Encontro reúne representantes das comissões de Direitos de Direitos Humanos do CFP e dos CRPs

Representantes estaduais das Comissões dos Direitos Humanos (CDH) do Sistema Conselhos de Psicologia e membros da CDH do Conselho Federal de Psicologia (CFP) se reuniram, nos dias 6 e 7 de dezembro, no CFP, em Brasília, para realizar balanço das ações da última gestão e dar também as boas-vindas às(aos) nova(os) integrantes das CDH dos CRPs para o próximo triênio 2020/2022.

Durante o encontro, o grupo fez um resgate das ações realizadas durante a última gestão, como também dos últimos 20 anos de existência da CDH, a qual atuou demarcando o trabalho com ações nacionais, articulado em rede, com metodologia integrada para desenvolver grandes ações em âmbito nacional.

Na sexta-feira (6), membros das Comissões se reuniram, em Brasília, com cartazes em protesto contra o racismo, em frente à sede da Fundação Zumbi do Palmares. No mesmo dia também foi apresentado um relatório síntese das ações da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (CFP) na gestão 2017-2019. O documento mostrou as principais intervenções da CDH, “tecidas com atenção e coragem em tempos difíceis”. Entre as ações realizadas estão as campanhas (como a campanha “Discurso de Ódio Não”), reuniões, instalações, pesquisas, lançamentos de livros (“Tentativas de Aniquilamento de Subjetividades LGBTIs”), inspeções e outras atividades.

As Comissões de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e dos Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs) foram criadas para incentivar a reflexão sobre os direitos humanos inerentes à formação, à prática profissional e à pesquisa em Psicologia. Hoje, todos os regionais possuem CDHs e cada uma delas tem uma pauta de luta, de atendimento à categoria e à comunidade, em defesa das minorias.

Inspeções mostram a gravidade da situação encontrada nos hospitais psiquiátricos do Brasil

Foi lançado nesta segunda-feira (2), o Relatório de Inspeção Nacional em Hospitais Psiquiátricos no Brasil, na Procuradoria-Geral do Trabalho, em Brasília. O documento evidencia graves situações de violação de direitos, tratamento cruel, desumano e degradante, assim como indícios de tortura a pacientes com transtornos mentais nessas instituições.

Esta é uma iniciativa conjunta do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Ministério Público do Trabalho (MPT) e Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT). Regionalmente, as inspeções foram coordenadas pelos Conselhos Regionais de Psicologia, Ministérios Públicos Estaduais e Ministérios Públicos do Trabalho (MPT) estaduais.

A publicação consolida um importante trabalho de campo, de imersão à realidade vivida do sistema público de saúde a pacientes psiquiátricos. Ação articulada inédita, as inspeções a hospitais psiquiátricos foram realizadas, em âmbito nacional, entre os dias 3 e 7 de dezembro de 2018. Foram vistoriadas 40 instituições psiquiátricas, em 17 estados das cinco regiões do Brasil. A ação traz impactos benéficos para muitos sujeitos que terão, pela primeira vez, suas vozes ouvidas pelas instituições, além de ajudar a refletir sobre o modo como o Estado brasileiro tem tratado pessoas em sofrimento mental.

Durante a cerimônia de lançamento da publicação, o psicólogo e presidente do Conselho Federal de Psicologia, Rogério Giannini, reforçou a importância da participação do Sistema Conselhos de Psicologia na produção desse relatório de inspeções a hospitais psiquiátricos, assim como nos últimos três anos, em ações como as inspeções às Comunidades Terapêuticas, realizada em 2017. Ele ressaltou também a capilaridade do Sistema Conselhos nesse trabalho e lembrou que o CFP compõe, junto às demais instituições envolvidas nas inspeções, um grande bloco na sociedade na área da Saúde Mental, que é o campo antimanicomial. Ele destacou, ainda, a importância da participação do MPT nesse trabalho. “Foi muito importante trazer esse olhar sob a condição do trabalho das pessoas que atuam nesses equipamentos públicos inspecionados”.

Dados gerais do relatório

O relatório aponta que pelo menos 1.185 pessoas estão internadas em condição de longa permanência nos hospitais psiquiátricos brasileiros. 82,5% dos hospitais inspecionados mantém pessoas moradoras, havendo uma criança de 10 anos e uma idosa de 106 anos nessa condição, ambas mulheres, num mesmo hospital de São Paulo.

