Histórias de cuidado e promoção de direitos marcam a entrega do Prêmio João W. Nery

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) realizou na sexta-feira (1º) a condecoração do “Prêmio João W. Nery Práticas de Promoção de Cuidado, Respeito e Dignidade das Pessoas Trans”. A entrega das premiações ocorreu em Brasília/DF, em cerimônia marcada por relatos de luta que permearam os trabalhos selecionados.

Ao todo, foram premiados oito trabalhos em três categorias (transafirmative, exclusiva para profissionais trans; cisaliades; e coletivas), distribuídos em três eixos temáticos. Cada trabalho foi condecorado com a quantia de R$ 2 mil, além de placa celebrativa e certificado de premiação. Outras três iniciativas receberam menções honrosas.

Confira a lista completa de trabalhos premiados no fim da matéria.

A premiação leva o nome do psicólogo que, nos anos 1970, após realizar sua cirurgia de redesignação sexual, foi impedido de seguir exercendo a profissão – e se tornou um ativista na luta pelos direitos das pessoas trans.

O presidente do Conselho Federal de Psicologia, Pedro Paulo Bicalho, ressaltou  que João Nery deve ser sempre lembrado como psicólogo e que a premiação contribui para a reparação simbólica.

“Estamos aqui, hoje, celebrando a história, a memória e o legado de João Nery. Esse prêmio é para as pessoas que caminham com João Nery e que constroem produções artísticas, científicas e trabalhos de exercício profissional à luz da história e da memória do legado que nos deixou João Nery”, pontuou.

A conselheira federal Isadora Canto, integrante da coordenação do prêmio, destacou a importância de reconhecer e visibilizar as práticas psicológicas que se alinham à defesa dos  direitos das pessoas trans, pontuando essas iniciativas como relevantes contribuições para o exercício profissional da categoria.

Andreza Costa, coordenadora da Comissão de Direitos Humanos do CFP, frisou que o  Prêmio João Nery simboliza não apenas uma luta, mas também a resistência e a coragem em defesa dos direitos humanos. Andreza, que também integra a comissão julgadora do Prêmio, enfatizou ainda que os trabalhos selecionados impulsionam novas conquistas e inspiram a continuidade de uma jornada diária que leva à ampliação das fronteiras dos direitos humanos.

O Prêmio João W. Nery foi criado pelo CFP para identificar, valorizar e divulgar a atuação de profissionais, coletivos, grupos e organizações que envolvam a Psicologia como prática profissional alinhada aos direitos da população trans. Uma publicação contendo a íntegra dos trabalhos premiados e que receberam menções honrosas está em fase de editoração e será publicada em breve pelo Conselho Federal de Psicologia.

Psicologia e direitos das pessoas trans

A Psicologia brasileira  tem um compromisso histórico com a defesa dos direitos de todas as pessoas, evidenciando por meio de sua ciência e profissão uma atuação centrada no cuidado integral, no enfrentamento às desigualdades e a todas as formas de violência e de opressão.

O Prêmio João W. Nery dialoga diretamente com a Resolução CFP nº 01/2018, que estabelece normas de atuação para profissionais da Psicologia em relação às pessoas transexuais e travestis.

A resolução apresenta  orientações para assegurar uma atuação que tenha por objetivo impedir o uso de instrumentos ou técnicas psicológicas para criar, manter ou reforçar preconceitos, estigmas, estereótipos ou discriminação e veda a colaboração com eventos ou serviços que promovam o desenvolvimento de culturas institucionais discriminatórias.

A cerimônia de premiação foi realizada durante o Seminário “Resolução 01/1999 – 25 anos despatologizando a vida, no Brasil e no mundo”, com transmissão ao vivo pelo canal oficial do CFP no YouTube.

Assista a cerimônia do Prêmio João W. Nery.

Confira a lista completa dos trabalhos vencedores do Prêmio João W. Nery:

Premiação no eixo Práticas Acadêmicas

Categoria Transafirmative
“Transidentidade: Contribuições da Identidade de João Nery para Pensar Uma Psicologia para Pessoas Trans” (Isaque Alves). Região Centro-Oeste.

Categoria Cisaliades
“Formação Profissional de Psicólogues/as/os Trans: Ou Sobre os Perigos da Cisgeneridade Recalcada” (Mario Felipe de Lima Carvalho). Região Sudeste.

Menção honrosa
“Transnarrativas: Uma Análise Cartográfica da Saúde das Pessoas Trans” (Mariluza Sott Bender). Região Sul.

Categoria Coletivas
“Como Nascem as Transmasculinidades? Escrevivências Heteroautobiográficas de Migração de Gênero” (Rafael Lerli de Araújo Silva e Antônio Vladimir Félix-Silva). Região Nordeste.

Premiação no eixo Práticas de Cuidado

Categoria Transafirmative
“Nova Casa, Nova Família: Atendimento à Pessoas Trans em uma Casa de Acolhimento LGBTQIA+” (Naira dos Santos Bonfim). Região Nordeste.

Categoria Cisaliades
“Ser Homem, Ser Trans, Transcender: Experiência Com Um Grupo Terapêutico Online Para Homens Trans” (Jussara Doretto Benetti do Prado). Região Sul.

Menção honrosa
“A Clínica Psicológica e o Cuidado com Pessoas Trans: Recriando o Gênero e o Si-Mesmo” (João Paulo Zerbinati). Região Sudeste.

