CFP na garantia dos direitos das mulheres

Nem uma a menos. Em um país com a quinta maior taxa de assassinatos de mulheres do mundo, de acordo com o Mapa da Violência de 2015, é preciso discutir a questão da violência de gênero e do feminicídio. Por isso, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) vai promover, no dia 9 de março, o Diálogo Digital “Nem uma a menos: contribuições da Psicologia na garantia dos direitos das mulheres”.

Por ser uma categoria de mulheres, a Psicologia precisa debater o fato de que incide também sobre as psicólogas o machismo, os desafios da desigualdade do mundo do trabalho e os riscos maiores da violência de gênero nas relações profissionais. Além disso, pela própria característica da profissão, psicólogas e psicólogos devem possibilitar o enfrentamento da violência de gênero nos contextos em que atuam, seja na assistência, na saúde, nas escolas, nas empresas e na clínica.

O debate do próximo dia 9 servirá para questionar quais são contribuições da Psicologia nesses espaços para enfrentar as desigualdades e a violência que incidem sobre as mulheres, interrogar sobre as determinações de gênero sobre a vida das mulheres atendidas pelos profissionais da Psicologia, enfrentar a não naturalização de determinados tipos de feminilidade e a não invisibilidade das opressões de gênero que incidem sobre essa subjetividade.

O Diálogo Digital será mediado pela conselheira Sandra Sposito e contará com a participação da psicóloga e coordenadora da Comissão Temática de Gênero do CRP-02 (Pernambuco) Céu Cavalcanti, da militante do movimento de mulheres negras Taina Santos, e da psicóloga, conselheira do CRP-04 (Minas Gerais) e doutoranda em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva Letícia Gonçalves.

Você também pode participar do debate, enviando perguntas pelas redes sociais do CFP (Youtube, Facebook e Twitter) com a hashtag #DialogosCFP. Perguntas também podem ser enviadas para o e-mail comunica@cfp.org.br.

Violência de gênero e direitos das mulheres

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de assassinatos de mulheres no Brasil chega a 4,8 para cada 100 mil mulheres. O Mapa da Violência de 2015 aponta que, entre 1980 e 2013, 106.093 pessoas morreram por sua condição de ser mulher. A incidência de crimes é maior entre as mulheres negras e pobres. Apenas entre 2003 e 2013 o Mapa da Violência registrou aumento de 54% no registro de mortes, passando de 1.864 para 2.875 nesse período. Muitas vezes, são os próprios familiares (50,3%) ou parceiros e ex-parceiros (33,2%) os autores dos assassinatos.

Entre os avanços das últimas décadas, destaca-se a criação da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340 de 2006), reconhecida mundialmente como uma das melhores legislações que buscam atacar o problema da violência contra a mulher. A lei ainda ajuda a desnaturalizar a violência como parte das relações familiares e no empoderamento das mulheres. Porém, ainda carece de implementação, principalmente nas ações de prevenção como aquelas voltadas à educação, além da concretização de uma rede de apoio às mulheres vítimas de violência.

Em 2015, outra lei foi marco no enfrentamento à violência contra a mulher. A partir da Lei 13.104, o feminicídio passou a constar no Código Penal como circunstância qualificadora do crime de homicídio. A regra também incluiu os assassinatos motivados pela condição de gênero da vítima no rol dos crimes hediondos, o que aumenta a pena de um terço até a metade da imputada ao autor do crime. Para definir a motivação, considera-se que o crime deve envolver violência doméstica e familiar e menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

Apesar desses avanços, os números comprovam que ainda há muito o que conquistar na garantia dos direitos das mulheres e no combate à violência de gênero. Como a descriminalização de mulheres em razão da realização de aborto e a criação de uma política de saúde pública comprometida com a atenção integral à saúde de todas as mulheres, que busque a redução da mortalidade e incorpore a saúde psicológica das mulheres, além da inclusão de reflexões sobre gênero na educação.

Conheça as debatedoras

Sandra Sposito é doutora em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Assis, professora universitária, membro do Conselho Federal de Psicologia (CFP. Atua nas áreas de Psicologia Social e Comunitária, sexualidade e gênero e orientação profissional. Taina Santos é militante do movimento de mulheres negras e estudante de História. Compôs o grupo de trabalho responsável pela implementação de ação afirmativa no vestibular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e atuou junto ao Núcleo de Consciência Negra da Unicamp. Atualmente tem se dedicado ao estudo dos feminismos negros. Céu Cavalcanti é psicóloga, doutoranda em Psicologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenadora da Comissão Temática d Gênero do CRP-02 (Pernambuco). Letícia Gonçalves também é psicóloga, conselheira do CRP-04 (Minas Gerais), mestre em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), especialista em promoção da saúde na atenção primária (ENSP Cuba) e doutoranda em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva (UFRJ, Fiocruz, UERJ, UFF).