O documento mostra que 52% das Instituições inspecionadas em dezembro de 2018, foram inauguradas durante a ditadura militar no Brasil. 83% destas unidades são privadas, a maioria delas sem fins lucrativos.

No que diz respeito ao direito à um padrão de vida adequado, 45% das unidades estão com falta ou compartilhamento de insumos básicos de higiene, banheiros sem porta e banho frio.

Em 40% dos casos essas pessoas sofrem restrição de acesso aos ambientes de convivência e lazer, além de ficarem também muitas vezes isoladas de seus familiares. 87% dessas pessoas sofrem violações de livre acesso ao contato com familiares durante a internação.

O direito de exercer a capacidade civil, liberdade e segurança pessoal também está entre os direitos violados encontrados pelos peritos, com situações como de internação compulsória realizada de maneira arbitrária ou ilegal, além de indícios de sequestro, cárcere privado e apropriação indevida de recursos financeiros das pessoas internadas nessas instituições.

Segundo o relatório, pessoas internadas em hospitais psiquiátricos são submetidas à medicação excessiva, à contenção mecânica diárias e ao isolamento em quartos sem nenhum suporte. Foram encontradas situações de violências como estupro, lgbtfobia, revista vexatória e intolerância religiosa.

O documento retrata ainda a exploração da mão de obra de pessoas internadas, assim como a internação de crianças e adolescentes nessas instituições.

Iniciativa conjunta e inédita

O perito do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT), Lúcio Costa, afirmou que o documento é muito importante para melhorar a saúde pública do Brasil e que essa iniciativa é fruto de vários olhares, várias perspectivas. Ele explicou que o relatório não é acadêmico e nele foram utilizados como parâmetros o ordenamento jurídico brasileiro e o internacional. “Foram mais de 500 pessoas envolvidas nas inspeções, sendo este um material inédito, inclusive, na sua perspectiva analítica”.

A coordenadora nacional da Coordenadoria Nacional de Combate às irregularidades Trabalhistas na Administração Pública (Conap), do MPT, Ana Cristina Toches Ribeiro, relatou que as inspeções contaram com uma força-tarefa, composta não só de procuradoras(es) do trabalho e peritos do MP, especializada em segurança e medicina do trabalho, como também de entidades parceiras. “Foram identificadas irregularidades gravíssimas, em saúde e segurança do trabalho, no dimensionamento das equipes de trabalho, descarte inadequado de resíduos, desvio de recursos públicos, entre outras”.

A procuradora do Ministério Público do Trabalho, Carolina Mercante, acompanhou as inspeções e apresentou ao público dados sobre a exploração do trabalho nos hospitais psiquiátricos, além de reforçar que essas instituições possuem características asilares e de privação de liberdade, não podendo ser consideradas como instituições de saúde.

O promotor de justiça do estado de Minas Gerais, membro auxiliar da Comissão de aperfeiçoamento da atuação do Ministério Público na Saúde do CNMP, Daniel dos Santos Rodrigues, destacou a importância de lançar o relatório nesse momento atual, de retrocessos de direitos. Para ele, essa atividade congrega várias instituições pela defesa da Constituição e dos mais vulneráveis. “Esse trabalho reúne insumos para que possamos levar a proteção de direitos dessas pessoas”.

A deputada Erika Kokay também esteve presente no lançamento do relatório e lembrou a problemática conjuntura atual do país, além de afirmar que apresentará o relatório à Câmara dos Deputados. Lembrou, ainda, do recente ataque ao MNPCT. “Todos os dias percebemos a ruptura com as instituições democráticas. Se não tem o contraponto, isso se impõe para os trabalhadores e trabalhadoras”. A deputada lembrou a existência dos holocaustos manicomiais, que precisam ser reconhecidos como tal, reforçando a necessidade da Reforma Psiquiátrica, que não existe sem democracia. “Essas instituições não devem existir, pois não existem hospitais psiquiátricos humanizados”.

Leia a publicação na íntegra: Hospitais Psiquiátricos no Brasil: Relatório de Inspeção Nacional

Relatório da Inspeção em Hospitais Psiquiátricos será lançado dia 2

Na próxima segunda-feira (2/12), às 14h, em Brasília, no Ministério Público do Trabalho (MPT), será lançado o relatório que reúne os resultados da Inspeção Nacional em Hospitais Psiquiátricos, realizada em dezembro de 2018, nas cinco regiões do Brasil. A elaboração do documento é uma iniciativa do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT) e Ministério Público do Trabalho (MPT).

