Artigo analisa processos éticos publicados no Jornal do Federal

Qual a importância do Sistema Conselhos de Psicologia – Conselho Federal de Psicologia e Conselhos Regionais de Psicologia (CFP e CRPs) – nas tentativas de zelar e cumprir integralmente as práticas éticas da profissão. Essas foram as questões que envolveram a análise de processos éticos julgados pelos CRPs e CFP publicadas no artigo “Análise dos processos éticos publicados no jornal do Conselho Federal de Psicologia”.

O texto, publicado na edição 38.1 da Revista Psicologia: Ciência e Profissão, é de autoria das pesquisadoras Priscila ZaiaKarina da Silva Oliveira e Tatiana de Cássia Nakano, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC–Campinas).

O CFP publica artigos da revista no site e nas redes sociais – a versão eletrônica da Psicologia: Ciência e Profissão está na SciELO – para disseminar o conhecimento científico para a categoria e a sociedade.

Processos éticos

 A pesquisa, que abrangeu 26 edições do “Jornal do Federal”, apresentou 286 infrações na seção intitulada “Processos Éticos”. Os resultados apontaram que a região 8, referente ao Paraná, demonstrou maior incidência de processos éticos por psicólogos inscritos. Quanto ao conteúdo das ementas, identificaram-se 35 categorias diferentes, sendo a mais comum sobre processos éticos profissionais.

As pesquisadoras destacam que os três números mais recentes da revista, na época da redação do artigo, apresentaram com maior clareza o conteúdo das ementas, tornando possível verificar que dos 57 processos éticos descritos, 34 foram relacionados à área da avaliação psicológica, representando 60% do total dos respectivos números.

O último dado analisado mostrou a decisão dos Conselhos Regionais e do Conselho Federal de Psicologia, sendo a mais comum para ambos o arquivamento dos processos. Elas concluíram que há uma demanda de ações voltadas à formação e à prática de profissionais da Psicologia, em especial da área de avaliação psicológica.

Em entrevista, as autoras contaram mais detalhes da pesquisa.

 

O que as motivou a pesquisar o tema?

O programa de pós-graduação em Psicologia da PUC-Campinas tem, dentre suas ações de interação entre os alunos da pós-graduação e graduação, o estágio em docência. Tal estágio é uma oportunidade de desenvolvimento de habilidades relacionadas à pratica do ensino, promovendo o diálogo entre os alunos dos diferentes programas. Durante sua realização, uma das autoras, ao refletir com os alunos da graduação sobre as implicações éticas da prática em Psicologia, em especial, as ações que envolvem a avaliação psicológica, notou a ausência de informações que contribuíssem para a compreensão do cenário geral relacionado aos problemas éticos. Ao refletir sobre esta lacuna junto ao grupo de pesquisa, no qual está inserida, o tema foi acolhido e em seguida, deu-se início ao desenvolvimento da pesquisa publicada.

Junte-se a esse quadro o fato de que a área da avaliação psicológica tem se voltado, cada vez mais, à promoção de sua qualidade e retomada da sua credibilidade, tanto no meio acadêmico quanto social. Pensamos que, investigar as infrações éticas, traçando seu perfil e conhecendo melhor suas características, poderia auxiliar os estudantes e profissionais na discussão desse importante aspecto da profissão.

Quais os resultados do levantamento?

Em primeiro lugar, compreender que os resultados devem ser interpretados de acordo com os dados acessados pelas autoras, de modo que generalizações devem ser feitas com cautela. O número de processos éticos existentes provavelmente é bem maior do que aqueles considerados no artigo, devido à restrição de acesso a determinadas edições do “Jornal do Federal” e o número de denúncias que não chegaram a ser feitas, de modo a caracterizar uma subnotificação dos casos existentes.