Confira a programação dos Conselhos Regionais de Psicologia

CRP 3 (BA)
Durante todo o mês, o CRP realizará e apoiará ações comemorativas ao Dia Internacional da Mulher. Com a campanha “Estamos em movimento até que todas sejam livres e vivas – resistir e transformar”, o Regional promoverá ações em Salvador e no interior do estado. Além disso, em 2018, o Grupo de Trabalho Relações de Gênero e Psicologia completa 10 anos.

CRP 6 (SP)
São Paulo (sede)
Evento: “Pode a Psicologia Ser Feminista?”
Data/Hora: 08 de março de 2018, das 08h30 às 12h,
Local: Auditório do CRP SP, Rua Arruda Alvim, 89, Jd. América – São Paulo/SP
Transmissão on-line pelo endereço: http://www.crpsp.org.br/aovivo/

Campinas
Roda de Conversa em Defesa do Direito da Mulher, com o tema “Pode a psicologia ser feminista”
Data/ Hora: 06 de março de 2018, das 19h às 22h.
Local: Sindicado dos Químicos de Campinas, Av. Barão de Itapura, 2022 – Botafogo, Campinas – SP;

Santos
Polo de transmissão do evento: Pode a Psicologia ser Feminista?
Data/Hora: 08 de março de 2018, às 09h
Local: Subsede Baixada Santista e Vale do Ribeira, Rua Dr. Cesário Bastos, 26, Vila Belmiro – Santos/SP

Sorocaba
Polo de transmissão do evento: Pode a Psicologia ser Feminista?
Data/Hora: 08 de março de 2018, às 09h
Local: Subsede Sorocaba, Rua Dr. Armando Salles de Oliveira, 189, Vila Trujillo – Sorocaba/SP

São José do Rio Preto
Polo de transmissão do evento: Pode a Psicologia ser Feminista?
Data/Hora: 08 de março de 2018, às 09h
Local: Subsede São José do Rio Preto, Rua Dr. Coronel Spínola de Castro, 3360 – 2º andar, Centro – S. José do R. Preto/SP

Taubaté
Polo de transmissão do evento: Pode a Psicologia ser Feminista?
Data/Hora: 08 de março de 2018, às 09h
Local: Subsede Vale do Paraíba e Litoral Norte, Rua Nancy Guisard Kehier, 25 – Centro – Taubaté/SP

São Sebastião
Caminhada pelos Direitos da Mulher
Data/Hora: 08 de março de 2018, às 16h
Local: Pão de Açúcar Endereço: Avenida Guarda Mor Lobo Viana 642 – São Sebastião/SP

Roda de Conversa: Direito das Mulheres na luta por Conquistas
Data/Hora: 08 de março de 2018, às 18h Local/Endereço: Rua da Praia – São Sebastião/SP

Ribeirão Preto
III Jornada de Psicologia do Esporte da USP – A Mulher
Data/Hora: 08 de março de 2018, das 08h às 18h30
Local: Auditório EEFERP/USP

CRP 8 (PR)
Publicação de reportagem “Somos todas Feridas: o feminismo que extrapola o 8 de março” na revista institucional, publicação de reportagem “Somos mulheres e somos Psicólogas, o 8 de março também é nosso” no site e nas redes sociais do Regional, debate sobre o Feminismo e o Feminino em parceira com o Clube da Alice, além de participação no ato da Greve Internacional de Mulheres junto à Frente Paranaense em Defesa da Democracia e da Saúde Mental.

CRP 9 (GO)
Dia Internacional da Mulher – Psicologia e Garantia de Direitos Humanos
Palestra: Psicologia e Violências contra a Mulher
Discussão sobre registro documental e notificação compulsória
Com a presidenta do CRP-09, Ionara Rabelo, e a psicóloga Railda Martins
Data: 06/03/2018 (terça-feira)
Horário: 9h
Sede do CRP-09 (Av. T-2 nº 803 St. Bueno)

CRP 12 (SC)
Canal falapsi abordará neste mês o tema ‘Psicologia e as mulheres’, diálogo com a categoria sobre temas referentes ao enfrentamento da violência contra as mulheres e outras questões que façam interface entre psicologia e relações de gênero. Participação e apoio às atividades alusivas ao 8 de Março promovidas por movimentos sociais e instituições.

CRP 14 (MS)
Divulgação de matérias em homenagem às mulheres nas mídias do Regional e envio de mensagens para todas as profissionais parabenizando pelo dia.