O relatório nacional apontou violação de direitos em todas as instituições inspecionadas e poderá trazer impactos benéficos para muitos sujeitos que terão, pela primeira vez, suas vozes ouvidas pelas instituições, além de ajudar a refletir sobre o modo como o Estado brasileiro tem tratado pessoas em sofrimento mental.

O lançamento, que será transmitido on-line pelo site e redes sociais do Conselho Federal de Psicologia, terá as presenças confirmadas do presidente do CFP, Rogério Giannini; do perito do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, Lúcio Costa; do representante do CNMP, Daniel dos Santos Rodrigues; e da procuradora do MPT, Carolina Mercante.

Inspeção nacional revela violações de direitos humanos

Entre 3 e 7 de dezembro de 2018, foram visitadas pelas equipes de inspeção 40 instituições psiquiátricas, em 17 estados da federação, distribuídos nas cinco regiões brasileiras. Em nível regional, estabeleceram-se coordenações formadas por membros dos Conselhos Regionais de Psicologia, Ministérios Públicos Estaduais e Ministérios Públicos do Trabalho, além de outros convidados locais. Ao total, participaram dessa ação mais de 300 pessoas, entre especialistas e autoridades, em todo Brasil.

O objetivo principal da inspeção foi investigar a realidade de pacientes com sofrimento mental internados em hospitais psiquiátricos e de verificar se há cumprimento ou não de tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário, assim como de leis e regulamentação específica sobre cuidados em saúde mental.

Além disso, a proposta do relatório é proporcionar a discussão sobre a reforma psiquiátrica, evidenciar às instâncias de controle social e órgãos competentes casos de violação de direitos e garantias fundamentais previstos na Constituição Federal e, por fim recomendar modos de cumprimento da lei.

Trabalho coordenado em âmbito estadual e nacional

As equipes estaduais de visita procuraram verificar e analisar as condições de privação de liberdade de pessoas internadas em hospitais psiquiátricos, sobretudo a existência de violação de direitos, avaliar a qualidade assistencial, a infraestrutura e os insumos básicos disponibilizados às pessoas privadas de liberdade.

A Coordenação Nacional do relatório de inspeção foi responsável por consolidar as informações estaduais de modo sistemático e à luz do direito nacional e internacional. O relatório, então, é o resultado desse processo.

O documento procura apresentar, por exemplo, aspectos principais da Reforma Psiquiátrica, considerando as discussões sobre o direito a um padrão de vida adequado de acordo com a necessidade individual, assim como os direitos de exercer a capacidade legal, de liberdade e de segurança pessoal e de usufruir de saúde física e mental. Avalia, também, a condição de crianças e adolescentes internados, a falta de tratamentos de saúde que respeitem a condição peculiar de desenvolvimento desse segmento, o convívio familiar e outros direitos assegurados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

LANÇAMENTO
Relatório de Inspeção Nacional em Hospitais Psiquiátricos
Data: 2 de dezembro
Horário:14h
Local: Auditório do Ministério Público do Trabalho, na Procuradoria Geral do Trabalho (SAUN Quadra 5, Lote C, Torre A, Brasília).

 

CFP promove Diálogo Digital sobre o tema “Menos Armas, Mais Vidas”

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) realiza na próxima quinta-feira (7), às 16h, o Diálogo Digital “Menos Armas, Mais Vidas”. A atividade tem como objetivo visibilizar o enfrentamento ao avanço do pensamento que busca ampliar o acesso às armas, fomentando a cultura do ódio e o desrespeito aos direitos humanos no país.

O evento irá reunir especialistas sobre o tema e será transmitido ao vivo pelas redes sociais do CFP (facebookYoutube e Instagram). Participe mandando perguntas para comunica@cfp.org.br ou utilizando a hashtag #dialogoscfp.

O Brasil tem cerca de 16 milhões de armas em circulação, possui uma média de 35 mil homicídios por ano, sendo o campeão mundial de mortes por arma de fogo, das quais as vítimas em sua maioria são jovens e negros.

Esses números podem aumentar ainda mais, por conta de um dos primeiros decretos presidenciais do atual governo de flexibilizar o porte de armas, inclusive para proprietárias(os) rurais e donas(os) de clube de tiro, que pode colocar mais de 250 mil armas na rua.

Nesse contexto, o CFP promove um diálogo para pensar qual é o papel da Psicologia na discussão de políticas públicas que defendam e promovam a vida, comprometidos com a defesa dos direitos humanos e de uma sociedade comprometida com a cultura de paz.