Categoria Coletivas
“Políticas Sociais e Transexualidade: Relato de Experiência no Centro LGBT de Natal/RN” (Thamires Pinto Soares, Samya Katiane Martins Pinheiro, Vitoria Alice Paulista de Melo, Luana Vanessa Soares Pinto de Souza e Leovictor Alves Porto Mendonça). Região Nordeste.

Menção honrosa
“‘Ecoando Vozes’: Relato de Experiência em Grupos de Arte(Psico)Terapia com Homens Trans” (Liliana Lopes Pedral Sampaio e Tatiana Baptista Silva Zuccari). Região Sudeste.

Premiação no eixo Práticas Artístico-Culturais:

Categoria Transafirmative
“Molotov: Experiências Estéticas Sobre Cura” (Ernesto Nunes Brandão) Região Centro-Oeste.

Categoria Coletivas
“Atuação na Periferia e Educação Popular: A Diversidade Sexual e a Arte” (Escambo Coletivo – inscrito por Emanuela Nascimento da Silva). Região Nordeste.

Acesse a transmissão da solenidade

Acesse a coleção de imagens

Prêmio João W. Nery –Práticas de Promoção de Cuidado, Respeito e Dignidade das Pessoas Trans

 

CREPOP realiza reunião nacional em Brasília para balanço das atividades de 2024

Avaliar as atividades deste ano e apresentar o Plano de Trabalho para  2025. Esses foram os temas centrais da reunião nacional com representantes dos Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs) realizada entre os dias 17 e 19 de outubro, em Brasília/DF, pelo Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP). 

Durante o encontro, foi apresentada aos participantes uma avaliação parcial da pesquisa, que destaca as Equipes de Avaliação e Acompanhamento de Medidas Terapêuticas Aplicáveis à Pessoa com Transtorno Mental em Conflito com a Lei  (EAPs) e Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTPs). 

Na ocasião, também foi demonstrado um breve balanço sobre as quatro consultas públicas que o CREPOP realizou em 2024: Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, População em situação de rua, Mulheres em Situação de Violência Povos Quilombolas.

Clarissa Guedes, conselheira do CFP, destacou que o encontro representou importante oportunidade para refletir acerca das estratégias em curso e dialogar sobre o plano de trabalho para 2025, que passará por aprovação da Assembleia das Políticas, da Administração e das Finanças (APAF), prevista para ocorrer nos dias 14 e 15 de dezembro. “Em relação ao que foi planejado para o próximo ano, considero fundamental destacar o avanço do trabalho de revisão da metodologia do CREPOP,  e a realização das Mostras de Práticas de Cuidado em Liberdade. Este foi um momento muito potente de seguir construindo, em rede, o CREPOP”, reforçou.

Plano de Trabalho 2025

Entre as ações do próximo ano, estão previstas duas grandes atividades: a primeira edição das Mostras Regionais de Práticas de Cuidado em Liberdade e o Prêmio Nacional com a mesma temática. As mostras regionais conferem visibilidade às práticas de cuidado realizadas no âmbito da Rede de Atenção Psicossocial e buscam, também, enfatizar a luta antimanicomial e a Reforma Psiquiátrica brasileira.

A proposta é que cada Conselho Regional de Psicologia realize mostras locais e envie um trabalho para concorrer ao Prêmio Nacional, onde serão congratuladas sete práticas (duas da região Norte, duas do Nordeste, uma do Sudeste, uma do Sul, uma do Centro-Oeste) além de três prêmios de manifestações artísticas e culturais produzidas por usuários da saúde mental. O cronograma da mostra aponta que as etapas regionais acontecerão até maio e o prêmio nacional, até junho.

Nova Metodologia

A agenda também marcou a apresentação da revisão da metodologia do CREPOP  –  trabalho feito por uma comissão formada por técnicas(os) e conselheiras(os) do Crepop. O documento preliminar foi submetido à apreciação dos participantes e suas contribuições devem orientar o trabalho final, a ser concluído ainda no primeiro semestre de 2025.

“Essa nova metodologia não vai deixar de fazer tudo aquilo que se fazia antes para a construção de uma referência técnica. Porém, ela vai ser desenvolvida de uma forma muito mais de intervenção e de formação”, pontuou a conselheira federal Neuza Guareschi. 

Sobre o CREPOP

O CREPOP é uma iniciativa do Sistema Conselhos de Psicologia – composto pelo CFP e os 24 Conselhos Regionais de Psicologia – criada para promover a qualificação da atuação de profissionais da Psicologia que trabalham nas diversas políticas públicas. O principal objetivo é sistematizar e difundir o conhecimento sobre a interface entre a Psicologia e as políticas públicas.

Desde sua criação, o Centro de Referências Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas editou e entregou 32 Referências Técnicas com orientações para a categoria em temas relacionados à educação, crianças e adolescentes, esporte, mobilidade urbana, povos tradicionais, saúde, segurança pública, assistência social, dentre outras temáticas.

Confira a galeria de fotos da Reunião Nacional do CREPOP

Acesse as publicações do CREPOP aqui.

Acompanhe diálogo digital sobre violências e violações aos direitos humanos nas escolas e nas universidades

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) e o Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira (FENPB) realizam na próxima semana um diálogo digital para debater situações de violências e violações de direitos humanos no contexto escolar e nas universidades brasileiras. 

O evento ocorrerá no dia 5 de novembro, às 16h, com transmissão em tempo real pelo canal do CFP no YouTube e tem como objetivo  fomentar debates que contribuam para a construção de alternativas que enfrentem esse cenário.

