A violência sexual é uma questão sensível e complexa

Faz 18 anos da instituição do 18 de maio como o Dia Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes. O que temos a comemorar?

As principais conquistas no campo das políticas públicas de enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes (VSCA) foram a implantação de um disque denúncia (Disque 100), a visibilidade que o tema obteve na sociedade e a existência de mobilização da sociedade civil através dos comitês de enfrentamento à violência sexual. No entanto, as ações empreendidas até o momento, não tiveram impacto na redução do número de violências contra crianças e adolescentes, conforme demonstram os dados apresentados recentemente pela Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos.

O disque 100, um dos principais meios de registro de denúncias de violações de direitos humanos, aponta que crianças e adolescentes são as mais afetadas e continuam liderando o ranking de denúncias. Dados de 2017 revelam que houve um aumento de mais de 10% nas denúncias, passando de 76.171 em 2016 para 84.049 em 2017. A faixa etária mais afetada é a de 4 a 7 anos de idade. Foram registradas 20.330 denúncias de violência sexual em 2017, sendo as mais comuns o abuso sexual (14.647) e a exploração sexual (3.843). Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) também apontam para a amplitude desse problema no país.

O que produz a violência? Por que crianças e adolescentes são os mais vulneráveis? Por que não avançamos? Responder a essas questões pode ajudar no enfrentamento da VSCA. Dada a complexidade do fenômeno da VSCA, são necessárias ações de diversas naturezas. O Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra crianças e adolescentes (CONANDA, 2014), principal referência que a sociedade possui para monitorar as políticas públicas de atenção às crianças e aos adolescentes envolvidas em situação de violência aponta seis eixos estratégicos: análise da situação; mobilização e articulação; defesa e responsabilização; atendimento; prevenção; e protagonismo infanto-juvenil.

A implementação de ações nessa área deve se basear em primeiro lugar no conhecimento do fenômeno da violência sexual contra crianças e adolescentes. Para conhecer a extensão das violências sexuais é necessário empreender um conjunto de medidas que entre outras coisas possam oferecer canais de denúncia acessíveis a crianças e adolescentes. No entanto, não basta registrar uma denúncia, é necessário aplicar medidas protetivas a quem denuncia, dar resolutividade e permitir o monitoramento das providências tomadas.

Além disso, deve-se considerar que existe uma interrelação entre diferentes tipos de violências contra crianças e adolescentes – violência doméstica, abandono, negligência, trabalho infantil, castigo físico e humilhante, tortura –, inclusive das diferentes violências sexuais, como abuso sexual, exploração sexual e tráfico de pessoas, e sua condição de sujeito de direitos em situação peculiar de desenvolvimento.

São necessários investimentos para garantir o atendimento especializado, e em rede, às crianças e aos adolescentes em situação de violência sexual e às suas famílias, no SUS, no SUAS, nas políticas de educação, esporte e cultura. Como se dá o “atendimento integral” às crianças e adolescentes nos municípios ainda desprovidos de rede assistencial adequada? Para oferecer respostas são necessárias redes de serviços articulados.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no artigo 70, preconiza: “É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente”. As ações de prevenção se articulam aos demais eixos estratégicos, com destaque à participação e ao protagonismo de crianças e adolescentes. Conforme sempre alertou Wanderlino Nogueira Neto, é preciso “garantir a participação de maneira ativa e impactante nas decisões políticas, com o devido respeito a sua opinião e consideração dessa opinião, tendo em conta o seu grau de desenvolvimento e considerando-se mais seu direito a uma sexualidade plena sem invasões indevidas e com mais respeito à diversidade sexual”.

Assim, a construção de uma pauta afirmativa dos direitos sexuais de crianças e adolescentes deve ser parte dos esforços para a promoção de desenvolvimento integral e do enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes.

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Comissão de DH do CFP celebra Dia Internacional contra a LGBTfobia

Nenhum direito a menos! A Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (CDH-CFP), em conjunto com as Comissões de Direitos Humanos dos Conselhos Regionais, celebram o Dia Internacional contra a LGBTfobia em 17 de maio. Nessa data, em 1990, o termo “homossexualismo” passou a ser desconsiderado e a homossexualidade foi excluída da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Também conhecido como “Dia Internacional de Luta contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia”, a data está incluída no calendário oficial do Brasil desde 2010. Visa conscientizar a população em geral sobre a luta contra a discriminação de lésbicas, gays, travestis, bissexuais, transexuais e transgêneros.