Psicologia se aprende com presença!

A Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP), o Conselho Federal de Psicologia (CFP) e a Federação Nacional dos Psicólogos (Fenapsi) têm recebido um grande número de pedidos de informação e de manifestações de preocupação sobre a iminência da abertura de cursos de graduação em Psicologia na modalidade de ensino a distância (EaD). Entendemos que a proximidade do período em que as instituições de ensino (IES) divulgam seus cursos para o ano seguinte contribui muito para isso, e que várias IES, particularmente entre as que têm o lucro financeiro como objetivo principal, podem se utilizar dessas notícias inverídicas como forma de pressionar os órgãos reguladores ou de angariar o interesse dos incautos.

Nosso objetivo, com esta nota, é não só reafirmarmos nosso posicionamento totalmente contrário à graduação em Psicologia na modalidade EaD, mas divulgar informações importantes sobre a situação atual.

Não existem, no país, cursos de graduação em Psicologia autorizados na modalidade a distância. O Relatório Síntese de Área da Psicologia sobre o ENADE 2018, publicação oficial do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (INEP), que acaba de ser divulgado, atesta:

Cumpre notar que o Conselho Nacional de Saúde opinou contra a oferta de cursos na Modalidade EaD na Área de Psicologia e não são, então, ofertados cursos nesta modalidade, e a totalidade dos cursos oferece Educação Presencial. p. 23.

A Tabela 3.1 apresenta a distribuição por sexo e idade do total de respondentes. Como já comentado, o Conselho Nacional de Saúde opinou contra a oferta de cursos na Modalidade EaD na Área de Psicologia e não são, então, ofertados cursos nesta modalidade, mas tão somente cursos de Educação Presencial. p. 36 e 37 (Relatório síntese de área: Psicologia. Brasília: Inep, 2019. Disponível em no site do Inep

Art. 28, § 2º: A criação de cursos de graduação em direito e em medicina, odontologia e psicologia, inclusive em universidades e centros universitários, deverá ser submetida, respectivamente, à manifestação do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil ou do Conselho Nacional de Saúde, previamente à autorização pelo Ministério da Educação.É importante, também, examinar a legislação a respeito. O Decreto Presidencial nº 5.840 de 2006 afirma:

E ainda:

Art. 36. O reconhecimento de cursos de graduação em direito e em medicina, odontologia e psicologia, deverá ser submetido, respectivamente, à manifestação do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil ou do Conselho Nacional de Saúde.

O Decreto no. 9.235 de 2017 reitera:

Art. 41.  A oferta de cursos de graduação em Direito, Medicina, Odontologia, Psicologia e Enfermagem, inclusive em universidades e centros universitários, depende de Autorização do MEC, após prévia manifestação do Conselho Federal da OAB do Brasil e do CNS.

Art. 51. O reconhecimento de cursos de graduação em Direito, Medicina, Odontologia, Psicologia e Enfermagem será submetido à manifestação, em caráter opinativo, do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, no caso de curso de Direito, e do Conselho Nacional de Saúde, nos cursos de Medicina, Odontologia, Psicologia e Enfermagem.

Portaria Normativa no. 23 de 21/12/2017:

Art. 28. Os pedidos de autorização de cursos de Direito, Medicina, Odontologia, Psicologia e Enfermagem, inclusive em universidades e centros universitários, sujeitam-se a tramitação própria, conforme disposto no art. 41 do Decreto nº 9.235, de 2017, e nos termos desta Portaria Normativa.

  • 3º Nos pedidos de autorização e reconhecimento dos cursos de Medicina não enquadrados no § 2º e nos cursos de Odontologia, Psicologia e Enfermagem, será aberta vista para manifestação do Conselho Nacional de Saúde, pelo prazo de 30 (trinta) dias.

Posicionamento do CNS

O Conselho Nacional de Saúde (CNS) e sua Comissão Intersetorial de Recursos Humanos e Relações do Trabalho (CIRHRT) têm repetidamente se posicionado contrários à oferta de cursos da área da saúde, entre eles a Psicologia, na modalidade EaD. Reafirmam essa posição a Resolução CNS no. 515, de 7 de outubro de 2016, a Resolução CNS no. 069, de 13 de dezembro de 2017 e os pareceres do CNS para atos regulatórios de autorização e reconhecimento para cursos de graduação em Enfermagem, Odontologia, Medicina e Psicologia, além de Notas Públicas amplamente divulgadas.