A atividade busca propor a reflexão sobre a temática e incentivar ações  em defesa  dos direitos humanos no ambiente educacional, estimulando a integração de saberes e experiências para uma educação mais inclusiva e respeitosa. Diante das intensas contradições sociais que impactam a subjetividade dos indivíduos, torna-se essencial não naturalizar a violência, que se manifesta de diversas formas nas instituições.

A live vai tratar ainda de aspectos históricos, teóricos e legais relacionados às diferentes formas de violência e suas implicações nos direitos humanos nas escolas e universidades. Além disso, discutirá alternativas para superar práticas excludentes e potencialmente criminosas, promovendo uma formação humana integral.

O diálogo também pretende explorar a evolução dos direitos humanos, analisando suas manifestações no atual cenário de desigualdade e avanço tecnológico. Os desafios enfrentados pela Psicologia, enquanto ciência e profissão, serão igualmente debatidos, especialmente em relação ao impacto das novas tecnologias e da inteligência artificial.

Durante a conversa, importantes  políticas públicas na área, como a Lei nº 13.935/2019, que estabelece a presença de profissionais da Psicologia e do Serviço Social nas escolas,  serão colocadas em perspectiva, assim como  diretrizes e publicações relacionadas ao tema, com destaque para a Nota Técnica CFP  nº 8/2023, as “Referências técnicas para a atuação de psicólogos na educação básica“, a “Pesquisa violência e preconceitos na escola” e a “Psicologia brasileira na luta antirracista“.

Conheça as(os) participantes:

Antonio Virgílio Bittencourt Bastos

Psicólogo com graduação e doutorado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), é professor titular de Psicologia Social das Organizações e conselheiro do CFP. Tem experiência em avaliação institucional e educacional, atuando em comissões do Ministério da Educação (MEC) e da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), além de ser pesquisador na área de Comportamento Organizacional.

Iolete Ribeiro da Silva

Psicóloga, doutora em Psicologia e professora titular na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), é presidente da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO). Com vasta experiência em direitos humanos e pesquisa, foi relatora nacional da Plataforma DHESCA e atuou em diversos conselhos de defesa dos direitos da criança e do adolescente.

Sonia Mari Shima Barroco

Psicóloga e especialista em Educação, com ampla experiência acadêmica e participação em programas de pós-graduação. Atualmente, é professora na Universidade Federal de Rondônia (UNIR).

Maria Conceição Costa

Psicóloga clínica e social, doutora em Psicologia Clínica, é pesquisadora das relações étnico-raciais e coordena a Articulação Nacional de Psicólogas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(res) (ANPSINEP).

Jonas Marssaro

Psicólogo clínico e presidente da Coordenação Nacional dos Estudantes de Psicologia (CONEP), com foco na atuação com pessoas autistas e LGBTQIA+.

Sobre o FENPB

O Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira (FENPB) — do qual o CFP faz parte e desempenha a função de Secretaria Executiva desde 2016 — é um espaço amplo de debate e construção coletiva da Psicologia brasileira, composto por entidades científicas, profissionais, sindicais e estudantis.

O FENPB trabalha para definir políticas e projetos que melhorem a qualificação profissional dos psicólogos, fortaleçam a pesquisa no Brasil e consolidem a relação entre pesquisa e prática.

Marque na agenda:

Live:  Violências e Violações aos Direitos Humanos nas Escolas e nas Universidades – Caminhos Propositivos da Psicologia
Data: 5 de outubro
Horário: 16h
Acompanhe ao vivo pelo YouTube do CFP.

 

CFP realiza encontro em Boa Vista para dialogar sobre Psicologia e saúde indígena

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) promoveu no dia 1º de outubro o encontro “Psis pela Saúde Indígena”, no Centro de Educação (CEDUC) da Universidade Federal de Roraima (UFRR), em Boa Vista. A iniciativa é parte de um conjunto de ações para fortalecer a atuação psicossocial na região Norte do Brasil.

O evento reuniu cerca de 70 psicólogos e psicólogas que trabalham com populações indígenas em Roraima e estados vizinhos, além de representantes do Conselho Regional de Psicologia da 20ª Região (CRP-AM/RR). Na ocasião, o CFP, foi representado por Izabel Hazin (conselheira-secretária), Célia Mazza (conselheira-tesoureira), Nita Tuxá e as conselheiras da Região Norte, Isadora Canto e Fabiane Fonseca.

Esta é a primeira vez que a atual gestão promove esse encontro na região focado especificamente em conhecer e dar suporte às(aos) profissionais da Saúde e Assistência Social, evidenciando o compromisso do Conselho Federal com as questões indígenas na Psicologia. “Essa aproximação junto à categoria é essencial para que possamos entender as necessidades e desafios que enfrentamos”, afirmou Izabel Hazin.

Durante sua apresentação, a conselheira Nita Tuxá destacou as novas dinâmicas sociais na região Norte, especialmente a crescente presença de indígenas nas cidades, tanto territorializados quanto desterritorializados, em meio a significativas transformações culturais. “É um erro pensar que a atuação junto às populações indígenas se limita a seus territórios, pois há uma diversidade de povos que requer também políticas públicas variadas”, enfatizou.

Nita Tuxá reconheceu ainda que muitos profissionais da Psicologia desconhecem a realidade indígena, o que dificulta a efetividade de seu trabalho. “Precisamos entender que, mesmo com lacunas na formação, temos ferramentas para atuar junto a essas populações. A principal delas é que o profissional se encontre disponível para um processo de interculturalidade”, ressaltou a conselheira.