CRP 20 (AC/AM/RO/RR)
Mensagem do conselheiro presidente do CRP 20, Gibson Alves dos Santos para as mulheres postada nas redes sociais do Regional, participação da conselheira Alessandra dos Santos Pereira, representando o CRP, em entrevista sobre a Semana da Mulher a TV NEWS Rede Record para falar sobre o assédio às mulheres.

CFP 23 (TO)
Cine debate para discutir a saúde mental das mulheres/trabalhadoras diante da atual conjuntura política
Data: 08/03, 19h
Local: CRP
E nota de apoio e convocação da categoria para participação do ato unificado construído com diversos movimentos sociais, movimentos de mulheres e outras entidades, que será realizado na cidade de Palmas.

CFP solicita que YouTube retire conteúdos restritos da plataforma

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) enviou ofício aos representantes do Google Brasil, no início de março, solicitando retirada de material do YouTube com conteúdos restritos a profissionais da Psicologia. O ofício foi motivado após o CFP tomar conhecimento de que no YouTube há a divulgação de conteúdo que ensina como responder testes psicológicos para “exames psicotécnicos, processos seletivos e concursos públicos”.

Segundo o § 1o do Art. 13 da Lei Federal no 4.119/62, constitui função privativa de profissionais da área a utilização de métodos e técnicas psicológicas com o objetivo de diagnóstico psicológico, orientação e seleção profissional, orientação psicopedagógica e solução de problemas de ajustamento. Com isso, a utilização de testes psicológicos por profissionais não psicólogos incorre no cometimento da contravenção penal do exercício ilegal da profissão, haja vista que se trata de método ou técnica privativa de psicólogas e psicólogos. Para o CFP, a divulgação desses instrumentos e seu uso de forma indevida, técnica e eticamente, podem acarretar sérios riscos à sociedade.

No documento, o CFP reforça ainda que, de acordo com a Lei 5.766/71, o Sistema Conselhos de Psicologia é a autarquia brasileira responsável por orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão, incluindo-se no seu poder de polícia as ações relacionadas às técnicas e instrumentos da Psicologia.

Além do ofício ao Google Brasil, o CFP também enviou orientação aos Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs) sobre com denunciar testes psicológicos divulgados na internet ou em aplicativos.

O CFP informa que esta foi a primeira medida adotada, e que empenhará os recursos necessários para coibir toda prática que prejudique a atuação profissional e a sociedade.

Modos de ler em meios digitais: transformações da experiência

Como a mediação digital afeta a experiência de leitura das pessoas? O artigo “Modos de ler livros em meios digitais: transformações da experiência”, publicado na edição 37.3 da revista Psicologia: Ciência e Profissão, é resultado de pesquisa empírica realizada para investigar a leitura de livros digitalmente mediada. A autora do artigo é Luciana Dadico, doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP).

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) publica artigos da revista no site e nas redes sociais – a versão eletrônica da Psicologia: Ciência e Profissão está na SciELO – para disseminar o conhecimento científico para a categoria e a sociedade.

Na pesquisa, Dadico informa que a investigação partiu da hipótese de que a mediação digital afeta a experiência de ler, a despeito de se considerar a literatura uma arte alográfica. Foram entrevistados quatro leitores adultos, residentes no Estado de São Paulo, de forma semiaberta, gravada e sem uso de questionário. As entrevistas produziram imagens dos objetos em foco na pesquisa, a partir das quais foi investigada a percepção de tais objetos e as relações estabelecidas com eles pelos leitores.

A autora categorizou os modos como os leitores liam os livros na tela, permitindo individualizar padrões que participam da experiência de leitura: a leitura flutuante, a leitura frenética e a leitura eficiente, ancoradas em elementos específicos da obra e empreendidas por um leitor utilitarista e receoso de se aventurar em experiências novas. Ela considera que as tendências de leitura apontadas participam de e na estruturação de novas formas da experiência e da formação cultural do indivíduo na era digital.

Em entrevista, Luciana Dadico explicou mais detalhes de seu trabalho.

Entrevista

O que a motivou a pesquisar o tema?

Quando iniciei as pesquisas de meu doutorado, a digitalização dos textos, que já avançara em seu uso pessoal e nos meios jornalísticos, começava a ganhar também o mercado editorial. As revistas científicas vinham sendo progressivamente transferidas para os meios digitais, enquanto os livros (de literatura e didáticos) começavam a ser disponibilizados tanto na internet quanto em dispositivos de leitura, agora vendidos também pelas grandes redes de livraria.

Essas transformações geravam uma grande inquietação, uma vez que, como sabemos, a leitura de livros esteve tradicionalmente no centro não apenas das práticas educacionais, mas do próprio projeto burguês de formação do indivíduo. Esse fenômeno, que remonta ao Renascimento, gestou no Ocidente a ideia de que a livre circulação de livros, aliada à educação universal, seria responsável por conferir ao indivíduo maior liberdade de pensamento, um maior poder individual em relação à sociedade e às suas instituições. O indivíduo culturalmente formado seria mais capaz de se autodeterminar e de controlar melhor os rumos de sua existência. As ideias mesmas de indivíduo e de subjetividade surgem, em certo sentido, associadas à prática de ler livros que se consolidou na modernidade.