Legislação sobre cursos presenciais e a distância

É necessário ainda explicitar algumas questões referentes à legislação sobre cursos presenciais e a distância. A Portaria no. 1134 de 2016, que trata da oferta de disciplinas na modalidade EaD em cursos presenciais, estabelece:

Art. 1º As instituições de ensino superior que possuam pelo menos um curso de graduação reconhecido poderão introduzir, na organização pedagógica e curricular de seus cursos de graduação presenciais regularmente autorizados, a oferta de disciplinas na modalidade a distância.

  • 1º As disciplinas referidas no caput poderão ser ofertadas, integral ou parcialmente, desde que esta oferta não ultrapasse 20% (vinte por cento) da carga horária total do curso.

Posteriormente, a Portaria no. 1.428 de 2018 ampliou esse limite para até 40%, com a ressalva de que essa ampliação não se aplica aos cursos de graduação presenciais da área de saúde e das engenharias (Art. 6º.).

Portanto, nos cursos presenciais da área da saúde, não é permitida a oferta de disciplinas a distância que somem mais do que 20% da carga horária total do curso.

Para os cursos em EaD, o Decreto no. 9.057 de 2017 estabelece que há atividades que devem ser ofertadas presencialmente, tais como avaliações, estágios, práticas profissionais e de laboratório e defesa de trabalhos, quando previstas. E a Portaria Normativa nº 742, de 2018, estabelece:

Art. 100 § 3º A oferta de atividades presenciais em cursos de EaD deve observar o limite máximo de 30% (trinta por cento) da carga horária total do curso, ressalvadas a carga horária referente ao estágio obrigatório e as especificidades previstas nas respectivas Diretrizes Curriculares Nacionais do curso.

Portanto, ao contrário do que apregoa a publicidade de algumas instituições de ensino, não existem cursos 100% EaD, uma vez que há atividades que, obrigatoriamente, têm que ser feitas presencialmente. E não existe, na legislação, modalidades como “cursos híbridos”, “semi-presenciais” ou “flex”.

Existem cursos presenciais, que podem, no caso da área da saúde e engenharias, ter até 20% de sua carga horária em EaD, e cursos a distância, que devem obrigatoriamente ter atividades presenciais, tais como práticas, estágios e avaliações.

No caso da Psicologia, existem apenas cursos presenciais.

Posicionamento conjunto da ABEP, CPF e Fenapsi

Mais de 85% do ensino superior brasileiro hoje é privado, e essa condição tem estabelecido uma lógica hegemônica de expansão baseada no lucro, em que a educação se transformou em um negócio e não em um direito social, a despeito do empenho e seriedade das coordenações de curso e corpo docente. O objetivo do lucro cada vez maior tem determinado um menor aporte de recursos que atinge as condições do ensino, precariza o trabalho docente e traz graves riscos à população.

Nos cursos em EaD isso se agrava seriamente, com uma expansão descontrolada de vagas, que chega a um aumento de mais de 5.000% em dois anos, em algumas áreas. A proporção de professores, em média, cai para 7 por 1.000 alunos, com a contratação de muitos tutores, com salários e direitos trabalhistas precários.

Muitas vezes essa expansão descontrolada é divulgada, de forma distorcida, como democratização do ensino ou inclusão, quando na verdade atende a metas financeiras dos grandes conglomerados, desconsiderando a educação como estratégia de desenvolvimento e de promoção de direitos.  E o mais grave é que essa prática perversa atinge tanto os que buscam uma formação profissional quanto a toda a população, que certamente ficará exposta a profissionais com sérias deficiências em sua formação.

Por que não podemos prescindir da formação presencial

A ABEP, o CFP e a Fenapsi são entidades defensoras da formação de qualidade ética e técnica, capaz de construir uma identidade profissional marcada pelo respeito às diferenças, pela compreensão das muitas vidas possíveis, pela empatia com o sofrimento e os dilemas da vida vivida, pela capacidade de compreender e dialogar com as muitas formas de pensar e ser, contidas em nossa cultura e diversidade nacional. O diálogo, o confronto de ideias, o debate respeitoso fundamentado em nossa pluralidade teórico-metodológica e nas diversas interpretações que fomentam, a descentração necessária à reflexão e compreensão na diferença, o desenvolvimento de atitudes e afetos que acolhem devem ser a marca do processo de formação em Psicologia.