Atuação do Sistema Conselhos

O Sistema Conselhos tem discutido temas relacionados à atuação das psicólogas e psicólogos na região Norte, incluindo reflexões sobre a prática profissional, com base em resoluções, referências técnicas e no Código de Ética.

Em agosto deste ano, o CFP promoveu um debate em Brasília sobre a saúde mental de povos indígenas, reunindo entidades do movimento indígena e órgãos governamentais com o objetivo de desenvolver diálogos que promovam o bem-viver e a saúde mental dessa população.

Em 2024, foi lançada uma edição atualizada das Referências Técnicas para atuação de psicólogas(os) junto aos Povos Indígenas, desenvolvidas pelo Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop).

O processo eleitoral dos Conselhos Regionais agora exige cotas para candidaturas de grupos identitários, como pessoas com deficiência, negras, trans e indígenas, uma medida pioneira que reforça a inclusão.

Seções em Foco

O CFP realizou no dia 2 de outubro, também em Boa Vista/RR, o evento “Seções em Foco: processos administrativos e compartilhamento de práticas”. O encontro reuniu representantes do Conselho Federal e das Seções dos estados do Amapá, de Roraima e do Acre, bem como suas respectivas sedes: CRPs 10 (Pará), 20 (Manaus) e 24 (Rondônia), em agenda que integrou um conjunto de iniciativas para fortalecer a atuação da Psicologia na região Norte do país.

O objetivo foi discutir assuntos comuns da dinâmica entre as instâncias do Sistema Conselhos, promover a troca de experiências e melhorar as práticas de gestão. Entre os temas, a Resolução CFP nº 04/2023, prestação de contas, requisitos para desmembramento, Programa de sustentabilidade, Programa Nacional de Tecnologia da Informação e Escola de Governança.

O presidente do CFP, Pedro Paulo Bicalho, e as conselheiras Célia Mazza, Izabel Hazin, Nita Tuxá, Isadora Canto e Fabiane Fonseca representaram o Conselho Federal na atividade.

Confira a galeria de fotos do encontro “Psis pela Saúde Indígena”.

Roraima recebe seminário sobre desafios e perspectivas da Psicologia contemporânea

Nos dias 3 e 4 de outubro, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) realizou o seminário “Desafios e Perspectivas da Psicologia na Contemporaneidade” na Universidade Federal de Roraima (UFRR), em Boa Vista. O evento, voltado a profissionais e estudantes de Psicologia, proporcionou um espaço para a troca de conhecimentos e a construção coletiva de possibilidades de atuação, abordando os desafios contemporâneos da ciência e da profissão psicológicas.

A programação incluiu diálogos sobre temas relevantes, como a contribuição da Psicologia na formulação de políticas públicas, situações de crises humanitárias, migrações e a atuação da categoria junto aos povos indígenas.
A solenidade de abertura contou com a presença do presidente do CFP, Pedro Paulo Bicalho, da coordenadora-geral da Seção Roraima, Rayssa Lemos, e do coordenador do curso de Psicologia da UFRR, Gabriel Gomes.

O presidente do CFP, Pedro Paulo Bicalho, destacou a importância da luta política na profissão, enfatizando o desafio de alinhar a Psicologia às realidades sociais do país. “A presença de profissionais da Psicologia em todos os 5.578 municípios é um passo significativo, mas é necessário continuar a transformação”, afirmou.

O presidente do Conselho Federal também frisou a relevância da Resolução CFP nº 01/99, que há 25 anos proíbe terapias de conversão, em contraste com as recorrentes denúncias de violência contra a população trans. Além disso, expressou a urgência de fortalecer a Psicologia contemporânea, que ainda enfrenta resistência e retrocessos, especialmente em comunidades terapêuticas que violam direitos. “A Psicologia deve se posicionar ativamente contra essas injustiças, reafirmando seu papel como uma ciência de luta”, concluiu.

Em seguida, teve início a primeira mesa, que abordou o tema “Psicologia e Políticas Públicas em prol do ‘bem-viver'”. A atividade foi mediada por Isadora Canto, conselheira do CFP, e contou com as contribuições da também conselheira Fabiane Fonseca, além de Anne Cleyanne, especialista em Políticas Públicas do CRP-24 (RO/AC), e Vicky Cordeiro, conselheira do CRP-10 (PA).

A conselheira Isadora Canto expressou sua gratidão às companheiras de mesa e destacou a importância de discutir questões relevantes para a própria comunidade local.

Durante a exposição, a conselheira Fabiane Fonseca abordou o papel dos Conselhos Regionais e a importância da contribuição da categoria nas discussões, bem como a necessidade de abrir diálogos e promover rodas de conversa, ressaltando o aprendizado contínuo que surge da troca de experiências.

Durante o lançamento da edição revisada das Referências Técnicas para a Atuação de Psicólogos junto aos Povos Indígenas, mediado pela conselheira federal Neuza Guareschi – que contou também com a presença de Iterniza Macuxi, do DSEI Leste Roraima, e das lideranças Raquel Wapichana e Iolanda Pereira – a conselheira Nita Tuxá fez uma reflexão sobre as narrativas predominantes no Brasil, com destaque para a necessidade de ressignificar os discursos sobre a crise climática e a relação do ser humano com a natureza. A conselheira ressaltou que importantes lideranças dos povos tradicionais e indígenas, como David Kopenawa e Ailton Krenak, há anos já alertam sobre a destruição da natureza como uma autodestruição da humanidade mas, apesar disso, a ciência tradicional aborda a ecoansiedade de maneira técnica, sem considerar os conhecimentos e saberes ancestrais.

