniciativas trazem à tona questões que não podem ser esquecidas, como o preconceito contra pessoas em sofrimento psiquíco. O Conselho Federal de Psicologia reconhece a importância da cultura popular para a transformação do imaginário social sobre a loucura no Brasil. Nenhum passo atrás, manicômio nunca mais!

CFP premiado por combate à transfobia

Dentro das comemorações do Dia Nacional da Visibilidade de Travestis e Transexuais, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) participou, na noite desta segunda-feira (29), da IV Semana da Visibilidade Trans Hanna Suzart e recebeu o prêmio “Parceiros do combate à Transfobia em 2017″, pela Rede Nacional de Pessoas Trans do Brasil (RedTrans Brasil). A premiação ocorreu no Ministério dos Direitos Humanos, em Brasília.

O conselheiro Pedro Paulo Bicalho representou o CFP na cerimônia, destacando a publicação, no Dia da Visibilidade Trans, da Resolução CFP 01/2018, que orienta os profissionais da Psicologia a atuar, no exercício da profissão, de modo que as travestilidades e transexualidades não sejam consideradas patologias. “A democracia brasileira possui uma dívida histórica com a população trans que precisa ser reparada. A Psicologia brasileira também tem uma dívida histórica. Somos muito orgulhosos por termos, há 19 anos, uma resolução que afirma que a homossexualidade não é desvio, não é patologia, não é perversão. Mas essa resolução é relativa à orientação sexual e não à identidade de gênero. Neste dia 29, fizemos essa reparação, ao promulgarmos uma resolução que fala diretamente sobre as questões de identidade de gênero”, explicou Pedro Paulo na cerimônia.

O evento contou, ainda, com o lançamento de duas cartilhas, uma sobre saúde do homem trans e outra com informações importantes sobre pessoas travestis e transexuais, além da apresentação do novo site da Rede Trans Brasil.

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No Dia da Visibilidade Trans, CFP publica Resolução CFP 01/2018

CFP debate visibilidade trans e Resolução 01/99

No Dia da Visibilidade Trans, CFP publica Resolução CFP 01/2018

No Dia Nacional da Visibilidade de Travestis e Transexuais (29/1), o Conselho Federal de Psicologia (CFP) publicou a Resolução CFP 01/2018, que orienta os profissionais da Psicologia a atuar, no exercício da profissão, de modo que as travestilidades e transexualidades não sejam consideradas patologias.

A resolução tinha sido aprovada, por unanimidade, na Assembleia das Políticas, da Administração e das Finanças (Apaf) de dezembro de 2017, que reúne delegações da categoria.

A resolução determina que, em sua prática profissional, psicólogas e psicólogos devem atuar de forma a contribuir para a eliminação da transfobia e orienta, ainda, que não favoreçam qualquer ação de preconceito e nem se omitam frente à discriminação de pessoas transexuais e travestis. Na prática, a nova norma complementa a Resolução 01/99.

A norma recém-aprovada impede o uso de instrumentos ou técnicas psicológicas para criar, manter ou reforçar preconceitos, estigmas, estereótipos ou discriminação e veda a colaboração com eventos ou serviços que contribuam para o desenvolvimento de culturas institucionais discriminatórias.

Diálogos Digitais Visibilidade Trans

No mesmo dia, o CFP promoveu o debate online sobre visibilidade trans, transmitido em tempo real pelas redes sociais da entidade.

Mediado pelo conselheiro Pedro Paulo Bicalho, o debate contou com a participação de Symmy Larrat, Alessandra Ramos, Adriana Sales, Tathiane Araújo, Leonardo Luiz da Cruz Lima, Suzana Konstantinos Livadias, Céu Cavalcanti e Ludymilla Santiago, além da participação do público.

Reveja o Diálogo Digital sobre Visibilidade Trans:

 

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CFP e CNJ: parceria para combater a violência contra a mulher

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) firmaram protocolo de intenções, nesta quarta-feira (20/12), para que serviços-escolas e tribunais de Justiça enfrentem conjuntamente a violência doméstica contra a mulher. O protocolo de intenções prevê a criação de projeto piloto no Rio Grande do Norte e em Pernambuco.

De acordo com o conselheiro do CFP, Pedro Paulo Bicalho, os índices de violência contra a mulher nesses estados são altos, aliados à baixa incidência da Psicologia junto aos Tribunais de Justiça. “A articulação entre CFP e CNJ promove ação efetiva de enfrentamento à violência contra a mulher e articulação junto à Justiça”, explica o conselheiro. “A parceria mostra a importância da Psicologia no enfrentamento da violência contra a mulher”, complementa a conselheira Clarissa Guedes.

O projeto piloto vai envolver, inicialmente, o CRP-17 (RN), a Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (Abep), as coordenadorias dos Juizados de Violência Doméstica do RN e o CFP. Pedro Paulo Bicalho disse que o objetivo da proposta é articular o Poder Judiciário, o CFP e os Regionais com as universidades, a partir de fevereiro de 2018.

Na quarta, além da presença de representantes do CFP, a assessora-chefe substituta de Assuntos Internacionais do Supremo Tribunal Federal (STF), Luísa Helena Cruz, e a juíza auxiliar da presidência do CNJ, Adremara dos Santos, participaram do encontro.

A medida é um desdobramento de encontro ocorrido em janeiro deste ano entre a ministra Carmen Lúcia Antunes Rocha e três diretores do CFP. À época, a presidente do STF destacou o interesse do CFP pelos projetos desenvolvidos pelo Judiciário brasileiro. Para ela, é importante que a Psicologia ingresse nesses espaços.