Esse conjunto de requisitos que formam a identidade profissional não se adquire por meio dos recursos a distância. Ele exige convivência, contato com as diferenças culturais, teórico-metodológicas, experenciais, entre docentes, estudantes e a comunidade. Exige vivências acadêmicas ricas e múltiplas, em que o espaço da sala de aula complementa-se com os demais espaços universitários, como laboratórios, salas de recursos e de orientação, com participação em grupos de pesquisa e estudo, frequência a eventos de natureza acadêmica, conhecimento da estrutura institucional e representação estudantil, conhecimento e contato com instâncias representativas da categoria, entre outros. E em que os espaços acadêmicos complementam-se com espaços de atuação profissional do psicólogo na comunidade, viabilizando a integração teórico-prática e as experiências reais de atuação durante todo o processo de formação.

Sendo assim, a recusa da oferta de cursos de graduação em Psicologia não se constitui em resistência ao uso das tecnologias nos processos ensino-aprendizagem; essas já fazem parte do cotidiano das instituições de ensino superior e podem coadjuvar os processos de formação. A recusa fundamenta-se nos requisitos essenciais à constituição de uma identidade profissional comprometida, competente e ética.

Ao defender a formação presencial, defendemos as/os profissionais que se dedicam ao ensino de Psicologia, que devem ser tratados como docentes e não relegados a categorias secundárias, com condições adequadas para o desenvolvimento de seu trabalho, bem como as coordenações de curso, que se empenham para garantir um ensino de qualidade e atento às Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Psicologia. Defendemos, ao mesmo tempo, as pessoas, grupos, instituições e comunidades, que nos diferentes espaços onde se insere a/o profissional de Psicologia, têm direito a um trabalho marcado pela competência técnica e pelo respeito.

Competências profissionais em saúde serão tema de atividade em Brasília

Entre os 23 e 24 de outubro, a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), do Ministério da Saúde (MS), realizará atividade do Grupo de Trabalho sobre competências profissionais em saúde, no Hotel Brasília Imperial, das 8h às 18h. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) participa da atividade junto a demais membros dos Ministérios da Saúde, da Educação e da Economia, além dos Conselhos profissionais da área da Saúde.

O encontro acontece em parceria com o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), com o objetivo de desenvolver um referencial conceitual e metodológico de certificação de competências profissionais em saúde no Brasil.

Durante os dois dias do evento serão trabalhados temas relacionados às competências profissionais de saúde, tais como a contextualização da necessidade de competências profissionais em saúde; o alinhamento conceitual; as bases metodológicas; o modelo lógico a ser adotado; as referências internacionais de competências profissionais em saúde; e as atividades práticas de definições de contexto e competências profissionais para o modelo brasileiro.

Diálogo Digital: Psicologia, Assistência Social e situações de calamidades e de emergências

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) vai promover, na quarta-feira (30), às 15h, o Diálogo Digital sobre o tema “Psicologia, Assistência Social e Situações de Calamidades e Emergências”. O evento irá reunir especialistas, gestoras(es) e comunidade sobre o tema e será transmitido ao vivo pelas redes sociais do CFP (facebook, Youtube e Instagram). Participe mandando perguntas para comunica@cfp.org.br.

Participam desta edição a diretora do Departamento de Proteção Social Especial da Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS/MC), Maria Yvelônia Barbosa; a moradora de Brumadinho e articuladora da população atingida por calamidades e desastres, Marina Paula Oliveira; a psicóloga especialista em emergências e desastre e professora na Universidade Comunitária de Chapecó (SC), Maria Carolina Moech; e Joari Carvalho, psicólogo social na Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de Suzano – SP.

A cada ano tem havido novas e maiores situações de calamidades públicas e de desastres no Brasil, como chuvas, secas, incêndios, rompimento de barragens, fluxos migratórios e outros para os quais a política de assistência social deve ofertar e promover ações para garantir a proteção social das populações afetadas.

O objetivo deste Diálogo Digital é reunir e discutir contribuições da Psicologia junto a profissionais, gestoras(es) e movimentos sociais de populações atingidas por desastres para qualificar e efetivar o Serviço de Proteção em Situações de Calamidades Públicas e de Emergências.

A Psicologia como ciência e profissão tem mantido, ampliado e aprofundado o compromisso com a temática relacionada às emergências e desastres e, atualmente, vem alinhando suas referências com a agenda mundial da Redução de Riscos de Desastres nas ações humanitárias, como também da estruturação das políticas públicas como assistência social, saúde, habitação e outras.