Em contraste com abordagens centradas no diagnóstico e na patologia, a conselheira propõe um novo olhar, baseado no conhecimento profundo da história local e das vivências do povo, especialmente as dores e os processos de resistência que marcam essa história.

A conselheira Neuza Guareschi enfatizou a importância de atualizar constantemente os conceitos e práticas da Psicologia, destacando que a referência técnica revisada busca repensar as práticas psicológicas em colaboração com as comunidades indígenas.

Durante debate sobre a Psicologia em situações de emergência e migrações – que contou também com a participação de Henrique Galhano, do CRP-MG; Wellen Crystine, da Secretaria Municipal de Gestão Social de Boa Vista; e de Lucinda Marbella, liderança Pemon –, a conselheira do CFP Clarissa Guedes, afirmou que “é um grande desafio reunir tantas reflexões que são importantes para nos fazer pensar, sendo esse o objetivo do Crepop, que é o de pensar como a gente constrói práticas profissionais fundamentadas, teórica e tecnicamente, mas também ético-sensíveis, dialogando com outras cosmovisões”, explicou.

Alessandra Almeida, vice-presidente do Conselho Federal de Psicologia, apresentou informações sobre o aumento da frequência e da intensidade de desastres ambientais. Para ela, a crescente mobilidade forçada, associada a mudanças climáticas e geopolíticas, desafia os governos a adotarem políticas mais competentes e preventivas, focando em educação, conscientização e planejamento estratégico para lidar com esses fluxos migratórios. “A categoria deve buscar se capacitar continuamente, por meio de cursos e treinamentos, para lidar com as especificidades de cada situação emergencial, sempre com foco em abordagens técnicas e apoio social”, ressaltou.

O evento também marcou debate sobre os princípios da avaliação psicológica e os impactos neuropsicológicos da contaminação por mercúrio, com as presenças de Leandro Durazzo (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) e de Analice Reis Bezerra, do DSEI Yanomami.

No segundo dia, as(os) conselheiras(os) federais Evandro Peixoto, Juliana Guimarães e Izabel Hazin realizaram um mini-curso enfatizando questões sobre Avaliação Psicológica e Compulsória, perícia psicológica no contexto do trânsito e a elaboração de documentos decorrentes da atuação profissional.

Retomada da Rede PePsic reúne editores de periódicos científicos de todo o país em seminário promovido pelo CFP

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) promoveu, nos dias 21 e 22 de outubro,  o Seminário da Plataforma do Programa Periódicos Eletrônicos em Psicologia (PePsic). Realizado na sede da Autarquia, o encontro reuniu editores de revistas científicas que já publicam  ou que tenham interesse em participar da plataforma, institucionalizada no âmbito do CFP por meio da Portaria CFP 07/2023.

O evento foi organizado pelo Comitê Gestor da Rede PePsic e buscou fomentar diálogo sobre as produções acadêmicas e científicas no campo da Psicologia, bem como estratégias para potencializar a divulgação desse conteúdo de forma ampla e gratuita, por meio da ferramenta. 

Na solenidade de abertura, Pedro Paulo Bicalho, presidente do CFP, destacou a retomada da Plataforma PePsic como importante contribuição do Conselho Federal de Psicologia para a produção e a democratização do conhecimento.  “Não existe luta política sem conhecimento científico”, afirmou.

A conselheira do CFP e coordenadora do Comitê Gestor PePsic, Neuza Guareschi, destacou a trajetória da plataforma desde sua criação, em 2005, as dificuldades financeiras e de suporte, bem como o processo de sua retomada em 2023. “Estamos reorganizando a rede, reestruturando os critérios e trabalhando na orientação dos periódicos no contexto da comunidade editorial”, pontuou.

Ao total, 69 revistas solicitaram entrada ou permanência na nova rede PePsic.

Programação

Durante a atividade, Sônia Gondim e  Mary Sandra Carlotto, integrantes do Comitê Gestor PePsic, apresentaram um mapeamento do perfil das revistas que atualmente integram a plataforma, de modo a promover uma reflexão sobre os desafios para ampliar a Rede. 

No período  da tarde, mais duas mesas foram realizadas. A primeira discorreu sobre as exigências de aprovação do comitê de ética em periódicos científicos, debate que contou com a participação de  Maria Cláudia Oliveira (Universidade de Brasília – UnB) e Kátia Maheire. A segunda mesa abordou as ferramentas de detecção de plágio e o uso de inteligência artificial na produção dos periódicos, debate que incluiu as(os) pesquisadoras(es) Renata Ferreira Campos Bonifácio (Universidade Federal de Sergipe – UFS) , Rafael Sampaio (Universidade Federal do Paraná – UFPR) e Thatiana Lima.

No segundo dia de atividades, o diálogo problematizou as bases indexadoras na América Latina,  com Sueli Mitiko Suga (Lilacs/Bireme) e Acácia Angeli. Na sequência,  a  visibilização dos periódicos na América Latina foi tema conduzido por  German Antonio Gutierrez Dominguez e o conselheiro do CFP Antônio Virgílio Bastos.

“Teremos seminários, onde a gente espera a participação cada vez maior dos editores científicos neste processo que nós entendemos ser de capacitação para que nossos periódicos aprimorem sua qualidade e consigam mais indexações significativas. Esses seminários nos abrem novos caminhos para que, em breve, tenhamos anúncios de novas atividades”, reforçou Virgílio Bastos.