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CFP repudia aprovação de mudanças na política de saúde mental

A Comissão Intergestores Tripartite (CIT) aprovou resolução, na manhã desta quinta-feira (14), alterando a política de saúde mental ao estabelecer novas diretrizes para a Rede de Atenção Psicossocial (Raps).

Durante a reunião, o Movimento da Luta Antimanicomial fez uma manifestação de repúdio à nova política de saúde mental em frente ao prédio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), em Brasília (DF), onde ocorreu o encontro da CIT.

Para o Conselho Federal de Psicologia (CFP), a resolução aprovada contém pontos que desfiguram a política de saúde mental e afrontam as diretrizes da política de desinstitucionalização psiquiátrica, prevista na Lei 10.216/2001. Além disso, viola as determinações legais no que se refere à atenção e cuidado de pessoas com transtorno mental estabelecidas na Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência e na Lei Brasileira de Inclusão.

Outras entidades, como a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e a Procuradoria Federal dos Direitos dos Cidadãos (PFDC), avaliam que as mudanças afrontam os direitos humanos e a reforma psiquiátrica antimanicomial adotada no país, pois limitam os recursos para unidades que trabalham com a reinserção psicossocial de pessoas.

Entre as modificações criticadas pelo CFP estão a manutenção de leitos em hospitais psiquiátricos e a ampliação de recursos para comunidades terapêuticas, instituições não promotoras de saúde, asilares, que atuam a partir do isolamento de usuários de drogas e cuja atuação não tem qualquer comprovação de efetividade na literatura de saúde.

Além disso, o plano vislumbra um redirecionamento progressivo de uma rede comunitária para um modelo baseado em instituições médico centradas, privadas, promotoras de estigma e segregação e que se mostrou historicamente ineficiente.

Mudanças antidemocráticas

O Ministério da Saúde mudou política histórica de uma rede de serviços voltada para a perspectiva comunitária, trazendo os hospitais psiquiátricos de volta para o cenário. A instituição foi abandonada por sua ineficácia e repetidas violações aos direitos humanos.

O Ministério da Saúde não está preocupado com a política de saúde mental e prefere o recorte mercantilista em detrimento da política de saúde coletiva ou de saúde pública.

Os manifestantes em frente à Opas, além de protestar contra a proposta, pediram para ser escutados pela CIT, o que foi negado pela comissão. O presidente do Conselho Nacional de Saúde, que tem direito a voz, mas não a voto na CIT, pediu a palavra, mas foi proibido de se pronunciar pelo Ministério da Saúde.

Carta do Encontro de Bauru

Nos dias 8 e 9 de dezembro de 2017, em Bauru (SP), o Encontro de 30 anos de Luta por uma Sociedade sem Manicômios aprovou nova carta, na qual reafirma que uma sociedade sem manicômios é uma sociedade democrática, uma sociedade que reconhece a legitimidade incondicional do outro como o fundamento da liberdade para todos e cada um.

Diante da atual conjuntura de avanço do conservadorismo e de redução de recursos para as políticas públicas sociais, com violento ataque ao Sistema Único de Saúde (SUS), é preciso reforçar a desconstrução do modelo asilar e combater a cada dia o manicômio em suas várias formas, do hospital psiquiátrico à comunidade terapêutica, incluindo o manicômio judiciário.

Nova Carta de Bauru inclui temas da juventude e da infância

A nova Carta de Bauru, aprovada por unanimidade, foi aclamada pelo público durante a última edição do encontro, realizada entre 8 e 9 de dezembro de 2017, em Bauru (SP). A juventude e a infância foram incluídas no documento que consolida 30 anos de luta antimanicomial no Brasil.

O trecho que contempla a infância e a juventude diz que “a presença protagonista de crianças e adolescentes e seus familiares nesse encontro é um marco histórico e indica a importância da continuidade e avanço das políticas públicas de saúde mental intersetoriais para crianças e adolescentes, na perspectiva do cuidado sem controle, garantindo seu direito à voz para a construção de uma sociedade livre de manicômios. Cuidar da infância e adolescência em liberdade é fundamental na nossa luta”.

O documento faz um histórico dos 30 anos da luta antimanicomial no Brasil, denunciando o papel de agentes da exclusão designado aos trabalhadores de saúde mental; afirma a defesa intransigente dos direitos humanos e da cidadania dos chamados loucos; e compreende que a luta do setor faz parte da luta por uma transformação social ampla e verdadeira.

O presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Rogério Giannini, participou da plenária, no sábado (9/12), na qual foram apresentados os resultados das 14 rodas de conversa (hiperlink para a matéria 2). “O encontro demonstrou a organização e a mobilização dos integrantes da luta antimanicomial. Nenhum passo atrás, manicômio nunca mais.”

A plenária final decidiu agir nas Comissões Intergestores Tripartite (CIT), organizar a Marcha de Usuários e Familiares a Brasília e promover a V Conferência Nacional de Saúde Mental, ambas em 2018. O dia terminou em marcha até o Parque Vitória Régia.

O Encontro de Bauru, 30 anos da luta antimanicomial, reuniu, nos dias 8 e 9 de dezembro, cerca de 2 mil pessoas, entre pacientes, familiares, profissionais, representantes de entidades da sociedade civil, dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e das Comissão Intergestores Tripartite, no ginásio da Universidade do Sagrado Coração, em Bauru (SP).

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