Até bem pouco tempo, o assunto no âmbito do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) não teve a devida atenção prioritária dos órgãos competentes; mas, por imposição da realidade social em todo o Brasil e, sobretudo, depois dos grandes desastres em Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, redes, gestões, conselhos, profissionais, populações, academia, movimentos sociais, órgãos de direitos e outros atores sociais, passaram a se mobilizar sobre o tema e a demandar diversas, complexas e cada vez maiores respostas da rede socioassistencial e da gestão do SUAS.

É importante conhecer e aprimorar diversos serviços vinculados ao SUAS, como também programas, projetos, benefícios e transferência de renda, não só no momento da calamidade, mas também nos desdobramentos posteriores e na organização antecipada para evitar essas situações ou se preparar melhor para outras circunstâncias sob as quais as comunidades estão em risco nos territórios onde vivem.

É importante também afirmar, efetivar e qualificar a política de assistência social presente nas situações de calamidades e de emergências, em conjunto com a estrutura da Política de Proteção e Defesa Civil e outras, como parte de uma estratégia para a garantia integral e integrada de direitos humanos e sociais da população pelas com centralidade nas políticas públicas e com colaboração complementar de assistência humanitária de organizações da sociedade civil, que mantenha no cerne do planejamento, da ação e da avaliação o cuidado tanto com as dimensões subjetivas e psicossociais das comunidades afetadas, como protagonistas e agentes ativos e autônomos sobre suas vidas, quanto com o suporte necessário de educação permanente, estrutura e articulação a profissionais acionadas(os) nas respostas imediatas e na gestão de riscos e da redução de desastres.

Pela derrubada do veto ao PL que prevê Psicologia e Serviço Social na rede pública de ensino

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) e as demais instituições que compõem o Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia (FENPB) manifestam indignação diante do veto integral da Presidência da República ao Projeto de Lei nº 3.688/2000, que dispõe sobre serviços de Psicologia e de Serviço Social nas Redes Públicas de Educação Básica.

Agora, a mobilização é pela derrubada do veto, que vai contra ampla maioria da Câmara dos Deputados, que aprovou o PL em 12 de setembro, com exceção de um único partido. O Congresso Nacional tem o prazo constitucional de 30 dias corridos, a contar a partir do dia 9 de outubro – quando o veto foi publicado no Diário Oficial da União – para que senadoras(es) e deputadas(os) analisem o veto em sessão conjunta.

A Psicologia dispõe de conhecimentos para atuar nas relações escolares, auxiliando na promoção do desenvolvimento, da aprendizagem, da apropriação dos conteúdos escolares e no enfrentamento aos problemas e desafios do cotidiano escolar, além do enfrentamento à violência no ambiente escolar.

A única justificativa ao veto é de que a proposta cria despesas sem indicar fonte de receita e impactos orçamentários. Porém, a medida traria inclusive economia ao Governo Federal, que minimizaria gastos que chegam ao Sistema Público de Saúde decorrentes de problemas nas escolas. A maioria destas queixas pode ser discutida e resolvida na própria escola, por uma equipe pedagógica multidisciplinar que encontre estratégias aos problemas educativos.

Com o exposto acima, as entidades da Psicologia brasileira reafirmam sua posição contrária ao veto presidencial e colocam-se, mais uma vez, na mobilização pela derrubada do veto, em defesa da educação e do papel da Psicologia na área.

Assinam este manifesto:

Associação Brasileira de Ensino de Psicologia – Abep
Associação Brasileira de Orientação Profissional – Abop
Associação Brasileira de Psicologia de Tráfego – Abrapsit
Associação Brasileira de Psicologia do Desenvolvimento – ABPD
Associação Brasileira de Psicologia do Esporte – Abresp
Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional – Abrapee
Associação Brasileira de Psicologia Positiva – ABP+
Associação Brasileira de Psicopedagogia – ABPP
Associação Brasileira de Psicoterapia – Abrap
Associação dos Editores Científicos de Psicologia – ABECiPsi
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia – Anpepp
Associação Brasileira de Psicologia Jurídica  – ABPJ
Associação Brasileira de Rorschach e Métodos Projetivos – ASBRo
Comissão Nacional de Ética em Pesquisa  – Conep
Conselho Federal de Psicologia – CFP
Federação Latino-Americana de Análise Bioenergética – FLAAB
Federação Nacional dos Psicólogos – FENAPSI
Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica – IBAP
Instituto Brasileiro de Neuropsicologia e Comportamento – IBNEC
Sociedade Brasileira de História da Psicologia – SBHP
Sociedade Brasileira de Psicologia e Acupuntura – Sobrapa
Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar – SBPH