Mas se, como McLuhan e outros defendiam, “o meio é a mensagem” – quer dizer, o objeto mediador é diretamente responsável por ditar as características de sua recepção –, o que ocorreria então na passagem da leitura de livros para a leitura de obras em meios digitais? O modo como lemos seria afetado? Esta foi a pergunta que motivou as minhas pesquisas iniciais.

Para respondê-la, no entanto, era preciso descobrir primeiro como as pessoas liam livros em papel – coisa que, curiosamente, ninguém nunca tinha se perguntado em 500 anos história da imprensa. Talvez porque nunca ninguém tivesse antes pensado que a leitura e a escrita em papel estariam um dia sob julgamento. Por isso, minhas pesquisas do doutorado foram dedicadas, em primeiro lugar, ao estudo da leitura do livro em papel. Só depois, no pós-doutorado, passei ao estudo da leitura em meios digitais – agora em melhores condições de compreender e comparar as duas.

Como as pesquisas mostraram, é preciso considerar que nossa maneira de ler não é diretamente moldada pela forma do meio em que ela ocorre, em sentido causal e linear (como defendia McLuhan), embora a leitura seja, claro, afetada pelo meio. De maneira um tanto mais complexa, podemos dizer que nossos modos de ler se inserem em uma estrutura de experiência, transformada pelo uso dos meios digitais. Isso fez com que o foco de minhas pesquisas se ampliasse, passando a abarcar essa estrutura de experiência constituída na era digital – a qual inclui a experiência de ler livros, em papel e na tela.

Quais resultados você destaca em seu estudo?

Existe, como suspeitávamos, uma diferença grande nos modos de ler livros em papel e em meios digitais. De maneira geral, os resultados mostraram que a leitura de livros em meios digitais é mais veloz, mas há um prejuízo na qualidade dessa leitura.

Como e por que isto ocorre? Algumas características do dispositivo digital (como a luminosidade e o deslizar vertical do texto na tela) concorrem para uma apreensão mais superficial e veloz do texto, promovendo uma leitura flutuante e mesmo frenética. Nesse último caso, é como se o leitor “devorasse” o livro (mais do que ocorria no livro em papel), mas não estivesse disposto a perder muito tempo com ele, se demorando em descrições mais longas ou longos períodos reflexivos. Isso, em parte, porque a distração durante a leitura se dá de um modo diverso. O leitor que lê em papel tende a divagar ao se distrair da leitura: lembra coisas, associa imagens àquilo que está lendo, faz pausas para refletir.

O leitor que tem uma tela diante de si tende a voltar seus momentos de distração para o próprio aparelho e suas possibilidades de navegação: abre o email, o Twitter, o Facebook, consulta um dicionário, ouve uma música, então tende a empregar menos seus próprios recursos subjetivos para enriquecer sua experiência de leitura – que, consequentemente, se empobrece. O leitor pode até adquirir mais informações nessas novas formas de ler, mas não necessariamente tem uma melhor experiência de leitura.

A leitura flutuante, por sua vez, contribui para uma melhor apreensão das formas do texto, mas essa ocorre em função da superficialidade dessa leitura, de modo descolado dos conteúdos imanentes da obra, prejudicando a apreensão estrutural da obra pelo leitor. Por isso, denomino essa leitura formalista.

Considerando que, ao pensar em termos de uma estrutura de experiência, e não na relação imediata entre leitura e suporte do livro, é preciso destacar o fato de que também a leitura em papel acaba afetada pelos modos de ler constituídos em meio digital – assim como a própria leitura em meio digital é herdeira dos modos de ler que historicamente se constituíram no manuseio dos livros em papel. Ou seja: todos nós hoje lemos de maneira diferente, uma vez que estamos inevitavelmente inseridos em uma cultura digital.

Isso não significa, obviamente, que a aquele que lê em meio digital não consiga analisar um livro apenas porque ele foi digitalizado. Estamos falando de tendências. Uma coisa que causa preocupação, porém, é o fato de que, progressivamente, vai se aprofundando a cisão entre os leitores especializados (treinados para realizar uma análise imanente da obra literária) e o leitor comum, que progressivamente vai sendo desprovido de instrumentos para incrementar, por si mesmo, sua capacidade leitora – o que nos empurra em direção contrária às possibilidades de emancipação que um certo projeto de formação cultural associado à leitura de livros comportava.