A CDH do CFP e as Comissões Regionais de Direitos Humanos reafirmam seu compromisso no enfrentamento à LGBTfobia, atentos ao cenário que se apresenta no Brasil, lutando contra manifestações que incitam o ódio, a patologização das orientações sexuais e identidades de gênero, desrespeitando os direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.

CDH dos CRPs no Dia Internacional contra a LGBTfobia

Todas as Comissões de Direitos Humanos dos Conselhos Regionais de Psicologia lutam contra a LGBTfobia.

CDH/CRP-DF
Enquanto uma existência LGBT não encontrar condições para viver uma cidadania plena, a Psicologia estará na linha de frente na busca pela garantia desses direitos.

CDH/CRP-PE
Vista-se com todas as cores e lute pelo direito de ser quem você é. A diversidade é um direito e é essencial o respeito a essência de cada ser.

CDH/CRP-BA
Ser LGBT é, cada vez mais, um ato político. Diante de uma realidade tão produtora de sofrimento psíquico, que sejamos então agentes de transformação. A Psicologia se posiciona frente ao combate a LGBTfobia e é uma grande potência nesse sentido: a favor da saúde mental e livre expressão das diversidades.

CDH/CRP-MG
“A luta da nossa Psicologia é pela diversidade das formas de ser, existir e, especialmente, de amar. LGBTfobia não passará”.

CDH/CRP-SP
Contra a LGBTfobia só há um remédio: cure o seu preconceito!

CDH/CRP-PR
Diferença não é doença: respeito é um direito.

CDH/CRP-GO
A Psicologia brasileira, compromissada com a transformação social da realidade, defende de forma radical e intransigente uma sociedade livre das desigualdades e injustiças, incluindo a lgbtfobia como uma das violências em que precisamos nos posicionar de modo ético e político.

CDH/CRP-CE
O ser humano é diverso e, portanto, amar é exercer essa diversidade.

CDH/CRP-SC
Preconceito disfarçado de liberdade de expressão ainda é preconceito. Não existe liberdade que viole direitos.

CDH/CRP-AL
Enquanto o corpo for alvo de violência, a resistência será nossa luta!

CDH/CRP-RN
“Mais difícil do que explicar às crianças por que dois homens se beijam deveria ser explicar a elas por que dois homens se matam.”

CDH/CRP-MT
Respeito e inclusão a todas as formas de ser e amar: Psicologia no enfrentamento à discriminação e ao preconceito contra a população LGBT. Não à LGBTfobia!

CDH/CRP-AC-AM-RO-RR
Conscientização e respeito às diferenças é um direito.

CFP participa de audiência pública sobre direitos LGBTI

A luta contra a homofobia e pelos direitos da população LGBTI está na pauta do Conselho Federal de Psicologia (CFP). Por isso, o CFP foi convidado a participar, em 17 de maio, data que marca o Dia Internacional de Luta contra a Homofobia, de uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados. A proposta é debater a agenda legislativa pelos direitos LGBTI+ e o Projeto de Lei 7292/2017, a “Lei Dandara”. O CFP será representado no evento pela conselheira Sandra Sposito.

Na ocasião, será entregue oficialmente à CDHM o abaixo-assinado da All Out e ALGBTI, intitulado Diga NÃO à ‘cura gay’!, que conta com mais de 43.800 assinaturas. O abaixo-assinado surgiu após um juiz do Distrito Federal ter decidido que profissionais da Psicologia poderiam oferecer atendimento profissional pertinente à reorientação sexual. Na prática, essa decisão abre brecha para tratamentos ou terapias que prometem corrigir a orientação sexual ou identidade de gênero de alguém, a chamada “cura gay”.

Direitos LGBTI

O CFP reforça que a homossexualidade não é patologia – ideia igualmente defendida pela Organização Mundial da Saúde desde 1990 – e acrescenta que a homossexualidade não representa distúrbio ou desvio psicológico e, portanto, não cabe reorientação. O CFP ainda reafirma que a Psicologia brasileira não será instrumento de promoção do sofrimento, do preconceito, da intolerância e da exclusão, premissas ratificadas pela Resolução CFP nº 01/99.

Da mesma forma, a Resolução CFP 01/2018 trata da identidade de gênero e orienta profissionais da Psicologia a atuar, no exercício da profissão, de modo que as travestilidades e transexualidades não sejam consideradas patologias.

A audiência, marcada para as 10h no Anexo II, Plenário 9 da Câmara, foi requerida pelos parlamentares Luizianne Lins (PT/CE) e Marcon (PT/RS), com apoio de Érika Kokay (PT/DF) e Jean Wyllys (PSOL/RJ).