Saiba mais

Após anos de hiato, a rede PePsic volta a funcionar como portal digital para publicação de periódicos científicos da Psicologia, trazendo novas funcionalidades e atualização da plataforma. Lançada oficialmente em 2005, a PePsic tem como objetivo ampliar o conhecimento psicológico e científico gerado nos países da América Latina, disponibilizando conteúdos de forma aberta via plataforma digital. Além do Brasil, atualmente o portal publica títulos de mais dez países.

Em 2023, a rede foi institucionalizada pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), ampliando o intercâmbio entre comunidades científicas e profissionais. A ação passa a ser coordenada por um Comitê Gestor, que reúne o CFP e diversas instituições científicas da Psicologia.

Para integrar a rede, os periódicos devem estar vinculados a instituições reconhecidas e ativas por, pelo menos, três anos. As submissões devem ser precedidas pelo preenchimento do formulário eletrônico com informações detalhadas sobre o periódico, que serão avaliadas pelo Comitê Gestor.

Acesse a Rede PePsic neste link.

Conheça as(os) integrantes do Comitê Gestor PePsic

Neuza Guareschi (conselheira do CFP e coordenadora do Comitê Gestor PePsic), Mary Sandra Carlotto (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia – ANPEPP), Thatiana Helena de Lima (Associação Brasileira de Editores Científicos de Psicologia), Aparecida Ângela  Zoquic Paulovic Sabadini (Universidade de São Paulo – USP), Sônia Maria Guedes Gondim (Associação Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho – SBPOT), Acácia Aparecida Angeli dos Santos (Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica – IBAP) e Kátia Maheire (Associação Brasileira de Psicologia Política – ABPP).

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45 anos da Revista PCP é tema de Diálogo Digital

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) realiza na próxima quarta-feira (23), às 16h, na sede da Autarquia, em Brasília/DF, o Diálogo Digital sobre os 45 anos da Revista Psicologia: Ciência e Profissão (PCP), com transmissão online ao vivo pelo canal do CFP no Youtube. 

Criado pela Resolução CFP º 26 de 26/07/1979, o periódico reúne artigos originais referentes à atuação profissional da(o) psicóloga(o), à pesquisa, ao ensino ou à reflexão crítica sobre a produção de conhecimento na área da Psicologia, com importantes contribuições para o desenvolvimento e fortalecimento dessa ciência e profissão. A PCP é uma publicação científica de excelência internacional, classificada com a nota A2 no sistema Qualis de avaliação de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) do Ministério da Educação. 

O Diálogo Digital integra a série de ações para celebração dos 45 anos da revista. No início deste ano, o CFP lançou os canais oficiais da PCP no Instagram e no Facebook. Em agosto, na comemoração dos 50 anos dos Conselhos Regionais de Psicologia, a Revista PCP publicou um fascículo especial sobre os 50 anos do CFP

A conselheira do CFP e editora do periódico, Neuza Guareschi, será a mediadora do debate que contará com as participações do presidente da Autarquia, Pedro Paulo Bicalho; e com os professores e pesquisadores Francisco Portugal e Jairo Eduardo Borges.

Conheça as (os) participantes:

Neuza Guareschi – Editora da Revista Psicologia: Ciência e Profissão (PCP) é graduada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1979), mestrado em Psicologia Social e da Personalidade pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1991). Doutorado em Educação – University of Wisconsin-Madison (1998). Pós-doutorado no Institute of Education na University College of London (2014). Atualmente é professora Associada I da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Coordena o Grupo de Pesquisa Estudos Culturais e Modos de Subjetivação e o Núcleo E-politcs – Estudos em Políticas e Tecnologias Contemporâneas de Subjetivação.

Pedro Paulo Bicalho – Presidente do CFP é Psicólogo (UFF), especialista em Psicologia Jurídica (UERJ), mestre e doutor em Psicologia (UFRJ). Professor Titular do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia e ao Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas em Direitos Humanos.

Francisco Portugal – Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1992), graduação em Engenharia Elétrica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1989), mestrado em Psicologia (Psicologia Clínica) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1995) e doutorado em Psicologia (Psicologia Clínica) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2002). Atualmente é professor associado 4 da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Jairo Borges – Possui graduação (1972) em Psicologia pela Universidade de Brasília (UnB) e mestrado (1977) e doutorado (1979) em Sistemas Instrucionais pela Florida State University (EUA). De 1993 a 2019, foi professor titular na UnB, onde realizou atividades de pesquisa (Comprometimento Organizacional, Treinamento e Desenvolvimento, Aprendizagem no Trabalho e Desenho do Trabalho), ensino (Graduação, Mestrado e Doutorado) e extensão (Treinamento e Desenvolvimento de Pessoal). Continua realizando essas atividades de pesquisa e ensino, como Professor Emérito e Pesquisador Colaborador Sênior na UnB.

Serviço:

Diálogo Digital sobre os 45 anos da Revista PCP

23/10 (4a feira), às 16h Transmissão online pelo canal do CFP no YouTube

Saiba mais:

Acesse, conheça e leia os artigos da Revista PCP

Saiba como publicar na Revista PCP

Leia os artigos da edição especial da PCP sobre os 50 anos do CFP

Assista aqui:

https://youtube.com/live/ecOk774VXjA?feature=share

CFP publica retificação de edital que prevê a realização de concurso público para o provimento de vagas e cadastro de reserva

Foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) de segunda-feira (14) uma retificação ao Edital CFP nº 01/2024, que tornou público o processo seletivo para o preenchimento de vagas e formação de cadastro de reserva no âmbito do Conselho Federal de Psicologia (CFP).