É possível extrair uma porção de consequências objetivas e subjetivas desses fenômenos e, mais diretamente, dos novos modos de ler. Mas acho que os pontos que destaquei já dão ao leitor da revista uma boa ideia do que vem ocorrendo nessa passagem da leitura dos livros em papel para os meios digitais.

Leia o artigo de Luciana Dadico na íntegra.

 

Iva Izabel Cavalcanti da Silva Barros

Iva Izabel Cavalcanti da Silva Barros era conselheira-diretora do Conselho Regional de Psicologia 13ª Região, presidente das Comissões de Comunicação e Eventos, da Comissão de Concurso do CRP-13 e suplente do Conselho Municipal dos direitos LGBT de João Pessoa (PB).

Trabalhou nas áreas de organização de eventos e da Psicologia, com ênfase em Psicologia do Trabalho e Organizacional. Atuou também em Clínica nas Assistências Básica e Especializada e na gestão de clínica-escola de Psicologia.

Iva Izabel ainda supervisionou Estágios Curriculares tanto na estrutura geral, quanto no planejamento e seleção das Diretrizes Curriculares Nacional dos Cursos de Psicologia do Ministério da Educação.

Iva Izabel Cavalcanti da Silva Barros faleceu em João Pessoa, dia 28 de fevereiro.

Recomendação sobre protocolo de detecção de risco psíquico

O Ministério Público Federal (MPF) publicou recomendação para que o Ministério da Saúde e as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde não regulamentem o art. 14, parágrafo 5º, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que prevê a aplicação obrigatória de um protocolo de detecção de risco psíquico a crianças de 0 a 18 meses. O artigo em questão foi incluído no ECA pela Lei nº 13.438/2017.

No documento, o MPF formula uma série de considerações críticas, fundamenta legalmente o risco implicado na própria lei em relação à proteção integral da criança, apresenta sua incongruência com políticas de saúde já instituídas e com as indicações científicas internacionais contra o rastreamento na faixa etária coberta pela lei. O MPF, por fim, recomenda à União, estados e municípios que não regulamentem a lei.

Sustentado por instâncias democráticas, esse documento é um avanço importante para que a detecção em tempo dos problemas que atingem a primeira infância seja realizada de maneira responsável e de acordo com os princípios de funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS).

Medidas Socioeducativas é tema de debate online promovido pelo CFP

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) vai promover, dia 28 de fevereiro, a partir das 16h, o Diálogo Digital: “Socioeducação: punitivismo, encarceramento e extermínio da juventude negra na contramão da política de proteção integral”.

Com mediação da conselheira Fabiana Itaci, o debate será transmitido online pelo site e pelas redes sociais do CFP, com a participação de Cândida Souza, Nelson Gomes Júnior e Fernanda Teixeira de Barros Neta.

Para participar, você deve enviar perguntas pelas redes sociais do CFP (Youtube, Facebook e Twitter) com a hashtag #DialogosCFP. Perguntas também podem ser enviadas para o e-mail comunica@cfp.org.br.

O Diálogo Digital foi proposto pelo Grupo de Trabalho que trata da “Atuação das Psicólogas e dos Psicólogos no Contexto das Medidas Socioeducativas” para discutir alguns dos desafios postos às profissionais da Psicologia que atuam na área.

“É um tema que gera muitas dúvidas e angústias, que vão desde o pouco conhecimento da política de proteção integral, sugestão de sentenças em relatórios institucionais, participação ou não da construção de medidas punitivas em caso de descumprimento de normas por parte da ou do adolescente, entre outros desafios. Nos últimos anos, percebe-se ênfase na ideia de que as medidas socioeducativas devam ser mais duras, como se somente o endurecimento das medidas de restrição de liberdade – por exemplo – fosse resolver a questão”, explica a conselheira Fabiana Itaci. Essa tendência pode ser verificada em diversas propostas legislativas, como a redução da maioridade penal e o aumento do tempo de internação de jovens em conflito com a lei.

Conheça os debatedores

Cândida de Souza é doutora em Psicologia pela Universidade de Brasília (UnB) e coordenadora-adjunta do Centro de Referência em Direitos Humanos Marcos Dionísio. Nelson Gomes Júnior é doutor em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)/Università degli Studi di Firenze. Professor adjunto do Departamento de Ciências Jurídicas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e coordenador do Laboratório de Pesquisa e Extensão em Subjetividade e Segurança Pública da UFPB. Fernanda Teixeira de Barros Neta é servidora pública da Política de Saúde Mental (CAPSi), doutoranda em Psicologia na Universidade Federal do Pará (UFPA) e membro da Comissão de Gênero e do GT de Infância e Juventude do Conselho Regional de Psicologia (CRP-10/ Pará e Amapá).