Dentre os resultados identificados ao longo do levantamento, destacamos a importância de os dados serem interpretados a partir da prevalência de faltas éticas considerando a quantidade de profissionais inscritos, não apenas em cada região, mas também o total nacional. Tal cuidado foi tomado a fim evitar a afirmação de que determinadas regiões, por exemplo, apresentariam mais casos éticos do que outras. Se olharmos isoladamente os números de infrações, chegaremos a essa conclusão, que não é verdadeira. Por exemplo, a região 6, referente a São Paulo, apresenta o maior número de faltas éticas publicadas no “Jornal do Federal”. A maior prevalência de faltas cometidas, entretanto, se refere ao Paraná (CRP-8), se considerarmos a proporção de faltas éticas por profissional com CRP ativo. Tomando-se apenas os dados brutos, é possível que conclusões inadequadas sejam retiradas e, por isso, é fundamental que a leitura dos resultados seja feita de forma contextualizada.

Outro ponto importante a destacar se refere ao aparente alinhamento entre as instâncias regionais e federal, pois em 48,25% das ocorrências, o CFP endossa a decisão dos CRs, assegurando a convergência de ações desses órgãos e um trabalho conjunto de educação, fiscalização e punição aos casos cuja infração se confirma.

Por fim, é importante destacar os resultados relacionados às infrações éticas cometidas em relação a princípios da avaliação psicológica. Os resultados apontaram que 60% dos processos éticos listados nos três últimos números analisados, referiam-se a essa área. Entendendo que a avaliação psicológica é uma prática exclusiva de profissionais da Psicologia, é fundamental que as atuações relacionadas ao tema sejam realizadas com o máximo de cuidado e zelo, de forma a dirimir erros e manter a credibilidade da área.

Quais ações podem ser feitas para que profissionais da Psicologia não sejam submetidos a processos éticos no exercício da avaliação psicológica?

Entendemos que existem ações que devem ser realizadas em diferentes níveis. Considerando o nível profissional, é importante reconhecer que o processo de formação em Psicologia se caracteriza por ser uma ação que se estende ao longo de sua carreira, e que não está encerrado ao final da graduação. Deve buscar sempre uma qualificação continuada e atualizada, especialmente na avaliação psicológica.

No que se refere ao âmbito do ensino, acreditamos que é de grande importância que os cursos de formação ofereçam disciplinas e conteúdos voltados à ética, não só em relação aos seus aspectos teóricos e normativos, mas, também, exemplos de denúncias e infrações cometidas por profissionais, trâmites envolvendo processos e penalidades existentes. O conhecimento do Código de Ética Profissional também é essencial.

Tomando-se a área da avaliação psicológica, os profissionais devem ter em mente que a prática não se resume apenas à testagem, mas que é um processo amplo e complexo, que deve envolver diferentes métodos e ferramentas, dentro de uma avaliação ampliada do sujeito. A partir da combinação de aspectos teóricos e técnicos, o profissional certamente terá mais segurança na tomada de decisão nos diferentes contextos de atuação. Assim, é importante que os estudantes sejam esclarecidos e estimulados a desenvolverem suas habilidades técnicas e a aprofundarem seus conhecimentos, de modo a estarem aptos à complexidade da tarefa. Do mesmo modo, os profissionais precisam conhecer suas limitações e restrições, tanto em termos de conhecimento quanto em relação às áreas de atuação. Caso seja necessário, ele deve encaminhar o caso para outros profissionais especializados.

Outro âmbito a ser considerado se refere à questão social da Psicologia. Além da existência de um órgão regulamentador da profissão, o CFP e suas instâncias regionais, também cabe ao profissional zelar pela imagem de sua profissão, atuar de forma ética e responsável, fiscalizar e denunciar profissionais que desrespeitem esses princípios.

Leia a íntegra do artigo Análise dos Processos Éticos Publicados no Jornal do Conselho Federal de Psicologia.

VII Congresso da Ulapsi será em julho, na Costa Rica

“Aportes desde a diversidade e a equidade: a Psicologia para a paz, sociedade e natureza”. Esse é o tema do VII Congresso da União Latino-americana de Entidades da Psicologia (Ulapsi), marcado para 26 a 28 de julho, em San Jose, na Costa Rica. As inscrições para apresentações de trabalhos no evento terminam em 30 de abril.

O congresso tem três eixos temáticos: Paradigmas éticos e metodológicos da Psicologia na América Latina; Psicologia, direitos humanos e transformação social na América Latina; e Aproximações à violência, o despejo, a desigualdade e a discriminação em América Latina.