A retificação foi divulgada no Edital CFP nº 02/2024 e, entre suas alterações, exclui a vaga de Analista Técnico Arquivista/Biblioteconomista, bem como estende o prazo de inscrições para até 23h do dia 4 de novembro. 

Segundo o edital, as(os) candidatas(os) ao cargo de Analista Técnico Arquivista/Biblioteconomista já inscritas(os) poderão requerer a devolução do valor pago referente à inscrição do certame ou solicitar a  alteração da inscrição para outro cargo de nível superior.

A alteração de cargo poderá ser feita até às 10h00 do dia 4 de novembro de 2024. Para solicitar a devolução da taxa de inscrição, candidatas e candidatos poderão entrar em contato com a banca organizadora – Quadrix, por e-mail, entre 10h do dia 17 de outubro e 10h do dia 4 de novembro de 2024. 

Consulte o edital retificado para mais informações

Concurso Público CFP 2024

O concurso público para recompor o quadro de pessoal do CFP é medida essencial para fortalecer a entidade em suas funções de orientação, disciplina e fiscalização do exercício profissional da Psicologia em todo o território nacional.

As vagas disponibilizadas incluem as funções de Técnico Administrativo e Analista Técnico em diversas áreas – como Psicologia, Tecnologia da Informação, Comunicação, Contabilidade, Licitações e Contratos, entre outras especialidades. As candidatas aprovadas serão contratadas sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), com todos os direitos e obrigações previstos em lei, e lotados em Brasília/DF.

Etapas

Mesmo com as alterações no edital, as inscrições continuam sendo feitas, exclusivamente, no site do Instituto Quadrix (www.quadrix.org.br). O prazo termina às 23h do dia 4 de novembro de 2024 (horário de Brasília). As taxas de inscrição variam entre R$ 60, para nível médio e R$ 65, para nível superior.

As provas objetivas e discursivas para os cargos de nível superior seguem previstas para serem aplicadas no dia 1º de dezembro de 2024, enquanto as provas para os cargos de nível médio devem ocorrer em 15 de dezembro de 2024, ambas no período da tarde. As etapas do concurso serão realizadas na cidade de Brasília/DF.

Os editais e comunicados referentes ao concurso serão divulgados no site oficial do Instituto Quadrix.

Acesse o Edital CFP nº02/2024 

Acesse a íntegra do Edital CFP nº 01/2024 após a atualização.

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Conselho Federal de Psicologia e Ordem dos Psicólogos Portugueses assinam Protocolo de Intenções

Na sexta-feira (27), em Lisboa, Portugal, durante o 13º Congresso Ibero-americano de Psicologia e 6º Congresso da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), o presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Pedro Paulo Bicalho, e o bastonário da OPP, Francisco Miranda Rodrigues, assinaram um Protocolo de Intenções que propõe a construção cooperada de estratégias para fortalecer e qualificar a atuação científica e profissional da Psicologia nos diferentes territórios.

Constam no documento, entre outros assuntos, a promoção de intercâmbio para o aprimoramento institucional, a ampliação do acesso a oportunidades de formação acadêmica e científica para psicólogas e psicólogos, o apoio nos processos legais obrigatórios de cada país para a revalidação de diplomas e o registro profissional.

Ao destacar a relevância da iniciativa, Pedro Paulo Bicalho pontuou a intenção de que “este Protocolo de Intenções se torne uma diretriz, um importante documento para orientar outras instituições do mundo, um símbolo de países que se articulam para construir psicologias que façam sentido para as populações que vivem, neste momento, no Brasil e em Portugal”.

Assista ao momento da assinatura*

Para o bastonário da OPP, a abertura ao diálogo e à cooperação – facilitada pela Associação de Psicólogos Brasileiros em Portugal (APBP) – salientou a importância de construir um caminho conjunto, capaz de fortalecer a confiança e a colaboração da Psicologia, abrangendo tanto profissionais da categoria quanto usuárias e usuários das possíveis intervenções.

Realizado entre os dias 25 e 27 de setembro, o 13º Congresso Ibero-americano de Psicologia e o 6º Congresso da OPP reuniram representantes da Psicologia de 22 países.

Cooperação internacional

“Mas afinal, para que serve a cooperação internacional em Psicologia?”

Lançada pouco antes da assinatura do Protocolo de Intenções, essa pergunta orientou a roda de reflexões e trocas de experiências entre países sobre a internacionalização da Psicologia.

Participaram do diálogo Pedro Paulo Bicalho (CFP), representante do Brasil; Arthur Evans Jr. (American Psychological Association), representante dos Estados Unidos; Francisco Miranda Rodrigues (Ordem dos Psicólogos Portugueses), representante de Portugal; Manuel Berdullas (Consejo General de la Psicología de España), representante da Espanha; e Ole Tunold (European Federation of Psychologists’ Associations), representante da articulação dos países europeus.

Bicalho defendeu que não é mais viável desenvolver Psicologias isoladas dentro de territórios nacionais e ressaltou a necessidade de Psicologias que transcendam as fronteiras políticas e culturais.

O presidente do CFP também falou sobre a importância de romper com as divisões subjetivas entre países e de construir Psicologias que se integrem com outras culturas, refletindo os desafios comuns. “Precisamos pensar de que maneira interromper os limites políticos que constroem os nossos países, porque vivemos em um mundo globalizado e nossas fronteiras são cada vez mais permeáveis”, pontuou.