A polícia e suas polícias: clientela, hierarquia, soldado e bandido

Estudar os efeitos de reconhecimento e desconhecimento das relações no trabalho que permeiam o discurso de soldados da Polícia Militar: como falam de seu trabalho e, por meio de sua fala, se posicionam e posicionam sua clientela, sua hierarquia, seu objeto de trabalho (os “bandidos”) e eles próprios. Este é o tema do artigo da pesquisadora Erika Ferreira de Azevedo, da Escola Britânica de São Paulo. “A polícia e suas polícias: clientela, hierarquia, soldado e bandido” foi publicado na edição 37.3 da Revista Psicologia: Ciência e Profissão.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) publica artigos da revista no site e nas redes sociais – a versão eletrônica da Psicologia: Ciência e Profissão está na SciELO – para disseminar o conhecimento científico para a categoria e a sociedade.

Na pesquisa, Azevedo entrevistou dez policiais militares de São Paulo e buscou analisar que lugar a violência ocupou no discurso de cada um deles. Tentou, ainda, refletir sobre a dubiedade do verdadeiro objetivo do trabalho policial, deslizando facilmente do cuidado da população desamparada ao cuidado de si, desamparado sob a pressão da farda.

Entrevista

Qual o motivo da pesquisa?

O principal motivo foi uma preocupação com questões sociais e um interesse profundo em compreender o que permeia as questões sobre a segurança pública. Acredito que a Psicologia deveria se debruçar mais sobre a questão sob vários vieses, recortes e nortes teóricos, de forma a enriquecer a bagagem teórica sobre o assunto. O interesse em entrevistar policiais diretamente, ou seja, entrevistar o soldado que está nas ruas, na linha de fogo, veio a partir da constatação de que ainda há poucas pesquisas realizadas sobre esse sujeito na nossa área. Há muito que se diz – e não somente na Psicologia – sobre o policial, mas pouca se escuta o que esse sujeito tem a dizer. Não falo aqui de dar voz, porque ele já a tem, mas de fazer uma escuta – e analisar o que é dito – para compreendermos como ele, que sai às ruas e, muitas vezes, mata ou morre, se constitui sujeito. Creio que isso possa lançar luz sobre os problemas que cercam a atuação de policiais e de alguma forma contribuir para que busquemos soluções para essas questões.

 

Quais os principais resultados?

O foco da análise do meu trabalho foi como o soldado policial militar se posiciona em relação a sua clientela, a si mesmo, à hierarquia da qual faz parte e ao objeto de seu trabalho: a criminalidade representada pela figura do bandido. Muito marcante foi a questão do controle e da ordem para os policiais; tanto a questão do controle de si – quando perguntados sobre o que era mais importante, a resposta “chegar na hora e de barba feita” foi unânime – quanto o controle da clientela. De fato, chama atenção a forma como a clientela é posicionada, fenômeno também observado em outras pesquisas. A clientela é dividida entre a clientela desejável – no caso dos meus entrevistados, aqueles desprovidos de algo que coloca o policial na posição de herói, porque é a clientela que se permite ordenar, aceita a ajuda e se subordina ao policial – e a clientela indesejável – aquela que questiona, critica, não “valoriza” o trabalho do policial, põe em cheque sua autoridade. Essa última clientela quase se confunde com a própria criminalidade. Há muita dualidade nas formas com que o policial militar se posiciona em todas as instâncias. Outro aspecto analisado é a relação com a farda, que ora veste um herói, ora um “policialzinho”.

Como a Psicologia pode contribuir com a saúde mental dos policiais militares diante das pressões cotidianas?

Menciono ao menos duas pesquisas da pós-graduação em Psicologia que dialogam com meu trabalho e que apontam a importância do papel da Psicologia como vetor de saúde mental dos policiais militares. Não há dúvida que a Psicologia tem muito a contribuir, contudo, é evidente como a qualidade do trabalho policial, em última instância a qualidade da segurança pública, depende de uma revisão da própria dinâmica da instituição polícia militar.

Leia o artigo na íntegra.

CFP abre inscrições para apoio financeiro a eventos

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) abre inscrições, no próximo dia 26 de fevereiro, para o Edital de Chamada Pública 02/2017 de apoio financeiro a eventos técnicos ou científicos a serem realizados no segundo semestre de 2018. O objetivo é desenvolver, consolidar e valorizar a Psicologia e a classe profissional das psicólogas e dos psicólogos. Os eventos precisam ter como foco os eixos temáticos do IX Congresso Nacional de Psicologia (IX CNP).

O preenchimento e envio da proposta dos eventos deverá ser feito entre 26 de fevereiro e 27 de março de 2018. O resultado das beneficiadas será divulgado em 17 de abril de 2018.