Segundo o conselheiro Fabián Rueda, o Congresso da Ulapsi é uma oportunidade de intercâmbio de conhecimentos e práticas entre os países latino-americanos, tendo como base a discussão de aspectos relacionados à defesa dos direitos humanos, à defesa da democracia, ao cuidado e à discussão de nossas realidades sócio-históricas. “Um aspecto que sempre permeia os debates do congresso é a discussão de uma Psicologia descolonizadora e descolonizada, que olhe para a realidade de nossos povos.” 

Psicologia brasileira

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) será representado no congresso pelos membros da diretoria, Rogério Giannini (presidente), Ana Sandra Fernandes (vice-presidenta), Norma Cosmo (conselheira-tesoureira) e Pedro Paulo Bicalho (conselheiro-secretário). Outros conselheiros do XVII Plenário e convidados de diferentes entidades do Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira (Fenpb) também vão participar do evento.

O CFP deve promover várias atividades no congresso, como as mesas-redondas sobre “Conhecimento produzido em América Latina: o quê e para quem publicar”?; “Desafios e avanços necessários para o aprimoramento da publicação científica na América Latina”; “Democracia e violência”; e “Desmonte das políticas públicas e impactos éticos e sociais no exercício da profissão”. Além disso, haverá um espaço para discussão dos rumos da Biblioteca Virtual de Saúde Psicologia – Brasil (BVS-Psi), com representantes de vários países da América Latina.

Saiba mais sobre o VII Congresso da Ulapsi

Artigo trata da intervenção da Psicologia em universidade

Apresentar uma experiência profissional que faz uma avaliação crítica da intervenção em Psicologia em uma Instituição Federal de Ensino (IFE) na Amazônia Ocidental do Brasil. Essas e outras reflexões estão presentes no artigo “A Intervenção em Psicologia em uma Universidade na Amazônia Sul Ocidental”, redigido pela professora da Universidade Federal do Acre (UFAC) e ex-conselheira do CFP, Madge Porto. O artigo faz parte da edição 37.4 da revista Psicologia: Ciência e Profissão.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) publica artigos da revista no site e nas redes sociais – a versão eletrônica da Psicologia: Ciência e Profissão está na SciELO – para disseminar o conhecimento científico para a categoria e a sociedade.

De acordo com o artigo, a estratégia foi apresentar um projeto de trabalho no qual a ação principal seria a promoção à saúde, ao mesmo tempo que os relatórios das atividades desenvolvidas eram entregues sistematicamente, demonstrando a partir de resultados, como os níveis baixos de procura e níveis altos de evasão e de custo, que a proposta da gestão não seria a melhor estratégia.

A crítica da pesquisadora é de que atividades de promoção e prevenção em saúde, com trabalhos em grupo substancialmente, precisariam ser objetivo principal da intervenção em Psicologia em uma universidade. Segundo ela, uma política pública que quer intervir apenas nos sintomas e não nas causas destes apresenta-se como apoio ao desmonte das universidades públicas.

As ações propostas para cuidar da saúde dos servidores e servidoras e estudantes se tornam uma intervenção sem impacto significativo na instituição e que não contribuem para a afirmação da universidade gratuita, de qualidade, laica e socialmente referenciada, estando, assim, corroborando para o seu desmonte e, em curto prazo, possibilitar a privatização no lugar de efetivamente contribuir para a construção de uma educação de qualidade.

Em entrevista, Madge Porto conta mais detalhes do artigo:

O que a motivou a fazer a pesquisa sobre esse tema?

O que me motivou foi registrar uma experiência que se deu em um estado da Região Norte e que mostra a dificuldade de romper com modelos institucionais que se impõe mesmo depois de muitas tentativas de promover mudanças.

 

Quais os resultados que você destaca desse levantamento?

Gestores e gestoras da educação ainda pensando que o papel de psicólogas nas políticas de educação é “tratar” as alunas e alunos que têm “problemas”, como se não tivessem nenhuma responsabilidade e sem fazer nenhum tipo de auto-avaliação. Outra questão é a conduta de gestores e gestoras que chamam os profissionais especialistas, mas desconsideram os conhecimentos desses e impõem sua política.