Veja as razões para a derrubada do veto

Acompanhe a tramitação do Veto 37/2019

Maceió recebe Congresso Brasileiro de Orientação Profissional

Entre 18 e 20 de setembro, Maceió recebeu o XIV Congresso Brasileiro de Orientação Profissional e de Carreira, organizado pela Associação Brasileira de Orientação Profissional (ABOP). Sobre o tema “Desafios e Oportunidades Atuais do Trabalho e da Carreira”, o evento reuniu cerca de 300 participantes, entre pesquisadoras(es) e estudantes, vindos de todas as regiões do país, dispostas(os) a discutir sobre a orientação profissional nos dias atuais, além de profissionais da Europa e da América do Sul.

Participaram da abertura o presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Rogério Giannini, a presidente da UNESCO CHAIR: Lifelong guidance and counseling, da Universidade de Lisboa, em Portugal, Maria Eduarda Duarte, o presidente da ABOP, Rodolfo Ambiel e a coordenadora da Comissão Científica do Congresso, Maria Célia Lassance.

Ainda durante a abertura do congresso, foi lançada a cartilha sobre orientação profissional, que também será disponibilizada no site da ABOP junto a demais materiais relacionados ao tema da campanha “Você sabe o que é orientação profissional? Oriente-se!”, como cartilha e cards para as redes sociais. A campanha é uma realização da ABOP em parceria com o CFP e os materiais desenvolvidos podem ser acessados pelo site abopbrasil.org.br/oriente-se

“A ideia é expandir as fronteiras da ABOP para além do eixo Sul-Sudeste, atraindo profissionais e pesquisadores interessados na área para que possam mostrar suas práticas e resultados”, explica Ambiel, presidente da ABOP.

Além da abertura, o presidente do CFP também participou da mesa sobre “Coaching e Orientação Profissional e de Carreira: questões técnicas e éticas”, no dia 18 de setembro, junto à Manoela Ziebell de Oliveira e Tiago Febel, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), e Lucilene Tofoli, da Universidade São Francisco (USF).

Entidades se unem contra desmonte da participação social no Conad

Representantes do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e mais cinco entidades estiveram reunidos no Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), do dia 14 de agosto, para debater ações de enfrentamento em relação ao desmonte da participação social (Decreto 9759/2019), a recomposição do Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas (Conad), após a retirada da sociedade civil (Decreto 9926/2019) e a proposta de alteração na natureza jurídica e atribuições dos conselhos de classe de profissão (PEC 108/2019).

O conselheiro do CFP, Paulo Aguiar – que era representante titular do CFP no Conad – esteve presente no evento, que contou com a participação de membros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) e da Plataforma Brasileira de Políticas de Drogas.

A compreensão do grupo é que o Decreto nº 9.926/2019 que altera a composição do Conad se insere em um conjunto de medidas, como as mudanças na Política Nacional de Álcool e Drogas, a internação involuntária e o financiamento público para Comunidades Terapêuticas, que visam o desmonte da participação social, das políticas públicas em geral e a regressão de direitos no âmbito da política pública de saúde mental, álcool e outras drogas.

Vale ressaltar que o Conad, historicamente, vem acompanhando o desmonte das políticas sobre Saúde Mental, iniciado em 2018, com a aprovação da resolução do Conad 01/2018 e que esse processo de desestruturação ainda está em curso.

Com relação à PEC 108/2019, que dispõe sobre a natureza jurídica dos conselhos profissionais, o grupo informou que houve a realização de discussões no âmbito do Conselhão e criação de subcomissão das assessorias jurídicas dos conselhos para análise da PEC, desdobramentos e ações futuras. Segundo eles, também foi encaminhada a instalação da Frente Parlamentar contra a PEC 108/2019, cuja coordenação contará com representação dos conselhos de classe profissionais.

Como medidas de enfrentamento a esses retrocessos na legislação, foram apontadas a criação de um observatório sobre políticas de álcool, drogas e direitos humanos, com a participação da sociedade civil e que tenha como objetivo acompanhar e denunciar proposições nas políticas públicas que afetam as pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas. O observatório deve ser operacionalizado por meio da subcomissão de saúde mental do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e pela Comissão Intersetorial de Saúde Mental (CISM) do Conselho Nacional de Saúde (CNS). A ação será imediata e articulada pelo CFP.