O auxílio financeiro será exclusivo para fornecimento de passagem aérea nacional ou hospedagem no território brasileiro que devem ser utilizadas, obrigatoriamente, no período da realização do evento. O beneficiário do auxílio deve ter graduação em Psicologia, excluindo-se conselheira e conselheiro federal e regional em exercício e funcionário ou comissionado da autarquia.

O proponente deve ser profissional da Psicologia devidamente inscrito em um dos Conselhos Regionais de Psicologia e adimplente com suas obrigações profissionais. Deve necessariamente ser membro da comissão organizadora do evento. Cada profissional poderá apresentar somente uma proposta por semestre de 2018.

Como pedir o apoio financeiro

É permitida apenas uma proposta por evento. O documento deve explicitar informações como identificação do profissional proponente e da instituição promotora, composição da comissão organizadora e científica e os critérios de avaliação dos trabalhos a serem apresentados. Além disso, precisa conter orçamento e previsão de registro da produção, como anais em formato físico ou virtual. A proposta deve detalhar, ainda, as passagens aéreas ou hospedagens que serão financiadas, com nome do beneficiado, minicurrículo, trechos e datas.

Em novembro de 2017, o CFP divulgou o resultado final do Edital CFP n° 002/2017 com os nomes de eventos do primeiro semestre de 2018 contemplados.

Leia o edital completo.

A questão do consumo entre jovens

A visão dos jovens sobre a relação de consumo e seus efeitos nos modos de ser, pensar, sentir e se relacionar é tema do artigo “Consumo, Dinheiro e Diferenciações Sociais: Ditos de Jovens em uma Pesquisa-Intervenção”, de autoria de Inês HennigenBruno Eduardo Procopiuk Walter e Guilherme Machado Paim, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A pesquisa foi publicada na edição 37.3 da Revista Psicologia: Ciência e Profissão.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) publica artigos da revista no site e nas redes sociais – a versão eletrônica da Psicologia: Ciência e Profissão está na SciELO – para disseminar o conhecimento científico para a categoria e a sociedade.

A pesquisa foi desenvolvida em duas escolas públicas de Porto Alegre, com 35 jovens com idades entre 14 e 17 anos. A análise do discurso pautada nas contribuições foucaultianas os guiou na análise do que foi dito nos encontros. Nesse processo, emergiram questões como estratégias dos jovens para obter dinheiro, diferenciação e status social a partir do consumo e a internet enquanto necessidade de primeira ordem.

No artigo, o enunciado “consumir é gastar dinheiro” se torna dizível a partir de mudanças históricas, como a transformação da nossa relação com os objetos de uso, e da posição do jovem enquanto dependente econômico de seus pais e responsáveis.

Inês Hennigen explica melhor o tema do estudo.

O que motivou a pesquisa?

Perceber a recorrência da questão do consumo é um atravessamento nada incidental nos modos de viver. Constatar, também, que, no Brasil, a grande maioria das pesquisas como foco em consumo e juventude aborda aspectos específicos, como consumo de alimentos/obesidade, de álcool, tabaco e de outras drogas, lícitas ou ilícitas. É algo sem dúvida importante, mas circunscrito.

Por entender a questão do consumo como um operador de expressiva magnitude e complexidade no que tange à produção de subjetividade no contemporâneo, desenvolvemos a pesquisa-intervenção para abrir espaço para que jovens pudessem conversar e se interrogar sobre o tema e, nesse movimento, dar oportunidade de conhecer suas práticas de consumo de modo mais amplo e alguns efeitos nos seus modos de ser, pensar, sentir e se relacionar.

Quais os principais resultados do estudo?

O fato de se tratar de uma pesquisa-intervenção que permitiu aos jovens discutir, pensar e problematizar aspectos – por vezes naturalizados – relacionados ao consumo e à condição de ser jovem pode ser entendido enquanto um resultado-efeito relevante.

Como enunciados que puderam ser conhecidos, destacamos aqueles forjados na relação como o dinheiro. O dito “consumir é gastar dinheiro”, que pode sinalizar certo apagamento do objeto do consumo, também remete à condição de dependente financeiro dos jovens; nesse sentido, obtê-lo envolve todo um jogo estratégico de práticas junto a pais e familiares, como tirar boas notas; pedir só parte, inteirando com o economizado, para soar mais aceitável, além de impulsionar ao trabalho ou à ideia de buscá-lo proximamente.

Outro resultado a destacar é que, apesar de reproduzirem o contraponto necessário/supérfluo, esse se atualiza, pois a conexão à internet é arrolada pelos jovens como necessidade de primeira ordem, equiparada à alimentação e ao transporte.

Por fim, o dinheiro e o consumo como operador de diferenciações sociais, e morais, está entre os resultados das discussões que destacamos no artigo.