Na sua opinião, quais tipos de contribuições a Psicologia pode dar para uma melhor qualidade da intervenção nas políticas públicas de educação superior?

A Psicologia tem uma importante contribuição nas políticas de educação superior em ações de promoção e prevenção em saúde mental de forma a oferecer possibilidades para que as e os estudantes possam cursar seus cursos da melhor forma por encontrarem apoio nos momentos difíceis como quando ingressantes ou concluintes ou em situações de conflito ou crise, de forma a não ter sua oportunidade de estudo limitada por qualquer tipo de sofrimento psíquico.

Leia na íntegra o artigo “A Intervenção em Psicologia em uma Universidade na Amazônia Sul Ocidental”

Ano da Formação em Psicologia

A Região Nordeste continua a série discussões preparatórias para o Encontro Nacional do Ano da Formação em Psicologia, marcado para maio de 2018, em Brasília. Este terceiro encontro acontecerá em Olinda (PE), no dia 7 de abril, na Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (Facho).

O objetivo dos encontros regionais é produzir e eleger propostas para a etapa nacional. As propostas são componentes das diretrizes curriculares nacionais para os cursos de graduação em Psicologia que deverão nortear a formação profissional.

As inscrições são gratuitas e deverão ser feitas pela internet. Informações poderão ser obtidas exclusivamente pelo Facebook, no endereço: https://www.facebook.com/events/1190878781049296/

 

Convite das conselheiras do Nordeste

As conselheiras Ana Sandra Fernandes, Clarissa Guedes e Andrea Esmeraldo, todas oriundas da Região Nordeste, abordam a importância dos encontros do Ano da Formação em Psicologia.

A vice-presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Ana Sandra Fernandes, aborda a importância dos encontros preparatórios destacando que tipo de psicólogas e psicólogos nós queremos e que Psicologia a categoria quer para a sociedade brasileira. “Então é um ano muito importante para que a gente possa discutir a formação, as diretrizes curriculares nacionais. Portanto, psicólogos e estudantes, procurem seus conselhos regionais, os sindicatos, participem desta discussão”, ressalta.

A conselheira Clarissa Guedes destaca que os encontros são momentos importantes para a profissão, no sentido de repensar a formação em Psicologia. “Convido, especialmente, para que a gente possa refletir nossa atuação nas políticas públicas, que é o campo onde nós mais atuamos, e, muitas vezes, não faz parte das discussões nas salas de aula e nas universidades”, reforça.

A conselheira Andrea Esmeraldo também reafirma a importância do pensar a Psicologia brasileira, da formação, da construção da psicóloga e do psicólogo como profissionais. “Faço esse convite para dialogarmos sobre a realidade brasileira, das políticas públicas, em especial, da assistência social. Incluir a Assistência Social e o fazer profissional desta política nesses currículos na nossa formação como psicólogas”, complementa.

 

Confira os vídeos das conselheiras:

Ana Sandra Fernandes:

Clarissa Guedes:

Andrea Esmeraldo:

 

Acompanhe o cronograma dos próximos encontros regionais

Sul – Santa Catarina – 14 de abril

Sudeste – São Paulo – 21 de abril

Mobilizar docentes, estudantes e profissionais

A proposta do Conselho Federal de Psicologia, da Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (Abep) e da Federação Nacional dos Psicólogos (Fenapsi), coordenadores do processo nacional, é mobilizar docentes, estudantes e profissionais para construir propostas para as novas diretrizes.

As propostas elaboradas durante os encontros regionais serão colocadas, sob consulta pública, nos sites do CFP, da Abep e da Fenapsi até 20 de maio. O resultado final da consulta será publicado no dia 10 de junho e as contribuições serão submetidas ao Ministério da Educação (MEC) no dia 30.

 

Saiba mais sobre o Ano da Avaliação em Psicologia.

Assista aos vídeos com depoimentos de profissionais da Psicologia convidando a categoria para participar dos encontros.