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Nota de pesar: Júlio Schruber Júnior

Júlio Schruber JúniorJúlio Schruber Júnior era graduado em Fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR) e em Psicologia pela Universidade Tuiuti do Paraná. Seu mestrado foi obtido na área de Engenharia e Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e o doutorado, em Psicologia pelo Instituto de Educação Superior Latinoamericana. Foi vice-presidente do Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina, psicólogo pesquisador do Instituto de Pesquisas Psicológicas de Joinville, diretor da Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (Abep) e professor titular da Faculdade Guilherme Guimbala, da qual também foi gestor acadêmico do curso de Psicologia. Atuava nos seguintes temas: Psicologia, direitos humanos, formação, educação e sistema prisional.

Júlio Schruber Júnior faleceu no dia 15 de maio de 2018, em Curitiba. O velório será nesta terça-feira, na Capela do Vaticano, em Curitiba, a partir das 13h. A cerimônia será às 20h.

Satepsi está de cara nova

Para tornar o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (Satepsi) mais acessível à categoria e com mais informações relevantes o site do Satepsi foi reformulado. As principais alterações estão relacionadas à indicação dos construtos avaliados, ao público-alvo, à idade da amostra de normatização e os tipos de aplicação e correção. A ideia é auxiliar o profissional da Psicologia na tomada de decisões.

O novo site apresenta, em duas abas, os instrumentos que podem ser usados por profissionais da área na prática cotidiana (testes psicológicos favoráveis e instrumentos não privativos) e também os que não podem ser utilizados, por terem avaliação desfavorável ou que ainda não foram avaliados. Além disso, apresenta um fluxograma que permite verificar se um teste pode ou não ser aplicado.

O novo sistema permite, ainda, acesso a um conjunto de documentos sobre a avaliação dos testes psicológicos realizada pelo CFP, como resoluções, editais, pareceres dos testes favoráveis, pareceristas e respostas para as perguntas mais frequentes dirigidas ao CFP.

O Satepsi foi criado pela Resolução 002/2003 para qualificar os métodos e as técnicas empregadas no processo de avaliação psicológica. Em novembro de 2013, o sistema foi reformulado para se adequar à dinâmica da produção científica de instrumentos psicológicos e a rapidez do fluxo de trabalho.

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CFP promove curso para formação de pregoeiros

Representantes de todos os Conselhos Regionais de Psicologia e do Conselho Federal iniciaram, na manhã do dia 8, o curso sobre pregão presencial e eletrônico e elaboração de termo de referência. Promovido pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), a capacitação é dirigida a funcionários dos CRPs e do CFP que já trabalham na área.

O curso, cujo objetivo é unificar as informações entre todos os CRPs e o CFP, de forma a ajustar as práticas de todo o Sistema Conselhos à legislação, é ministrado pelo diretor de Licitações do Tribunal de Contas da União (TCU), Evaldo Araújo Ramos. Ele também é professor da Escola Nacional de Administração Pública (Enap) e do Instituto Serzedello Corrêa.

O gerente administrativo do CRP-19 (SE), Henrique Mendonça, 47 anos, parabenizou o CFP pela iniciativa. “O curso possibilita que todos os CRPs possam estar juntos para afinar e compartilhar as práticas”. Mendonça, que já fez outros cursos de pregão, também elogiou o instrutor. “Tem muita experiência e didática e está tirando nossas dúvidas e atualizando as informações.”

“É uma experiência valorosa, porque o conteúdo é muito bom e podemos trocar informações com os colegas. Assim, nos aproximamos dos outros conselhos e todos passamos a ter o mesmo conhecimento”, afirmou a coordenadora financeira do CRP-12 (SC), Daniela Bortoli, 32 anos.

Também presente ao curso, representando o CRP-10 (PA/AP), a coordenadora administrativa e financeira Amanda Vianna, 30 anos, afirmou que está compreendendo melhor a responsabilidade como pregoeira. Ela já fez curso na área de compras, mas este é o primeiro em pregão e acredita que poderá aplicar os conhecimentos em seu trabalho na Comissão de Licitação do CRP. “Estamos aprendendo com cada colega, inclusive vendo que muitas vezes compartilhamos dos mesmos problemas e, assim, podemos pensar em soluções.“

O curso de capacitação e formação, viabilizado pelo fundo de solidariedade criado pela Diretoria do CFP, segue até 10 de maio, na sede da autarquia, em Brasília.