O representante brasileiro destacou ainda que é fundamental construir protocolos de intenções para Psicologias que superem as fronteiras e reconheçam a humanidade compartilhada em um mundo globalizado, “especialmente diante de crises climáticas, humanitárias e conflitos”, finalizou.

Assista à participação do CFP na atividade “Mas afinal, para que serve a cooperação internacional em Psicologia?”*

Agenda internacional

O conselheiro federal Jefferson Bernardes acompanhou o presidente do CFP, Pedro Paulo Bicalho, nos encontros e reuniões diplomáticas realizadas ao longo da agenda internacional.

No dia 24, os representantes da Autarquia se encontraram com o bastonário da OPP, Francisco Miranda Rodrigues – que também preside a Federação Iberoamericana de Associações, Colégios e Conselhos de Psicologia (FIAP) – e com a presidente da APBP, Patrícia Egerland, para dialogar sobre o Protocolo de Intenções assinado durante o congresso.

No dia 25, os representantes do CFP foram convidados de honra da sessão solene de abertura do 13º Congresso Ibero-americano de Psicologia e 6º Congresso da OPP, com discursos do presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa; do ministro da Presidência do Conselho de Ministros, António Amar; e do bastonário da OPP, Francisco Miranda Rodrigues.

O Conselho Federal de Psicologia brasileiro também foi convidado a conhecer as dependências da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), serviço do Estado português que integra a Força Especial de Proteção Civil, especializada na intervenção, na proteção e no socorro às pessoas em situações de emergência, acidente grave ou catástrofe.

A agenda de atividades possibilitou também uma maior proximidade entre Brasil e Moçambique, por meio do encontro com representantes da Associação de Psicologia de Moçambique, representada por seu presidente, Augusto Guambe. Esses diálogos abriram uma nova frente de internacionalização voltada ao aprofundamento das relações do CFP com as entidades de Psicologia dos países africanos de língua portuguesa.

*conteúdo em vídeo gentilmente cedido pela Ordem dos Psicólogos Portugueses

 

CFP alerta autoridades públicas quanto a graves violações ao povo Guarani Kaiowá no MS e consequentes agravos à saúde mental

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) formalizou na sexta-feira (13) alerta a autoridades públicas e à sociedade civil especializada quanto a graves violações de direitos impetradas ao povo indígena Guarani e Kaiowá do território ancestral Nhanderu Marangatu, localizado no município de Antônio João, no Mato Grosso do Sul.

A localidade está homologada desde 2005 como território indígena, mas uma ação na Justiça suspendeu os efeitos da decisão por meio de um mandado de segurança. Passados quase 20 anos, a ação permanece congelada no Supremo Tribunal Federal (STF). 

Diante da situação, a área tem sido cenário de sucessivas violências, com agravos à saúde mental dessas comunidades indígenas, expostas a violações em diversas dimensões – como a falta de acesso à alimentação, à proteção social, bem como ao atendimento adequado nos serviços públicos de saúde e do próprio direito de ir e vir, sitiados por ocasião da ostensiva atuação policial. 

Alerta a autoridades públicas

Diante dos impactos psicossociais a essa população e atento a seu papel legal de órgão consultivo em matérias afetas à Psicologia, o CFP encaminhou ofício a um conjunto de autoridades públicas responsáveis pela atuação na área.

Fruto de diligências feitas in loco, nos dias 11 e 12 de setembro, por membros das Comissões de Direitos Humanos do CFP e do Conselho Regional de Psicologia do Paraná, o documento aponta ser imperiosa a proteção da dignidade e a garantia de direitos dessa população e destaca a necessidade de avançar o processo de demarcação das terras indígenas no país. 

O ofício foi encaminhado à Presidência da República, ao Ministério Público Federal, à Defensoria Pública da União, aos ministérios dos Povos Indígenas, dos Direitos Humanos e Cidadania, da Justiça e da Segurança Pública, bem como à Comissão da Amazônia e dos Povos Originários da Câmara dos Deputados e ao Conselho Nacional de Direitos Humanos. A situação está sendo acompanhada pela Comissão de Direitos Humanos (CDH) do CFP.

Avanço da violência

Em 18 de setembro, cinco dias após o envio do ofício do CFP, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) denunciou, em nota, o assassinato do jovem indígena Neri Ramos, de 23 anos, durante ação da Polícia Militar do estado do Mato Grosso do Sul contra a comunidade indígena Guarani e Kaiowá da terra indígena Nhanderu Marangatu, no município de Antônio João (MS). A entidade aponta que a morosidade do Estado brasileiro na garantia dos territórios tradicionais dos povos indígenas tem perpetuado a violência contra essas comunidades.

O fazer da Psicologia junto aos povos indígenas é tema que tem mobilizado cada vez mais atenção no Sistema Conselhos de Psicologia. Em 2022, o CFP lançou as Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas junto aos Povos Indígenas, uma antiga demanda no âmbito da categoria e que foi elaborada com a metodologia do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP). Para ampliar as discussões das Referências e aprofundar questões fundamentais na área, o CREPOP lançou recentemente a segunda edição da publicação, que incorporou a “Nota às Referências Técnicas de Atuação de Psicólogas(os) Junto aos Povos Indígenas”.

No início de setembro, a saúde mental dos povos indígenas foi tema de debate promovido pelo Conselho Federal de Psicologia com entidades e órgãos do governo. O diálogo foi conduzido por Nita Tuxá, conselheira do CFP e integrante da Comissão de Direitos Humanos.

Saiba mais

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