Edição 38.1 da Revista Psicologia: Ciência e Profissão está disponível

O primeiro número de 2018 da Revista Psicologia: Ciência e Profissão, edição 38.1, está disponível na plataforma SciELO e, em breve, chegará às bibliotecas das universidades e faculdades com cursos de Psicologia de todo o Brasil. O compromisso da PCP é promover diálogos entre prática profissional, formação e pesquisa, de forma a contribuir para a produção de conhecimento em Psicologia e para o enfrentamento dos desafios impostos pela conjuntura política e econômica do país.

Nesta publicação, a editora Neuza Guareschi aborda em seu texto “Ética, Política e Práticas Profissionais” que uma reflexão sobre ética, política e a prática profissional em Psicologia é extremamente oportuna e bastante associada à crise institucional pela qual passa o País. Ela destaca como exemplos o não respeito à diversidade, à diferença, ou de como a prática profissional precisa ser pensada para a alteridade e não para um seqüestro e tortura deste outro. Segundo ela, a decisão judicial sobre a Resolução no 001/1999 se encaixa nesse contexto.

Excelência

Editada desde 1979, a “Psicologia: Ciência e Profissão” é uma publicação científica de excelência internacional, classificada com a nota A2 no sistema Qualis de avaliação de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) do Ministério da Educação. Atualmente, a revista está indexada nas bases da SciELO; Lilacs (Bireme); Clase; Latinex; PsycINFO; Redalyc; e Psicodoc.

Confira a edição 38.1.

Leia o editorial “Ética, Política e Práticas Profissionais”

Leia todas as edições da Revista Psicologia: Ciência e Profissão

 

6º Congresso Brasileiro de Saúde Mental está com inscrições abertas

Brasília receberá o 6º Congresso Brasileiro de Saúde Mental, entre os dias 30 de maio e 2 de junho. Organizado pela Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme), o encontro terá como tema “Agir para transformar: pessoas, afetos e conexões”. As inscrições com valores promocionais podem ser feitas até 31 de março pelo site do evento.

O 6º Congresso Nacional de Saúde Mental discutirá, entre outros pontos, as práticas adotadas na rede de atenção psicossocial, uma das principais conquistas da luta antimanicomial, que completará 40 anos em 2018.

A Abrasme, formada por profissionais das diversas áreas do conhecimento, como antropologia, filosofia, educação e saúde, busca o fortalecimento das entidades-membro e a ampliação do diálogo das comunidades técnicas e científicas e serviços de saúde com organizações governamentais e não governamentais e a sociedade civil.

O combate da Psicologia

A discussão sobre a Psicologia e o compromisso com a laicidade e o combate ao racismo, sexismo e LGBTfobia na América Latina pautou a atividade do Conselho Regional de Psicologia da Bahia (CRP-03), no dia 17, no Fórum Social Mundial 2018. O debate, de acordo com a vice-presidente do CRP-03, Alessandra Santos, buscou pensar como a Psicologia pode ser espaço de resistência no Brasil e na região.

O conselheiro Pedro Paulo Bicalho destacou o porquê de a Psicologia estar presente no Fórum Social Mundial 2018. Uma das justificativas, segundo ele, é o dado da pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), de 2016, que mostra que 60,8% da categoria trabalha direta ou indiretamente com políticas públicas. “A Psicologia brasileira, neste momento, é uma Psicologia voltada para as políticas públicas. Estamos no Fórum Social Mundial, porque hoje trabalhamos com essa população, porque hoje são as políticas públicas é que nos empregam.”

Pedro Paulo fez ainda um contraponto: “Essa não é, talvez, a melhor maneira de responder a isso. Porque mesmo que ainda não estivéssemos majoritariamente atuando nas políticas públicas, estar aqui faria sentido”. Isso porque, a violência que se constrói sobre negros, mulheres e LGBTs não é produzida apenas em relação à lei, “ela é construída principalmente na relação com as formas subjetivas que nos constroem e por isso nós, profissionais da subjetividade, temos relação com isso.”

E completou: “A Psicologia tem muito o que pensar, o que construir e o que produzir de formas de enfrentamento. Se nós pensarmos a xenofobia, o estado não laico, o racismo, a LGBTfobia, tudo isso se constrói a partir dos processos de criminalização. Nós, psicólogas e psicólogos, temos tudo a ver com os processos que nos violentam, que nos colocam em uma forma de desigualdade. E por isso estamos aqui”.