Debates marcados pela manutenção de direitos

“Nenhum direito a menos significa a construção dos nossos direitos. Cada vez que tentam tirar nossos direitos, lutamos, debatemos e inventamos novos direitos”. Assim o presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Rogério Giannini, abriu o VIII Seminário Nacional Psicologia e Direitos Humanos, dia 27, na Escola Parque 308 Sul, em Brasília. Palestrantes, debatedores e a plateia mostraram preocupação com a crescente intolerância no Brasil. Apontaram, ainda, alternativas para superar o momento político brasileiro.

A apresentação do artista Erick Barbi foi seguida da abertura oficial, feita por Rogério Giannini, Pedro Paulo Bicalho, da diretoria do CFP, Jesus Moura, representante da Comissão de Direitos Humanos (CDH), e Givânia Maria da Silva, educadora quilombola. Giannini destacou o momento de reafirmar a Psicologia como profissão de resistência. “A Psicologia não será colocada à serviço da dominação, a serviço da perda de direitos, do domínio dos corpos e das mentes.”

Pedro Paulo Bicalho apontou que a comemoração dos 20 anos da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia ocorreu no mesmo ano dos 55 anos da regulamentação da profissão. “A história da Psicologia no Brasil é majoritariamente marcada pela dissociação entre práticas psicológicas e promoção do compromisso social. Que a defesa dos Direitos Humanos nunca seja algo estranho ao exercício profissional para profissionais da Psicologia.”

Jesus Moura destacou que a questão dos Direitos Humanos demarca um tempo que não conseguíamos entender o respeito e o cuidado à pessoa humana.

Givânia chamou a categoria para questionar os valores pautados pela classe dominante e se mostrou preocupada com o racismo estruturante do fascismo. “Enquanto considerarmos que a parte Sul é um pouco melhor que a parte Norte e Nordeste do país estaremos doentes e a Psicologia é fundamental para combater essa doença.”

Cecília Coimbra

A primeira coordenadora do CDH/CFP, Cecília Maria Bouças Coimbra, foi também homenageada. Recebe das mãos de Giannini uma placa por sua história no colegiado. Coimbra lembrou, em seguida, de Marcus Vinicius de Oliveira, alertando que seu assassinato ainda não foi solucionado. “Psicologia e política não estão separadas. O mito da neutralidade ainda está muito presente em nosso cotidiano, mas fazemos política ao respirarmos.”

Lumena Furtado, por sua vez, homenageou Maria Lúcia Pereira dos Santos, liderança do movimento da população em situação de rua. “Quero render homenagem a alguém que deu visibilidade para os invisíveis”.

Violência

A conferência de abertura foi realizada pelo psicólogo e psicanalista Tales Afonso Muxfeldt Ab´Sáber, que destacou o momento de reafirmação do arcaísmo, e seus efeitos políticos e simbólicos, pelo qual passa o Brasil e o mundo.

“Nesse cenário, temos não apenas as dificuldades tradicionais de sustentar o trabalho da Psicologia e dos direitos humanos no mundo, mas estamos em uma situação pior, com um movimento se produzindo que tem escala e dimensão, que produz efeitos políticos e simbólicos, e que se aproxima de novas modalidades de fascismo”. E enfatizou que a escalada da violência tem produzido políticos e discursos de ordem fascista.

Para Ab´Sáber, profissionais da Psicologia precisam ter consciência da “máquina do mundo, e ter uma imaginação elaborativa, transformadora”, levando em conta as experiências éticas e científicas, para uma atuação que transpasse o indivíduo e aborde o coletivo, a sociedade, o todo, na construção de espaços de intervenção social e política.

Assista aqui:

Encontro Nacional do Ano da Formação em Psicologia em Brasília

Chegou a hora do Encontro Nacional do Ano da Formação em Psicologia. O evento pretende discutir as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Psicologia.

Após as reuniões preparatórias e os cinco encontros regionais, Brasília vai receber, no próximo dia 5 de maio, no Hotel Manhattan, os 82 delegados eleitos em cada região. A abertura, marcada para 9h, e também o encerramento, previsto para 17h, serão transmitidos ao vivo pelo site e facebook do Conselho Federal de Psicologia (CFP).

A abertura ficará sob responsabilidade das entidades nacionais que estão coordenando o processo de discussão – o CFP, a Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (Abep) e a Federação Nacional dos Psicólogos (Fenapsi). Terá, ainda, a participação de três instituições que compõem o Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira (Fenpb): a Associação Brasileira de Psicoterapia (Abrap), a Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (Abrapee) e a Associação Brasileira de Psicologia do Esporte (Abrapesp).