Quais contribuições a Psicologia pode oferecer na produção de conhecimentos e de práticas relacionadas à juventude?

Desenvolver estudos sobre o tema, fomentando o debate e a reflexão sobre as distintas e multifacetadas práticas de consumo, por exemplo, o chamado consumo cultural, que vem sendo apontado, em campos como a comunicação e a antropologia do consumo, como bastante relevante na vivência dos jovens. Nessa direção, atentar para as práticas de consumo na intercessão com diferentes marcadores sociais, como gênero, raça e condição socioeconômica, pode ser uma abordagem ou desdobramento importante para futuras pesquisas e intervenções.

Entendemos que os jovens – assim como todos nós – têm se constituído no encontro com uma lógica de incitamento no sentido de terem uma vida para o consumo. São constantemente atravessados por discursos e práticas que cabe à Psicologia tensionar, buscando brechas para outras plurais formas de existir.

Pensamos ser interessante um trabalho, com vocação interdisciplinar, na direção do que temos nomeado uma educação quanto ao consumo – que não está pautada em um “fazer consumir” mais/menos ou “melhor”, de modo responsável ou sustentável. Essas discursividades, por vezes, são revestidas de tons instrumentais e moralizantes, quando não messiânico-redentores – mas preocupa-nos com os efeitos do consumo – e possibilidades que se abrem e fecham – na vida dos jovens.

Um ano depois do massacre em Manaus  

Um ano depois do massacre de 67 pessoas presas em três unidades prisionais de Manaus (AM), em janeiro de 2017, uma equipe do Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (CNPCT) e do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT) retornou à cidade, nos dia 5 a 7 de fevereiro, para acompanhar as medidas que o poder público local tomou desde a tragédia. Buscavam verificar, ainda, se as recomendações apontadas pelo MNPCT foram adotadas pelo poder público.

Assim como em 2017, Márcia Badaró, representante do Conselho Federal de Psicologia (CFP), foi convidada pelo MNPCT para participar da agenda com representantes de diversos setores do poder público local. A conselheira foi acompanhada pelos peritos José Ribamar Araújo e Silva, Fernanda Machado Givisiez e Valdirene Daufemback.

Badaró avalia como importante a participação do CFP na missão, considerando os problemas sociais e de saúde que afetam a população carcerária. Foi relevante, ainda, mostrar que o conceito de segurança não se restringe aos dispositivos de controle e disciplina, mas também à garantia do direito à vida, previsto constitucionalmente, e às assistências previstas na Lei de Execução Penal.

A expectativa é de que o relatório final da missão no Amazonas seja apresentado em 30 dias.

Visitas – No dia 5, Márcia Badaró participou de reunião aberta com setores da sociedade civil no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/AM). No encontro, da qual participou a presidente da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia da 20ª Região (CRP-20 – AM/AC/RO/RR), Maria da Graça Sales, familiares dos presos puderam questionar e fazer reivindicações aos gestores públicos. Márcia Badaró sugeriu, com base em sua experiência como psicóloga do sistema prisional do Rio de Janeiro, que os familiares criassem uma associação para fortalecer suas reivindicações. O grupo teria apoio do Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura (CEPCT), do qual integram o CRP-20 e a Pastoral Carcerária.

A conselheira do CFP e os peritos do MNPCT também se reuniram com representantes do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ/AM)da Defensoria Pública, do Ministério Público Federal (MPF), da Delegacia-Geral da Polícia Civil do Amazonas e do Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura.

No dia 6, as visitas foram concentradas no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) e foram ouvidos os gestores da unidade prisional da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) e da Umanizzare, terceirizada que gerencia serviços administrativos e técnicos da unidade. Os presos também tiveram voz.

A missão se reuniu, no dia 7, com membros do Ministério Público Estadual (MPE/AM) e do Tribunal de Contas. Depois, uma audiência pública com a presença de representantes da sociedade civil e de instituições da área foi realizada no Fórum Ministro Henock Reis para apresentar as principais observações colhidas nas visitas e dialogar com a sociedade civil e o poder público.

Seminário – Para Márcia Badaró, apesar de alguns avanços nos encaminhamentos dos gestores públicos a partir das recomendações do MNPCT, ainda há muito a se fazer na Seap e no Compaj para atender as necessidades de familiares e presos. “O fato foi constatado pelos relatos que ouvimos nas visitas e no encontro com os familiares.” A conselheira propôs ao CRP-20 a criação de um grupo de trabalho (GT) sobre sistema prisional e a promoção de um seminário para discutir a questão. “A ideia é promover, brevemente, um evento que dê visibilidade à prática profissional dos psicólogos no sistema prisional do Amazonas.” A proposta depende de aprovação do CFP, MNPCT, CEPCT e CRP-20.