As etapas regionais aprovaram as propostas elaboradas nas reuniões preparatórias. E agora, no encontro nacional, os delegados vão consolidar as 120 propostas em uma minuta das novas DCNs, que, em seguida, será submetida a consulta pública nos sites do CFP, da Abep e da Fenapsi até 20 de maio. O resultado final da consulta será publicado em 10 de junho e as contribuições serão encaminhadas ao Conselho Nacional de Saúde e ao Conselho Nacional de Educação.

O objetivo de todo o processo, que ocorreu em todo o território nacional e envolveu profissionais da Psicologia, coordenadores de curso e de serviços-escola, professores, orientadores e supervisores de estágio e estudantes, é construir coletivamente as novas diretrizes curriculares da Psicologia.

Conanda aprova minuta de decreto de regulamentação da Lei 13.431

O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente ( Conanda ) aprovou, em reunião no dia 26, minuta de decreto de regulamentação da Lei nº 13.431/2017, que estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência e altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

A lei entrou em vigor no dia 4 de abril de 2018 e o Governo Federal tem prazo de dois meses para formular atos normativos para garantir a efetividade da Lei. A versão inicial da minuta foi elaborada por integrantes da Comissão Intersetorial de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes (Cievsca), que em março encaminhou o texto inicial ao Conanda para discussão com conselheiros e convidados.

A minuta será apresentada pelo Ministério dos Direitos Humanos, em parceria com outros ministérios, à Casa Civil, solicitando que seja publicado o decreto de sua regulamentação. O Conanda pretende monitorar o andamento da minuta do decreto até seu texto final ser aprovado pela Casa Civil, pois poderá sofrer alterações.

O texto da minuta prevê a proteção da criança e do adolescente numa perspectiva de integralidade, o reconhecimento da natureza das instituições no Sistema de Garantia de Direitos, o papel das políticas públicas diferenciado do Sistema de Justiça, o reconhecimento da autonomia dos profissionais e de sua regulamentação profissional e também o compromisso com a execução das metas previstas nos Planos Nacionais relacionados ao tema.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) e a Associação dos Assistentes Sociais e Psicólogos da Área Sociojurídica do Brasil (AASP Brasil) participaram das discussões para construção da minuta. O CFP, inclusive, já publicou nota técnica sobre os impactos da lei na atuação de profissionais da área, conforme decidido durante Assembleia de Políticas, da Administração e das Finanças (Apaf) de dezembro de 2017, integrado por representantes do CFP e dos Conselhos Regionais de Psicologia.

Nota de pesar: Maria Lúcia Pereira dos Santos

É com pesar que o Sistema Conselhos de Psicologia, representado pelas comissões de Direitos Humanos dos Conselhos Regionais de Psicologia e a Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia, informa o falecimento de Maria Lúcia Pereira Santos, liderança do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR). Maria Lúcia, ou Lúcia do Movimento, como era conhecida, iniciou sua caminhada de luta e ativismo pelos direitos das populações de rua no final da década de 90.

A Psicologia brasileira tem orgulho de fazer parte da história dessa mulher e compartilha dos mesmos ideais por meio de ações em defesa dos direitos humanos da população em situação de rua. Em 1999, o CRP-03 BA/SE, em articulação com entidades locais, realizou o I Fórum de População de Rua de Salvador, no qual, pela primeira vez, pessoas em situação de rua falaram na tribuna do plenário da Câmara de Vereadores. Foi um momento histórico. Em 2000, com o apoio do coletivo MNPR, fruto dessa articulação local, ocupou o prédio da Rede Ferroviária Federal, na Praça da Inglaterra em Salvador, momento que marcou sua primeira experiência em ocupação e reintegração de posse.

Depois de mais alguns anos de ativismo, Lúcia manifestou seu desejo de sair das ruas. Em março de 2010, juntamente com três outras pessoas, na Praça das Mãos, em Salvador, iniciou o MNPR, posteriormente implantado em outros estados. Fez da militância o tratamento para as marcas deixadas pela vivência nas ruas e repetia sempre: “A gente sai da rua, mas a rua nunca sai de nós”.

Tornou-se uma das maiores lideranças do MNPR no Brasil nessa área. Foi recebida pelos presidentes Lula e Dilma, lutou pelo seu povo e o representou, em 2016, em Genebra, na Organização das Nações Unidas (ONU). Combativa, polêmica e audaz, forjada na luta pelo seu povo, nos deixou no último dia 25. Vai fazer falta, mas deixou muitos filhos e filhas, herdeiros e herdeiras dos seus ideais.

Maria Lucia do MNPR, presente!